"Revolution 9" não era uma canção de Lennon & McCartney nem uma gravação dos Beatles. Era um amálgama imenso de sons gravados que John Lennon e Yoko Ono mixaram juntos. A música foi lançada no álbum The Beatles, o "Álbum Branco" de 1968, e faz parte da trilogia que consiste no single lado-B de Hey Jude, Revolution, a versão blues “Revolution 1” e essa colagem de sons intitulada “Revolution 9". John Lennon inicialmente nomeou-a "Number 9 Dream". Esse nome seria título de sua canção “#9 Dream” de seu disco solo, Walls And Bridges em 1974.
A ideia apareceu a partir de uma versão estendida de “Revolution 1” em que foram adicionados fitas em loop, música reversa e efeitos sonoros numa influência da musique concrète de Karlheinz Stockhausen, Edgard Varèse, Luigi Nono, e John Cage que trás ainda técnicas de pane no estéreo e fading. Com um pouco mais de oito minutos é a canção mais longa do disco assim como de toda a carreira dos Beatles. A canção foi creditada a Lennon/McCartney, porém é um trabalho basicamente Lennon/Yoko Ono que implementava a influência avant-garde nas composições de Lennon. Acreditando que a música era muito anti-comercial, os outros integrantes, principalmente Paul McCartney, realmente tentaram (sem sucesso) convencer Lennon a não colocar essa música no disco. Estranhamente, George Martin sempre admirou a música, chamando-a de "música do futuro". Após uma pequena introdução de piano, uma voz em loop começa a repetir a palavra “número nove” possivelmente de um examinador de fitas da EMI. A frase entra em fade-in e fade-out durante a música inteira. Após isso vem o caos: microfonia, gritos, ensaios, loops, sirenes e etc. Há ainda alguns pedaços de outros sons durante a música: “Carnaval” de Schumann Sibelius e Beethoven, orquestra ao contrário tirado das sessões de A Day in the Life, que pode ser considerada um precursor do “sample” usado mais tarde principalmente pelo rap, diálogos sem sentido entre Lennon e Harrison dizendo, “Não há regras para os loucos das empresas”, Yoko Ono dizendo “você ficou nu”, vozes de um time de futebol americano gritando “bloqueiem a defesa!” e aos 6:56 é possível ouvir o piano que poderia ser a introdução de While My Guitar Gently Weeps tocada bem rápida, George Martin dizendo “Geoff, acenda a luz vermelha”, com um eco pesado, um Mellotron tocado por Lennon ao contrário e outras frases como, “Pegue isto irmão, deve te servir bem”. Em 30 de maio de 1968, os Beatles começaram as gravações do disco com “Revolution 1” e o take 18 acabou sendo a base crua de “Revolution 9”. Os trabalhos na música começaram em 6 de junho, quando Lennon preparou 12 efeitos. Alguns deles ele mesmo fez e outros eram dos arquivos do Abbey Road. Em 10 de junho, enquanto Paul gravava “Blackbird” John ia tentando mais efeitos e técnicas. Mas o dia mais significante da gravação foi no dia 20 de junho, quando Lennon usou os 3 estúdios e gravou fitas de um para o outro tudo ao vivo. Segundo Lennon em entrevista para a Playboy em 1980: “Todos aqueles tipos de barulho e sons estavam encaixados. Havia mais ou menos umas 10 máquinas com pessoas segurando os loops com lápis – alguns esticavam e outros afrouxavam os loops – Eu fiz os efeitos todos ao vivo de um estúdio para o outro. Até achar um que eu tivesse gostado. Yoko estava lá me ajudando em tudo e fazendo decisões sobre quais loops usar. Era algo sob sua influência, eu acho. Uma vez que eu ouvi suas coisas, como palavras sem sentido, sons de batimentos cardíacos e respiração eu fiquei intrigado... Então queria fazer algo assim. Gastei mais tempo nessa música do que em qualquer outra música que escrevi. Era uma montagem”.“Revolution 9” teve que ser editada de 9’05 para 8’12, para ser incluída no último lado do segundo disco. Participaram da gravação: John Lennon: Fitas em loops, diálogos, efeitos, edição, samplers; George Harrison: diálogos, sampler; Ringo Starr: efeitos e diálogos e Yoko Ono: fitas em loops, diálogos, efeitos, edição e samplers. Algumas partes faladas de George Martin assim como alguma coisa de piano foram retiradas de “Honey Pie” e “Martha My Dear”, ambas de Paul McCartney. “Revolution 9” tem forte participação na lenda da morte de Paul McCartney. É possível ouvir “Turn me on, dead man” ou “Me excite, homem morto” e, além disso, há outros detalhes relacionados também: o som de uma batida de carro seguido de uma explosão, já que segundo a lenda, McCartney teria morrido num acidente de carro. Pura bobagem. Na verdade, o acidente foi com o jovem Tara Brownie. De acordo com o advogado Vincent Bugliosi, o assassino Charles Manson acreditava que Revolution # 9, a gravação que aparecia no disco era uma referência à passagem da Bíblia “Revelação n°9” que fala do apocalipse e das profecias do quanto o fim está próximo. Ele acreditava que os Beatles falavam com ele através das suas canções e que esta, falava de uma revolução interracial e da batalha final: o Armagedon. Paul McCartney estava em Nova York quando “Revolution 9” foi feita e ficou muito decepcionado pela inclusão da música no álbum duplo. Ele já fazia esse tipo de “colagens” muito antes. Compôs algo semelhante há 18 meses nas sessões de 5 de janeiro de 1967, durante as gravações de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band chamada "Carnival of Light", com mais ou menos 14 minutos. A canção nunca foi lançada nem mesmo em bootlegs . Poucas pessoas ouviram essa canção e era para ter sido inclusa no projeto Anthology, porém foi vetada por George Harrison.
Vou ser sincera, não consigo ouvir essa música inteira :(
ResponderExcluirNem eu, Dani... "música do futuro". Será?
ResponderExcluirNumber 9, Number 9, Number 9..............."
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