Há 43 anos, no dia 15 de janeiro de 1969, John Lennon inaugurou sua primeira exposição de litografias eróticas. O evento foi batizado de "Bag One".
Uma série de litografias de John Lennon, que continham cenas sexuais do músico e sua mulher, Yoko Ono, não foram proibidas pela justiça britânica por temor de que isso afetasse outras coleções de arte, como a da rainha Elizabeth II. Assim parecem sugerir documentos oficiais guardados nos Arquivos Nacionais de Kew (sudoeste de Londres) e divulgados em 2004. Os relatórios esclarecem o famoso caso de 1970, quando oito trabalhos originais do ex-Beatle foram exibidos numa galeria da rua New Bond, em Londres, foram apreendidos pela polícia em virtude das leis vigentes contra a obscenidade.
O galerista, Eugene Schuster, foi acusado ante a justiça de violar uma norma do século XIX, a chamada Lei da Polícia Metropolitana de 1839, o que facilitou que, no final, o caso fosse arquivado por razões técnicas. Outros documentos do mesmo caso divulgados há alguns anos mostraram que as obras de Lennon da exposição "Bag One" não eram grande coisa e simplesmente não foram exibidas devido à fama de seu autor, como reconheceu o próprio galerista.
Para o detetive Frederick Luff, então responsável da brigada de publicações obscenas na Scotland Yard, as obras que representavam a vida sexual de Lennon e Ono não eram mais que "o trabalho de uma mente doente". Os papéis oficiais trouxeram mais luz sobre o caso, pois incluem a carta de um artista, Fuller de Maidstone, às autoridades britânicas na qual são expressos os temores do mundo artístico. "Se o tema supõe a base de um processo, então será a primeira das muitas iniciativas que seu departamento terá que enfrentar: há milhares de gravuras de Rembrandt que mostram atos sexuais, nomeando apenas uma obra que figura em coleções do Estado e privadas", escreveu. "O que ocorrer com as litografias de Lennon provocará que colecionadores de todo o mundo estudem o resultado com interesse; por isso sei, Vossa Majestade a rainha tem trabalhos bastante eróticos de Fragonard", apontou o artista.
A carta de Fuller foi levada em conta, pois recebeu uma resposta de um dos responsáveis da procuradoria, na qual se assinalava que seus temores estavam sendo considerados. Finalmente o caso foi arquivado, entre outras razões, pelo magistrado entender que uma galeria não era "um lugar público" e que não supunha nenhuma "moléstia" para os transeuntes, segundo os termos que estabelecia a lei do século XIX. Outro dos documentos divulgados demonstra o mal-estar que isso causou num dos responsáveis da procuradoria, Kenneth Horn, que considerou que o arquivamento deveu-se ao fato de o galerista ter sido processado com uma lei inadequada, algo decidido no último minuto. "Se o processo tivesse ocorrido de acordo com a Lei de Publicações Obscenas, teria havido mais oportunidades de sucesso", escreveu Horn.
John Lennon, desde 1966, vinha se destacando por seu experimentalismo artístico, inovando em músicas como "Tomorrow´s Never Knows" do álbum dos Beatles "Revolver", mas foi durante o ano de 68, que a vida de John Lennon mudou.
Em 18 de outubro, John foi processado por porte ilegal de haxixe, um mês antes do lançamento do primeiro álbum de John Lennon e Yoko Ono - "Unfinished Music No. 1 - Two Virgins", gravado na primeira noite que Yoko passou na mansão de John em Weybridge, Londres. O disco registra diálogos, gritos e sussurros do casal apaixonado. A capa do disco causou alvoroço ao registrar John e Yoko em nu frontal. Um filme homônimo, de 21 minutos, superpondo as faces de John e Yoko, e "Smile", uma seqüência rápida de 30.000 fotogramas por minuto de Lennon sorrindo, foram filmados no jardim da propriedade de Lennon, no verão de 68, e lançados no Festival de Filmes de Chicago em dezembro, iniciando a fase cinematográfica do casal.
O casamento de John e Yoko, em 20 de março de 1969, em Gibraltar, perto da Espanha, transformou-se num evento publicitário a favor da paz, contrário à Guerra do Vietnam. John e Yoko, após uma parada em Paris, para um almoço com o pintor Salvador Dali, voaram em lua de mel para o Hotel Hilton em Amsterdã, Holanda. Lá iniciaram uma série de entrevistas na cama num período de uma semana, conhecido como "Bed-in". Após o fim da badalada lua de mel, John e Yoko foram para Viena, na Áustria, para a estréia de "Rape", outro filme do casal, ambicioso projeto de 72 minutos, onde uma jovem atriz húngara é perseguida por uma câmera invadindo sua privacidade. "Rape" foi indicado como Hors Concours no Festival da Televisão de Montreaux. Animado com a repercussão de seus do filmes, em abril de 69, John Lennon cada vez mais distante dos Beatles, e inseparável de Yoko, abria a Bag Productions, produtora de filmes do casal. No último trimestre de 69, lançaram os filmes "Apotheosis", filmado de um balão que passava por várias regiões e "Self Portrait", que também gerou controvérsias ao exibir em câmera lenta e acelerada o pênis de John Lennon, do repouso à ereção. O LP "The Wedding Album" foi lançado numa luxuosa caixa repleta de souvenires do casamento dos dois. Durante vinte minutos cada um pronuncia o nome um do outro de diversas maneiras.
Apesar de toda atividade político-musical, o casal Ono Lennon, continuava a divulgar seus filmes. Após a conclusão e a não exibição de "Clock", uma tomada de uma hora de um relógio francês no St. Regis Hotel em Nova York, John e Yoko foram ao Festival de Cannes para divulgar "Fly", onde lentes potentes filmavam uma mosca explorando o corpo nu da atriz Virginia Lust ao som do álbum de Yoko de mesmo nome. Neste mesmo período, outro filme do casal - "Up Your Legs Forever" estreava no Elgin Theatre em Nova York, na época administrado pelo crítico de cinema do Village Voice – Jonas Mekas. A temática do filme consistia em filmar 365 pernas de celebridades como as do poeta Allen Ginsberg e as do ator George Segal em nome da paz. "Erection", outro filme deles, estava em produção, só concluída em 1972, após dezoito meses em que uma câmera fixa num ponto registrava a construção do London International Hotel.
que post interessante!eu não sabia que ele tinha feitos esses filmes.São um pouco polemicos alias...
ResponderExcluirParte fascinante da persona de Lennon era seu apego à controvérsia,custasse o que custasse.Lendo esse post com atenção,nota-se isso. Salvo engano, nessa fase George teria lhe dito: " Adoro abrir um jornal e não te ver nele!". RsRsRs
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