Um álbum que figura entre os cinco primeiros lugares nas listas de melhores de todos os tempos do rock and roll. Ele é considerado um dos mais influentes da história da música popular, festejado com edições especiais a cada dez anos, mas muito pouco conhecido fora dos países de língua inglesa (só chegou ao Brasil nos anos 2000). Foi um retumbante fracasso de vendas, tanto que até hoje não chegou ainda ao primeiro milhão de cópias. Este disco tem o curioso nome de Pet Sounds, uma obra-prima atribuída aos Beach Boys, mas em verdade, um trabalho quase solitário do baixista e compositor Brian Wilson.
Depois deste álbum, ele se tornou uma espécie de cientista louco do rock, sequelado na vã tentativa de superar a si mesmo no disco seguinte, cujas gravações teria destruído num acesso de fúria, frustrado por não chegar à sua versão de uma espécie de pedra filosofal pop. Há 50 anos Pet Sounds era concluído e aterrissaria dois meses depois nas lojas dos EUA e da Europa, praticamente ignorado em seu país e cultuado imediatamente na Inglaterra, em grande parte pelos elogios que recebeu de músicos como Paul McCartney, que revelou ter sido este álbum uma das inspirações para o Sgt Peppers. Antecipando-se aos Beatles, Brian Wilson desistiu das turnês em 1966, e enfurnouse no estúdio. Good Vibrations, uma das primeiras composições em que trabalhou, foi sacada do repertório do LP Pet Sounds. Só seria lançada em outubro de 1966. Good Vibrations popularizou os Beach Boys entre os jovens hippies, que até aí consideravam a banda ultrapassada para a nova música viajada que consumiam, junto com os filmes, livros e o próprio modo de viver que adotaram. Good Vibrations fez os holofotes serem focados sobre o grupo, e foi um choque para os que a escutaram pela primeira vez há meio século. A melhor descrição desse choque é dada pelo jornalista escritor J.B Murphy, no recém-lançado Becoming The Beach Boys 1961 1963, uma esclarecedora biografia dos primeiros anos do grupo. Murphy conta que estava em casa, num frio sábado de outubro, quando seu irmão entrou correndo no quarto, mandou que botasse um agasalho e o seguisse. Tinha escutado uma música no rádio que o deixou transtornado, não sabia o nome e achava que fosse dos Beach Boys. Pegaram um metrô que os levou do Bronx ao coração de Manhattan. Saíram procurando de loja em loja. Os Beach Boys ainda não eram tão conhecidos como se pode imaginar. Faziam mais sucesso na Costa Oeste. Alguns lojistas não tinham ideia do que se tratava, outros haviam vendido todos os compactos de Good Vibrations. Em loja alguma encontraram o compacto. Os irmãos, desolados, caminhavam para pegar o metrô quando fizeram uma derradeira tentativa. Lembraram-se de mais uma loja e foi lá que encontraram o disco. Chegaram em casa e apressaram-se a ouvi-lo: "Não falamos nada. Foi como uma experiência religiosa. Feito se estivéssemos na catedral de Santa Ana, e se quebrássemos o silêncio seria um sacrilégio. Se alguém pudesse gravar o céu teria aquele som. O autor da melodia disse uma vez que a música é a voz de Deus. Aquele disco provava isso", atesta ele na abertura do livro.
Brian Wilson tem Mike Love como parceiro em algumas faixas, inclusive em Good Vibrations. Na música que Paul McCartney considera a mais sublime canção pop de todos os tempos, God Only Knows, quem faz o vocal solo é o irmão dele, Carl Wilson. Mas é um disco seu. No qual gastou seis meses de sua vida (e 70 mil dólares da EMI, soma hoje estimada em 510 mil). Classificado de pop psicodélico, progressivo, experimental, e muito mais rótulos, Pet Sounds é antes de tudo um exercício de paixão e paciência.
Um bom disco. Apenas isso. Rubber Soul e Revolver ganham de mil!
ResponderExcluirCerto. Mas é bem bom.
ResponderExcluirConcordo com você Edu, não dá para comparar, mas o disco é muito bom.
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