O fotógrafo Luiz Garrido, nascido no Rio de Janeiro, estudou economia até o segundo ano, abandonando para iniciar a carreira como repórter fotográfico em meados dos anos 60. Tornou-se correspondente da revista Manchete em Paris, em 1968, destacando-se no ano seguinte ao realizar a documentação da rumorosa campanha pela paz mundial promovida pelo casal John Lennon e Yoko Ono. Quando retornou ao Brasil, em 1971, direcionou-se para a fotografia de estúdio, nos campos editorial, de charme, de moda e de publicidade, fundando a agência Casa da Foto (com Ricardo de Vicq, Levindo Carneiro e Paulo Pinho), em 1982. Ganhou o Prêmio Abril em quatro ocasiões diferentes (1980, 1983, 1987 e 1995), tendo sido considerado o Fotógrafo Publicitário do Ano de 1983 pela Associação Brasileira de Propaganda e de lá para cá foram prêmios e mais prêmios.
Na edição nº 205, de setembro de 2006, a finada (graças a Deus!) revista Bizz publicou uma matéria de capa, ridícula, como sempre foi com qualquer coisa dos Beatles, sobre o filme "The U.S. X JOHN LENNON”, tentando sensacionalizar, com uma matéria boba e sem-vergonha, a ”fase política” de Lennon. Pelo menos, uma partezinha da matéria era aproveitável, que era justamente sobre os encontros de Luiz Garrido, com o famoso casal. Aqui, como sempre, a gente confere só o trecho do Garrido. Ok?“Em 1969, eu tinha 24 anos e estava em Paris para estudar fotografia. Eu fazia uns bicos, fotografando para vernissages de brasileiros, tirando umas fotos das ruas... Era um biscate aqui e ali para sobreviver. Costumava frequentar a sucursal da revista Manchete que ficava em frente ao Hotel Plaza Athenée, onde o John Lennon e a Yoko Ono se hospedaram na passagem pela cidade. Eu e o repórter Carlos Freire ficamos três dias na frente do hotel, no frio. Até que resolvemos mandar um bilhete, com uma flor, dizendo que éramos brasileiros e queríamos fazer umas fotos. E Lennon nos mandou subir. Lá, nós conversamos bastante, fiz algumas fotos e ele nos perguntou se não queríamos ir com eles para Amsterdã, onde fariam o Bed-in. Para ter um apoio meio devagar da Manchete tivemos de entrevistar o dono do hotel onde ficamos em Amsterdã e ainda fazer uma matéria sobre os hippies que viviam nos prédios abandonados. Chegamos ao hotel Hilton para a entrevista com Lennon e tinha um monte de repórteres e fotógrafos lá, com equipamento muito melhor que o meu. Ficamos constrangidos, quietos num canto. Quando acabou a coletiva, a Yoko disse: ‘Vocês ficam!’ Ela foi muito simpática, serviu café, deu para gente o desenho com o ‘I Love John’ e nos chamou para ir a Londres, onde ele iria gravar ‘Give Peace a Chance’. Fotografei um rascunho da letra dessa música, dá qual ele só aproveitou o refrão, e a capa de um single que nunca acabou saindo, o Rock Peace. Passamos uma semana com Lennon em Londres, todo o dia, de 8 da manhã às 8 da noite. Ele ficava de branco e a gente acompanhando ele comendo, batendo papo, gravando no estúdio... Não imaginávamos qual seria a importância daquilo tudo. Na época, eu adorava jazz, ia ver Duke Ellington e Lionel Hampton nas casas de Paris. John Lennon, para mim, era um ícone da música, um personagem, uma estrela da mesma forma que Mick Jagger. Seu assassinato o transformou em um mártir. A Yoko é que levava ele para o lado mais politizado. Ele era mais musical. Paris, naquela época, era um turbilhão muito grande, mas eu não me deslumbrava — sempre falava que o fotógrafo não deveria participar das emoções. Fotografei Marlene Dietrich e Maria Callas, o que para o Brasil era alguma coisa. Mas lá, elas eram pessoas normais, pessoas do-mündo. Assim, naquela época, John Lennon era só mais uma pessoa que a gente entrevistava. Só depois é que eu fui perceber a importância política e social daquilo”.
Luiz Garrido afirmou que sua foto favorita é a de John Lennon tocando o piano: “Ela tem um desenho super forte, super interessante. Esta é histórica. Ele estava simplesmente fazendo os arranjos finais para “Give Peace a Chance”.
Blog danado!
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