terça-feira, 31 de janeiro de 2012

THE BEATLES: A HISTÓRIA POR TRÁS DE TODAS AS CANÇÕES

Quem foi Eleanor Rigby? E Lady Madonna? Jude? Lucy? Prudence? Onde fica Strawberry Fields? E Penny Lane? Este livro "The Beatles: A História por Trás de Todas as Canções", escrito pelo inglês Steve Turner é bom pra dedéu. Sensacional e indispensável na estante de qualquer beatlemaníaco que queira conhecer melhor as fantásticas criações dos Fabs. Custa 49 reais na Saraiva e vale cada precioso tostão. Comprei o meu quando foi lançado em 2009 e o consulto praticamente todos os dias, juntamente com "O Diário dos Beatles" de Barry Miles e "Paul McCartney - Todos os segredos da carreira solo" de Cláudio D. Dirani. O livro de Turner, além de muito prático, é lindo e tem um acabamento nota 10 para os padrões nacionais. Nele, Steve Turner explica "onde, como e porquê" e a história dos personagens por trás de todas as 208 músicas gravadas pelo grupo inglês que há anos, influencia gerações. O autor teve a sorte de entrevistar John Lennon, que lhe explicou a natureza pessoal de suas canções, e Paul McCartney, que esclareceu alguns equívocos nas histórias que Turner havia apurado. O restante dos significados pesquisou em entrevistas publicadas e arquivos de jornais e bibliotecas. A seguir, a gente confere o que o autor diz no prefácio sobre a obra:
"Este livro conta as histórias por trás das canções dos Beatles, conjunto que defini como músicas escritas e gravadas pelos Beatles. Ele trata do "onde, como e porquê" das composições e tenta rastrear o caminho da inspiração até a fonte. Dito isso, este não é um livro sobre como as canções foram gravadas nem sobre quem tocou o quê, em qual sessão. Mark Lewisohn definitivamente já fez esse trabalho em The Complete Beatles Recording Sessions. Tampouco é um livro de análise musical profunda. Para tal abordagem, veja Twilight Of The Gods, de Wilfrid Mellers (Schirmer Books, 1973), ou The Songwriting Secrets Of The Beatles, de Dominic Pedler (Omnibus Press, 2003). Revolution in the Head, de Ian MacDonald (Fourth Estate, 1994), é igualmente exemplar. MacDonald utiliza a mesma abordagem música por música deste livro, e seus insights e a profundidade de seu conhecimento sobre música popular dos anos 1960 são incomparáveis. Este também não é um livro que explica o que os Beatles "realmente queriam dizer". Apesar de delinear a origem de muitas canções e fazer referência a fatores psicológicos que, acredito, influenciaram na composição, deixei a tarefa da interpretação para outros. Se você de fato quiser saber o que Paul quis dizer, leia um livro como Paul McCartney: From Liverpool To Let It Be, de Howard DeWitt (Horizon Books, 1992), ou, se quiser entender o percurso do desenvolvimento intelectual de John, leia The Art and Music of John Lennon, de John Robertson (Omnibus, 1990), ou John Lennon's Secret, de David Stuart Ryan (Kozmik Press, 1982). O que tentei fazer foi simplesmente contar a história de como cada canção surgiu. Pode ter sido uma inspiração musical, como tentar escrever ao estilo de Smokey Robinson. Pode ter sido uma frase que ficou na cabeça, como "pools of sorrow, waves of joy",1 verso que compeliu John a escrever "Across The Universe". Ou pode ter sido um incidente, como a morte do rapaz Tara Browne, da alta sociedade, que levou à composição de uma parte de "A Day In The Life". Minha fonte principal foram as palavras dos próprios Beatles. Tive a sorte de conhecer John e entrevistá-lo com Yoko no escritório da Apple em Savile Row no verão de 1971, pouco antes de Imagine ser lançado. Eu me lembro de parabenizá-lo pela natureza pessoal de suas novas canções, que surgiram depois de um intenso período de terapia. "Minhas músicas sempre foram pessoais", ele respondeu. "'Help!' era pessoal. 'You've Got To Hide Your Love Away' era pessoal. 'I'm A Loser' era pessoal. Sempre tive esse ímpeto." Só conheci Paul em 1992, quando fui convidado a ajudar Linda a escrever o texto de seu livro de fotos, Linda McCartney's Sixties: Portrait Of An Era. Eu esperava que Paul contribuísse com as próprias lembranças, mas ele alegou que um projeto como esse merecia toda a sua dedicação, com o que não poderia se comprometer por falta de tempo. Mesmo assim, ele apontou algumas discrepâncias nas histórias que eu havia coletado até então para que eu pudesse modificá-las. Como os comentários mais confiáveis sobre as canções são aqueles feitos pelos próprios Beatles, extraí muita coisa das entrevistas publicadas que reuni desde o início do meu primeiro álbum de recortes sobre os Beatles, em 1963. Aquelas que perdi, pesquisei na National Newspaper Library e na National Sound Archives, em Londres. Tive de voltar inúmeras vezes a sete textos inestimáveis, sem os quais eu não teria sabido por onde começar. Em ordem de publicação: a entrevista de Alan Aldridge com Paul McCartney publicada como "A Good Guru's Guide To The Beatles' Sinister Songbook" (Observer, Londres, 26 de novembro de 1967); The Beatles, de Hunter Davies, 1968; "Lennon: The Greatest Natural Songwriter of our Time", de Mike Hennessey (Record Mirror, 2 de outubro de 1971); Lennon Remembers, por Jann Wenner, 1971; I Me Mine, de George Harrison, 1980; The Playboy Interviews, com John Lennon e Yoko Ono, 1981, e Paul McCartney: Many Years From Now, de Barry Miles, 1997. Há também duas séries de rádio que esclarecem detalhes sobre as composições: McCartney On McCartney, de Mike Read, transmitida na BBC Radio 1, em 1989, e The Lost Lennon Tapes, uma produção americana com as fitas da coleção particular de John. Por mais esclarecedoras que todas tenham sido, elas não me contaram a história inteira. Eu queria entrevistar as pessoas que estavam ao redor deles quando as canções foram escritas ou que serviram de tema para elas. Também queria localizar artigos de jornal e livros que serviram de inspiração e visitar lugares que motivaram canções. Também desejava surpreender os próprios Beatles remanescentes porque tinha certeza de que eles não sabiam quem de fato era o "Mr. Kite" ou que fim havia levado a garota cuja história inspirou "She's Leaving Home". O livro definitivo sobre o tema não será escrito até que os diários, cartas e cadernos de John e George sejam tornados públicos, e até que Paul e Ringo compartilhem tudo de que se lembram sobre as 208 canções gravadas pelos Beatles. O mais provável é que os arquivos de John continuem trancafiados por um bom tempo, porque parte importante dos registros dele trata de pessoas ainda vivas, e Yoko acredita que seria delicado divulgar. A série de televisão em seis partes The Beatles Anthology e a "biografia" dos Beatles que veio junto foram decepcionantes para quem esperava que os membros remanescentes contassem histórias inéditas. É por isso que valeu a pena compilar este livro. Ele pode ser o mais próximo que chegaremos de entender como os Beatles fizeram a mágica de suas composições."Steve turner - Londres, novembro de 1998 a março de 2005.
E agora, a gente fica novamente com um belo trecho do livro sobre "I'm a Loser". Espero que gostem. Abração!
THE BEATLES - I'M A LOSER
A História por Trás de Todas as Canções" - Steve Turner
Em 1964, dois fatos tiveram efeito profundo nas composições de John. O primeiro deles foi ouvir a música de Bob Dylan em Paris, quando Paul ganhou o LP The Freewheelin'Bob Dylan de um DJ de uma rádio local. Paul já tinha ouvido a música de Bob Dylan antes, mas John ainda não a conhecia. Depois de ouvir Freewheelin', segundo álbum de Dylan, eles compraram Bob Dylan, seu álbum de estreia, e, de acordo com John, "não conseguíamos parar de ouvi-lo por três semanas. Todos nós fica­mos loucos por Dylan". O segundo fato que teve grande impacto para John foi conhecer o jornalista Kenneth Allsop, que escrevia para o jornal Daily Mail e era entrevistador do noticiário Tonight, da BBC Television. John o conheceu em 23 de março, depois o encontrou de novo em um evento literário da livraria Foyles, no Dorchester Hotel. Nesse mesmo dia, foi entre­vistado no Tonight sobre seu livro, In His Own Write. Allsop, um homem bonito e durão deYorkshire, tinha 44 anos na época e era um dos rostos mais conhecidos da televisão britânica. Jornalista desde 1938, ele havia também servido, durante a guerra, na Royal Air Force. Na primeira conversa de John com o jornalista, no estúdio Lime Grove da BBC, Allsop foi enfático ao recomendar ao Beatle que não escondesse seus sentimentos por trás das convenções da música pop. A leitura de "In His Own Write" levara Allsop a acreditar que John tinha muito mais a oferecer. Anos depois, John disse ao seu confidente Elliot Mintz que esse encontro havia sido um momento decisivo para o modo dele de compor. "Ele me contou que estava particularmente ansioso naquele dia e, por causa disso, ficou muito falante e envolvido na conversa com Allsop", diz Mintz. "Allsop disse a ele que não morria de amores pelas canções dos Beatles porque todas tendiam a ser 'ela o ama', 'ele a ama', eles a amam' e 'eu a amo'. Ele sugeriu que John tentasse escrever algo mais autobiográfico, em vez de usar os velhos temas superficiais. Isso res­soou dentro dele." Apesar de ter sido gravada cinco meses depois, "I'm A Loser" pode ser considerada o primeiro fruto desse encontro com Allsop. Seria equivocado dizer que foi uma mudança completa de direção, porque desde o começo John tinha escrito músicas em que se revelava solitá­rio, triste e abandonado, mas em 'Im a Loser" ele se expôs mais. Vista de forma superficial, ela é mais uma canção sobre perder uma namorada. Mas alguns versos, como a passagem na qual ele diz que sob a máscara ele está "wearing a frown", 58 sugerem que ele se con­sidera um fracasso em mais de uma maneira. Não é apenas um fra­casso no amor, é também um fracasso na vida. "I'm A Loser" pode ser vista hoje como um estágio inicial da tortuo­sa jornada de John rumo à franca autorrevelação. Na época, ele logo revelou o efeito que Bob Dylan teve em "I'm a Loser". "Qualquer um que seja um dos melhores em sua área - como Dylan é - acaba influenciando os demais", ele afirmou na ocasião. "Eu não me sur­preenderia se nós o tivermos influenciado de alguma forma. Kenneth Allsop foi encontrado morto em sua casa, em maio de 1973-A causa da morte foi uma overdose de analgésicos. Huid Travellin", o relato de Allsop sobre a vida dos hobos, andarilhos aventureiros, foi publicado pela primeira vez em 1967, tornou-se um clássico e ainda é reimpresso. "I'm A Loser" foi gravada em agosto de 1964. John deu alguns sinais de como estava sendo sincero na letra. Um deles foi um comentário que fez a Ray Coleman, da Melody Maker, dois meses depois, quando estavam nos bastidores de um show. Enquanto era maquiado para subir ao palco ele disse: "Eu gostaria que me pintassem um sorriso também. Acha que vou conseguir sorrir hoje à noite? Às vezes eu me pergunto como é que nós conseguimos seguir adiante".

17 comentários:

  1. Esse livro é muito bom! Esclarece sem ser enfadonho. Aliás, falando em livros sobre os Beatles, sinto falta de uma biografia de McCartney q seja totalmente idônea e menos chapa branca - como Many years from now. Lennon ganhou o seu: Lennon, the life - falta o Paul, não acha? abs

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  2. Históricamente chamado de ´´o disco cançado´´,beatles for sale é magnífico,um conjunto d belíssimas canções pop/country,rock&roll...
    Meu primeiro bolachão dos caras,guardo com carinho.

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  3. Esse livro é sensacional.Esse post do Edu me estimulou a rele-lo.Realmente,pelo que o autor escreveu na introdução e em seu depoimento muito bem "sacado" pelo Edu,vimo-nos à frente de uma obra séria.De fôlego.Sem invencionices.Golaço do BAÚ!

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  4. Lembrei! Paul certamente comprometido com Barry Miles arrumou uma elegante desculpa para não "abrir" o jogo.Isto certamente,melaria seu projeto com Miles (cujo livro,terminou servindo de referência uns 6 anos após).

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  5. Livro essencial na estante para um Fã dos Beatles !!!
    Poderia sair também novos volumes dedicados as musicas de cada Beatle em carreira solo !!!

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  6. Fala Edu ! Tenho esse livro e recomendo totalmente ! É uma leitura que nunca termina, pois toda hora que se redescobre uma dessas inesquecíveis canções você volta ao livro para consultar novamente os detalhes de sua composição ! Parabéns pelo ótimo blog passo aqui todo dia e recomendo para qualquer fã dos beatles ! Abração !

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  7. Thanks for comments, folks!
    Pois é Valdir, podia mesmo! Sinto falta demais de um guia precioso desses sobre as músicas do Harri. Será que alguém um dia vai fazer? Porque não? Alguém que possa estar lendo isso agora... quem sabe? Abração!
    Caro Cnavarro: será que não é meio paradoxal?... Afinal “Many years from now” não é o livro mais chapa branca sobre ele? Talvez? Abração!
    JC: nem preciso dizer... “You’re always in my heart”. Abração!
    Leonardo: Beatles 4 Sale é fantástico! Abração!
    VictorERP: Welcome! Abração!

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  8. Esse vídeo é absolutamente OURO PURO! A troca de gestos e expressões entre eles é muito bacana! Sem contar que os bichos estão no auge, bonitões, afinados... Sensacional!

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  9. nossa eu tambem sempre consulto esse livro, acho que ele e um outro da larrouse, que tem todos os discos (incluindo os lançados no Brasil e no Eua) se completam, muito bom mesmo

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  10. Eu tenho esse livro também e realmente vale cada centavo.

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  11. Nossa! Esse livro é muito bom!
    Ganhei de aniversário quando fiz 15 anos e pulei pra caramba xD
    Deixei de ler livros da escola pra ler esse XP Eu sei que não é um bom exemplo, mas não deu pra me aguentar ='] ^^'

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  12. Tenho esse desde a época do lançamento, realmente é um livro muito agradável,cheio de curiosidades a respeito das músicas e também é bem confeccionado com fotografias legais e tudo o mais...recomendo a todos os amantes do Quarteto.

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  13. Vou destoar.

    Acho o livro muito fraco, mesmo decepcionante. Limita a "história" das canções à biografia. Pode servir de curiosidade (comezinha), mas não vale para análise.

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  14. ???? Não entendi o que o cara aí em cima quis dizer... "Limita a 'história' das canções à biografia"... (?)O quê???? Será que leu o texto? Acho que entrou no sítio errado, meu caro... ninguém é perfeito! Aceitarei de bom grado todas as críticas, quando tiverem razão!

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  15. Maria Lúcia - Lucy Diamond2 de fevereiro de 2012 às 22:55

    Viu o símbolo dele Edu? É um Nazi. Fora total! Não é? L.D.D

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  16. Tenho esse livro e posso dizer que ele é muito bom!

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  17. A tradução que aparece em She loves you deixa a desejar, com erro comprometedor quando descreve os últimos acordes.....

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