Só tem um jeito de não gostar de Tim Maia: não conhecendo Tim Maia. Antes de virar o "O Rei do Soul do Brasil" ou "Síndico", Sebastião Rodrigues Maia (1942 - 1998) era apenas Tião da Marmita. Sua transformação em Tim Maia e algumas das mudanças que ele trouxe para a música brasileira estão presentes em Tim Maia (2014), cinebiografia dirigida e roteirizada por Mauro Lima (Meu Nome Não é Johnny, Reis e Ratos) e que tem Robson Nunes e Babu Santana dividindo o papel do protagonista na juventude e já na sua idade adulta. A vida do cantor e compositor, tão famoso pelas suas músicas quanto pela sua fama de encrenqueiro e furão, é cinematográfica desde que começou, no Bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Fiel aos seus objetivos, ele sempre soube driblar os problemas (como a falta de dinheiro) e conseguir o que queria. E contar a sua história é também mostrar um trecho importantíssimo da música brasileira. Passam pelo filme figuras como Roberto Carlos (George Sauma), Erasmo Carlos (Tito Naville), Rita Lee (Renata Guida), Nara Leão (Mallu Magalhães) e Carlos Imperial (Luís Lobianco), além do dono da voz em off que narra tudo, Fábio (Cauã Reymond), músico que tocou por 30 anos ao lado de Tim Maia e acaba representando várias outras pessoas que em algum momento viveram (e sobreviveram) para contar história. O roteiro de Mauro Lima se baseia no livro Vale Tudo: O Som e a Fúria de Tim Maia, de Nelson Motta, mas também pega material de Até Parece Que Foi Sonho - Meus 30 Anos de Amizade e Trabalho com Tim Maia, de Fábio, além de entrevistas que o próprio cineasta e a roteirista Antônia Pellegrino fizeram com músicos e pessoas que foram próximas a Tim. Histórias não faltavam e, apesar das longas 2h20 de duração do filme, eles foram até que sucintos ao mostrar a infância dura, a descoberta da música na adolescência, a realização do sonho de morar nos Estados Unidos (onde teve seu contato com a soul music e o movimento negro - até ser preso e deportado), a insistente busca pelo sucesso musical, a mágoa com Roberto Carlos, o (enfim!) sucesso, as drogas que o sucesso proporcionaram e seu fim melancólico aos 55 anos. O roteiro ainda acerta na hora em que coloca Tim compondo algumas de suas canções e escapa da tentação de transformar em diálogo estrofes de suas músicas - vício presente em várias cinebiograficas musicais. A reconstituição histórica das ruas e figurinos e o drama todo por que Tim Maia passou são apresentados de forma hollywoodiana. E se George Sauma pesa demais a mão na sua imitação de Roberto Carlos, tanto Robson quanto Babu acertam o tom - tanto o pessoal quanto o musical. Robson faz escada e constrói o personagem e deixa para Babu o trabalho de transformá-lo com o sucesso, as mulheres (condensadas no papel da linda Alinne Moraes), a religião, a bebida e as drogas. Na hora de cantar, há apenas uma cena em que a dublagem de Robson fica mais evidente, sobrando elogios para a forma como eles conseguiram mimetizar os trejeitos do cantor no palco. A porralouquice do estilo de Tim Maia, seu humor e todo o folclore em torno do músico fazem o resto e ainda deixam de lição de casa a gostosa tarefa de ler mais, descobrir mais e ouvir mais suas músicas. E, assim, gostar ainda mais de Tim Maia. Por Marcelo Forlani - Omelete. Pois bem, quem não viu, ou quiser ver de novo, aqui no Baú do Edu a gente confere o filme inteirinho na íntegra. No mínimo, divertido.
terça-feira, 11 de agosto de 2015
TIM MAIA - O FILME - NÃO HÁ NADA IGUAL
Só tem um jeito de não gostar de Tim Maia: não conhecendo Tim Maia. Antes de virar o "O Rei do Soul do Brasil" ou "Síndico", Sebastião Rodrigues Maia (1942 - 1998) era apenas Tião da Marmita. Sua transformação em Tim Maia e algumas das mudanças que ele trouxe para a música brasileira estão presentes em Tim Maia (2014), cinebiografia dirigida e roteirizada por Mauro Lima (Meu Nome Não é Johnny, Reis e Ratos) e que tem Robson Nunes e Babu Santana dividindo o papel do protagonista na juventude e já na sua idade adulta. A vida do cantor e compositor, tão famoso pelas suas músicas quanto pela sua fama de encrenqueiro e furão, é cinematográfica desde que começou, no Bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Fiel aos seus objetivos, ele sempre soube driblar os problemas (como a falta de dinheiro) e conseguir o que queria. E contar a sua história é também mostrar um trecho importantíssimo da música brasileira. Passam pelo filme figuras como Roberto Carlos (George Sauma), Erasmo Carlos (Tito Naville), Rita Lee (Renata Guida), Nara Leão (Mallu Magalhães) e Carlos Imperial (Luís Lobianco), além do dono da voz em off que narra tudo, Fábio (Cauã Reymond), músico que tocou por 30 anos ao lado de Tim Maia e acaba representando várias outras pessoas que em algum momento viveram (e sobreviveram) para contar história. O roteiro de Mauro Lima se baseia no livro Vale Tudo: O Som e a Fúria de Tim Maia, de Nelson Motta, mas também pega material de Até Parece Que Foi Sonho - Meus 30 Anos de Amizade e Trabalho com Tim Maia, de Fábio, além de entrevistas que o próprio cineasta e a roteirista Antônia Pellegrino fizeram com músicos e pessoas que foram próximas a Tim. Histórias não faltavam e, apesar das longas 2h20 de duração do filme, eles foram até que sucintos ao mostrar a infância dura, a descoberta da música na adolescência, a realização do sonho de morar nos Estados Unidos (onde teve seu contato com a soul music e o movimento negro - até ser preso e deportado), a insistente busca pelo sucesso musical, a mágoa com Roberto Carlos, o (enfim!) sucesso, as drogas que o sucesso proporcionaram e seu fim melancólico aos 55 anos. O roteiro ainda acerta na hora em que coloca Tim compondo algumas de suas canções e escapa da tentação de transformar em diálogo estrofes de suas músicas - vício presente em várias cinebiograficas musicais. A reconstituição histórica das ruas e figurinos e o drama todo por que Tim Maia passou são apresentados de forma hollywoodiana. E se George Sauma pesa demais a mão na sua imitação de Roberto Carlos, tanto Robson quanto Babu acertam o tom - tanto o pessoal quanto o musical. Robson faz escada e constrói o personagem e deixa para Babu o trabalho de transformá-lo com o sucesso, as mulheres (condensadas no papel da linda Alinne Moraes), a religião, a bebida e as drogas. Na hora de cantar, há apenas uma cena em que a dublagem de Robson fica mais evidente, sobrando elogios para a forma como eles conseguiram mimetizar os trejeitos do cantor no palco. A porralouquice do estilo de Tim Maia, seu humor e todo o folclore em torno do músico fazem o resto e ainda deixam de lição de casa a gostosa tarefa de ler mais, descobrir mais e ouvir mais suas músicas. E, assim, gostar ainda mais de Tim Maia. Por Marcelo Forlani - Omelete. Pois bem, quem não viu, ou quiser ver de novo, aqui no Baú do Edu a gente confere o filme inteirinho na íntegra. No mínimo, divertido.
Edu
Eita! Que presentaço. Mas... Aqui não abre. Tentarei em casa.
ResponderExcluirAssisti no cinema e gostei. Ainda falta ler o livro, que dizem ter mais conteúdo.
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