segunda-feira, 23 de abril de 2012

PAUL McCARTNEY DEIXA RECIFE EM ESTADO DE GRAÇA

Nunca houve um show tão grandioso no Recife. Nunca houve um artista como Paul McCartney. O ex-Beatle soube como poucos acarinhar o público nas duas apresentações que fez no estádio do Arruda, ontem e na noite do sábado. Generoso ao extremo e exepcionalmente carismático. Os adjetivos ficam pequenos para definir a interação de Paul McCartney com a plateia – 55 mil pessoas no sábado e 35 mil no domingo, de acordo com a produção. Se no primeiro show ele já tinha carregado a bandeira de Pernambuco e tinha chamado a plateia de “povo arretado”, no segundo show, foi ainda mais longe no nordestinês. Falante, filando as falas em português de um papel, exclamou: “Vocês são cabra de (sic) peste!” antes da linda balada And I love her. Da fase inicial do show de ontem, o ponto alto foi quando ele disse: “Esta é a terra de Luiz Gonzaga!”. O estádio foi abaixo com a certeza de que, a partir de agora, era também a terra de Paul McCartney – nem que fosse só um pouquinho.
Já preparado para o calor, pareceu menos incomodado que na noite de sábado, mas ficou igualmente ensopado e, mais uma vez, livrou-se rapidinho do paletó. As mudanças no repertório foram pequenas. Na abertura privilegiou Hello, goodbye, dispensando Magical mistery tour. Got to get you into my life deu vez para Drive my car, o que pareceu alegrar mais o público. Ao apresentar a música, lembrou que usava o mesmo instrumento que tocou ao gravar a música, na década de 1960. Voltou a tocar The night before, lembrando, em bom português, que “esta é só a segunda vez em que eu vou tocar esta música no Brasil”. Paul lembrou ainda que era bom estar de volta ao país, e parecia fascinado com a sonoridade da palavra Pernambuco, repetida várias vezes ao longo das duas apresentações. Tão fascinado quanto o público. A pergunta que fica é: quando será o próximo show de Paul por aqui?
McCartney tocou no Arruda para 90 mil pessoas em dois dias. Um público que, ao contrário do que foi descrito como “apático” por repórter de jornal paulista, ofereceu ao Beatle uma recepção à altura de sua importância cultural. Como explicar as quatro holas antes do show começar? Ou os aplausos puxados pela arquibancada superior enquanto o público premium chacoalhava seus smartphones, obedecendo à famosa ordem dada por John Lennon em 1963, em show na presença da Rainha da Inglaterra?
Um repórter de revista nacional que cobria o evento chegou a dizer que a plateia parecia estar contra Paul no último sábado. Se é para usar a metáfora do estádio lotado em final de campeonato, desde o começo, Paul jogou com a torcida a favor. Falou em português o quanto pôde, recebeu fãs no palco. Conquistou a plateia ao chamar o pernambucano de “povo arretado”, os recifenses de “recifianos” e carregar a bandeira do estado no intervalo para o segundo bis. O calor, sim, atingiu o ex-Beatle em cheio. Até o fim do show, que durou 2h45, Paul deixou a camisa de manga longa encharcada de suor. A voz falhou um pouco (perceptível durante Band on the run), mas nada que comprometesse o resultado. Disposto e profissional como sempre, o músico cumpriu o trocando de instrumentos (baixo, guitarra, violão, piano, órgão e ukelele), dançando e cumprimentando o público como bom gentleman que é.
A imprensa vem especulando que esta pode ser a última grande turnê mundial de Paul. Se for, ele se despede no auge. Tudo foi muito simbólico. Da escolha das músicas à performance da banda (a mais longeva a seu lado), a historia da música pop dos últimos 50 anos foi passada a limpo. E também a história pessoal do artista, que cantou, na noite do sábado, para a esposa Nancy (My valentine, que fez o Arruda levitar), para a ex-mulher Linda (Maybe I’m amazed) e para os companheiros John (Here today), George (Something) e Ringo (um pequeno trecho de Yellow Submarine).
A escolha das músicas foi certeira. Quase sem o iê iê iê do começo de carreira, só o filé dos Beatles e da carreira solo, concentrada nos anos 1970. O essencial estava lá: I`ve got a feeling; Let me roll it; Jet; Get back; Day tripper; Eleanor Rigby; Live and let die (com fogos de artifício que eletrizaram o publico); Yesterday e Blackbird. Não foram poucos os que choraram com o criador destas pérolas, cantando e tocando a poucos metros de distância. Da infância à vida adulta, ouvimos aquelas canções, que se misturaram às nossas vidas.
A sequência final na noite do sábado resumiu o recado de Paul de forma cristalina. Golden Slumbers, Carry that weight e The end, as três últimas músicas do ultimo álbum dos Beatles (Abbey road), foram compostas em 1969, com a consciência de que a banda chegara ao fim. Se este é mesmo um “tchau” de Paul para os latino-americanos, é também uma declaração de amor ao início de tudo. Três guitarras solando, assim como nos idos de 1957, com John e George. Apesar de oficialmente ter encerrado a banda, Paul nunca quis que os Beatles acabassem. Com um show que começa e acaba com Beatles, ele reafirma isso para o mundo. Enquanto houver amor, nada realmente termina. Por Carolina Santos e André Dib, do Diario de Pernambuco.

9 comentários:

  1. E ele vai fazer Setentinha em Junho !
    Daqui alguns seculos vão estudar a Musicalidade , Genialidade e o " Vigor " do Paul nesses anos que estamos vivendo agora !!!

    PAUL MCCARTNEY FOREVER !!!!!

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  2. Torço cá comigo para que nunca seja em Brasília. Haveriam tantos problemas que queimariam o filme mais ainda!

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  3. Maurício Camões - Magic Alexxx23 de abril de 2012 às 22:21

    Acho que sim, Edu! Talvez, Paul até sofresse um atentado. Nossa cidade foi pro saco.

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  4. Os textos não coincidiram com as imagens! M.M.

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  5. Perfeito. Fui ao show de domingo e não vi um público apático, barulhento e desinteressado como disseram. Vi um Paul criança, brincando com o público e fazendo com que o mesmo fosse dele. Vi preconceito dos jornalistas da Folha de São Paulo e da Rolling Stone. Fiz um breve comentário em meu Facebook sobre isso e o show. Paul, se nós somos 'arretados', você é que é o "Cabra de peste"

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  6. Estive no show de recife vi varias pessoas que foram a outros shows de paul todos foram unanimes em dizer que o de recife foi bem melhor e mais emocionante que os outros se quer saber ele nem precisava cantar pra tudo ser perfeito tomara que não seja o ultimo pois foi o primeiro daria 1,800.00 por 3 ingressos com a maior satisfação .

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  7. Caro anônimo: o mesmo trabalho que dá para você assinar "anônimo" é o mesmo trabalho que dá para colocar seu nome. Por isso, anônimos da silva, deixem de ser burros e assinem. Não vou mais avisar porque já enchi o saco: COMENTÁRIOS DE ANÔNIMOS NÃO SERÃO PUBLICADOS, por mais legais e simpáticos que sejam. Obrigado. O Administrador

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  8. Tudo lindo divino e maravilhoso...sai aqui do paraná para ver onosso Sir no Recife, foi lind, inesquecível e posso dizer que adorei a performance do nosso Macca nos dois dias!
    Não tem pra nimguém Paul é Paul! SEMPRE!

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