terça-feira, 26 de setembro de 2017

THE BEATLES - ABBEY ROAD - O CLÁSSICO COMPLETA 48 ANOS


Menos de oito meses depois do lançamento de "Abbey Road", surgiu nas lojas "Let It Be", em 8 de maio de 1970. Havia se passado escassas semanas desde que fora assumido oficialmente que os Beatles tinham deixado de existir. Mas o álbum em que os quatro membros do grupo aparecem na fotografia da capa atravessando uma faixa de pedestres no bairro de Saint John’s Wood, no noroeste de Londres, foi o derradeiro que gravaram, com a data de edição no Reino Unido registada para a história como 26 de setembro de 1969, há 48 anos. "Abbey Road", o último disco dos Beatles, para milhares de fãs, sua melhor obra, foi o décimo segundo álbum na discografia oficial da banda. Mas, na altura, foi quase um milagre que os músicos tenham concordado em voltar a reunir-se em estúdio com o seu produtor de sempre, George Martin. Em 1969, o ambiente dentro da banda estava longe dos seus melhores dias e desde janeiro daquele só apareciam mais problemas. John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr ainda tentavam se recuperar das gravações e filmagens daquele que veio a ser o disco e o filme Let It Be. Na atmosfera fria e pouco acolhedora do estúdio Twickenham, as imagens captadas não esconderam, sequer, uma cena abrasiva entre McCartney e Harrison por causa de divergências sobre os arranjos de uma canção. Depois, os trabalhos foram transferidos para os estúdios da Apple, em Savile Row, no centro da capital britânica, no edifício da editora que os Beatles tinham lançado em 1968 e que, na época, era um sorvedouro de dinheiro. Divididos quanto à escolha do gestor capaz de colocar em ordem na casa, com Paul McCartney preferindo o advogado de negócios que era pai de Linda Eastman, sua mulher, e os outros três querendo Allen Klein, os Beatles afundavam-se em cansaço, atritos e vontade de prosseguirem, não mais juntos, em projetos solo. Sabiam que o fim estava próximo, mas jamais o reconheceram enquanto estiveram concentrados em gravar a última peça daquela que é, do ponto de vista de muitos músicos, produtores e críticos, a mais rica e influente discografia de sempre na história da música pop-rock. O fato é que, após o desastre que foram os esforços que mais tarde resultaram na edição de Let It Be, inicialmente programado para se chamar Get Back e em que o produtor Phil Spector decidiu acrescentar orquestrações que irritaram sobretudo McCartney, os Beatles decidiram voltar ao trabalho nos seus estúdios de quase sempre, a estrutura que a editora EMI detinha em Abbey RoadDepois das gravações de Let it be, e quando o próprio grupo achava que não se reuniria mais, George Martin ficou surpreso ao receber um telefonema de Paul McCartney para produzir mais um disco dos Beatles. Topou, com a condição que fosse como faziam antes. Ele não só produziu o melhor disco dos Beatles como o álbum que mais vendeu até hoje. Mas esses méritos, não exclusivos dele. O grande mérito final, é dos próprios Beatles.
Abbey Road foi lançado no dia 26 de setembro de 1969 no Reino Unido, e em 1 de outubro nos EUA. O nome foi em homenagem à famosa rua onde existe o famoso estúdio onde os famosos Beatles gravaram todos os seus famosos sucessos. O álbum foi produzido e orquestrado por George Martin para a Apple Records e, apesar de ser o canto de cisne da banda, os Beatles nunca tocaram tão bem, não cantaram tão bem e não se mostraram tão maduros como dessa derradeira vez. George Harrison surpreendeu a crítica como compositor, e que levaria adiante até o seu disco solo 'All Things Must Pass'. Paul McCartney foi o mentor musical do trabalho, tendo seu ápice no medley do lado B do disco. John Lennon, ausente em muitas sessões de gravação, ainda teve fôlego para dar ao grupo três de suas melhores canções: "Come Togeher", "I Want you ( She's So Heavy)" e "Because". Ringo teve seus momentos na ótima "Octopus's Garden" e fazendo o único solo de bateria em uma música dos BeatlesA icônica fotografia da capa do álbum foi tirada do lado de fora dos estúdios Abbey Road em 8 de agosto de 1969 por Iain Macmillan.

Na época do lançamento do disco, George fez uma análise, des­crevendo faixa por faixa:
'Something' "É uma música minha. Eu a escrevi quando nós estávamos terminando o último álbum, o branco. Mas nunca a termina­va. Nunca conseguia encontrar as palavras certas para ela. Joe Cocker fez uma gravação também, e há conversa de que será o próximo compacto dos Beatles. Quando a gravei, pensei em alguém como Ray Charles fa­zendo a música, pensando na sensação que ele deveria ter. Mas como não sou Ray Charles, sou muito limitado, nós fizemos o que podíamos. É um bom pensamento e, provavelmente, a melhor melodia que já escrevi."
'Maxwell's Silver Hammer' "É algo só de Paul, passamos um diabo de tempo gravando. É uma daquelas músicas que se assobia ins­tantaneamente, algumas pessoas vão odiar e outras vão amar. É como 'Honey Pie', um tipo de coisa divertida, mas provavelmente vai pegar, porque na estória o camarada mata todo mundo. Usamos meu sintetizador moog e eu acho que saiu com grande efeito."
'Oh! Darling' — "É outra música de Paul, típica dos anos 50/ 60, principalmente nos acordes. É uma música típica da época dos gru­pos Moonglows, Paragons, She/ls e tudo o mais. Nós fizemos alguns oh, oohs no vocal e Paul gritando."
'Octopus Garden'"É de Ringo, a segunda que escreveu. É linda. Ringo fica chateado só tocando bateria. Ele toca piano, em sua casa, mas só conhece três acordes. E ele sabe o mesmo na guitarra. Gosta principalmente de música country, tem um sentimento bem country. É realmente uma grande música. Superficialmente, é uma mú­sica boba e infantil, mas acho a letra muito significativa. Ringo escre­ve suas músicas cósmicas sem saber. Eu encontro significados profun­dos em suas letras e provavelmente ele nem sabe disso. Linhas como 'Resting our head on the seabed' (descansando nossa cabeça no leito do mar) e 'we'll be warm beneath the storm' (nós estaremos aquecidos debaixo da tempestade) fazem com que eu entenda que quando se che­ga dentro de nossa consciência, tudo é de muita paz."
'I Want You (She's so heavy)'"É uma música bem forte. Foi John quem tocou guitarra solo e cantava, isso é bom porque a frase- solo que ele toca é basicamente blues. Mas é uma música muito original do tipo Lennon, tem algo de espantoso no seu ritmo; ele sempre cruza algo, coisas diferentes no ritmo, por exemplo 'All You Need Is Love', da qual o tempo vai de 3-4 para 4-4, mudando o tempo todo. Quando você pergunta para ele sobre isso, ele não sabe como. Faz naturalmente. No instrumental inicial e nos intervalos, ele criou uma excelente seqüencia de acordes."
'Here Comes The Sun'"É a primeira faixa do lado 2. É a música que escreví para este álbum. Eu a fiz em um dia ensolarado no jardim de Eric Clapton. Nós tínhamos passado por muitos problemas nos negócios, e tudo era muito pesado. Estar no jardim de Eric Clap­ton era como fazer bagunça depois da escola. Eu senti um tipo de alí­vio e a música saiu naturalmente, é um pouco parecida com 'lf I Needed Someone', com aquele tipo de solo correndo por ela. Mas, realmente,' é muito simples."
'Because'"É uma das coisas mais bonitas que fizemos. Tem uma harmonia de três partes — John, Paul e eu. John escreveu a músi­ca, e o acompanhamento é um pouco parecido com Beethoven. As­semelha-se com o estilo de Paul escrever, mas só por causa de sua sua­vidade. Paul geralmente escreve coisas mais suaves e John é mais deli­rante, mais pirado. Mas, de tempos em tempos, John gosta de escre­ver uma música simples de 12 compassos. Acho que é a faixa de que mais gosto do álbum. É tão simples, especialmente a letra. A harmonia foi muito difícil de ser feita, tivemos que aprendê-la mesmo. Eu acho que vai ser a música que impressionará a maioria das pessoas. Os pira­dos vão entender e os caretas, pessoas sérias, e críticos, também. Depois vem a seleção de músicas de John e Paul, todas juntas. É difícil descre­vê-las sem que se ouça todas juntas. 'You Never Give Me Your Money' parece ser duas músicas, uma completamente diferente da outra. Em seguida vem 'Sun King' (Rei Sol) que John escreveu. Originalmente, ele a tinha chamado de 'Los Paranoias'."
'Mean Mister Mustard e Polytheme Pam' — "São duas músicas pequenas que John escreveu na India, há 18 meses."
'She Came In Through the Bathroom Window' "É uma mú­sica muito boa de Paul com uma boa letra."
'Golden Slumbers'"Ê outra música muito melódica de Paul que se encadeia."
'Carry The Weight' — "Fica entrando por todo o tempo (pot pourri)."
'The End' — "É o que é: uma pequena sequencia que finaliza tudo. Eu não consigo ter uma visão completa de 'Abbey Road'. Com 'Pepper', e até o álbum branco, eu tive uma imagem do começo ao fim do produto, mas nesse disco eu ainda estou perplexo. Acho que é um pouco parecido com 'Revolver', não sei direito. Não consigo realmente ainda vê-lo como uma entidade completa."

6 comentários:

  1. João Carlos (in memorian)26 de setembro de 2017 às 14:08

    Não é só o melhor disco dos Beatles, é o melhor disco do rock. E priu!

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  2. Caras, confesso que não é o meu favorito (posto que "Rubber Soul" ocupa desde sempre!), mas que é fantástico, isso eu assino embaixo.
    Só "Golden Slumbers/Carry that Weight/The End" já o tornaria um dos meus favoritos!

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  3. Sensacional, Edu. E adorei a forma como encerrou com chave de ouro com o comentário do João Carlos. Show!

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  4. Post a altura do disco. Excepcional!!!

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  5. Obrigado, Valdir. Que bom que ainda está vivo.

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