domingo, 31 de agosto de 2014

TERMINOU A PROMOÇÃO BANGLADESH!

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Caros amigos, terminou a Promoção Bangladesh que durou quase o mês inteiro. Quem respondeu a pergunta:"Porquê George Harrison é tão importante pra mim?" concorreu a essa maravilhosa jóia fora de catálogo há muito tempo - o álbum duplo com dois CDs do Concerto por Bangladesh. Uma obra-prima inigualável. Os textos de quem participou foram enviados para mim por e-mail (eduardobadfinger@gmail.com) e devidamente encaminhados para avaliação do Maestro João Carlos Mendonça e do professor Valdir Bernardo Junior. Os textos dos três primeiros classificados serão publicados aqui e agora, mas somente o primeiro lugar recebe o George Harrison em sua casa. Se você participou e não levou, não fique triste. Vem muito mais coisa boa por aí. Se não participou, babau! Fique de olho e continue colaborando com seus comentários e sugestões de novas postagens. Abração em todos! Agora, a gente confere os três finalistas:
Foi pelo George Harrison que eu moldei meu caráter. Dou valor aos meus amigos e pessoas ao meu redor, espero sempre o melhor das situações, me ensinou muito em ser um ser humano com mais amor e alegria e paciência, dou valor a um dia de sol (soa muito cliché eu sei) aprendi a tocar ukulele, toco guitarra por causa dele. Me ensinou que todos nós podemos se queremos de verdade. Valeu.


Naquele tempo, toda a escola sabia que eu e outro colega éramos fanáticos pelo quarteto de Liverpool. Tempos difíceis aqueles, não havia internet e tals, era muito difícil conseguir qualquer tipo de mídia de qualquer artista internacional, enfim, tudo que tínhamos era um greatest hits piratão. Um dia, um professor que vinha, dia-a-dia, da cidade dar aula na roça “se comoveu” e prometeu alugar um vhs pra gente. Promessa cumprida, lá vinha o BACKBEAT pra gente assistir. Colocamos a velha fita K7 no aparelho. Doidos para ver os Beatles pela primeira vez (imaginem a ingenuidade), mas aqueles não eram os Beatles... De qualquer forma, assistimos para entender a história dos caras, e diga-se de passagem, a trilha sonora é sensacional. Ver aqueles jovens tão selvagens tocando naqueles ambientes. Era inspirador para garotos que estavam batendo as portas da puberdade. E George? Onde entra? Ele entra agora, ou melhor, ele não entra. Numa de suas aventuras em ¿Hamburgo?, a banda visita um puteiro, e George fica de fora do quarto. Quero dizer, eu não tinha certeza se era George mesmo, mas meu colega afirmava que sim. Aquela cena me marcou muito. Eu me via ali... Nunca fui o centro das atenções quando se falava em garotas. Toda afinidade por George Harrison começou ali... Aqui em casa, somos em 4 irmãos, e cresci ouvindo coisas do tipo que me levaram a uma conclusão: Somos o gênio sarcástico, o bonito, o engraçado e o quieto...No caso, eu. Passados alguns dias o mesmo professor nos trouxe 2 LPs, dois discões: LET IT BE e o meu preferido - ABBEY ROAD. Eu não consigo explicar a sensação de ter aquelas obras nas mãos. Eu, que como Sinatra, creditava Something à “duplinha” morri de orgulho quando vi o nome de Harrison ali na rótulo do disco, marcando posse na música. Depois de tanto, o cara se tornou meu beatle preferido... mostrando o seu brilho entre ‘duas invulneráveis estrelas’.


É difícil para mim dizer o quanto o George é importante. Entre todos os Beatles, ele é com quem eu mais me identifico seja pela sua timidez ou seu jeito caladão de ser, ou até mesmo pela sua religiosidade. Entretanto, em um certo momento da minha vida ele teve um papel importantíssimo na minha recuperação emocional. De 2010 à 2011 eu perdi pessoas importantes para mim: três tios em 2010, e minha avó (segunda mãe) em 2011.Eu me vi em meio ao vácuo, minha mãe passou semanas chorando e eu tive que ser forte o suficiente para dar apoio emocional para ela e não tive tempo de me sentir triste até que em 2012 eu passei a pensar como havia sido esses três anos e entrei numa bela de uma depressão, não comia direito não tomava mais banho nem da cama eu me levantava. Até que um dia tomei coragem para me levantar e tomar um banho, quando sai me senti melhor, liguei a TV e estava passando o documentário George Harrison: Living in the Material World, assisti do começo ao fim e fui ouvir algumas de suas musicas no meu ipod. Aleatoriamente. Escolhi “All Things Must Pass” e foi um tipo de injeção de ânimo quando ouvi aquela estrofe:
"Sunrise doesn't last all morning
A cloudburst doesn't last all day
Seems my love is up and has left you with no warning
It's not always going to be this grey
All things must pass
All things must pass away"

Eu nunca havia escutado algo tão forte e tão motivador nesses últimos três anos e a frase “Tudo deve passar”, ”Tudo deve ir embora”, cabia exatamente no que eu estava passando. Eu não podia me abater. Tudo passa! Nada é para sempre, seja lá coisas ruins ou boas, nunca mais aquela sensação de desespero me pegou de novo. O George e suas letras mudaram minha vida passei a refletir e não me abater por qualquer nuvem negra que passar e sim esperar um novo dia. Passando o tempo, passei a perceber que não era apenas sua timidez ou seu jeito caladão de ser com o que eu me identificava e sim toda sua essência.


É isso aí! Parabéns, Ana Beatriz! Como prometi, você vai receber o discão em sua casa na maior comodidade e sem despesa alguma. Envie seu nome e endereço completo, com CEP para eduardobadfinger@gmail.com e enviarei para você assim que for na cidade. Ok? Não deixem de conferir a excelente postagem sobre “All Things Must Pass” publicada no dia 14 de dezembro de 2011: http://obaudoedu.blogspot.com.br/2011/12/george-harrison-all-things-must-pass.html

PAUL MCCARTEY - EARLY DAYS - HD

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THE BEATLES LIVE! AT THE STAR CLUB IN HAMBURG, GERMANY; 1962

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A última viagem dos Beatles para Hamburgo naqueles tempos foi no final de 1962. Partes de suas últimas apresentações foram gravadas com um gravador portátil, por Ted 'King Size' Taylor, do grupo The Dominoes, que também que tocava no clube. As fitas foram liberadas com a etiqueta da Alemã 'Bellaphon', em 1977 como: 'The Beatles: Live! no Star Club, em Hamburgo, Alemanha, 1962', e, posteriormente, re-lançado em vários formatos e títulos.
O Star-Club ficava na Grosse Freiheit 39, St. Pauli, em Hamburgo, Alemanha. O clube exitiu por 7 anos, entre 1962 e 1969. O Star-Club foi inaugurado por Horst Fascher no dia 13 de Abril de 1962, onde antes ficava o Stern Kino. Ele e o sócio Manfred Weissleder abriram o Star-Club. Porém, Weissleder, não queria grupos desconhecidos de garagem pra tocar em seu clube, e foi por isso que o chamou de Star-Club - "clube das estrelas". Rapidamente, o Star-Club tornou-se o maior clube de Hamburgo, e conseguiu que todos os artistas renomados da época tocassem lá: Gene Vincent, Jerry Lee Lewis, Little Richard, The Everly Brothers, Chuck Berry, Bill Haley, Bo Diddley, Tony Sheridan e Ray Charles.
Cada vez com mais estrelas, Weissleder conseguiu fazer com que seu clube ficasse famoso em toda a Europa como o "centro-beat do mundo", e contratou muitas outras estrelas, como Gerry & The Pacemakers,The Swingin' Blue Jeans e The Searchers. No auge, mais de oito bandas se apresentariam por noite, a maioria delas era inglesa: The Zodiacs, The Remo Four, The Dominoes, etc. Outras poucas eram alemãs como The Rattles e The German Bonds.

Vários outros artistas de peso que tocaram no Star-Club e alguns merecem ser citados: Black Sabbath, Cream, Chicken Shack, Crickets, Fats Domino, Donovan, The Animais, Duane Eddy, Groundhogs, Richie Haven, Keef Hartley, Mannfred Mann, Small Faces, Spencer Davis Group, Spooky Tooth, Taste, Vanilla Fudge, Yes, e o inigualável Jimi Hendrix ainda com o Experience.

O Star-Club fecharia no dia 31 de Dezembro de 1969, depois de um concerto da dupla britânica Hardin & York. Entre 1964 e 1967 o Star-Club também lançou um selo, onde vários dos artistas citados lançaram singles e alguns lançaram o único LP da carreira. Em Novembro de 1962 os Beatles tocaram por 12 dias (do dia 1 ao dia 13) no Star Club. A quinta e última viagem aconteceu no dia 17 de Dezembro de 1962. Eles tocaram todos os dias, entre o dia 18 e o dia 31 no Star-Club. Foi nessa viagem que foram feitas as gravações dos Beatles ao vivo no Star-Club.

Lançado originalmente na Alemanha pela Bellaphon, "THE BEATLES LIVE! AT THE STAR-CLUB IN HAMBURG, GERMANY; 1962" este álbum duplo só foi lançado na Inglaterra após o fracasso dos ex-Beatles de impedir sua comercialização. Gravado durante uma apresentação dos Beatles no clube Star Club de Hamburgo pelo amigo Ted 'Kingsize' Taylor, o disco captura os Beatles na fase pré-EMI, mais rockers e crus. A qualidade de som até que não é tão ruim, considerando-se que foi gravado com um pequeno gravador mono. É documento histórico tem um valor incalculável. Dos inúmeros covers, o que se destaca são as composições de Lennon/McCartney ainda em fase de teste, como I Saw Her standing There e Ask Me Why. Covers como Roll Over Beethoven, Twist and Shout, Mr Moonlight, A Taste of Honey, Kansas City, Long Tall Sally e Everybody´s Trying To Be My Baby fariam parte dos primeiros LPs dos Beatles.

Os Beatles nunca deixaram de enfatizar a importância que a música metropolitana de Hamburgo teve nos seus anos de aprendizado. John Lennon diria anos mais tarde: "Eu nasci em Liverpool, mas cresci em Hamburgo". Este vídeo, que tem "Everybody's Trying To Be My Baby" como tema, ilustra bem como deveria ser bom assistir essas apresentações no Star Club. É isso. 

IMAGEM DO DIA - GEORGE HARRISON - STAR CLUB - 1662

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THE BEATLES - I AM THE WALRUS - MUITO LEGAL!

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sábado, 30 de agosto de 2014

GEORGE HARRISON - THIS IS LOVE

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PAUL McCARTNEY VOLTA AO BRASIL EM NOVEMBRO

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Paul McCartney e Rolling Stones serão as duas primeiras grandes atrações do novo estádio do Palmeiras, em São Paulo. O UOL Esporte apurou que o show do ex-Beatle acontecerá na segunda quinzena de novembro deste ano e será o primeiro evento com capacidade máxima do Allianz Parque, para até 55 mil pessoas. Já a banda de Mick Jagger chega em março. Esta será a primeira apresentação de Paul no Brasil após lançar o álbum “New”, em outubro de 2013. Desde 2010, o músico já passou três vezes pelo país, sempre com shows lotados em estádios. Esta será a sexta turnê brasileira de McCartney. No repertório de sua atual Out There! Tour, ele executa cerca de 40 músicas. Além de clássicos dos Beatles, Wings e carreira solo, também traz seus novos singles “New”, “Queenie Eye” e “Save Us”. Já os Rolling Stones voltam ao país após nove anos, para a quarta turnê. Em 2006, a apresentação gratuita na praia de Copacabana reuniu o maior público da banda: mais de 1 milhão de pessoas. Em março, após o suicídio da namorada do vocalista Mick Jagger, a estilista L’Wren Scott, a banda interrompeu por dois meses a turnê 14 On Fire. Nos shows, o grupo apresenta 19 músicas, a maioria delas dos discos clássicos dos anos 1960 e 1970. O último álbum de estúdio dos Stones, “A Bigger Bang”, foilançado em 2005.

JOHN LENNON LIVE IN NEW YORK CITY - ONE TO ONE CONCERT

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30 de agosto de 1972. Madison Square Garden em Nova York. John e Yoko realizam o One To One Concert para levanter fundos para o Willowbrook, instituição que cuida de crianças deficientes. Foram dois concertos, um à tarde e outro à noite. Contou com participações de Stevie Wonder e Roberta Flack. Foi o último show completo de John e última apresentação ao vivo ao lado de Yoko Ono. Nos dois eventos "One to One Concert" Yoko ocupa enorme fatia das performances. "We're All Water" e "Open Your Box" são dois dos piores momentos, que, felizmente não foram editados no álbum lançado comercialmente em 10/02/1986. Mas no DVD tem. VIVA JOHN LENNON!

E quem gostou, confere aqui no Baú, o filme inteiro, com uma resolução bem razoável. Abração!

O QUÊ FAZER COM CHAPMAN?

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Se soltar, o bicho pega! Se deixar, o bicho come! Tá no sal, meu filho! A notícia de mais essa negação à liberdade de Chapman, apareceu aqui no mesmo dia, ainda quentinha no último dia 22 de agosto
http://obaudoedu.blogspot.com.br/2014/08/nao-adianda-chapman-continua-em-cana.html
Mas essa é mais novinha. “O homem que matou John Lennon a tiros em dezembro de 1980, Mark David Chapman, pediu desculpas por ser "tão idiota" em depoimento a uma comissão que analisou seu pedido de liberdade.As informações são do jornal britânico "The Independent". Chapman foi condenado em 1981 a uma pena de, no mínimo, 20 anos à prisão perpétua. Em dezembro de 2000, ele conseguiu o direito de solicitar sua liberdade, que tenta obter sem êxito a cada dois anos. Pela oitava vez, teve seu pedido negado. "Na época [do crime], eu não pensava em outra pessoa além de mim. Peço desculpas por ter causado tanta dor. Peço desculpas por ter sido tão idiota e ter escolhido a glória errada", disse Chapman à comissão, segundo transcrição de suas declarações obtidas pelo "Independent". "Muitas, muitas pessoas amavam ele [John Lennon]. Ele era um homem grandioso e talentoso, e elas ainda estão magoadas. Eu recebo cartas sobre isso, então esse é um fator importante. Não foi um crime comum", admitiu Chapman. Ele atirou cinco vezes no cantor quando Lennon voltava com sua mulher, Yoko Ono, ao seu prédio em Dakota, ao lado do Central Park, em Nova York. "O pedido foi rejeitado. Após uma análise (...) o painel determinou que, se for liberado, há uma probabilidade razoável de que não viva em liberdade sem violar a lei, e sua libertação seria incompatível com o bem-estar da sociedade (...)", explicou a comissão que revisou sua pena. Em 2010, Chapman revelou que havia pensado em atirar no apresentador de TV Johnny Carson ou na atriz Elizabeth Taylor, mas que optou pelo cantor de "Imagine" por achar que ele era "mais acessível".

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

THE BEATLES AT THE CANDLESTICK PARK - O ÚLTIMO SHOW

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O dia 29 de agosto de 1966 foi um marco para a história dos Beatles: foi o dia do último concerto de suas carreiras como conjunto. Depois de praticamente quatro anos de histeria, rock and roll, aviões, hotéis, estádios lotados, medo e insegurança, os Beatles decidiram que esse capítulo estava encerrado. Essa decisão partiu de John Lennon e foi aceita por todos. Ali, era o fim das cansativas e intermináveis turnês e, também, dos velhos Beatles.

No Candlestick Park, tocaram incrivelmente bem, afinados, com arranjos perfeitos por curtos 28 minutos sabendo que aquele seria o último de sua trajetória. Era o fim da terceira (última) e conturbada turnê americana, com os Beatles cansados da histeria e das ameaças. Depois do episódio das Filipinas, da polêmica sobre Jesus e da queima de discos, não dava mais. Os Beatles haviam chegado no limite.
Quando os Beatles tocaram no Shea Stadium (Nova York) pela primeira vez, no dia 15 de agosto de 1965, tocaram para um público absurdamente imenso para a época: 55.600 fãs enlouquecidos. Um ano depois, em 23 de agosto de 1966, quando pisaram no palco do Shea pela segunda vez, a platéia era bem menor: 44.000 fãs, ainda assim, mais enlouquecidos. Os jovens fãs americanos de 66 já não eram os mesmos de um ano antes, mas ainda queriam, e ainda precisavam deles. Esses números, ainda apesar de grandes, já demostravam um cansaço. Seis dias depois, os Beatles subiriam no palco armado no estádio Candlestick Park, para tocar, para uma público pagante, pela útilma vez. Haviam 22 mil pessoas lá.

Brian não estava presente neste concerto, que foi gravado por Tony Barrow, a pedido de Paul. 
Os Beatles tocaram 11 músicas nessa ordem: Rock And Roll Music; She's A Woman; If I Needed Someone; Day Tripper; Baby's In Black; I Feel Fine; Yesterday; I Wanna Be Your Man; Nowhere Man; Paperback Writer e encerraram com Long Tall Sally. Quando terminou, eles retornaram para Beverly Hills e, durante o vôo, George virou-se para Tony Barrow e disse: “É isso aí. Não sou mais um Beatle”. No dia 30 voaram para Nova York e de lá para Londres. Para alívio das fãs, os Beatles desembarcaram sãos e salvos daquela que foi a última e a mais conturbada turnê de suas carreiras.

Ninguém sabia o que viria depois daquilo, mas estavam fartos de aviões, hotéis, e toda a loucura por onde passavam. De volta à Londres, cada Beatle foi cuidar de sua própria vida. Paul faria a trilha de "The Family Way" e John faria o filme "How I Won The War" de Richad Lester. Estavam felizes por sentirem-se "livres" pela primeira vez em tantos anos. Só uma pessoa não estava feliz: Mr. Brian Epstein, que tinha dedicado sua vida aos Beatles e a organização das turnês. "O que eu vou fazer agora?". Brian percebeu que precisava muito mais dos Beatles do que eles dele. Um anos depois, em agosto de 1967, Brian morreria, aparentemente de overdose de drogas antidepressivas. Os Beatles não deixaram apenas crescer bigodes, barbas e cabelos. Eles cresceram! Afinal, foi a partir dali, que começaram de fato, a mudar o mundo.

PAUL McCARTNEY AT THE CANDLESTICK PARK - A ÚLTIMA VEZ

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O Candlestick Park de San Francisco, estádio que entrou na história por ser o palco do último show dos Beatles em 1966, viveu outra noite memorável, com o show solo de Paul McCartney, o último evento que recebeu antes de sua demolição. Assim como o Candlestick se despediu do quarteto de Liverpool em um frio 29 de agosto de 1966 - em San Francisco o verão é especialmente frio, o destino quis que fosse um dos protagonistas daquela noite, sir Paul McCartney, se despedisse dele 48 anos depois. Depois do show de quinta-feira, 14, novamente em uma noite fria e com nevoeiro, o estádio será demolido para dar-lhe ao terreno onde se encontra usos residenciais e comerciais. A atuação de McCartney, com repertório solo e dos Beatles, encheu pela última vez o Candlestick com quase 50 mil pessoas e provocou uma autêntica loucura na cidade. "Não podia perder, simplesmente não podia. Estive aqui quando os Beatles tocaram em 66 e esse show me marcou para a vida toda, agora tinha que voltar", contou à Agência Efe Rose Kurtz, moradora de Reno (Nevada) que viajou só para ver o show. A expectativa para o show era tanta que os ingressos foram todos vendidos em apenas duas horas. O próprio McCartney quis fazer do show uma ocasião especial, e engrandeceu a festa com mais de 900 efeitos pirotécnicos, um número muito superior ao que habitualmente usa. O Candlestick Park, na zona sudeste de San Francisco e de propriedade municipal, foi inaugurado em 12 de abril de 1960 pelo então vice-presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, para abrigar os "Giants", que tinham se mudado para a cidade californiana dois anos. Em 1971, aos beisebol dos "Giants" se uniram os "49ers" de futebol americano, e as equipes compartilharam o estádio até 1999, quando os "Giants" se mudaram para o atual AT&T Park e o velho Candlestick ficou reservado exclusivamente para o futebol americano. Ano passado, os "49ers" jogaram sua última temporada no Candlestick, e se mudaram para um novo campo em Santa Clara (ao Sul de San Francisco).  
Paul encerrou o espetáculo de forma brilhante com a mesma música que os Beatles encerraram 48 anos atrás: Long Tall Sally - Um esporro sem igual! 

THE BEATLES AT THE HOLLYWOOD BOWL - SENSACIONAL!

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No dia 29 de agosto de 1965, os Beatles se apresentaram no Hollywood Bowl. Como no ano anterior, o concerto no local foi gravado com a intenção de lançamento de um álbum ao vivo que só veria a luz do dia muitos anos depois.
O lançamento de um álbum ao vivo dos Beatles gravado no Hollywood Bowl foi anunciado pela imprensa diversas vezes durante a década de 70. Em 72 surgiu a notícia de que o disco seria para combater o volume crescente de discos piratas. Um ano e meio depois, falou-se mais uma vez do lançamento. Foi divulgado que o LP seria a gravação de uma apresentação no Hollywood Bowl, em Los Angeles, em 23 de agosto de 1964. Nada.
Em 1977, falou-se novamente na divulgação de um álbum ao vivo dos Beatles, mas agora com a notícia de que incluiria gravações da apresentação de 1964 e de outra de 29 de agosto de 1965. Dessa vez, o disco saiu, e a espera dos fãs compensou.
A eletricidade na atmosfera dos shows é captada perfeitamente, com os gritos de 17 mil fãs enlouquecidos! A desvantagem é que, com todo esse ruído, o disco não pode ser considerado técnica ou musicalmente perfeito. Das 13 faixas, seis (All My Loving, She Loves You, Things We Said Today, Roll Over Beethove, Boys e Long Tall Sally) foram gravadas na apresentação de 1964. As sete restantes, (Twist And Shout, She’s a Woman, Dizzy Miss Lizzy, Ticket to Ride, Can’t Buy Me Love, A Hard Day’s Night e Help!, são de 65. Elas foram editadas em sequência (como se fossem de um único show) por George Martin e formam um disco muito bom.
Uma vez que as gravações foram feitas com antigos gravadores de três canais, foi necessário transferi-las para uma fita de 16 canais antes que George Martin e seu fiel engenheiro de estúdio Geoff Emerick pudessem filtrar, equalizar e editar o material. O principal problema do processo era que, com o uso contínuo do aparelho, as cabeças de gravação se superaqueciam e derretiam a fita magnética. O inventivo George Martin encontrou uma solução criativa: Usar secadores de cabelo soprando o ar frio para resfriá-las. Esse trecho que a gente confere agora é da apresentação de 1964. Abração!

Não deixem de conferir nesse link do portal Beatles Brasil, o excelente texto escrito por Marcelo Sanches:
http://www.thebeatles.com.br/renegados-beatles-hollywood-bowl.php

THE FANTASTIC TRAVELING WILBURYS - RUNNAWAY - DEMAIS!

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Não deixe de conferir a postagem sobre Del Shannon, publicada em 6 de dezembro de 2010: 
DEL SHANNON - RUNAWAY E MUITO MAIS!

TODO O FASCÍNIO E MISTÉRIO DE ELEANOR RIGBY

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Postagem publicada originalmente em 29 de agosto de 2011.
29 de agosto de 1895. Essa é a suposta data de nascimento de Eleanor Rigby, identificada em um túmulo no cemitério de Liverpool. Um mistério que nunca foi realmente revelado e perdura até hoje.
Em 2008, Paul McCartney doou para um leilão de caridade registros antigos de um hospital em Liverpool. Não se sabe como conseguiu os documentos, mas ali estaria a prova de que Eleanor Rigby realmente existiu, acabando com um mistério de mais de 40 anos sobre uma canção homônima dos Beatles. Consta no documento uma assinatura de uma garota de 14 anos chamada "E. Rigby", que trabalhava como faxineira no City Hospital, de Parkhill. McCartney não se pronunciou, porém, se a história da música - na qual Rigby morre e ninguém vai a seu velório - é verdadeira, nem se a conhecia. Esta não é a primeira vez que Eleanor Rigby é encontrada. Em meados dos anos 80, um túmulo de uma mulher que viveu entre 1895 e 1939 foi achado na St Peter's Church, o local onde Lennon e McCartney se conheceram. Na ocasião, McCartney chegou a afirmar que a imagem do epitáfio na igreja possa ter ficado subconscientemente na sua cabeça até escrever a canção. Os Beatles começaram a trabalhar em "Eleanor Rigby" ainda na época do álbum “Help!” em 1965. No início, o nome provisório da canção era “Miss Daisy Hawkins”. Depois, Paul McCartney trocou para “Eleanor Brown”. O mundo só tomaria conhecimento de "Eleanor Rigby" no álbum Revolver de 1966. Ao descobrir em Bristol uma loja de nome Rigby, Paul McCarntney encontrou a chave exótica para a inovadora canção que imaginava. Jurando pensar ter criado um bom nome para uma música, Paul admitiu, anos mais tarde, que descobriu a existência de uma lápide tumular onde constam os nomes de Eleanor Rigby (1895-1939) e à direita, a alguns metros dali, outra de alguém chamado McKenzie (1842-1915). As duas pedras tumulares encontram-se no cemitério de Woolton, em Liverpool, onde o autor da canção perambulava por ali na adolescência.
Na entrevista da Playboy em 1980, pouco antes de morrer, John Lennon afirmou que "o primeiro verso era do Paul, mas que o restante era basicamente meu". Pete Shotton, um amigo íntimo de Lennon que estava presente na gravação, disse: "Penso que John tinha uma memória extremamente falha. Tomou os créditos, em uma de suas últimas entrevistas, por muitas das letras, mas na minha memória, em “Eleanor Rigby”, a contribuição de John foi virtualmente nula". A letra de “Eleanor Rigby” foi finalizada em Kenwood por Paul, quando ele e John, George, Ringo e mais o amigo Pete Shotton estavam reunidos em uma sala cheia de instrumentos. Cada um contribuiu com ideias para dar substância à história. Na gravação, assim como em “Yesterday”, do album “Help!”, Paul é o único Beatle. Toca no violão e canta. John, George e Ringo não cantam nem tocam. O acompanhamento foi gravado por um quarteto de cordas conduzido pelo maestro George Martin. O vocal de Paul foi “dobrado” em alguns trechos, de modo que ele fizesse tambem as segundas vozes. “Eleanor Rigby” é a terceira canção dos Beatles mais regravada em todos esses anos, atrás de “Yesterday” e “Something”. Até Caetano Veloso já tirou uma casquinha.
A HISTÓRIA POR TRÁS DE TODAS AS CANÇÕES - STEVE TURNER
Assim como aconteceu com muitas canções de Paul, a melodia e as primeiras palavras de "Eleanor Rigby" surgiram enquanto ele tocava piano. Ao se perguntar que tipo de pessoa ficaria recolhendo arroz em uma igreja depois de um casamento, ele acabou sendo levado à sua protagonista. Ela originalmente se chamaria Miss Daisy Hawkins, porque o nome encaixava no ritmo da música. Paul começou imaginando Daisy como uma jovem, mas logo percebeu que qualquer uma que limpasse igrejas depois dos casamentos provavelmente seria mais velha. Se ela era mais velha, talvez fosse uma solteirona, e a limpeza da igreja se tornou uma metáfora para suas oportunidades de casamento perdidas. Então ele a baseou em suas lembranças das pessoas mais velhas que conheceu quando era escoteiro em Liverpool. Paul continuou a pensar sobre a música, mas não estava confortável com o nome Miss Daisy Hawkins. Não parecia suficientemente "real". O cantor de folk dos anos 1960 Donovan lembra que Paul tocou para ele uma versão da música em que a protagonista se chamava Ola Na Tungee. "A letra ainda não estava terminada para ele", conta Donovan.

Ele sempre dizia que optou pelo nome Eleanor por causa de Eleanor Bron, atriz principal de Help!. O compositor Lionel Bart, porém, estava convencido de que a escolha tinha sido inspirada por uma lápide que Paul viu no Putney Vale Cemetery, em Londres. "O nome na lápide era Eleanor Bygraves", conta Bart, "e Paul achou que se encaixaria na música. Ele voltou para o meu escritório e começou a tocá-la no clavicórdio." O sobrenome surgiu quando Paul deparou com o nome Rigby em Bristol em janeiro de 1966, durante uma visita a Jane Asher, que estava fazendo o papel de Barbara Cahoun em The Happiest Days Of Your Life, de John Dighton. O Theatre Royal, casa do Bristol Old Vic, fica no número 35 da King Street e, enquanto Paul esperava Jane terminar o trabalho, passou por Rigby & Evens Ltd, Wine & Spirit Shippers, que ficava do outro lado da rua, no número 22. Era o sobrenome de duas sílabas que ele estava procurando para combinar com Eleanor.

A música foi concluída em Kenwood quando John, George, Ringo e o amigo de infância de John, Pete Shotton se reuniram em uma sala cheia de instrumentos. Cada um contribuiu com ideias para dar substância à história. Um sugeriu um velho revirando latas de lixo com quem Eleanor Rigby pudesse ter um romance, mas ficou decidido que complicaria a história. Um padre chamado "Father McCartney" foi criado. Ringo sugeriu que ele poderia estar cerzindo as próprias meias, e Paul gostou da ideia. George trouxe a parte sobre "as pessoas solitárias". Paul achou que deveria mudar o nome do padre porque as pessoas pensariam se tratar de uma referência ao seu pai. Uma olhada na lista telefônica trouxe "Father McKenzie" como alternativa. Depois, Paul ficou tentando pensar em um final para a história, e Shotton sugeriu que ele unisse duas pessoas solitárias no verso final, quando "Father McKenzie" conduz o funeral de Eleanor Rigby e fica ao lado de seu túmulo. A ideia foi desconsiderada por John, que achava que Shotton não tinha entendido a questão, mas Paul, sem dizer nada na época, usou a cena para terminar a música e reconheceu mais tarde a ajuda recebida. Espantosamente, em algum momento da década de 1980 a lápide de uma Eleanor Rigby foi encontrada no cemitério de St Peter's, Woolton, a menos de um metro de onde John e Paul tinham se conhecido no festival anual de verão, em 1957. Está claro que Paul não tirou sua ideia diretamente dessa lápide, mas é possível que ele a tenha visto na adolescência, e o som agradável do nome tenha ficado em seu inconsciente até vir à tona pelas necessidades da canção. Na época ele afirmou: "Eu estava procurando um nome que parecesse natural. Eleanor Rigby soava natural". Em mais uma coincidência, a empresa Rigby & Evens Ltd, cuja placa havia inspirado Paul em Bristol em 1966, pertencia a um conterrâneo de Liverpool, Frank Rigby, que estabeleceu sua companhia na Dale Street, Liverpool, no século XIX. Como single, "Eleanor Rigby" chegou ao topo da parada de sucessos britânica, mas seu auge nos EUA foi o 11º lugar. E agora, pela 1ª vez aqui no Baú, a gente confere Eleanor Rigby e o belíssimo meddley Eleanor's Dream, do filme Give My Regards To Broadstreet.

PAUL McCARTNEY - FRIENDS TO GO

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Entre os Beatles, George Harrison foi o primeiro a entrar no circulo de amizades de Paul McCartney. Além de estudarem juntos no Liverpool Institute, faziam o trajeto de volta para casa no mesmo ônibus para o bairro de Speke, quando aproveitavam para falar de rock and roll e trocarem informações para tocarem novos acordes em seus violões. Mais tarde, George seria apresentado a John Lennon e, como a história conta, ao tocar o instrumental Raunchy ele seria aprovado para tocar na banda que se transformaria em Beatles mais tarde. Apesar dos desentendimentos nos últimos anos da banda, Paul considerava George seu "amigo original" nos Beatles. A sua morte em 2001 causou impacto no mundo todo, e não foi diferente com Paul. Durante os shows de sua Driving USA e Back In The USA no ano seguinte, Paul homenageou o parceiro tocando Something, e na turnê europeia, All Things Must Pass. Entretanto, o tributo mais direto a George seria traduzido em forma de uma música composta por McCartney: Friends To Go. Mesmo sem ter uma letra diretamente ligada a Harrison, a faixa foi composta da mesma maneira que The Long And Widing Road nos anos 60. Só que, ao invés de "incorporar" o estilo de Ray Charles em sua mente, Paul imaginou que a letra e o estilo de Friends To Go fosse uma criação do próprio George. Para quem acredita em uma filosofia espiritualista, a letra descreve a conversa de um espírito com seu interlocutor: "I've been waiting on the other side for your friends to leave so I dont have to hide" (Tenho esperado do outro lado seus amigos partirem, assim eu não preciso me esconder). Sobre todo esse "misticismo " que envolve a faixa, Paul disse que o "outro lado" citado na letra poderia ser tanto o outro lado da rua como uma outra dimensão. Embora a música não tenha um toque 100% característico de George Harrison, as harmonias executadas no último verso foram produzidos para soar como uma produção característica de Jeff Lynne, principalmente em canções como Devil's Radio do álbum Cloud 9 de Harrison, lançado em 1987. Friends To Go foi composta em East Hampton, EUA e gravada no A.I.R Lyndhurst Hall Studios, Hampstead Heath, Londres. Está no álbum "Chaos And Ceation In The Backyard", de 2005.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

THE BEATLES - ROCK AND ROLL MUSIC! SEN-SA-CI-O-NAL!

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"Rock and Roll Music" é um single de sucesso de 1957 escrita e gravada pelo ícone do rock Chuck Berry. É reconhecida como uma das composições mais populares de Berry. No outono de 1957, a canção alcançou a posição # 6 na revista Billboard R&B Chart Singles Chart e 8# na parada Hot 100. "Rock and Roll Music" foi gravada por incontáveis artistas, incluindo Bill Haley & His Comets, The Beach Boys, REO Speedwagon, Mental As Anything, Humble Pie, e Manic Street Preachers. Berry executou sua canção pela primeira vez ao vivo em 16 de dezembro de 1957, no programa de variedades de curta duração, da ABC, The Guy Mitchell Show. No entanto, nada, nenhuma das inúmeras versões gravadas por esses tantos artistas, incluindo o próprio Berry, pode se comparar a versão matadora e definitiva gravada por John Lennon e os Beatles em 1964. “That's why I go for that that rock and roll music. Any old way you choose it...” Nada!

PAUL MCCARTNEY - SOGGY NOODLE

Um comentário:
“SOGGY NOODLE” – em tradução livre algo como ‘macarrão empapado” é uma vinhetinha curta de trinta e poucos segundos que funciona como introdução do single de “Off The Ground”, com “Cosmically Concious” do lado B. Essa faixinha, aparece no vídeo que está no DVD “McCartney Years” e só aparece em álbum no duplo “Off The Ground – The Complete Works”. Também foi omitida do álbum ao vivo.

THE BEATLES - GEORGE HARRISON - OLD BROWN SHOE

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No dia 25 de fevereiro de 1969, George Harrison estava completando 26 anos. Por bom comportamento, ganhou dos deuses três presentaços. Eram três canções que gravou em fuma fita demo em Abbey Road com o engenheiro Ken Scott. A primeira era "Old Brown Shoe". As outras duas eram "Something" - futuro compacto dos Beatles e "All Things Must Pass", faixa-título do seu 1º álbum solo. 
As origens da letra de "Old Brown Shoe" estão na lenga-lenga (já?) da visão religiosa de Harrison de que precisamos nos libertar da realidade do mundo material porque ela é ilusória. Uma vez absorvidos pela consciência divina, não há "versus" errado, corpo versus alma, espírito versus matéria. De modo semelhante à maneira como Paul fizera em "Hello Goodbye", a letra de George era um jogo de palavras baseado em opostos. Não era uma canção que contava uma história, e o título intrigante foi tirado de um verso sobre "como tirar os velhos sapatos marron". Com certeza, a maior inspiração era musical. George estava brincando em um piano um dia e tocou uma sequência de acordes de que gostou. "Old Brown Shoe" foi gravada dois meses depois da demo, e se tornou lado B de "The Ballad Of John & Yoko". Tempos depois apareceria nos álbuns "Hey Jude", "1967-1970", "Past Masters" e "Anthology". O compacto "The Ballad Of John & Yoko" / "Old Brown Shoe" foi lançado em 30 de maio de 1969 no Reino Unido e em 4 de junho de 1969 nos Estados Unidos.

O ENCONTRO DOS BEATLES COM BOB DYLAN

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"Olhando em retrospecto, eu ainda vejo aquela noite como um dos grandes momentos da minha vida. Na verdade, eu tinha a consciência de que estava dando início ao encontro mais frutífero na história da música pop, pelo menos até então. Meu objetivo foi fazer acontecer o que aconteceu, que foi a melhor música de nossa época. Eu fico feliz com a ideia de que eu fui o arquiteto, um participante e o cronista de um momento-chave da história."
Assim o jornalista norte-americano Al Aronowitz se refere ao clássico encontro que, exatamente há 40 anos, mudou a cara da música pop e da cultura popular, quando, no dia 28 de agosto de 1964, os Beatles foram apresentados a Bob Dylan e este os apresentou à maconha. O encontro, ocorrido no Delmonico Hotel, em Nova York, fez com que ambos artistas começassem a se enxergar como partes de um mesmo universo, cedendo atrativos musicais entre si --não havia mais consumismo infanto-juvenil de um lado e cabecismo adulto do outro, tudo era a mesma coisa. Nascia a música pop moderna. O que a princípio parecia se tornar um breve alô entre jovens ícones se tornou um acelerador para novas certezas que ambas as carreiras vinham desenvolvendo. Fenômeno de mercado, os Beatles eram uma banda elétrica adolescente, cantando baladas de amor e petardos dançantes com maestria inigualável. Já o acústico Dylan nascera na mesma cena folk pacifista que habitava o bairro boêmio do Village e glorificava autores beat e músicos do povo. Mas logo a seguir as coisas mudariam de figura. Dylan abraçaria a guitarra como um violão de maior alcance, ferindo seus próprios fãs puristas com decibéis de eletricidade distorcida, ao mesmo tempo em que deformava a própria lírica das canções de protesto para um panteão bíblico-pop que buscava a pureza da alma americana ao mesmo tempo em que se perdia em seus próprios pecados. Já os Beatles deixariam de lado o iê-iê-iê para mergulhar fundo em si mesmos, emergindo de seu experimentalismo intuitivo - parte nostálgico, parte ingênuo - com o melhor legado que o formato canção conheceu. Aronowitz havia entrevistado John Lennon e descobriu que ele considerava Bob Dylan um "ego igual" e, amigo de Dylan, passou a pensar em como aproximar os dois artistas. Até que, naquele 28 de agosto, Al recebe um telefonema - era Lennon, de passagem com os Beatles por Nova York: "Cadê ele?". "Quem?" "Dylan!". "Ah, ele está em Woodstock, mas eu posso trazê-lo!". "Do it!" (Faça!), mandou John do outro lado da linha, e o jornalista percebeu que podia dar ignição na própria história. Aronowitz combinou com Dylan, que veio acompanhado do roadie Victor Maimudes, ao volante. Com Al no carro, foram em direção a Manhattan, chegando logo ao hotel na Park Avenue. Lá, os três alcançaram o andar em que os Beatles estavam, sendo recebidos por um amontoado de artistas, radialistas, policiais e jornalistas, bebendo cerveja e conversando, que esperavam a vez de entrar na suíte para conversar com os Beatles, que estavam na capa da revista "Life" daquela semana.
Dylan entrou rapidamente, e a recepção foi feita pelo empresário do grupo, Brian Epstein, que, ao perguntar, entre champanhe e vinhos franceses, o que Dylan gostaria de beber, ouviu o pedido por "vinho barato" --para despachar o roadie dos Beatles, Mal Evans, em busca da tal garrafa. O encontro vinha frio, e os Beatles ofereceram pílulas para Bob, que sugeriu que eles fumassem maconha. Os ingleses responderam que nunca haviam fumado - consideravam a maconha uma droga pesada como a heroína, restrita a músicos de jazz e escritores malditos. Pasmo, Dylan perguntou sobre aquela música que eles compuseram sobre estar chapado. Sem entender o que ele queria dizer, o cantor folk citou uma passagem em que os Beatles cantavam "I get high! I get high! I get high!" ("Eu fico chapado"), e Lennon esclareceu que era "I Want to Hold Your Hand", cuja letra, na verdade, dizia "I can't hide! I can't hide! I can't hide!" ("Eu não posso esconder!"). Desfeito o mal-entendido, Dylan sugeriu que todos fumassem um baseado. Os Beatles, Dylan, Mal, Victor, Brian, Al e o assessor de imprensa Derek Taylor se dirigiram ao fundo da suíte do hotel, onde se trancaram e fecharam as cortinas. Bob Dylan começou a enrolar o cigarro, mas deixou o fumo cair por duas vezes, deixando que seu roadie terminasse o serviço. Aceso, o cigarro foi passado para Lennon, que passou a vez para o baterista Ringo Starr, que, por desconhecer os rituais canábicos, fumou-o inteiro, sem passá-lo adiante. Isso fez com que Al incentivasse a produção de mais cigarros - e logo cada um tinha o seu. "Foi muito engraçado!", lembra Paul McCartney em suas memórias, "Many Years from Now", "o negócio dos Beatles era humor, tínhamos muito humor. Havia um lado do humor que usávamos como proteção e, com aquilo ainda por cima, as coisas ficaram mesmo hilárias". "Virou uma espécie de festinha", continua Paul, "voltamos todos para a sala, bebemos e coisa e tal, mas não acho que alguém precisasse de mais fumo depois daquilo. Passei a noite toda correndo para lá e para cá, tentando achar papel e caneta porque, quando voltei para o quarto, descobri o sentido da vida. Queria contar ao meu pessoal como era aquilo. Eu era o grande descobridor, naquele mar de maconha, em Nova York". "Até a vinda do rap, a música pop era largamente derivada daquela noite no Delmonico. Aquele encontro não mudou apenas a música pop, mudou nosso tempo", lembra Al Aronowitz, em sua coluna on-line "The Blacklisted Journalist". Logo depois, Dylan lançaria, em seqüência, os discos "Bringing It All Back Home", "Highway 61 Revisited" e "Blonde on Blonde", enquanto os Beatles trariam "Rubber Soul", "Revolver" e "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band". Pura história.
Trecho do livro "The Love You Make" de Peter Brown - A Vida Escandalosa dos Beatles
Em 28 de agosto de 1964, um evento ligeiro mas auspicioso ocorreu no Hotel Delmonico, de Nova Iorque, que iria afetar a cosnciência do mundo: Bob Dylan fez os Beatles experimentarem Marijuana pela primeira vez na vida. Antes disso, eles rejeitavam a maconha até com paixão; no que lhes dizia respeito, os que fumavam maconha eram viciados, para eles na mesma categoria dos viciados em heroína. Pouco depois da conversão feita por Dylan, eles começaram a compor sob o efeito da erva. Dylan lhes forneceu a chave que abriria uma porta para uma nova dimensão na música pop, e eles levaram a juventude do mundo inteiro a cruzar essa porta com eles. John Lennon há muito tempo esperava conhecer Bob Dylan, apesar de não tanto quanto desejava conhecer Elvis Presley. Para John, Elvis era um Deus que atingira um grau indescritível de santidade. Dylan era um contemporâneo, e para John, apenas um outro competidor, apesar da pontada de inveja que John sentia pelo dom que Dylan tinha para construir suas letras. Fazia pouco tempo que John começara a sentir um interesse especial em escrever suas próprias letras; sua primeira canção introspectiva, autobiográfica, foi Ill Cry Instead, feita para a trilha sonora do primeiro filme dos Beatles, A Hard Day’s Night (Os Reis do Iê-iê-iê), mas que não chegou a ser editada.Eles foram apresentados por um amigo comum, o escritor Al Aeronowitz, que foi um dos primeiros jornalistas a verdadeiramente escrever sobre música pop. Aronowitz fizera amizade com John na primavera anterior, em Londres, enquanto escrevia sobre ele para o Saturdey Evening Post. Nessa época John disse a Aeronowitz que gostaria de conhecer Bob Dylan, mas somente “em seus próprios termos”, pois John achava que se tornara seu “ego gêmeo”. Naquele 28 de agosto, depois de ter tocado no Forest Hill Tennis Stadium, e depois das caras sorridentes dos Beatles terem aparecido na capa do Life, John estava pronto. Aeronowitz chegava de Woodstock, com Dylan, numa perua Ford azul, dirigida por Victor Mamoudas, empresário das turnês de Dylan e seu grande amigo pessoal. No lobby do hotel se viram cercados por uma escolta de dois policiais que os acompanhou até o andar dos Beatles.Quando a porta do elevador se abriu, Dylan e companhia ficaram chocados de ver ainda mais policiais, além de uma dúzia de pessoas conversando alegremente e tomando drinques. Deste grupo, que esperava para poder entrar na suíte dos Beatles, faziam parte vários repórteres, disc-jockeys e os grupos The Kingston Trio e Peter, Paul e Mary.Dylan era mais baixo do que os rapazes pensavam. Após desajeitadas apresentações, oficiadas pelo empresário Brian Epstein, a tensão e o embaraço naquele quarto eram palpáveis. Brian levou os convidados até o living, numa tentativa de evitar que a noite naufragasse. Ele perguntou a Dylan e amigos o que gostariam de beber, e Dylan respondeu: “Vinho barato.”Enquanto alguém foi arranjar o vinho, mencionou-se obliquamente que havia algumas pílulas estimulantes em disponibilidade, mas Dylan e Aeronowitz reagiram fortemente contra essa idéia. Ambos eram na época convictamente antiquímicos, especialmente bolinhas. Já os Beatles tomavam esses estimulantes, nem tanto como drogas, mas como um auxílio para segurar a barra de intermináveis compromissos artísticos e sociais. Em lugar das pílulas, sugeriu Dylan, talvez eles gostassem de experimentar algo orgânico e verde, nascido do doce e macio seio da Mãe Terra. Brian e os Beatles olharam uns para os outros com apreensão. “Nunca fumamos maconha antes”. Brian finalmente admitiu. Dylan olhou, sem acreditar, de um rosto para o outro. “Mas e a canção de vocês?”, perguntou. “Aquela em que vocês dizem que ficam altos?”Os Beatles estavam estupefatos. “Que canção?”, John conseguiu perguntar. Dylan disse: “Você sabe...”, e em seguida cantou: “And when I toutch you I get high, I get high, I get high...”John enrubesceu de tanto constrangimento. Dylan se referia ao grande sucesso da primeira fase dos Beatles, I Wanna Hold Your Hand. “As palavras não essas”, disse John. “São ‘I can’t hide, I can’t hide, I can’t hide’...” O embaraço era total. A confusão de Dylan entre I can’t hide e I get high (não consigo entender e fico alto) demonstrava que fora traído pelo subconsciente, ou talvez fosse aquilo que em língua inglesa se chama wishful thinking, e que poderia ser traduzido, com alguma dificuldade, por "pensamento tendencioso".Dylan resolveu quebrar a tensão acendendo o primeiro baseado. Após dar instruções sobre como se devia fumar, passou-o para John, John pegou o bagulho, mas estava com medo de ser o primeiro a experimentar, e passou-o para Ringo, a quem chamou de “meu provador real”. Ringo mandou ver, e queimou o baseado inteiro sozinho, enquanto Dylan e Aeronowitz enrolavam mais uma meia dúzia.Ringo começou a rir primeiro, provocando a liberação dos outros. Tal como a maioria dos que fumam maconha pela primeira vez, eles achavam muita graça nas coisas mais triviais. Dylan ficou olhando durante horas enquanto os Beatles estouravam de rir, Às vezes com algo autenticamente engraçado, mas na maioria dos casos com pouco mais que um olhar, uma palavra ou uma pausa na conversa. Meses depois, “vamos rir um pouco” virou código para “vamos fumar maconha”.
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