Por Diogo Guedes - Da
camisa de uma amiga, que citava a canção Yellow Submarine, nasceu a ideia de um
pequeno conto. E daí, ao longo de 20 dias, foram surgindo outras narrativas
ficcionais, todas com um ponto em comum: uma música dos Beatles como título.
Foi assim, despretensiosamente, que o crítico musical e escritor José Teles
reuniu os textos que compõem o seu mais novo livro de ficção, lançado hoje, às
17h, no Rock and Ribs (Av. Alfredo Lisboa, s/n, Bairro do Recife), com show da
banda Revolution, especializada no repertório do grupo inglês. Pelo título Acordei Esta Manhã Cantando uma Velha Canção dos Beatles, editado
pela Bagaço e com capa feita pelo jornalista Marcos Toledo, pode parecer um
livro de crônicas ou textos sobre os garotos de Liverpool – mas não é. Ele
reúne treze contos que, com referências às letras do grupo, contam histórias
completamente destinas. The Magical Mistery Tour, o primeiro, fala justamente
da garota com a camisa de Yellow Submarine, mas é acompanhado de outros
sucessos e lados B, como Lady Madonna, She’s Leaving Home, The Fool on the Hill
e A Taste of Honey. “São textos que têm a ver com o que vi, ouvi, com coisas que aconteceram e
foram modificadas. Em cada conto, pensava na trama e via que música combinaria
com elas”, conta Teles sobre a concepção do livro, descrito por ele como uma
“centopeia sem cabeça”. Não são crônicas tiradas da sua vivência, mas sim
reinvenções completas ou parciais de histórias que viveu e ouviu. Um morcego que aparece em uma casa e uma passeata no meio da ditadura são algumas
das cenas dos curtos textos, que usam as músicas mais como uma inspiração para
o clima da história do que como um tema em si. Os contos envolvem como um bom
disco: é meio inevitável emendar a leitura de um logo após o outro, como as
faixas de um CD bem pensado. A linguagem é simples, direta, mas revela momentos
singulares de solidão, fim de relacionamentos e até morte. Em cada um deles
também há versos das velhas canções dos Beatles e de outros artistas – Besame
Mucho, que fez parte do repertório da banda quando eles estavam no início, é
trilha de uma dança. O livro, Teles explica, poderia ter sido sobre canções de outro grupo – os
Beatles foram um acaso fortuito. Tanto que ele pensa em continuar as
narrativas, agora a partir de faixas dos Rolling Stones. “Os Beatles são mais
clean e até verdadeiros, mas os Stones se vendia como mais violentos, rebeldes,
e até se tornaram de fato isso depois”, aponta o crítico.
Teles é bom na caneta!
ResponderExcluirPuxa, que legal. Quero ler o livro. Sera que chega na Saraiva e Liv. Cultura?
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