O livro "PAZ, AMOR E SGT.PEPPER" de George Martin, lançado pela editora Relume Dumará em 1995, é bastante abrangente e esclarecedor em todos os aspectos que envolveram a gravação do incomparável clássico dos Beatles. Hoje, este livro é raridade. A edição brasileira foi totalmente organizada, preparada e traduzida pelo grande pesquisador Marcelo Fróes. Eu tenho o meu e compartilho aqui com quem não conhece, os dois prefácios escritos pelo produtor dos Beatles. O que já dá um gostinho da importância dessa obra.
Um ano depois de sua vinda ao Brasil, George Martin lançou na Inglaterra o livro "Summer Of Love" (nos Estados Unidos, "The Making Of Sgt Pepper"). Eu o procurei por fax e perguntei se poderia traduzir o livro para o mercado brasileiro, ao que ele prontamente respondeu que sim. No Natal de 1994 eu recebi pelo correio um exemplar autografado de "Summer Of Love" e comecei a traduzir, já com editora fechada. O trabalho consumiu o verão de 1995 e tudo foi preparado para lançamento no meio do ano. Foi um projeto gostoso de fazer e o prefácio que George fez para a edição brasileira colocou nos eixos da história minha participação em sua visita ao Rio para o Projeto Aquarius em 1993. Quando o livro ficou pronto, eu aproveitei uma ida a Londres para levar-lhe pessoalmente alguns exemplares. Fui encontrar sua lendária secretária Shirley Burns no A.I.R. Studios e juntos rumamos para a Abbey Road, onde ele finalizava a mixagem do material da série "Anthology" - que começaria a ser lançada no final daquele ano. George fez uma entrevista para divulgar o livro e posou para fotos, tocando ao piano sua música "The Game" (gravada por Mary Hopkin em 1968). Marcelo Fróes
PREFÁCIO PARA A EDIÇÃO BRASILEIRA
Nunca paro de imaginar como é possível que aquela música que os Beatles criaram comigo, há mais de 30 anos, ainda desperte tantas emoções em tanta gente. É claro que fico orgulhoso e agradecido por ter participado daquele conto de fadas, e sei que foi uma sorte para mim trabalhar toda a minha vida com tantos artistas brilhantes. Imagino também que muita gente tenha curiosidade sobre os bastidores daqueles discos, e por isso realizei um especial de televisão a respeito de Sgt. Pepper, que deu uma ideia do que fizemos durante aqueles dias nos estúdios da Abbey Road. Este livro é sobre Sgt. Pepper, mas é também sobre a época extraordinária que possibilitou que tanto talento acabasse coroando um tempo maravilhoso. Ouvir recentemente as velhas fitas de quatro canais — com George, Paul e Ringo — foi uma ótima experiência, que me fez voltar aos nossos tempos com muito carinho e nostalgia. Tenho também um grande carinho pelo Brasil, por sua música e por sua gente. A combinação de ritmos latinos com o jazz sempre me atraiu muito e um de meus primeiros trabalhos como produtor iniciante, na EMI dos anos 50, foram os discos de Roberto Inglez para o mercado sul-americano. Então conheci a Bossa Nova e a gloriosa música de Jobim. Não esperava ter a chance de visitar o Brasil, mas meu sonho de infância realizou-se em 1993. Conheci Marcelo Fróes e a seguir fui convidado a fazer um concerto de músicas dos Beatles no Rio de Janeiro, no Projeto Aquarius. Robertinho de Recife, que liderava a banda que me acompanhou, tornara popular minha "Pepperland", uma peça feita para o filme Submarino Amarelo. O Coral e as Meninas Cantoras de Petrópolis cantaram como anjos, enquanto músicos maravilhosos davam um emocionante pulsar às canções. As condições do tempo, contudo, revelaram-se um forte inimigo. Mesmo que chegue aos cem anos de idade, jamais esquecerei daquela noite. O calor da acolhida de vocês foi inacreditável. Senti uma verdadeira onda de carinho e amor, não apenas pelos Beatles e por sua música, mas também por mim e por minha família. Um país maravilhoso, com uma gente admirável. Vocês sempre terão um lugar especial em meu coração. George Martin Londres, 26.4.95
PREFÁCIO
Livros sobre os Beatles devem compor uma pilha tão grande hoje em dia que talvez devesse existir algum tipo de lei contra isso. A maioria foi escrita por gente que chacoalhou, espetou, catalogou e criticou a história dos Fab Four sem na verdade ter sido parte dela. Já vi erros em todas essas narrativas.Meu próprio livro pode não ser muito diferente, porque estou me baseando no menos confiável dos recursos: minha memória. Alguém disse certa vez que qualquer um que alegasse lembrar-se dos anos 60, na verdade não pôde ter estado lá. Eu sei exatamente o que quis dizer. Alguns relatos escritos que conheço tampouco são confiáveis: todos olhamos a vida através de nossos óculos de diferentes cores. Portanto, o que segue é uma visão pessoal, baseada principalmente em minhas lembranças particulares.Há alguns anos estava nos AIR Studios com Paul, comentando como nos tornáramos velhos esquisitos. De repente nos vimos discordando de um detalhe insignificante. Eu disse que George fizera algo; "Não, foi o Ringo", discordou Paul — os dois absolutamente seguros de si. E então caímos na risada. "Meu Deus!", exclamei, "se não pudermos acertar, quem diabos poderá?" Henry Ford tinha razão quando disse que história é tarimba. Mas então, como diz a música, "it really doesn't matter if Fm wrong I'm right..." ("na verdade não importa se estou errado, pois estou certo...").Gostaria de agradecer a muitas pessoas. Se alguém merece o título impossível de "Quinto Beatle", essa pessoa é Neil Aspinall. Sempre longe dos holofotes, Neil servia fielmente os rapazes desde o início, ajudando-os em suas vidas complicadas. Quero agradecer-lhe por me ter ajudado a navegar naquele mar de advogados, entre os dois lados do Atlântico, quando estava produzindo The Making of Sgt. Pepper para a televisão, em 1992.Esse filme foi o ponto inicial para Paz, Amor e Sgt. Pepper. Devo muito a Rupert Perry, da EMI Records, por ter acreditado no potencial de um programa de televisão que mostrasse ao espectador o processo criativo de um disco especial dos Beatles. Agradeço também a meu co-produtor, Nick de Grunwald, por sua paciência e persistência, e por ter encontrado nosso diretor, Alan Benson, cujo olho talentoso moldou The Making of Sgt. Pepper, filme que ganhou prémios em muitos países. Melvyn Bragg nos apoiou sempre que necessário, e nos garantiu espaço na televisão inglesa, em seu excelente programa South Bank Show. O filme não poderia ter sido feito sem o apoio de Etienne de Villiers, presidente da Buena Vista International. Etienne não só deu sua bênção ao projeto, mas também convenceu a Disney Corporation a bancá-lo.Sendo um quase desconhecido no temido mundo da literatura, criei Paz, Amor e Sgt. Pepper aos arrancos. Devo agradecer a Charles Armitage por me ter convencido de que o livro fosse publicado antes de meu registro no obituário. Muito obrigado a William Pearson, que lucidamente ativou minha memória com perguntas devastadoras, e me fez trabalhar duro junto com ele. Também apreciei a ajuda e a orientação de nossa editora, Georgina Morley.Em Abbey Road, meu velho chão, meus amigos Ken Townsend e Alan Rouse deram ajuda irrestrita e muito de seu tempo, pelo que lhes sou bastante grato. Mark Lewisohn foi fantástico, ajudando a manter minha memória ligada. Devo muito também a Ann Denvir e a Tommy Hanley, da Apple, por sua ajuda com as ilustrações, e tanto William como eu gostaríamos de agradecer a Andy Davies e a Richard Free por reunir a memorabilia dos Beatles.Mais pessoalmente, minha boa amiga e assistente de longo sofrimento Shirley Burns deu-me uma força encorajadora. E estaria em maus lençóis sem a ajuda carinhosa de minha esposa Judy, que lembrou e relembrou comigo os altos e baixos, os dias bons e os maus, sempre me fazendo rir quando eu ficava de baixo astral. Finalmente, muito obrigado e todo amor para quatro fascinantes, impossíveis, enormemente talentosos, enfurecedores e adoráveis jovens, que mudaram as vidas de todos nós, uns trinta anos atrás. Esta é a história deles. George Martin, 1994.
E PARA ENCERRAR COM CHAVE DE OURO, A GENTE CONFERE O DOCUMENTÁRIO "THE MAKING OF SGT PEPPER", E MELHOR AINDA,LEGENDADO EM PORTUGUÊS. VALEU!
Esse eu tenho , é essencial para qualquer fã dos Beatles e de musica !!
ResponderExcluirMelhor ainda seria se esse documentário sair em DVD !!!
Valeu Edu , pelo Vídeo ( fazia tempo que eu não o assitia ) !!!
Edu, que fantástico este documentário, não conhecia.
ResponderExcluirGeorge Martin é um mestre mesmo, a clareza com que nos mostra as melodias é sensacional.
Abraços!
Totalmente demais! Eu tenho!
ResponderExcluirUau! Que brinde sensacional do Baú! Esse documentário é ótimo! Thanks!
ResponderExcluirEdu, você conheçe o disco THE BEATLES-YEAH YEAH YEAH TUDO COMEÇOU HÁ 20 ANOS ATRÁS, de 1982, que tem a Lizzie Bravo contando como gravou "Across the universe" com os Beatles de um lado, e do outro lado um medley das músicas dos filmes deles? Pois é, se você tem ou conheçe quem tem, podia postar no seu blog, esse disco é demais e não se encontra em lugar nenhum. No mercado livre tem um cara vendendo por mais de R$ 200,00, aí fica difícil comprar, é sacanagem. Valeu pelo excelente blog.
ResponderExcluirEdu, sou eu outra vez, voltei no mercado livre e vi que o cara que está vendendo o disco "The Beatles Tudo comecou a 20 anos" com a Lizzie Bravo é de Brasilia, de repente você até conheçe, Brasilia é tão pequena, não tem nem ruas aí,né? Brincadeirinha. Valeu.
ResponderExcluirQue documentario sensacional
ResponderExcluirnunca tinha assistido
mas aqui no bau do edu
como sempre
com as melhores coisas sobre os Beatles
valeu
Muito Obrigado, Edú!!!
ResponderExcluirMuito Bom!!!
ResponderExcluirCaro Edu eu vivi uma epopéia de busca em sebos atrás deste livro...mas graças a Deus comprei o meu (por um preço triplicado é verdade) mas comprei!
ResponderExcluirNão me aarependo não!É realmente maravilhoso!
Edu, por favor, estou tentando descobrir a data da 3ª Edição deste livro, você sabe que data é?
ResponderExcluirObrigado
abraço
Neco Camargo