No dia 9 de novembro de 1888, Jack, o estripador fez sua 5ª vítima: Mary Jane Kelly.
Jack, o Estripador (Jack the Ripper) foi o pseudônimo dado a um assassino em série não-identificado que agiu no distrito de Whitechapel em Londres na segunda metade de 1888. O nome foi tirado de uma carta, enviada à Agência Central de Notícias de Londres por alguém que se dizia o criminoso. Suas vítimas eram mulheres que ganhavam a vida como prostitutas. Duas delas tiveram a garganta cortada e o corpo mutilado. Teorias sugerem que, para não provocar barulho, as vítimas eram primeiro estranguladas, o que talvez explique a falta de sangue nos locais dos crimes. A remoção de órgãos internos de três vítimas levou oficiais da época a acreditarem que o assassino possuía conhecimentos anatômicos ou cirúrgicos. Os jornais, cuja circulação crescia consideravelmente durante aquela época, deram ampla cobertura ao caso, devido à natureza selvagem dos crimes e ao fracasso da polícia em efetuar a captura do criminoso — que tornou-se notório justamente por conseguir escapar impune.
Devido ao mistério em torno do assassino nunca ter sido desvendado, as lendas envolvendo seus crimes tornaram-se um emaranhado complexo de pesquisas históricas genuínas, teorias conspiratórias e folclores duvidosos. Diversos autores, historiadores e detetives amadores apresentaram hipóteses acerca da identidade do assassino e de suas vítimas.
Na galeria dos criminosos célebres, Jack, o Estripador ocupa lugar de honra. Não apenas por ser o primeiro serial killer da era moderna (ele matou e estripou cinco prostitutas entre agosto e novembro de 1888, em Londres) como também pelo mistério sobre sua identidade. O rol de suspeitos inclui figurões da época – um neto da rainha Vitória, lorde Randolph Churchill (pai do primeiro-ministro Winston Churchill) e Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas. Agora, o novo destaque na lista é o pintor Walter Sickert, o mais importante impressionista da Inglaterra. Ele já era suspeito há algumas décadas. A novidade é que a acusação foi feita com base em provas científicas modernas e bancada por outra celebridade, a americana Patricia Cornwell, a escritora de romances policiais mais bem paga da atualidade. Nesse caso, não se trata de ficção, mas de investigação de verdade, apesar de os crimes terem ocorrido há 114 anos.
A curiosidade da escritora a respeito de Jack, o Estripador começou como pano de fundo para um novo livro de sua personagem mais famosa, a médica-legista Kay Scarpetta. A certa altura da pesquisa, ela decidiu deixar a ficção de lado e partir para uma investigação sobre a identidade do assassino. Patricia, que recebe 9 milhões de dólares por livro, gastou 6 milhões de dólares na contratação de cientistas forenses, na coleta de material e, principalmente, em testes de DNA. O objetivo destes é identificar pessoas através do código genético contido em vestígios de saliva, sangue, sêmen ou células da pele. O resultado da investigação pode ser conferido em seu livro Retrato de um Assassino – Jack, o Estripador: Caso Encerrado, recém-lançado nos Estados Unidos. Patricia sustenta a acusação contra Sickert em alguns indícios: na temática macabra de seus quadros, em sua vida pessoal, seus hábitos, sua caligrafia e, principalmente, seu DNA.
O pintor nasceu com um defeito nos genitais que, acredita-se, o tornou impotente. Daí Patricia deduziu que ele sentia raiva das mulheres. Comparando as mensagens enviadas pelo assassino à polícia e à imprensa com a correspondência de Sickert, a equipe de cientistas forenses achou coincidências impressionantes. Algumas das cartas de Jack foram escritas em papéis da mesma marca usada pelo pintor. Tudo isso seria apenas circunstancial se não tivesse sido detectada uma igualdade genética ligando o pintor ao assassino. Eles podem ter sido a mesma pessoa, a julgar pelo material genético encontrado em cartas atribuídas a Jack e em vestígios de saliva em um selo da correspondência de Sickert. Não se trata do DNA do núcleo da célula, geralmente usado para identificar pessoas. No material, esse tinha sido destruído pelo tempo. Mas de um tipo, o mitocondrial, mais resistente e menos confiável nas análises. Os técnicos advertem que pode ser pura coincidência, uma vez que o tipo de DNA mitocondrial de Sickert era compatível com o de 1% da população inglesa da época. Mas a prova é sugestiva demais para ser ignorada. Será verdade? "De década em década surge uma nova teoria", diz Stephen Ryder, dono do mais conceituado site sobre Jack, o Estripador. "Mas os crimes aconteceram há mais de um século. É improvável que um dia saibamos quem de fato foi o Estripador."
"From Hell" é uma graphic novel escrita por Alan Moore e ilustrada por Eddie Campbell que especula sobre a identidade e as motivações de Jack o Estripador. O título foi tirado das primeiras palavras da carta que algumas autoridades acreditam ser uma mensagem autêntica mandada pelo assassino em 1888. A obra é densa, cheia de camadas e imensamente detalhada; a edição em coletânea tem aproximadamente 572 páginas. "From Hell" foi publicada originalmente em 12 edições em preto e branco pela Tundra Publishing/Kitchen Sink Press, e então relançada em brochura pela Eddie Campbell Comics. A graphic novel toma como premissa a teoria de Stephen Knight — amplamente criticada como incorreta e sem sentido por especialistas — de que os assassinatos foram parte de uma teoria conspiratória para ocultar o nascimento de um bastardo herdeiro do trono britânico, filho do Príncipe Albert Victor, Duque de Clarence. Em um apêndice adicionado à versão reunida de From Hell, Moore diz não aceitar a teoria de Knight como verdadeira, apesar de considerá-la uma ponto de partida interessante para sua própria visão fictícia dos assassinatos do Estripador, sua época e seu impacto. Apesar de From Hell ser confessadamente uma obra de ficção, Moore e Campbell conduziram um trabalho significante de pesquisa para garantir plausibilidade e verossimilhança. A versão reunida de From Hell apresenta mais de quarenta páginas de informações e referências, indicando quais partes são baseadas na imaginação de Moore e quais são tiradas de fontes específicas. As opiniões de Moore sobre as informações referenciais também são listadas, e são em sua maioria discordantes.
DOWNLOAD PDF:
Os Irmãos Hughes adaptaram "From Hell" para o cinema, lançando o filme em 2001 com participações de Johnny Depp, Heather Graham e Ian Holm. Como é de costume em relação à adaptação de seus textos, Alan Moore não quis se envolver.
Há muito tempo que o grande Alan Moore merece uma postagem super especial nesse blog. Vou providenciar.
ResponderExcluir