Por Marco Miranda
É incrível como às vezes temos aquela atitude de São Tomé. Só mesmo vendo para crer. E foi assim que me senti na última sexta-feira. Já estava com o ingresso nas mãos, mas ainda assim não tinha tanta certeza que veria o show do Ringo. Depois de tantas decepções por não ter visto o Paul, a incredulidade me assolava. E assim esperei o dia passar.Depois de muito tempo fora de Brasília, voltei a morar na cidade e a trabalhar com o Edu. E naquela sexta-feira, dentro da agência, era visível a ansiedade do meu amigo, por mais que ele tentasse manter o ar sereno. Totalmente compreensível. Ele continuava trabalhando nas campanhas e entregava todos os serviços com a qualidade e rapidez de sempre. Mas eu sabia que todo o seu foco estava na noite. Por volta das 15 horas, ele simplesmente passou por mim e disse que iria ali. E saiu sem dizer mais nada. Pensei com os meus botões. Este não volta mais hoje. Me enganei. Em pouco tempo ele retorna e com um ar sério me chama até sua sala. Ele me entrega um embrulho e quando abro vejo a belíssima camisa exclusiva do Baú para o show do Ringo. Fiquei emocionado e muito feliz. A partir daquele instante passei a ter certeza de que eu iria ao show.O dia de trabalho acabou. E como estamos no horário de verão, o sol ainda brilhava na bela tarde. Caminhei sozinho pela rua e em cada parte do caminho eu ia me deixando envolver pelo clima do show. Ao atravessar a faixa de pedestres me veio a mais óbvia lembrança de quem ama os Beatles. Caminhei com se atravessasse Abbey Road. Mais na frente desviei de três bueiros abertos, pareceu-me um trecho do desenho Yellow Submarine. Daí pra frente, embarquei na onda e comecei a associar cada coisa do caminho com o universo Beatle. O vendedor de tangerina no semáforo me lembrou as árvores de Lucy. Uma discussão no trânsito evocou Give Peace a Chance. E assim segui pela minha sinuosa estrada descobrindo o mundo Beatle que nos cerca todos os dias.À noite, já no local do show, me encontrei com o Edu e o Davi. Camisas e mais camisas à venda exaltavam os rapazes de Liverpool, mas a todos os vendedores eu mostrava orgulhoso que já tinha a minha. Lá dentro aguardamos a hora do show andando de um lado para o outro. Depois fui para o meu lugar. Logo em seguida os músicos entram e sem nenhuma firula começam a tocar os primeiros acordes. O Ringo entra e sua voz inunda o ambiente. A partir daí, já não vi mais o Edu. Quem aparecia agora era um garoto completamente encantado, transformado, se divertindo como nunca. Fiquei um pouco distante observando suas reações, até que ele se perdeu entre a multidão à beira do palco. Só voltei a vê-lo no final do show, radiante, encharcado de suor e já quase sem voz. Seus olhos brilhavam mais que a estrela do show. Ele estava mais garoto que o seu filho. Ao redor todos estavam muito felizes, não podia ser diferente, pois no palco, Ringo e sua banda foram a mais completa expressão de alegria. Foi uma noite e tanto. Finalmente eu vi um Beatlle de perto, e foi muito melhor do que eu imaginava.
Thanks Ringo. Thanks, Edu. Certas coisas na vida a gente só consegue mesmo com a pequena ajuda dos nossos amigos.
Obrigadão, velho!
ResponderExcluirUau! Que legal!
ResponderExcluirMuito bom! Show de bola seu texto Marco Miranda.
ResponderExcluirnao se esqueçam, eu que tirei a foto do marco, estava lá tb
ResponderExcluirMuito bom!
ResponderExcluirAlexandre