segunda-feira, 22 de maio de 2017

SGT. PEPPER'S NA REVISTA VEJA DESTA SEMANA

A revista Veja dessa semana (Edição 2531 – ano 50 – nº 21, que está nas bancas) perdeu a oportunidade de sua vida ao não colocar os 50 anos de Sgt. Pepper’s como matéria de capa. Como sempre aconteceu, nesses 50 anos, eles sempre menosprezam os Beatles e o valor que eles ainda têm até hoje na história da Cultura Pop. Contentaram-se em falar meia dúzia de bobagens em míseras duas páginas, que qualquer idiota está cansado de ouvir. Como sempre, aqui no nosso blog preferido, a gente confere com exclusividade, todas essas meias dúzias de bobagens escritas na revista mais estúpida desse país de bananas. HELP!
POR PARADOXAL que isso possa parecer, a cultura jovem que explodiu nos anos 60 conhe­ceu, sim, a maturidade. Aconteceu há cinquenta anos, em um disco da banda que cativara multi­dões de meninas histéricas cantando refrões bo­bos sobre amor. Lançado em 1º de junho de 1967, Sgt. Peppe’s Lonely Hearts Club Band, o oitavo disco de estúdio dos Beatles, elevou o rock à gran­de arte, incorporando, em sua narrativa experi­mental, música indiana, folclore britânico e até elementos da música erudita. Copiada, citada e parodiada inúmeras vezes, a capa do LP, que reu­niu figuras tão diversas quanto o escritor irlandês James Joyce, a atriz americana Mae West e o guru indiano Mahavatar Babaji (todos, supõe-se, cora­ções solitários da banda do sargento Pimenta), tomou-se um marco cultural por si só. O disco foi reconhecido de imediato. O maestro Leonard Bemstein disse que She’s LeavingHome era uma das três canções mais lindas do século XX, e o compositor erudito Ned Rorem a comparou com uma sonata de Schubert. A perfeição, porém, po­de sempre ser melhorada: Sgt. Pepper’s passou por uma remodelagem, a cargo de Giles Martin, filho de George Martin, o produtor dos Beatles, e do engenheiro de som Sam Okell. Remasterizado pela dupla e acompanhado de um CD com sobras de estúdio, o disco chega às lojas na sexta-feira. Giles não foi reverente ao reconfigurar a obra do pai. "Tratei como um trabalho qualquer. No caso, a serviço de Paul McCartney, Ringo Starr, Olivia Harrison e Yoko Ono, meus patrões”, disse a VEJA. Riquezas insuspeitas do disco saíram real­çadas: o cravo de Fixing a Hole está mais claro, a batería de A Day in theLife ganha um volume ge­neroso, e as cordas de She’s LeavingHome soam mais límpidas. No disco de extras, gravações de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr desmentem a ideia de que eles já não se entendiam no estúdio. “Escutei horas de diálogos e, sinceramente, eu já tive discussões mais ásperas com a minha mulher”, diz Giles. Sgt. Pepper’s resume os anos 60 em toda a sua efervescência e inconsequência, mas, longe de fi­car datado, tomou-se uma referência viva para artistas das gerações seguintes. Nas próximas páginas (duas), o leitor encontrará um painel sintético das forças culturais que esse disco ímpar aglutinou.
MISTICISMO ORIENTAL
Quando teve seu primeiro con­tato com a música da índia, em 1965, o guitarrista George Harrison achou tudo muito fa­miliar, e só pensou em uma ex­plicação razoável para isso: já ouvira os sons do Oriente em outra vida. Como nos anos 60 ninguém reclamava de “apro­priação cultural”, a citara pas­sou a fazer parte das melodias dos Beatles. EmSgí. Pepper’s, o diálogo musical entre o Oci­dente e o Oriente aparece em Within You, without You. O quarteto de Liverpool também se tornou porta-voz do guru Maharishi. Depois de uma temporada com ele na índia (foto abaixo), porém, os roquei­ros saíram desencantados (me­nos Harrison, que se manteve fiel). Graças a grupos como o místico Kula Shaker e o furioso Asian Dub Foundation, a músi­ca oriental continua sendo pop.
HIPPIES
Os Beatles passaram longe do “verão do amor”, movimento jovem que tomou São Francisco em 1967 (só George Harrison esteve na cidade americana, e saiu horrori­zado com o ambiente drogado e decadente). Mas o recado pacifista das canções da banda é parte essencial do caldo de cultura hippie. Sgt. Peppefs alude à rebeldia ju­venil em She’s LeavingHome, que fala de uma garota que abandona a casa da famí­lia. A história é narrada do ponto de vista dos pais — sinal irônico de maturidade, que se repete em When Pm Sixty-Four (Quando eu tiver 64 anos).
DROGAS E PSICODELIA
Tudo começou com ares de respeitabilidade científica, em Harvard, onde o psicólogo Timothy Leary fazia experimentos com LSD. Leary logo deixou a academia para virar guru. George Harrison e John Lennon experimenta­ram o LSD em 1965, e não é coincidência que, no disco de 1967, a sigla apareça em Lucy in the Sky with Diamonds. A cultura pop passaria por ou­tras drogas, como o ecstasy das raves nos anos 90. Madonna alude ao princípio ativo do ecstasy, MDMA, no disco MDNA, de 2012. 
VANGUARDA
Uma das últimas colaborações efe­tivas da dupla Lennon & McCart- ney, A Day in the Life foi banida da BBC por causa do verso “Queria deixar você ligado” (chapado, na gíria brasileira). A canção, que fe­cha Sgt. Pepper’s, incorpora ruídos, efeitos de estúdio e um assombroso crescendo de orquestra (com arran­jos do “quinto Beatle”, o produtor George Martin, de terno na foto). Paul McCartney admirava compo­sitores de vanguarda como Karl- heinz Stockhausen e Luciano Berio, e há quem aponte também a in­fluência de Iannis Xenakis. Hoje, bandas como Radiohead dão conti­nuidade ao cruzamento de rock com música erudita de vanguarda.
ESTILO INGLÊS
No início, os Beatles rendiam homenagem ao rock americano, can­tando sucessos de Chuck Berry e Smokey Robinson. Sgt. Pepper’s é o primeiro disco essencialmente britânico da banda. A Inglaterra, que vivia um período de efervescência cultural — a Rua Carnaby (foto), em Londres, era o centro da moda jovem —, foi retratada em personagens como a fiscal de parquímetros de Lovely Rita. Nascido da música negra americana, o rock passou a ser também produto inglês. Nos anos 90, com franca inspiração nos Beatles, Oasis e Blur retomaram esse espírito.

2 comentários:

  1. Revistinha de merda! Faz favor!!!

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  2. Realmente merecia um destaque maior, depois não venham reclamar que ninguém compra mais a revista.

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