“Todos os possíveis companheiros de palco de Tony Sheridan sempre sentiam certo receio quando tinham que abrir o show para ele – ou de acompanhá-lo. Mas os Beatles aguardavam ansiosamente por isso: as apresentações de Sheridan eram desenfreadamente soltas, como as deles, além de ter mais energia e propiciar mais integração que as dos outros conjuntos da zona. Ele era incansável e imprevisível, é certo, mas estava sempre progredindo ao seu estilo, fazendo força para quebrar a monotonia dos padrões estabelecidos onde quer que tocasse”
The Beatles – A Biografia, Bob Spitz
Tocar nos inferninhos da Augusta é brincadeira de criança perto do que o inglês Tony Sheridan e um embriônico The Beatles, ainda com Pete Best na bateria, passaram na Alemanha no início da década de 60. Puteiros eram até artigos de luxo perto dos lugares onde os artistas passavam das sete da noite às cinco da manhã tocando ininterruptamente para platéias tão bêbadas quanto eles, que eram levadas pra fora do bar a pauladas pelos garçons caso rolasse uma briga – e sempre rolava.
Nascido da Inglaterra, Sheridan fez longa carreira na Alemanha tocando em bares, sempre com bandas de acompanhamento. Os Beatles, que foram para Hamburgo ainda sem saber como preencher o repertório de sete exaustos dias por semana em cima de um palco, ganharam a simpatia de Sheridan pela energia transgressora que transmitiam ao vivo. E Sheridan ensinou aos rapazes como levar a música a noite toda na palma das mãos em um buraco chamado Top Ten. A musicalidade do guitarrista também foi fundamental para que a hoje considerada melhor banda do mundo ganhasse algo importante para sua sobrevivência: mojo, a famosa cancha.
Apesar de já terem gravado em um fundo de quintal em Liverpool, Sheridan foi o responsável pelas primeiras gravações de verdade dos Beatles. E como “Beatles” tem quase a mesma pronúncia que “pidels”, gíria germânica que significa pau pequeno, toparam assinar como The Beat Brothers e só usaram o nome verdadeiro posteriormente, quando já tinha alcançado certa fama.
Nessa época, nada de canções Lennon/McCartney rolavam, apenas releituras explosivas de faixas já consagradas eram escolhidas para set list nos palcos e estúdio. E é isso o que se ouve na compilação “The Early Tapes”: basicamente uma banda cover, formada por um já consagrado crooner e uma banda iniciante, que queriam viver de música, seja ela de quem fosse.
Sheridan segue sua carreira até hoje e, inclusive, já se apresentou no Brasil várias vezes. Em 21 de maio completa 71 anos de Rock And Roll. Do restante do grupo, é melhor nem tentar falar nada. Faça o download, afaste as cadeiras da sala, aumente bem o volume e "Let's Dance".
Para fechar com chave de ouro, a gente fica com o velhão quebrando o cacete com o clássico "My Bonnie". Valeu, Abração!
Esse Sheridan sempre foi muito elogiado pelos Beatles.Estranho ele não ter entrado na turma do Mersey Beat na época.Nosso mestre EDU teria alguma história sobre ?
ResponderExcluirÉ inegável a contibuição de Tony Sheridan para a evolução musical dos Beatles. Infelizmente, JC, não lembro de mais nenhuma história sobre ele. Abração!
ResponderExcluir"Esse" Sheridan é um cara muito legal. Todo fã dos Beatles devia tirar o chapéu! Ana Cláudia.
ResponderExcluirEu mesmo tiro o meu!
ResponderExcluirMuito massa o CD! Valeu Edu por disponibilizar discos sempre tão legais pra gente!
ResponderExcluirComecei a gostar de rock de verdade por causa de "My Bonnie", que um professor de inglês havia trazido para a aula.
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