O Rock in Rio foi realizado pela primeira vez na cidade do Rio de Janeiro, Brasil entre 11 e 20 de janeiro de 1985 em área especialmente construída para receber o evento. O local, um terreno de 250 mil metros quadrados que fica na Barra da Tijuca, na divisa com o bairro de Jacarepaguá, ficou conhecido como "Cidade do Rock" e contava com o maior palco do mundo já construído até então: com 5 mil metros quadrados de área, além de dois imensos fast foods, dois shopping centers com 50 lojas, dois centros de atendimento médico e uma grande infra-estrutura para atender a quase 1,5 milhão de pessoas - o equivalente a cinco Woodstocks - que freqüentaram o evento.
A grande fama do ROCK IN RIO deveu-se ao fato de que, até sua realização, as grandes estrelas da música internacional não costumavam visitar a América do Sul, pelo que o público local tinha ali a primeira oportunidade de ver de perto os ídolos do rock e do pop internacionais. Roberto Medina realizaria feito semelhante ao trazer o ex-Beatle Paul McCartney ao Rio de Janeiro naquela que foi sua primeira aparição na América Latina, no evento que ficou conhecido como "Paul in Rio" (realizado em 1990, no estádio do Maracanã). Logo depois do fim do Rock In Rio, a "Cidade do Rock" foi demolida por ordem do então governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola. A organização do festival ainda pediu ocupação provisória do terreno com o intuito de manter a sua posse, após o fim do evento, caracterizando invasão de propriedade pública. No entanto, Brizola decretou sua demolição para efetuar a reintegração de posse do terreno à União.
Curiosidades em números:
Durante os 10 dias de festival foram consumidos:
- 1.600.000 litros de bebidas em 4 milhões de copos.
- 900.000 sanduíches.
- 7.500 quilos de macarrão.
- 500.000 pedaços de pizza.
- 800 quilos de gel para cabelo.
- O Mc Donald's vendeu - em um só dia - 58 mil hamburgers e entrou para o Guiness Book of Records. Este ainda é o seu recorde de vendas até hoje.
- Na época do festival, foram vendidas 1.900.000 camisetas do evento em todo o país.
Senhoras e senhores:
É com grande satisfação que o Baú do Edu apresenta com absoluta exclusividade, um relato incrível do nosso querido Antº Estevam, o Dinamite, sobre sua experiência na Cidade do Rock. Valeu caríssimo! Obrigado pela valiosa contribuição.
E vocês, caros leitores, façam como ele. Mandem seus relatos sobre tudo o que for relacionado aos Beatles e à história do rock. Todos serão lidos com carinho. Não esqueçam de deixar seus comentários! Ok? Abração!
Edu Badfinger
EU VOU!!!!!!!! por Antº Estevam Neiva
Em agosto ou setembro de 1984 assistindo TV, tomei um terrível susto, ao ver o Kadu Moliterno fazer propaganda de um tal ROCK IN RIO que iria acontecer.
Não sabia quais as atrações, data, local do evento, hora, custo dos ingressos, etc, etc. etc.
Não sabia nada, mas simplesmente disse pra mim mesmo em voz alta, que foi ouvida por minha mãe que ao meu lado estava, EU VOU!!!!!!!!!!!!!!
A expectativa foi grande, pois nada de serem divulgadas as atrações, e tome Kadu Moliterno propagandeando que a “cidade do rock” estava sendo construída, que seria o Woodstock dos trópicos, que o que de melhor no cenário mundial estaria presente, que................, e nada de serem anunciadas as atrações e lançados os ingressos para os shows.
Esse martírio durou até novembro, quando finalmente as atrações foram anunciadas, bem como postos à venda os ingressos, adquiríveis no extinto Banco Nacional. Fui ao Rock in Rio pra ver o AC/DC.Tinha Queen, B52's, Iron Maiden, Ozzy, Whitesnake, Yes, Scorpions, Nina Hagen, Rod Stewart, e mais umas baboseiras de James Taylor, Al Jarrau, sem se falar na inacreditável escalação da Elba Ramalho e Duardo Duzek para o Rock in Rio.Elba Ramalho. Arghhhhhhhhhh. Goshhhhhhhhhhhhhhh. Ecaaaaaaaaaaaaaaa.Tinha todo esse pessoal, mas eu fui ao Rock in Rio para ver o AC/DC.Tinha me apaixonado pelo grupo desde a primeira vez que ouvi o LP Back in Black.A zorra era grande em tudo que se possa pensar.Fora da cidade do Rock, centenas de milhares de motos, carros, ônibus, skates, patinetes, pranchas de surf, caminhões, asas deltas, dirigíveis, e tudo o mais que servisse como meio de transporte, além de também milhares de pessoas lutando para passar nas não mais de 20 catracas de entrada.Dentro da cidade do Rock, uma multidão para comprar sanduíche do Bob's, usar os higienizados banheiros, orelhões, postos médicos, etc.
No dia do show do AC/DC, não fui o primeiro a chegar, mas postei-me a não mais de 10 metros do palco.
Hora do show, tensão e ansiedade grandes, as luzes se apagam, caindo o palco num breu total.
Ouve-se no entanto um solo de guitarra. Guitarra de rock. Guitarra elétrica de verdade. Guitarra que ajudou a mudar o mundo.
Após uns 15 segundos de solo sem qualquer iluminação um spot super potente é direcionado para o lado esquerdo do palco, e a uns 3 metros de altura focaliza ele, um dos gênios da guitarra, o australiano nascido na Escócia, terra da minha amiga Nina Freitas, Angus Young, vestido com a característica roupa colegial inglesa. As 250.000 mil pessoas entraram em delírio
O spot é apagado, e a guitarra emudece. Passados uns 10 segundos, o solo de guitarra tem continuidade, quando o spot é aberto novamente, lançando seu canhão de luz Agora no lado direito do palco, e mais uma vez a uns 3 metros de altura aparece o Angus. Desligado o canhão de luz pela segunda vez, agora apenas uns 5 segundos após, seu facho é direcionado para o centro do palco, onde em uma altura menor, talvez uns 2 metros, o solo de guitarra tem continuidade e não para mais, dessa vez acompanhado do resto da tropa, que iniciam o show, não estou completamente certo, com a sensacional Highway to hell.
Escrevendo essas linhas me arrepio como se a coisa estivesse acontecendo de novo!
Acho que foram 3 músicas seguidas até que a banda se dirigisse ao público, estupefados com a fantástica multidão. Nessa hora ouvi de um outro garoto (nessa época eu também era garoto), a seguinte frase: “eu já posso morrer”.
O Ozzy não matou morcegos com a boca, mas ao cantar Paranoid, fez muita gente ficar paranóico de excitação. As Go Go's, tesudinhas da Califónia, deram seu recadinho. Nina Hagen, com um boneco pendurado entre as pernas que parecia uma piroca, provou que não tinha todos os parafusos na cabeça. (anos depois casou-se com um rapaz portador da síndrome de Down)
Rod Stewart, chutou bolas gigantes para o público. Realmente quase tudo foi felicidade.
Teve muita chuva, lama, um cheiro que ainda hoje lembro bem, resultado da mistura da lama com cerveja, com urina, com resto de comida, com o escambau. Teve as longas horas em pé, em regra mais de 10 horas. Teve as voltas de ônibus até o centro da cidade para de lá pegar a barca e ir para Niterói onde estava hospedado na casa da minha querida tia Izaura, verdadeiro hotel 1000 estrelas, tia que me aturou por 15 dias. (aturar um elemento em sua casa por 15 dias é phoda). Teve ônibus não sabendo o caminho de volta. Teve uns vagabundinhos típicos do RJ, magrinhos, só de bermuda, cabeça quase raspada bradando no ônibus o grito de guerra “ é sacanagem , é sacanagem, é sacanagem mas não vou pagar passagem”, e ao final saindo pela porta de trás sem pagar a pas sagem mesmo. Teve medo de assalto. Tiveram outras coisas.
Destaco, no entanto, como a coisa mais terrível de tudo, ter de ouvir por mais de 2 horas a gasguita da Elba Ramalho cantar “eu quero um banho de cheiro, eu quero um banho de chuva.........” e outras coisas insuportáveis, e ao final, com aquela cabeleira que mais parece uma maçaroca de pêlos, gritar que “O FORRÓ É O ROCK DO FUTURO”. Foi demais pra mim!
Como disse, fui ao Rock in Rio para ver AC/CD, mas na verdade eu olhei o AC/DC.
O grupo que eu realmente vi foi o Scorpions, mas essa eu deixo pra contar em outro enfadonho texto. A volta foi sensacional. Eram 6 amigos. Somente eu voltei falando com todos. Os demais todos brigaram entre si, mas felizmente após uns poucos dias em casa tudo voltou ao normal.
Finalizando, quando falam em Rock in Rio, eu sempre digo com a maior moral da vida:
EU FUI!!!!!!!!!!!!!!!!
Inté. Antº Estevam
Agradecimentos especiais: Suely Elisário e toda essa galera que citei.
Eu vi Steve Harris , eu vi o Eddie...Iron Maiden, para mim o melhor "espetáculo", show pesado de verdade...todos eram uma só voz em Run to the hill!!!Eu era um dos seis "amigos"...valeu e muito!!!
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