quarta-feira, 15 de maio de 2019

THE BEATLES - I FEEL FINE - SENSACIONAL!*****


Quando a banda começou a ensaiar sua próxima música no estúdio, acompanhados por George Martin, aproveitei a oportunidade para me sentar na sala de controle e relaxar por alguns minutos. Eu e Norman estávamos conversando sobre coisas aleatórias quando de repente ouvi um ruído muito alto vindo dos amplificadores. “Mas o que é isso?”, perguntei, alarmado. Veio ao meu pensamento que algum cabo havia quebrado, ou um equipamento havia falhado, Norman riu. “Olhe só”, ele me disse. Colei o rosto no vidro da sala de controle e fiquei sem reação ao ver John Lennon ajoelhado em frente ao amplificador, com a guitarra na mão. Sabíamos que, quando uma guitarra ficava muito perto de um amplifi¬cador, geraria uma microfonia, mas John estava utilizando esse efeito de ma¬neira controlada pela primeira vez. Norman me explicou mais tarde que eles haviam descoberto aquele som por acaso em uma sessão anterior, na noite em que gravaram “Eight days a week”. Foi sem querer: durante um intervalo, John aproximou a guitarra do amplificador, mas havia esquecido de abaixar o volume. Naquele momento, por acaso, Paul havia soado um “lá” em seu bai¬xo, do outro lado do estúdio, e as ondas sonoras deram uma espécie de res¬posta à guitarra de John. Eles amaram o resultado, tanto que Lennon se diver¬tia com o efeito desde então. E com sua nova música, “I feel fine”, ele estava determinado a imortalizar o efeito em seu disco... anos antes de Jimi Hendrix sonhar com isso. Para mim aquela era outra indicação de que os Beatles procuravam ampliar seus horizontes, indo além do som de apenas duas guitarras, bai¬xo e bateria. Aquele era o admirável mundo novo do qual eu sempre esperei participar. Eles fizeram diversos takes de “I feel fine” naquele dia, e todos tinham aquela introdução. Achei a música ótima, tão boa quanto “Eight days a week”. Sentado naquela apertada sala de máquinas, eu fiquei extasiado ao pensar que eles haviam gravado dois hits em uma única tarde. Mas era a introdução de “I feel fine” que me excitava, por ser tão diferente. Para mim, aquele era o ponto alto da música. Eu havia entrado nesse mundo para descobrir sons únicos, e os Beatles tinham descoberto esse por eles mesmos.
Trecho do sensacional livro “Minha Vida Gravando os Beatles” de Geoff Emerick 2013.

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