"Free As A Bird" era essencialmente uma novidade em forma de single para atrair atenção para o projeto Anthology. A novidade era que seria o primeiro single dos Beatles em 25 anos e, ao menos em termos de som, reuniria novamente o grupo mais popular que o mundo já viu.
Houve uma febre de excitação da mídia em torno do lançamento, vitaminada pelo departamento de publicidade da EMI. Como dizia um press release: "O single, cujas cópias estão sob forte segurança fora do Reino Unido, será lançado mundialmente na SEGUNDA-FEIRA, 4 DE DEZEMBRO (de 1995)". Nada podia estar à altura dessas expectativas, mas, nesse caso, "Free As A Bird" era uma música plausivelmente dos Beatles (por volta de 1969), apesar das dificuldades óbvias de ser fruto de um fragmento de uma canção gravada em um toca-fitas cassete. Os eventos que culminaram na gravação começaram em 1 ° de janeiro de 1994, quando Paul telefonou para desejar feliz ano novo a Yoko Ono. Esse gesto reconciliatório gerou mais conversas e depois um encontro, quando Paul participou da inclusão de John no Rock'n'Roll Hall Of Fame. Durante esse tempo juntos, eles discutiram a possibilidade de os Beatles remanescentes trabalharem nas demos caseiras de John. Yoko ofereceu três faixas para avaliação — "Real Love", "Grow Old With Me" e "Free As A Bird". Paul conta: "Gostei imediatamente de 'Free As A Bird'. Gostei da melodia.Tinha acordes fortes, e realmente chamou minha atenção... A parte ótima é que John não a tinha terminado. No bridge ele estava só esboçando os versos que ainda não tinha. Isso significava que tínhamos de inventar algo, e que eu de fato ia trabalhar com John". John provavelmente começou a desenvolvê-la em sua casa em Nova York no final de 1977. Em 4 de outubro do mesmo ano, ele eYoko deram uma coletiva de imprensa no Japão para anunciar que ambos estavam interrompendo suas carreiras para se concentrar na criação de Sean. Diversas canções que ele começou nesse período tratavam de sua vida nova como "dono de casa". Em "I'm Stepping Out", "Watching TheWheels", "Beautiful Boy" e "CleanupTime" ele falou da estranha sensação de liberdade que sentiu ao abandonar a vida de celebridade em função das tarefas domésticas. Como muitas pessoas feridas psicologicamente no começo da vida, John buscava atenção e a rejeitava quando a recebia. Em entrevista à Rolling Stone em 1970, seu primeiro comentário foi: "Se eu pudesse ser outra coisa que não eu mesmo, eu seria. Não é bom ser artista". Seu comentário final, depois de perguntarem como ele se imaginaria aos 64 anos, seguiu a mesma linha. "Espero que sejamos um casal de velhinhos simpáticos vivendo no litoral da Irlanda ou algo assim - olhando o nosso álbum de loucuras." Para John, um lar com uma família estável era a única coisa de que nunca desfrutara. Com Sean e Yoko, ele estava determinado a cuidar do que tinha. "Free As A Bird" foi escrita para expressar sua satisfação em estar livre das exigências da vida de celebridade e da pressão artística de ter de competir com seus eus anteriores. John estava, como ele mesmo canta, "home and dry"! Para a parte do meio da música, John tinha apenas o par de frases "Whatever happened to/The life that we once knew?", versos que recordam a crença manifestada em "Help!", "Strawberry Fields Forever" e "In My Life" de que a infância tinha sido o momento mais idílico de sua vida. Os versos acrescentados por Paul subvertem essa linha de pensamento, transformando-o no desejo por uma relação restaurada - presumivelmente a dele com John. A gravação ocorreu em fevereiro e março de 1994 no estúdio de Paul em Sussex, com crédito de produção compartilhado entre os Beatles e Jeff Lynne, antigo vocalista e guitarrista da Electric Light Orchestra. O cassete original de John foi passado para fita, e o som, remasterizado digitalmente. "Depois tomamos a liberdade de reforçar a música com diferentes mudanças de acorde e arranjos diferentes", conta George Harrison. O projeto foi tratado como se John ainda estivesse vivo, e ele e Paul ainda mexessem nas músicas inacabadas um do outro. "Nós inventamos uma situação de férias", diz Paul. "Eu telefonei para Ringo e disse: vamos fingir que John saiu de férias, mandou uma fita e disse 'terminem para mim'." George Martin, que produziu todos os outros singles dos Beatles, deu uma bênção cautelosa, mas sentiu que faltava dinamismo porque eles não tinham conseguido separar o piano e a voz na fita cassete com sucesso e colocá-los em uma marcação de tempo rígida para facilitar o overdub. "Eles esticaram e comprimiram e reviraram até que virasse uma batida de metrônomo em tempo de valsa comum. O resultado é que, para esconder as partes ruins, eles tiveram de remendar bem para que o produto final fosse um som denso e homogêneo e quase sem interrupção", ele conta. "Free As A Bird" chegou ao número 2 das paradas britânicas e ao número 6 nos EUA.
Fonte: "The Beatles - A história por trás de todas as canções" - Steve Turner
Fonte: "The Beatles - A história por trás de todas as canções" - Steve Turner
Música mavilhosamente linda que é, Free as a Bird não poderia ser lançada sem um vídeo clipe simplesmente maravilhoso e à altura. O vídeo possui uma técnica de direção de fotografia inovadora, pois a câmera segue todo o tempo na primeira pessoa, tomando lugar da ave (Bird) que voa livre por Liverpool e Londres, mostrando toda a trajetória da banda e os lugares por onde os Fab Four passaram ao longo da infância e durante o tempo que estiveram juntos. Referências a Penny Lane, Paperback Writer, A Day in The Life, Eleanor Rigby e Helter Skelter são facilmente vistas, mas existem ao todo quase 100 referências à música dos Beatles ao longo do vídeo, que foi produzido por Vincent Joliet e dirigido por Joe Pytka. Como não poderia ser diferente, o vídeo ganhou o Grammy Award for Best Short Form Music Video em 1997.
Essa piscada de olho de Paul, é simplesmente de matar! Diz tudo!
ResponderExcluirDesculpem os outros grandes mestres, mas a perfeição existe sim! E "Free As a Bird" está aí para ser mostrada e vista por cada um. Para mim, é a perfeição! Juro que todos os dias ainda me impressiono com o "tamanho" dos Beatles, ainda mais, em 2012. A magia é maior que qualquer coisa. Eu, um velho bacana de 50 anos, ainda me surpreendo de novo, e de novo, e de novo, cada vez que aperto "PLAY". Tirando o amor que um filho agradecido tem pelo pai, e mãe, não existe NADA, nesse ou em outros mundos que eu ame mais. Todos os dias. Day after day. BEATLES4EVER! BADFINGERBOOGIE!
ResponderExcluirConcordo com cada virgula e palavra sua Edu !!!!
ResponderExcluirBEATLES FOREVER AND EVER !!!!
Incrível coincidência, hoje (ontem) quis ouvir Free As no youtube do meu tablet. Depois, procurando saber mais sobre o arranjo desta canção, caí aqui, e estou gostando muito, textos muito bem escritos. Vc saberia mais detalhes da gravação? Mais uma coincidência: vi hoje (ontem) o doc sobre Harrison feito por Scorsese, no Conjunto Nacional, começo do Cultura Inglesa Festival. De arrepiar. Abraço, M
ResponderExcluirEdu arrasou no post e no comentário, concordo com tudo! Tempos atrás fiquei procurando no youtube o video com as referencias, quanta coisa legal, alguns videos equivocados mas outros, trabalhos de mestres. Obrigadão Edu!Seu blog é muito importante para os beatlemaniacos brasileiros.Parabéns por compartilhar seu amor, com tantos que os amam tb e os que ainda descobrirão esse amor.
ResponderExcluirMuito bom, eu tenho esse livro "A história por trás de todas as canções" do Steve Turner. Lembro que na época do lançamento do Anthology eu ficava procurando as referências no clip; algo como "onde está o Wally?" Rsrsrsrs
ResponderExcluirEDU fez o comentário por todos nós! Na titela!
ResponderExcluirEdu concordo com você em genero,número e grau...esse clip é tudo me emociona demais SEMPRE!
ResponderExcluirAdoro os Beatles mostram nele que eles sempre serão e são ainda OS CARAS viu!
Maravilhoso...amo demais e me toca até as lágrimas!
Ótimo trabalho você está de parabéns.
ResponderExcluirhttp://bemcasadossp.com/
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