Para quem esteve no Rio, no Maracanã, nos dias 20 e 21 de abril de 1990 (ou mesmo para quem não esteve), esse filme é um verdadeiro presente de Natal.
“The Paul McCartney World Tour” foi o nome da turnê mundial de Paul McCartney durante 1989 e 1990. Foi a primeira grande turnê de McCartney em dez anos, desde “Wings UK Tour 1979”, e suas primeiras aparições na América do Norte em treze anos, desde 1976, “Wings Over America Tour”. Foi também sua primeira turnê carregando apenas seu nome. A excursão ocorreu ao mesmo tempo do lançamento do álbum “Flowers in the Dirt”, e foi tematicamente mais sobre Paul finalmente abraçar seu passado com os Beatles, incluindo pela primeira vez, em qualquer uma de suas turnês, um número substancial de músicas dos Beatles no set list. A turnê foi documentada pelos álbuns ao vivo de 1990, “Tripping the Live Fantastic” e “Tripping the Live Fantastic: Highlights!” e o filme de 1991 “Get Back” dirigido por Richard Lester. Um documentário de uma hora de duração também foi ao ar na TV Channel 4 no Reino Unido, intitulado “From Rio to Liverpool”.
Os participantes dos shows receberam, gratuitamente, um livreto de 98 páginas de 9x12 polegadas. Continha o itinerário da turnê, longos perfis de cada um dos membros da banda, descrições do palco e logística da turnê e uma descrição detalhada da missão da ONG “Friends of the Earth”. Dois terços da revista consistiam nas reflexões de McCartney sobre sua vida e carreira. Esta publicação tornou-se raríssima e ítem de colecionador. É ainda enriquecida por um projeto gráfico arrojado e primoroso, além de fotos raríssimas.
Para a “The Paul McCartney World Tour”, a banda era: Paul McCartney - vocal principal , guitarras ( acústico , elétrico e baixo ), teclados; Linda McCartney - backing vocals , teclados, percussão; Hamish Stuart - backing vocals, guitarras (acústico, elétrico e baixo); Robbie McIntosh - vocais de apoio, guitarra elétrica; Paul "Wix" Wickens - backing vocals, teclados e Chris Whitten - bateria e percussão.
Esse texto sensacional que a gente confere a seguir, é do grande jornalista e maior pesquisador e conhecedor da obra de Paul McCartney no Brasil, Claudio D. Dirani em seu livro “Paul McCartney – Todos os segredos da carreira solo”.
Após esperar três décadas, os brasileiros respiram os ares da Beatlemania em seu país em meio ao caos político e econômico que dominava o governo do presidente Fernando Collor. O ano de 1990 tinha tudo para começar bem, até o Plano Collor deixar d brasileiro de bolso vazio. Sorte de quem guardava seu dinheiro em casa, debaixo do colchão, no porquinho cor-de-rosa. Em qualquer lugar, menos no banco. Em novembro de 1989, a cinco meses do maior evento proporcionado por um artista pop no Brasil, os fãs já começariam a economizar para os shows de Paul McCartney, que anunciara, em entrevista coletiva dada à imprensa mundial, em Los Angeles, que faria duas apresentações no Brasil no ano seguinte. Os concertos inéditos, mesmo sendo afetados pela economia, não chegaram a ser ofuscados pelo tremor social provocado pelo “efeito Collor”. Pelo contrário. O público presente nos dois shows, cerca de 300 mil pessoas, conseguiu matar a sede que já perdurava, pelo menos, por duas gerações. A primeira, formada por “fanjintos” beatlemaníacos, não conseguiria mais concretizar o sonho de assistir aos Beatles, já que John Lennon havia sido morto em 1980, em Nova York. A segunda geração, composta por amantes da segunda banda de Paul McCartney, o Wings, também não teve a chance de presenciar o supergrupo ao vivo. Pelo menos, em ambos os casos, em solo verde-amarelo. Para Marco Antônio Mallagoli, que já havia encontrado e conversado com John Lennon, George Harrison e Ringo Starr, a emoção maior estava por vir. Círculo fechado. No dia 20 de abril de 1990, o presidente do fã-dube Revolution estava prestes de realizar outíro sonho quase inatingível para a maioria dos espectadores que lotaram o Maracanã: manter um “contato imediato de terceiro grau” com os quatro cavaleiros de Liverpool. Após lançar o Plano Collor no dia 12 de abril daquele ano, limitando o saque às contas bancárias em apenas 50 mil cruzados novos por pessoa, não era possível afirmar em sã consciência que a popularidade do presidente Fernando Collor de Mello estaria em alta entre os brasileiros. Bem longe disso. O reflexo das medidas bruscas aplicadas à economia transformou Collor de herói e “caçador de marajás”, ao vilão “inimigo número um” da nação. Tudo isso em menos de trinta dias. Os reflexos dessa “impopularidade-relâmpago” também ecoava pelos quatro cantos do Maracanã, com as pessoas berrando pelo nome de Lula, e vaiando alguns dos minguados Colloridos que ousavam se manifestar no estádio a seu favor. Entretanto, para cumprir o praxe, a ministra da economia Zélia Cardoso de Melo comparecería aos dois shows de McCartney, fazendo as vezes de estadista, já que Collor não aparecería a nenhum dos concertos. Em retribuição ao CD single Put It There e ao livro de receitas Home Cooking— ambos presenteados e devidamente autografados por Paul e Linda, respectivamente — Zélia visitou a família McCartney no camarim do Maracanã, trazendo livros de arte, como presente, e uma carta escrita à mão pelo próprio Fernando Collor, com a seguinte desculpa oficial, já traduzida: “Caros Paul e Linda. O Brasil os recebe de braços abertos. Nós esperamos vários anos pela alegria de cantar junto com vocês, músicas que tentam transmitir para toda a Humanidade os mais altos valores e sentimentos. Com vocês, aprendemos que precisamos dos sonhos dos jovens como uma força permanente para transformar a realidade. Os presentes que vocês gentilmente me enviaram foram recebidos com grande emoção. Além do orgulho que senti como seu admirador, senti também a vibração de fazer parte de uma geração que, ao longo das últimas décadas, aprendeu a lutar pela predominância da justiça, da paz e do respeito pelo homem e pela natureza. Infelizmente, Rosane e eu não poderemos assistir à sua apresentação no Rio. Ouviremos seu disco constantemente e poderemos até considerar sua proposta vegetariana”... Respeitosamente, Rosane e Fernando Collor de Mello.
“The Paul McCartney World Tour” foi o nome da turnê mundial de Paul McCartney durante 1989 e 1990. Foi a primeira grande turnê de McCartney em dez anos, desde “Wings UK Tour 1979”, e suas primeiras aparições na América do Norte em treze anos, desde 1976, “Wings Over America Tour”. Foi também sua primeira turnê carregando apenas seu nome. A excursão ocorreu ao mesmo tempo do lançamento do álbum “Flowers in the Dirt”, e foi tematicamente mais sobre Paul finalmente abraçar seu passado com os Beatles, incluindo pela primeira vez, em qualquer uma de suas turnês, um número substancial de músicas dos Beatles no set list. A turnê foi documentada pelos álbuns ao vivo de 1990, “Tripping the Live Fantastic” e “Tripping the Live Fantastic: Highlights!” e o filme de 1991 “Get Back” dirigido por Richard Lester. Um documentário de uma hora de duração também foi ao ar na TV Channel 4 no Reino Unido, intitulado “From Rio to Liverpool”.
Os participantes dos shows receberam, gratuitamente, um livreto de 98 páginas de 9x12 polegadas. Continha o itinerário da turnê, longos perfis de cada um dos membros da banda, descrições do palco e logística da turnê e uma descrição detalhada da missão da ONG “Friends of the Earth”. Dois terços da revista consistiam nas reflexões de McCartney sobre sua vida e carreira. Esta publicação tornou-se raríssima e ítem de colecionador. É ainda enriquecida por um projeto gráfico arrojado e primoroso, além de fotos raríssimas.
Para a “The Paul McCartney World Tour”, a banda era: Paul McCartney - vocal principal , guitarras ( acústico , elétrico e baixo ), teclados; Linda McCartney - backing vocals , teclados, percussão; Hamish Stuart - backing vocals, guitarras (acústico, elétrico e baixo); Robbie McIntosh - vocais de apoio, guitarra elétrica; Paul "Wix" Wickens - backing vocals, teclados e Chris Whitten - bateria e percussão.
Esse texto sensacional que a gente confere a seguir, é do grande jornalista e maior pesquisador e conhecedor da obra de Paul McCartney no Brasil, Claudio D. Dirani em seu livro “Paul McCartney – Todos os segredos da carreira solo”.
Após esperar três décadas, os brasileiros respiram os ares da Beatlemania em seu país em meio ao caos político e econômico que dominava o governo do presidente Fernando Collor. O ano de 1990 tinha tudo para começar bem, até o Plano Collor deixar d brasileiro de bolso vazio. Sorte de quem guardava seu dinheiro em casa, debaixo do colchão, no porquinho cor-de-rosa. Em qualquer lugar, menos no banco. Em novembro de 1989, a cinco meses do maior evento proporcionado por um artista pop no Brasil, os fãs já começariam a economizar para os shows de Paul McCartney, que anunciara, em entrevista coletiva dada à imprensa mundial, em Los Angeles, que faria duas apresentações no Brasil no ano seguinte. Os concertos inéditos, mesmo sendo afetados pela economia, não chegaram a ser ofuscados pelo tremor social provocado pelo “efeito Collor”. Pelo contrário. O público presente nos dois shows, cerca de 300 mil pessoas, conseguiu matar a sede que já perdurava, pelo menos, por duas gerações. A primeira, formada por “fanjintos” beatlemaníacos, não conseguiria mais concretizar o sonho de assistir aos Beatles, já que John Lennon havia sido morto em 1980, em Nova York. A segunda geração, composta por amantes da segunda banda de Paul McCartney, o Wings, também não teve a chance de presenciar o supergrupo ao vivo. Pelo menos, em ambos os casos, em solo verde-amarelo. Para Marco Antônio Mallagoli, que já havia encontrado e conversado com John Lennon, George Harrison e Ringo Starr, a emoção maior estava por vir. Círculo fechado. No dia 20 de abril de 1990, o presidente do fã-dube Revolution estava prestes de realizar outíro sonho quase inatingível para a maioria dos espectadores que lotaram o Maracanã: manter um “contato imediato de terceiro grau” com os quatro cavaleiros de Liverpool. Após lançar o Plano Collor no dia 12 de abril daquele ano, limitando o saque às contas bancárias em apenas 50 mil cruzados novos por pessoa, não era possível afirmar em sã consciência que a popularidade do presidente Fernando Collor de Mello estaria em alta entre os brasileiros. Bem longe disso. O reflexo das medidas bruscas aplicadas à economia transformou Collor de herói e “caçador de marajás”, ao vilão “inimigo número um” da nação. Tudo isso em menos de trinta dias. Os reflexos dessa “impopularidade-relâmpago” também ecoava pelos quatro cantos do Maracanã, com as pessoas berrando pelo nome de Lula, e vaiando alguns dos minguados Colloridos que ousavam se manifestar no estádio a seu favor. Entretanto, para cumprir o praxe, a ministra da economia Zélia Cardoso de Melo comparecería aos dois shows de McCartney, fazendo as vezes de estadista, já que Collor não aparecería a nenhum dos concertos. Em retribuição ao CD single Put It There e ao livro de receitas Home Cooking— ambos presenteados e devidamente autografados por Paul e Linda, respectivamente — Zélia visitou a família McCartney no camarim do Maracanã, trazendo livros de arte, como presente, e uma carta escrita à mão pelo próprio Fernando Collor, com a seguinte desculpa oficial, já traduzida: “Caros Paul e Linda. O Brasil os recebe de braços abertos. Nós esperamos vários anos pela alegria de cantar junto com vocês, músicas que tentam transmitir para toda a Humanidade os mais altos valores e sentimentos. Com vocês, aprendemos que precisamos dos sonhos dos jovens como uma força permanente para transformar a realidade. Os presentes que vocês gentilmente me enviaram foram recebidos com grande emoção. Além do orgulho que senti como seu admirador, senti também a vibração de fazer parte de uma geração que, ao longo das últimas décadas, aprendeu a lutar pela predominância da justiça, da paz e do respeito pelo homem e pela natureza. Infelizmente, Rosane e eu não poderemos assistir à sua apresentação no Rio. Ouviremos seu disco constantemente e poderemos até considerar sua proposta vegetariana”... Respeitosamente, Rosane e Fernando Collor de Mello.
Deve ter sido um showzaço com certeza!!
ResponderExcluirInfelizmente na época eu tinha 15 para 16 anos, grana em casa era curta (como bem lembrado, era época do malfadado plano Collor), meus pais não deixariam ir mesmo se tivesse, morava no interior do RJ, minhas amigas só curtiam A-ha...
Eu lembro de ver as notas nos jornais da época sobre a presença da Zélia Cardoso nos shows, parecia falsidade, ficava com vontade de esganar a ministra grrr...