THE ROLLING STONES - ROCKS OFF - EXCELENTE!
DEPOIS DE 40 ANOS, O MELHOR DISCO DOS ROLLING STONES É REEDITADO - REMASTERIZADO E LANÇADO NUMA ESPETACULAR EDIÇÃO COM 10 BÔNUS!
O que podemos dizer desse maravilhoso guitarrista? O que seria do cenário pop internacional sem sua música? Na ausência do som cru e vigoroso, autêntico e de raiz extraído de sua guitarra diríamos “I can´t get no, Satisfaction”. Keith Richards rolou firme durante toda a sua vida na estrada tortuosa do rock, num verdadeiro “sacerdócio”, dedicando toda sua existência aos blues, rhythm and blues, rock and roll, funks, ritmos caribenhos e atualmente anuncia o lançamento para setembro de um álbum de música sacra rastafári “WINGLES ANGELS”, gravado na Inglaterra.
Sua aparência é de uma grande ruína humana degradada, decorrente do uso excessivo de álcool e drogas pesadas. Seus dedos (com seu inseparável anel de caveira) são retorcidos em função do dedilhamento na guitarra. Ele próprio afirma que passou grande período de sua vida em estúdio. Nas entrevistas, tem jeito de drogado e doidão, mal consegue falar fluentemente, mas pouco importa. O que vale é o som do blues que o embriaga e toca no âmago de sua alma. Isso sim é essencial, em sintonia com o tradicional pacto feito na encruzilhada, como os grandes BLUESMEN. E vejam, estamos falando de um músico branco, “bem nascido” num país de primeiro mundo.
Os ROLLING STONES são considerados por muitos, a maior grupo de rock de todos os tempos. Esse chavão não seria possível sem a presença do “MAESTRO”, que junto com Brian Jones, introduziu e penetrou no som negro do sul dos EUA. Ele é, sem dúvida, a base sólida para que Mick Jagger, com sua boca de escracho e seus beições, cante como um negro, juntando a fome com a vontade de comer. Até o nome da banda foi extraído de uma canção do bluesman Muddy Waters, isso porque as “pedras que rolam não criam musgo".
Como a maldição do rock and roll é o envelhecimento, a senilidade transforma roqueiros irreverentes que quebram as normas da boa conduta em cidadãos convencionais e ajuizados. Porém, isso não se aplica a Keith Richards, um artista de 66 anos, nada tradicional, e totalmente fora dos padrões britânicos de sua majestade.
O excelente crítico musical americano Bill Flanagan afirma categoricamente em seu livro “Written in my Soul”, que Keith Richards é o maior compositor de rock de todos os tempos, que isso pode parecer um absurdo, porém não se pode contestar um músico com tantos “riffs” bem elaborados. Em seu currículo consta: Satisfaction, Under my thumb, It’s All Over Now, Tumblin’Dice, Honk Tonk Woman, Wild Horses, Midnight Rambler, Angie, Lady Jane, Start me Up, Casino Boogie, Paint it Black, Jumpin’ Jack Flash, No Expectation, Gimmie Shelter, Far Away Eyes, The Last Time, Sweet Virginia, podendo acrescentar, nessa folha de serviço dezenas e dezenas de outras obras-primas.
Em 1987, foi realizado o documentário “HAIL! HAIL! Rock ‘n’ Roll”, com direção de Taylor Hackford e produção musical de Keith Richards. O filme mostra a preparação e o show em New Orleans, do pai de todos os roqueiros, o fabuloso CHUCK BERRY. Com participações memoráveis de Eric Clapton, Robert Gray, Etta James, Linda Ronstad e Julian Lennon, representando o pai, e interessantes depoimentos de Bo Diddley, Jerry Lee Lewis, Roy Roberson, Little Richard, Johnny Johnson, e John Lennon (em vídeo) tudo é uma grande festa, alegria e muito rock and roll. Porém, tem uma cena memorável: Chuck Berry já sem paciência ensinando a Keith Richards os acordes corretos da canção “OH CAROL” um dos grandes hinos do rock (Try it again, Keith).
Toda minha geração, que cresceu ouvindo os blues e suas ramificações, tínhamos Keith Richards, junto Eric Clapton e Eric Burdon, como um bandeirante que abria as trilhas para chegarmos a nata da nata do rock, a fonte de onde brotava esse maravilhoso som. Ele foi tão rápido no processo criativo que outros músicos contemporâneos tinham dificuldade de alcançá-lo no seu universo musical, mas “It’s only rock and roll, but i like it”. O fato é: o cara é uma lenda viva! Uma grande pirâmide que desafia o tempo, que admiramos e entendemos porque a crítica especializada de todo o mundo o chamam de Mr. Riffs ou Mr. Rock and Roll!
Muito obrigado e até a próxima!
FIM
Agora, com vocês: MR. KEITH RICHARDS comandando a banda num clássico dos Rolling Stones. DEAD FLOWERS! VIVA, WILLIE! VIVAM MUITO OS ROLLING STONES! Espero que tenham gostado, voltem todo dia e mandem para seus amigos. Valeu! Abração!
Em setembro passado, Mick Jagger entrou em um estúdio de Nova York para finalizar uma música que os Rolling Stones começaram a fazer há mais de 40 anos. "A fita original era bastante vaga", diz Jagger sobre a faixa, uma música matadora, com pitadas de gospel, chamada "Following the River", gravada durante as sessões de 1969 para Exile on Main St. "Não havia verso inicial ou letra, então tive de começar do zero. Foi bem assustador." Para fazer com que Jagger entrasse em foco, o produtor Don Was tocou para ele a faixa vocal do clássico "Shine a Light", de Exile. "Queria que ele entrasse naquela tonalidade", diz Was. "É impressionante como a voz dele não mudou muito."
A faixa é uma das dez preciosidades inéditas de uma edição de luxo de Exile, a ser lançada em 18 de maio, que também contém uma versão remasterizada do LP. Quando a Universal, gravadora da banda, falou com Jagger pela primeira vez sobre criar a caixa, ele hesitou. "Eles me perguntaram se havia alguma faixa inédita, e respondi: 'Duvido muito'", relembra. "Em segundo lugar, não queria me dar ao trabalho - mas eles disseram: 'Dá uma olhada, por favor?'" Jagger recrutou Was, que produz todos os álbuns dos Stones desde Voodoo Lounge, de 1994, para ouvir centenas de horas de fitas. "Para um fanático pelos Stones como eu, foi o máximo", conta Was. "Era surpresa atrás de surpresa." As fitas estavam incrivelmente desorganizadas, e muitas, na verdade, eram anteriores a Exile. "Eu ouvia uma jam de blues, e de repente havia uma versão de 'Wild Horses' com apenas Mick, Keith e um quarteto de cordas", diz Was. "Outro rolo tinha todos os takes de 'Honky Tonk Women'". Antes de selecionar o melhor de Exile, Was garantiu uma lista abrangente de tudo o que havia sido lançado extraoficialmente, em discos piratas. "Há todo um subterrâneo do Exile e eu queria dar algumas surpresas a eles também", afirma, "não apenas mixagens melhores de coisas com as quais já estão familiarizados".
"Following the River" é a única faixa que recebeu vocais novos, embora outras -"Pass the Wine", "Plundered My Soul", "Aladdin's Story" - tenham precisado de partes complementares de guitarra ou outros aprimoramentos de som. "Quando editei novas partes, só estava tentando me manter afastado das faixas", diz Keith Richards. "Toquei um violão aqui e ali, mas não quis interferir na bíblia." O baixista Bill Wyman e o baterista Charlie Watts não foram necessários para os overdubs, mas Was não nega boatos de que o guitarrista Mick Taylor, que saiu do grupo em 1974, foi trazido de volta para gravar novas guitarras para o lançamento. "Não estou dizendo que não é verdade", afirma Was. "Simplesmente não vou negar ou dizer que não aconteceu."
Além das novas músicas recém-desenterradas, também havia versões alternativas de faixas de Exile, incluindo um dos primeiros takes de "Tumbling Dice" (com letras diferente) e uma gravação de "Loving Cup", de 1969. "É bem funky e crua", diz Was. "Em geral, eles fizeram as escolhas certas no original, mas talvez devessem ter usado essa versão em Exile." A maior parte do álbum foi gravada em meados de 1971, no porão da Villa Nellcôte, uma mansão que Richards alugou no sul da França.
O grupo havia fugido da Inglaterra para evitar os exorbitantes impostos britânicos. "Nós nos sentíamos como exilados", conta Richards. "Não conseguimos encontrar um estúdio na França que valesse a pena, e eu tinha essa casa grande e um caminhão de gravação móvel. Quando nos instalamos no porão, ninguém conseguia me tirar de lá. Foi uma forma bem peculiar de gravar. Talvez seja o concreto ou a poeira, mas ele tem um som que você não consegue replicar nem se tentar."
Enquanto Was escutava as fitas, ficou surpreso ao constatar que as legendárias sessões caóticas e movidas a drogas haviam produzido tantas músicas boas. "Tudo na lenda pode ser verdade ou não, mas, quando eles desciam as escadas para gravar um álbum, eram uma ótima banda de rock and roll, muito profissional", diz. "O mito diz que este é um disco malfeito, e não é nada disso. Artisticamente, é bastante sólido." Ele também desmentiu o maior mistério que cerca Exile: se o convidado frequente da casa, Gram Parsons, participou. Afirma Was: "Não o ouvi em nenhum lugar, e essa era uma das coisas que eu estava procurando".
Um novo documentário sobre a gravação do álbum, Stones in Exile, irá ao ar em um canal de TV ainda não definido, em conjunto com o lançamento da reedição. "Na maior parte, são imagens de arquivo", conta Jagger. "Há coisas do Cocksucker Blues [documentário inédito de 1972] ali, e muitos comentários e algumas entrevistas com a gente agora, mas a maior parte é tirada daquela época." Richards acabou de ver uma edição do documentário pela primeira vez. "Não sabia que havia tantas imagens", afirma. "Foi uma revelação para mim tanto quanto foi para qualquer um."
O que vem a seguir para os Stones? Richards diz que está no processo de compor músicas, mas que "não há nenhum plano definido" para um álbum. "Não ficaria surpreso se fizéssemos algo mais para o fim do ano", diz. Enquanto isso, está trabalhando em uma autobiografia que será lançada em outubro, e Johnny Depp começou a filmar um documentário sobre o guitarrista recentemente. "O filme conta a história da minha vida, o pacto com o diabo e tudo o mais", diz Richards. "É fácil conversar com o Johnny, então não houve problema algum." Quando lhe pergunto sobre notícias recentes de que ele havia parado de beber, Richards ri. "Os boatos sobre minha sobriedade são exagerados", afirma. "E vamos deixar por isso mesmo."
Fonte: Revista Rolling Stone – nº 43 – abril/2010 - http://www.rollingstone.com.br/
SOBRE O DOCUMENTÁRIO:
A faixa é uma das dez preciosidades inéditas de uma edição de luxo de Exile, a ser lançada em 18 de maio, que também contém uma versão remasterizada do LP. Quando a Universal, gravadora da banda, falou com Jagger pela primeira vez sobre criar a caixa, ele hesitou. "Eles me perguntaram se havia alguma faixa inédita, e respondi: 'Duvido muito'", relembra. "Em segundo lugar, não queria me dar ao trabalho - mas eles disseram: 'Dá uma olhada, por favor?'" Jagger recrutou Was, que produz todos os álbuns dos Stones desde Voodoo Lounge, de 1994, para ouvir centenas de horas de fitas. "Para um fanático pelos Stones como eu, foi o máximo", conta Was. "Era surpresa atrás de surpresa." As fitas estavam incrivelmente desorganizadas, e muitas, na verdade, eram anteriores a Exile. "Eu ouvia uma jam de blues, e de repente havia uma versão de 'Wild Horses' com apenas Mick, Keith e um quarteto de cordas", diz Was. "Outro rolo tinha todos os takes de 'Honky Tonk Women'". Antes de selecionar o melhor de Exile, Was garantiu uma lista abrangente de tudo o que havia sido lançado extraoficialmente, em discos piratas. "Há todo um subterrâneo do Exile e eu queria dar algumas surpresas a eles também", afirma, "não apenas mixagens melhores de coisas com as quais já estão familiarizados".
"Following the River" é a única faixa que recebeu vocais novos, embora outras -"Pass the Wine", "Plundered My Soul", "Aladdin's Story" - tenham precisado de partes complementares de guitarra ou outros aprimoramentos de som. "Quando editei novas partes, só estava tentando me manter afastado das faixas", diz Keith Richards. "Toquei um violão aqui e ali, mas não quis interferir na bíblia." O baixista Bill Wyman e o baterista Charlie Watts não foram necessários para os overdubs, mas Was não nega boatos de que o guitarrista Mick Taylor, que saiu do grupo em 1974, foi trazido de volta para gravar novas guitarras para o lançamento. "Não estou dizendo que não é verdade", afirma Was. "Simplesmente não vou negar ou dizer que não aconteceu."
Além das novas músicas recém-desenterradas, também havia versões alternativas de faixas de Exile, incluindo um dos primeiros takes de "Tumbling Dice" (com letras diferente) e uma gravação de "Loving Cup", de 1969. "É bem funky e crua", diz Was. "Em geral, eles fizeram as escolhas certas no original, mas talvez devessem ter usado essa versão em Exile." A maior parte do álbum foi gravada em meados de 1971, no porão da Villa Nellcôte, uma mansão que Richards alugou no sul da França.
O grupo havia fugido da Inglaterra para evitar os exorbitantes impostos britânicos. "Nós nos sentíamos como exilados", conta Richards. "Não conseguimos encontrar um estúdio na França que valesse a pena, e eu tinha essa casa grande e um caminhão de gravação móvel. Quando nos instalamos no porão, ninguém conseguia me tirar de lá. Foi uma forma bem peculiar de gravar. Talvez seja o concreto ou a poeira, mas ele tem um som que você não consegue replicar nem se tentar."
Enquanto Was escutava as fitas, ficou surpreso ao constatar que as legendárias sessões caóticas e movidas a drogas haviam produzido tantas músicas boas. "Tudo na lenda pode ser verdade ou não, mas, quando eles desciam as escadas para gravar um álbum, eram uma ótima banda de rock and roll, muito profissional", diz. "O mito diz que este é um disco malfeito, e não é nada disso. Artisticamente, é bastante sólido." Ele também desmentiu o maior mistério que cerca Exile: se o convidado frequente da casa, Gram Parsons, participou. Afirma Was: "Não o ouvi em nenhum lugar, e essa era uma das coisas que eu estava procurando".
Um novo documentário sobre a gravação do álbum, Stones in Exile, irá ao ar em um canal de TV ainda não definido, em conjunto com o lançamento da reedição. "Na maior parte, são imagens de arquivo", conta Jagger. "Há coisas do Cocksucker Blues [documentário inédito de 1972] ali, e muitos comentários e algumas entrevistas com a gente agora, mas a maior parte é tirada daquela época." Richards acabou de ver uma edição do documentário pela primeira vez. "Não sabia que havia tantas imagens", afirma. "Foi uma revelação para mim tanto quanto foi para qualquer um."
O que vem a seguir para os Stones? Richards diz que está no processo de compor músicas, mas que "não há nenhum plano definido" para um álbum. "Não ficaria surpreso se fizéssemos algo mais para o fim do ano", diz. Enquanto isso, está trabalhando em uma autobiografia que será lançada em outubro, e Johnny Depp começou a filmar um documentário sobre o guitarrista recentemente. "O filme conta a história da minha vida, o pacto com o diabo e tudo o mais", diz Richards. "É fácil conversar com o Johnny, então não houve problema algum." Quando lhe pergunto sobre notícias recentes de que ele havia parado de beber, Richards ri. "Os boatos sobre minha sobriedade são exagerados", afirma. "E vamos deixar por isso mesmo."
Fonte: Revista Rolling Stone – nº 43 – abril/2010 - http://www.rollingstone.com.br/
SOBRE O DOCUMENTÁRIO:
No final da década de 60 e início dos 70, os Rolling Stones já eram a maior banda de rock do planeta. Há controvérsias. Não importa, o fato é que não davam mais conta de pagar os impostos da vida de luxo que levavam na Inglaterra. Encrencados com o fisco britânico, Mick Jagger, Keith Richards, Bill Wyman, Charlie Watts e o recém-contratado Mick Taylor se mandaram para o sul da França, onde gravariam “o” disco da carreira, Exile on Main St. Os bastidores da gravação do álbum — lançado em 1972 e agora reeditado com 10 faixas bônus.
Jagger, Watts e Richards são os produtores-executivos do filme, dirigido por Stephen Kijak. Eles aparecem o tempo todo, no presente e no passado, lembrando os meses muito loucos que passaram em Nellcôte, tocando no porão da mansão que Richards alugou para morar com mulher e filho — e que acabou virando o QG da banda e de todo mundo que andava por lá. “Os Stones não eram mais cinco. Eram uma multidão. E a tribo não parava de crescer”, comenta o fotógrafo Dominique Tarlé, que foi a Nice passar uma tarde com a banda e só saiu de lá seis meses depois.
Stones in exile, o documentário, começa 40 anos depois, com Jagger e Watts andando pelo local onde achavam que nunca mais pisariam depois daquelas “malditas sessões de estúdio”, cercadas de mulheres, amigos nada confiáveis e muitas, muitas drogas. Um corte e lá estão eles, novinhos, ali mesmo, lembrando a chegada à França e a curta e triste turnê de despedida da Inglaterra. “Nos sentimos expulsos do nosso próprio país”, conta Keith Richards. “E quando uma banda saía da Inglaterra, era o fim. Não gostavam mais dela”, emenda Jagger.
Bill Wyman, o baixista, odiou ter saído de casa. Watts, o baterista, também não gostou da mudança. Não falava francês, estava infeliz — e para não ficar tão sozinho, levou mala e cuia para a casa de Keith. Mick Taylor, novato, achava tudo maravilhoso (“aquilo é que era vida”). Jagger, bem, ele tinha que estar lá — até se casou com Bianca na França, numa cerimônia que reuniu gente do mundo todo. Pelo visto, só Keith parecia estar à vontade, mesmo, por ali. “Queria me divertir enquanto estava livre”, diz o guitarrista. “O mundo estava contra nós. Então, dane-se. Esse era o raciocínio.”
Não à toa, Exile on Main St. foi feito à moda Keith, na base do improviso, sem nada ensaiado. “Nunca planejo nada. Essa é minha grande diferença em relação ao Mick. Ele é o rock, eu sou o roll”, ri o guitarrista, que se enfurnava naquele porão escuro (a umidade até desafinava as guitarras) por horas e horas, mergulhado em heroína, numa onda sem fim, como quase todos à sua volta. “Todo mundo entrava e saía, fiquei paranoica. Começamos a nos drogar no café, no almoço, no jantar. Tudo se desintegrou”, conta Anita Pallenberg, mulher de Keith.
O nível de desleixo chegou a tal ponto que um dia entraram na casa (cheia de gente), roubaram oito guitarras e ninguém percebeu. A coisa ficou tão feia que eles tiveram de sair da França na marra. Com canções inacabadas, fragmentos de letras, foram terminar o disco nos Estados Unidos. Quando foi lançado, Exile on Main St. não foi bem recebido pelos críticos, que reclamavam da “falta de direção” do álbum. Com o tempo, mudaram de ideia. Aquelas texturas nunca antes usadas, a diversidade das faixas e a sensação de música feita por quem não podia voltar para casa acabaram fazendo de Exile o grande álbum dos Stones.
Confira o trailer de “STONES IN EXILE”
Jagger, Watts e Richards são os produtores-executivos do filme, dirigido por Stephen Kijak. Eles aparecem o tempo todo, no presente e no passado, lembrando os meses muito loucos que passaram em Nellcôte, tocando no porão da mansão que Richards alugou para morar com mulher e filho — e que acabou virando o QG da banda e de todo mundo que andava por lá. “Os Stones não eram mais cinco. Eram uma multidão. E a tribo não parava de crescer”, comenta o fotógrafo Dominique Tarlé, que foi a Nice passar uma tarde com a banda e só saiu de lá seis meses depois.
Stones in exile, o documentário, começa 40 anos depois, com Jagger e Watts andando pelo local onde achavam que nunca mais pisariam depois daquelas “malditas sessões de estúdio”, cercadas de mulheres, amigos nada confiáveis e muitas, muitas drogas. Um corte e lá estão eles, novinhos, ali mesmo, lembrando a chegada à França e a curta e triste turnê de despedida da Inglaterra. “Nos sentimos expulsos do nosso próprio país”, conta Keith Richards. “E quando uma banda saía da Inglaterra, era o fim. Não gostavam mais dela”, emenda Jagger.
Bill Wyman, o baixista, odiou ter saído de casa. Watts, o baterista, também não gostou da mudança. Não falava francês, estava infeliz — e para não ficar tão sozinho, levou mala e cuia para a casa de Keith. Mick Taylor, novato, achava tudo maravilhoso (“aquilo é que era vida”). Jagger, bem, ele tinha que estar lá — até se casou com Bianca na França, numa cerimônia que reuniu gente do mundo todo. Pelo visto, só Keith parecia estar à vontade, mesmo, por ali. “Queria me divertir enquanto estava livre”, diz o guitarrista. “O mundo estava contra nós. Então, dane-se. Esse era o raciocínio.”
Não à toa, Exile on Main St. foi feito à moda Keith, na base do improviso, sem nada ensaiado. “Nunca planejo nada. Essa é minha grande diferença em relação ao Mick. Ele é o rock, eu sou o roll”, ri o guitarrista, que se enfurnava naquele porão escuro (a umidade até desafinava as guitarras) por horas e horas, mergulhado em heroína, numa onda sem fim, como quase todos à sua volta. “Todo mundo entrava e saía, fiquei paranoica. Começamos a nos drogar no café, no almoço, no jantar. Tudo se desintegrou”, conta Anita Pallenberg, mulher de Keith.
O nível de desleixo chegou a tal ponto que um dia entraram na casa (cheia de gente), roubaram oito guitarras e ninguém percebeu. A coisa ficou tão feia que eles tiveram de sair da França na marra. Com canções inacabadas, fragmentos de letras, foram terminar o disco nos Estados Unidos. Quando foi lançado, Exile on Main St. não foi bem recebido pelos críticos, que reclamavam da “falta de direção” do álbum. Com o tempo, mudaram de ideia. Aquelas texturas nunca antes usadas, a diversidade das faixas e a sensação de música feita por quem não podia voltar para casa acabaram fazendo de Exile o grande álbum dos Stones.
Confira o trailer de “STONES IN EXILE”
O que podemos dizer desse maravilhoso guitarrista? O que seria do cenário pop internacional sem sua música? Na ausência do som cru e vigoroso, autêntico e de raiz extraído de sua guitarra diríamos “I can´t get no, Satisfaction”. Keith Richards rolou firme durante toda a sua vida na estrada tortuosa do rock, num verdadeiro “sacerdócio”, dedicando toda sua existência aos blues, rhythm and blues, rock and roll, funks, ritmos caribenhos e atualmente anuncia o lançamento para setembro de um álbum de música sacra rastafári “WINGLES ANGELS”, gravado na Inglaterra.
Sua aparência é de uma grande ruína humana degradada, decorrente do uso excessivo de álcool e drogas pesadas. Seus dedos (com seu inseparável anel de caveira) são retorcidos em função do dedilhamento na guitarra. Ele próprio afirma que passou grande período de sua vida em estúdio. Nas entrevistas, tem jeito de drogado e doidão, mal consegue falar fluentemente, mas pouco importa. O que vale é o som do blues que o embriaga e toca no âmago de sua alma. Isso sim é essencial, em sintonia com o tradicional pacto feito na encruzilhada, como os grandes BLUESMEN. E vejam, estamos falando de um músico branco, “bem nascido” num país de primeiro mundo.
Os ROLLING STONES são considerados por muitos, a maior grupo de rock de todos os tempos. Esse chavão não seria possível sem a presença do “MAESTRO”, que junto com Brian Jones, introduziu e penetrou no som negro do sul dos EUA. Ele é, sem dúvida, a base sólida para que Mick Jagger, com sua boca de escracho e seus beições, cante como um negro, juntando a fome com a vontade de comer. Até o nome da banda foi extraído de uma canção do bluesman Muddy Waters, isso porque as “pedras que rolam não criam musgo".
Como a maldição do rock and roll é o envelhecimento, a senilidade transforma roqueiros irreverentes que quebram as normas da boa conduta em cidadãos convencionais e ajuizados. Porém, isso não se aplica a Keith Richards, um artista de 66 anos, nada tradicional, e totalmente fora dos padrões britânicos de sua majestade.
O excelente crítico musical americano Bill Flanagan afirma categoricamente em seu livro “Written in my Soul”, que Keith Richards é o maior compositor de rock de todos os tempos, que isso pode parecer um absurdo, porém não se pode contestar um músico com tantos “riffs” bem elaborados. Em seu currículo consta: Satisfaction, Under my thumb, It’s All Over Now, Tumblin’Dice, Honk Tonk Woman, Wild Horses, Midnight Rambler, Angie, Lady Jane, Start me Up, Casino Boogie, Paint it Black, Jumpin’ Jack Flash, No Expectation, Gimmie Shelter, Far Away Eyes, The Last Time, Sweet Virginia, podendo acrescentar, nessa folha de serviço dezenas e dezenas de outras obras-primas.
Em 1987, foi realizado o documentário “HAIL! HAIL! Rock ‘n’ Roll”, com direção de Taylor Hackford e produção musical de Keith Richards. O filme mostra a preparação e o show em New Orleans, do pai de todos os roqueiros, o fabuloso CHUCK BERRY. Com participações memoráveis de Eric Clapton, Robert Gray, Etta James, Linda Ronstad e Julian Lennon, representando o pai, e interessantes depoimentos de Bo Diddley, Jerry Lee Lewis, Roy Roberson, Little Richard, Johnny Johnson, e John Lennon (em vídeo) tudo é uma grande festa, alegria e muito rock and roll. Porém, tem uma cena memorável: Chuck Berry já sem paciência ensinando a Keith Richards os acordes corretos da canção “OH CAROL” um dos grandes hinos do rock (Try it again, Keith).
Toda minha geração, que cresceu ouvindo os blues e suas ramificações, tínhamos Keith Richards, junto Eric Clapton e Eric Burdon, como um bandeirante que abria as trilhas para chegarmos a nata da nata do rock, a fonte de onde brotava esse maravilhoso som. Ele foi tão rápido no processo criativo que outros músicos contemporâneos tinham dificuldade de alcançá-lo no seu universo musical, mas “It’s only rock and roll, but i like it”. O fato é: o cara é uma lenda viva! Uma grande pirâmide que desafia o tempo, que admiramos e entendemos porque a crítica especializada de todo o mundo o chamam de Mr. Riffs ou Mr. Rock and Roll!
Muito obrigado e até a próxima!
FIM
Agora, com vocês: MR. KEITH RICHARDS comandando a banda num clássico dos Rolling Stones. DEAD FLOWERS! VIVA, WILLIE! VIVAM MUITO OS ROLLING STONES! Espero que tenham gostado, voltem todo dia e mandem para seus amigos. Valeu! Abração!
Cara, tira essa porra dessa rádio! O Blog é tão legal, mor interesse em ler as matérias, mas essa rádio forçada enche o saco bicho.
ResponderExcluirMatéria muito boa.Tenho esse album entre outros dos Stones e é um dos meus favoritos.O texto está enxuto,gostoso de ler e os vídeos são excentes.Parabéns.
ResponderExcluirValeu, João Carlos! Para mim, esse álbum é, de longe, o melhor disco dos Rolling Stones! E você, anõnimo, trate de se identificar. Apenas seu voto contra a rádio não é suficiente. Ela tem aprovação quase unãnime!
ResponderExcluirMuito bom! Ha muito tempo que eles deviam estar aqui! Valeu! Baixei os discos. Duca!
ResponderExcluirAcho engraçado - e curioso - toda essa festa que se faz em torno dos Rolling Stones e da enorme quantidade de drogas que tomaram. Patético!
ResponderExcluirestava na expectativa para o relançamento do EXILE MEAN ST foi muito oportuno a matéria. O Dna do rock ta todo nas exelentes musicas, o comentário atual na crítica especializada é que OS STONES nuca mais seriam tão bons. Parabéns pelo trabalho.
ResponderExcluirluiz c
Muito bom esse Baú! Não conhecia. Adoro os stones, mas amo mesmo o Paul McCartney!
ResponderExcluirAnônimo burro! ESC, porra!
ResponderExcluirEdu!! Vc tem o link desse album pra baixar??
ResponderExcluir