quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A NOITE DE ESTRÉIA DA ESTRELA

Existe muita controvérsia entre vários autores sobre a verdadeira data da estréia de Ringo Starr nos Beatles. Por ser a mais recente, elegemos “THE BEATLES – A BIOGRAFIA” de Bob Spitz. Onde ele narra com riqueza de detalhes a tumultuada noite no Cavern Club, quando o melhor baterista do mundo se juntou à melhor banda do mundo. Spitz afirma que a estréia de Ringo foi na noite do dia 19 de agosto de 1962! Outros autores, dizem 1que a apresentação foi no dia 18. Outros ainda, que teria sido no dia 28. Seja como for, optamos pela versão de Spitz para fazer essa homenagem ao nosso velho Ringo. A seguir, você confere alguns trechos da narrativa. Espero que gostem. With love, from me to you!
PARABÉNS, RINGO! PARABÉNS, BEATLES!

“Os Beatles tinham mais do que um pressentimento de que estavam a apenas um homem de se tornarem grandes. Eles haviam crescido incrivelmente como músicos desde que se reuniram, e era impossível não reconhecer aonde tinham chegado. Eles haviam se tornado progressivamente não apenas melhores, mas também mais técnicos e versáteis. Havia certa singularidade na forma como tocavam, uma inventividade para transformar mesmo os temas mais simples em algo original e criativo. Muito disso aconteceu sem grande premeditação. Alguém tocava um acorde, fosse experimentação ou acidente, e era como se um alarme soasse. Parte disso era talento nato. Paul aprendia a tocar instrumentos como algumas pessoas aprendem novas línguas: tinha ouvido para a coisa, e colocava os acentos certos nos lugares certos. E George, em especial, se embrenhava nas complexidades dos fundamentos e da técnica musical. Ambos tocavam suas guitarras com uma confiança impressionante e tinham o poder de fazê-las soar como Maseratis. John tinha todo o resto: a sensibilidade e o gosto certos. E tudo se encaixava com estilo e atitude. Menos o baterista. John, Paul e George já sabiam o que queriam: RINGO!
O melhor baterista de Liverpool! Porém, nenhum deles teve coragem de contar para Pete Best que estava fora. Brian faria o serviço sujo.”

É improvável que a elegância de Brian tenha exercido efeito consolador sobre Pete. Aquilo o tomou tão de supetão, de modo tão inesperado, lembra Pete, que “minha cabeça entrou em parafuso”. Todo aquele tempo dedicado aos Beatles, a suposta amizade, os sonhos. E agora aquilo acontecia, às vésperas da assinatura de um contrato de gravaçãp. Ele considerou aquilo “uma facada pelas costas”. Em parte para neutralizar a raiva de Pete e em parte para continuar nas boas graças do rapaz, Brian se propôs a formar um novo grupo, que seria liderado por Pete. Enquanto Pete saía silenciosamente do escritório, Brian teve sangue-frio suficiente para pedir que ele tocasse nas três últimas apresentações antes de Ringo se juntar aos Beatles. E, talvez num momento de irreflexão, Pete concordou. Se Brian acreditou, foi porque não havia dúvida, para ele ou para qualquer outra pessoa, de que Pete honraria sua palavra. No entanto, seu sofrimento era tão pesado quanto seu desempenho na bateria. A promessa era vazia, nada mais do que um meio para sair dali.

A estréia de Ringo com os Beatles em Liverpool, em 19 de agosto de 1962, não repercutiu na cena pop e não foi o motor que os propulsou para o estrelato. Somente mais tarde, vista a situação em retrospecto, ele iria adquirir seu status mítico. Ninguém foi mais afetado pelo que acontecera do que Ringo. Ele ouviu o clamor dos fãs nos dias que precederam a apresentação no Cavern. A revolta tomava os salões de baile e os bares - e também as escolas, onde havia uma onda de veneração por Pete. Até nas lojas de discos ocorriam discussões e murmúrias constantes. Uma hora antes de se apresentar, Ringo se refugiou no White Star para uma cerveja terapêutica e desmoronou na mesa onde estavam os Blue Jeans. Eles sabiam que o baterista
estava “aterrorizado”. Até mesmo a aparência dele, com um pequeno cavanhaque e o cabelo liso penteado para trás, demonstrava inquietação, como se Ringo estivesse infringindo alguma lei. “Ficamos com pena dele por estar tão nervoso”, lembra Ray Ennis.

A maioria das pessoas que foram ao show compartilhou a reação de Colin Manley: “senti pena deles; a platéia estava revoltada com a saída de Pete que não os deixava tocar”. “Desde o momento que as portas se abriram”, lembra Woller, “a multidão gritava: “Pete para sempre, Ringo nunca!”; todos estavam doidos por uma confusão.” Desde o instante que os Beatles subiram ao palco, gritos irados explodiram: “Onde está Pete?”, “Traidores! Queremos Pete!” Algumas pessoas apoiaram a mudança. A certa altura, as duas facções começaram a investir uma contra a outra, com olhos ferozes e punhos cerrados. “Fora Ringo!”, “Pete is Best!” Ringo, meio escondido por trás da bateria, ficava mais tenso a cada explosão de raiva.

De qualquer maneira, todos os Beatles agiram como se nada tivesse acontecendo. E, levando em conta as circunstâncias, Ringo segurou bem a situação. Ele se adaptou perfeitamente ao estilo cru e diretos dos Beatles, imprimindo força ao ritmo sem deixar de lado a energia do conjunto. Provavelmente ninguém apreciou mais isso do que Paul, cujas belas linhas de baixo haviam sido estranguladas pela mão pesada de Pete, enquanto Ringo as complementava, dando a Paul um ritmo muito mais consistente. Durante um momento especialmente tenso, George do palco, ordenou a alguns indivíduos importunos para “fechar a matraca”. No fim, quando saiu do camarim pelo corredor cheio de gente, alguém lhe deu uma cabeçada no rosto, deixando-o com um enorme hematoma abaixo do olho esquerdo. George encarou a situação com tranquilidade, mas Brian Epstein, já em tom quase histérico, mandou o porteiro peso-pesado do Cavern, Paddy Delaney, escoltar a banda para o andar de cima, alegando falta de segurança.”

A seguir, você confere os Beatles quebrando o cacete no Cavern com "SOME OTHER GUY" na apresentação do dia 22 no Cavern! VALEU! ABRAÇÃO!

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