terça-feira, 28 de agosto de 2012

A ESTRANHA MORTE DE BRIAN EPSTEIN

Brian Epstein era homossexual. O que só se tornou público tempos depois de sua morte. A homossexualidade de Brian era conhecida entre os mais próximos inclusive os Beatles. Devido a uma maior proximidade que tinha com John Lennon surgiram rumores que os dois tiveram um breve caso numa viagem que fizeram juntos para a Espanha em abril de 1963. Pouco depois de começar a empresariar os Beatles, Brian começou a tomar anfetaminas. Para ele era o único meio de manter-se acordado até altas horas durante as exaustivas turnês. Mais tarde, se envolveu  no uso de outras drogas como a maconha e o LSD. Pouco antes de sua morte, Brian foi internado na clínica Priory tentando se livrar do uso de anfetaminas e da insônia. Sua última visita aos estúdios de gravação foi em 23 de agosto. No dia seguinte ele partiu para sua casa no campo em Uckfield (Sussex) para férias. Chegando em Uckfield, resolveu voltar a Londres. No dia 27 de agosto de 1967 Brian Epstein foi encontrado morto em seu quarto, aos 32 anos. No laudo, constava "morte acidental" por overdose de Carbitol, um medicamento para insônia. No dia do falecimento os Beatles estavam em Bangor meditando com o guru Maharishi Mahesh Yogi. O corpo de Brain encontra-se sepultado no Cemitério Judaico Kirkdale, Kirkdale, Merseyside na Inglaterra.

No site da revista
VEJA, há uma entrevista com Brian Epstein de fevereiro de 1964, época da 1ª invasão dos Beatles aos Estados Unidos, que a gente confere a seguir.

O MENTOR DA REVOLUÇÃO

Brian Epstein era o gerente da loja de discos North End Music Store (NEMS), em Whitechapel, Liverpool, quando um rapaz entrou e pediu um disco dos Beatles, em outubro de 1961. Ele não conhecia a banda, mas aquele nome ficou guardado em sua cabeça. Duas semanas depois, estava no Cavern, um pub sujo e apertado, para assistir a um show dos Beatles em plena hora do almoço. Brian ficou apaixonado pelo carisma dos rapazes e, então, tornou-se o empresário do grupo. Foi graças a ele que os Beatles começaram a se profissionalizar. Mudaram antigos hábitos, como o de comer e fumar no palco, e passaram a usar ternos – tudo com o dedo e a visão de Brian. Foi ele também o principal articulador da bem sucedida viagem dos Beatles aos Estados Unidos. Dos bastidores dos estúdios da CBS, rede de TV americana onde os Beatles se apresentaram, ele concedeu a seguinte entrevista a VEJA:
VEJA – Quando o senhor conheceu os Beatles?
Epstein – Foi em 1961. Era um sábado qualquer, no fim de outubro. Um garoto veio à minha loja e pediu um disco de um grupo chamado The Beatles. Sempre foi a nossa política considerar todo e qualquer pedido. Escrevi num bloco de anotações: "My Bonnie. The Beatles. Verificar na segunda-feira". Nunca tinha dado bola para nenhum grupo beat de Liverpool, na época tão populares nos clubes. Não faziam parte da minha vida, porque eu estava além da faixa etária do grupo, e também por estar sempre muito ocupado. O nome "Beatles" não significava nada para mim, se bem que eu lembrasse vagamente de tê-lo visto num cartaz de publicidade anunciando uma noite dançante no New Brighton Tower, e tinha achado a grafia esquisita e despropositada.
VEJA – E depois disso, o que aconteceu?
Epstein – Na segunda-feira, antes mesmo de eu ter tempo de checar o pedido, duas garotas entraram na loja e pediram o mesmo disco. Muito se especulou sobre isso até agora, mas este foi o número total de pedidos do disco nessa época em Liverpool: três.
VEJA – Foi o suficiente para o senhor se interessar pela banda?
Epstein – Para mim foi o bastante. Eu achei que era significativo: três pedidos de um disco desconhecido em dois dias. Havia alguma coisa aí. Na época, eu estava interessado no panorama musical de Liverpool. Cheguei até a escrever um artigo sobre isso para o Mersey Beat, um jornal quinzenal de música popular, fundado por Bill Harry, um estudante da escola de arte e amigo dos Beatles. Acho até que eles já tinham ouvido falar de mim.
VEJA – E o que o senhor fez então?
Epstein – Fiz contatos e descobri o que não tinha percebido ainda: que os Beatles eram um grupo de Liverpool, que acabara de retornar do extremo quente, úmido e sujo de Hamburgo, onde haviam tocado em clubes barra-pesada. Aí uma garota que eu conhecia me disse: "Os Beatles? São o máximo. Estão no Cavern esta semana". Então fui lá conferir.
VEJA – E como foi o encontro?
Epstein – Foi estranho no começo. Fui até o camarim improvisado e cumprimentei os rapazes. Eles foram educados, mas pouco receptivos. Acho que já sabiam do meu interesse em empresariá-los, mas não quiseram demonstrar que estavam interessados também. Ficaram na defensiva, mas eu sabia que eles estavam empolgados com a ideia.
VEJA – O senhor então se tornou o empresário dos Beatles, e decidiu mudar a postura da banda. Como foi essa transformação?
Epstein – Acho que os tornei mais profissionais. Os Beatles são muito inteligentes, sagazes, mas não eram requintados. Trouxe isso para eles: elegância, habilidade organizacional e dinheiro. Primeiro, estimulei-os a tirar as jaquetas de couro e, então, proibi que aparecessem de jeans. Depois disso, fiz com que usassem suéteres no palco e, por fim, com muita relutância, ternos. Não tenho certeza, mas acho que o primeiro terno foi usado para uma transmissão ao vivo da BBC. Ah, e proibi que eles fumassem e bebessem no palco também, hábitos pouco condizentes para uma banda que busca o sucesso.
VEJA – Como surgiu o seu interesse pela música beat?
Epstein – Meus pais eram proprietários de uma grande cadeia de lojas de móveis sediada em Liverpool. Portanto, desde criança, fui criado para administrar o negócio deles. Eu estudei na Academia Real de Arte Dramática e sabia que tinha que trabalhar em algo ligado ao meio artístico. Tornei-me gerente da NEMS e acabei transformando a rede de lojas de discos em uma das maiores do norte da Inglaterra. Há uns dois anos, mais ou menos, notei que houve um aumento muito grande na procura pela música beat, típica das bandas de Liverpool. Achei então que empresariar os Beatles seria um projeto interessante.
VEJA – O senhor foi o principal responsável pela ida dos Beatles aos EUA. Por que achava que ela seria tão importante assim?
Epstein – Sabia que os Estados Unidos podiam nos promover ou acabar conosco. Então, tivemos que montar uma grande estratégia para tornar os Beatles conhecidos na América, antes mesmo de eles chegarem. Fizemos uma campanha publicitária forte, nas lojas de discos e nas rádios dos EUA, puxada por um disco que acabou conquistando o gosto dos americanos. No fim das contas, acho que nossa vida vai mudar daqui para frente.
VEJA – O senhor e John Lennon viajaram juntos para Espanha recentemente. Alguns jornais fizeram insinuações sobre algum envolvimento amoroso entre os dois. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Epstein – Nada. Não falo sobre esse assunto.
Brian nasceu em Liverpool, Inglaterra no dia 19 de setembro de 1934 vindo de uma família de origem judia. Seu avô, Isaac Epstein veio da Lituânia para a Inglaterra por volta de 1890. Isaac fundou a "I. Epstein and Sons" e expandiu os negócios da família abrindo uma loja de instrumentos musicais, discos de música entre outras coisas. A nova loja se chamou "NEMS" (North End Music Stores). O pai de Brian, Harry e sua mãe, Malka (conhecida como Quennie) tiveram outro filho, Clive. Durante a segunda guerra mundial, os Epstein mudaram-se para Southport (perto de Liverpool) para fugir da Blitz. Eles voltaram a Liverpool em 1945. Até os 16 anos, Brian estudou em vários internatos até que escreveu uma carta ao pai dizendo que queria ser designer de moda. Como o pai não aceitou, Brian foi trabalhar na loja da família.Em dezembro de 1951, serviu a Royal Army Service Corps (RASC) e foi colocado em serviço na Albany Street Barracks em Londres.Em 1956, aos 21 anos, Brian se tornou gerente da NEMS pouco depois com a ambição de se tornar ator, o pai permite que Brian parta para Londres para os estudos da carreira. Brian estudou na Academia Real de Artes Dramáticas mas logo abandonu retornando a Liverpool. De volta a cidade natal, Brian foi trabalhar na récém inaugurada NEMS, rede de lojas de discos em Great Charlotte Street.
Determinado em tornar a NEMS a melhor loja de venda de discos, Brian contratou o experiente vendedor Peter Brown, que na época trabalhava na seção de música na loja de departamento Lewis's. Em agosto de 1961, Brian começou a escrever regularmente artigos sobre música no Mersey Beat.
O primeiro encontro com os Beatles aconteceu em 1961, segundo Brian, um cliente chamado Raymond Jones foi até a NEMS pedir um compacto com a música "My Bonnie" gravada pelos Beatles e Tony Sheridan quando o grupo estava fazendo algumas apresentações em Hamburgo. Brian como não conhecia a banda e ficou sabendo que eles tocavam regularmente num pub não muito distante de sua loja resolveu vê-los. Foi assim que no dia 6 de novembro de 1961, Brian viu os Beatles tocando no Cavern Club pela primeira vez. Sua chegada ao Cavern Club foi anunciada no alto falante da casa, Brian foi tratado como VIP. Ele diria mais tarde "Fiquei impressionado de manera imediata pela música deles, ritmo e sentido de humor no palco. E inclusive quandos os conheci mais tarde também fiquei impressionado pelo carisma pessonal deles. E foi neste mesmo intante que tudo começou...". No dia 10 de dezembro do mesmo ano, Brian propôs empresariar os Beatles. Essa história do primeiro encontro de Brian com os Beatles é contestada por Bill Harry (editor da revista Mersey Beat). Segundo Bill, Brian teria visto um artigo sobre os Beatles no Mersey Beat vendido na sua loja, a NEMS. A influência de Brian nos Beatles foi grande, ele propôs uma nova maneira de se vestir e se comportar no palco. Antes os Beatles se vestiam de jaquetas de couro e jeans. Com Brian passaram a usar ternos impecáveis. Antes os Beatles bebiam, fumavam, conversavam, xingavam durante o show, também paravam uma música no meio. Com Brian, os Beatles passaram a se comportar de maneira mais profissional. Durante o show, todos esses “hábitos” estavam proibidos.Isso era cláusula do contrato. Paul McCartney foi o primeiro beatle a aceitar esta nova maneira de se comportar da banda. Após o contrato com os Beatles, Brian foi várias vezes a Londres tentar um contrato com alguma gravadora sendo recusado por várias incluindo a Columbia, Pye, Philips e Oriole. Mas a recusa mais famosa foi na Decca. Os Beatles chegaram a gravar um material para um disco na Decca mas a gravadora os dispensou por acharem que conjuntos com guitarras estavam fora de moda! No dia 8 de fevereiro de 1962, Brian levou a audição da Decca até a loja de discos HMV em Oxford Street com intenção de transformar a fita em um disco. Na HMV o técnico Jim Foy acabou gostando do material e sugeriu que Brian procurasse George Martin na Parlophone (uma subsidiária da EMI). Com a fita da Decca, os Beatles conseguiram o contrato com a Parlophone antes mesmo que Martin os tivesse visto pessoalmente. Daí em diante, houve a explosão da Beatlemania e sucesso arrasador dos Beatles. Quando eles decidiram que não excursionariam mais, em 66, aquilo foi o gatilho que disparou em Brian uma depressão que cresceu até não poder mais e finalmente no dia 27 de agosto de 1967, o levou aos 32 anos. Os Beatles estavam em Gales, com o Maharishi Maheshi Yogi e voltaram para Londres assim que souberam. No laudo, constava "morte acidental" por overdose de Carbitol, um medicamento para insônia. Em 1963, grupos descobertos e empresariados por Brian eram responsáveis por cerca de 85 músicas das 100 mais da parada britânica. O Financial Times estimou, em 1967, a fortuna do empresário em torno de 7 milhões de libras. Quando faleceu no segundo semestre daquele ano foi descoberto que sua fortuna havia sido superestimada devido a jogos e gastos generosos.
Sobre a morte de Brian, John Lennon disse: "Estávamos no País de Gales com o Maharishi. Havíamos acabado de assistir à sua primeira palestra quando recebemos a notícia. Fiquei chocado, todos nós ficamos, e fomos falar com o Maharishi. ‘Ele morreu’, dissemos, e ele, como um idiota, dizia em tom paternal, ‘Esqueçam, fiquem felizes, sorriam’, e foi o que fizemos. Senti o que qualquer um sente quando uma pessoa íntima morre: algo dentro de nós dizendo de forma descontrolada, ‘ainda bem que não fui eu’. Não sei se você já passou por isso, mas muitas pessoas próximas a mim morreram e eu pensei ‘Que droga! Não há nada a fazer’. Sabia que estávamos em uma enrascada. Estava assustado, pois não tinha nenhuma ilusão de que pudéssemos fazer qualquer outra coisa a não ser tocar, e pensei ‘Estamos acabados’. Eu gostava de Brian e tivemos uma relação estreita durante anos, por isso não quero que nenhum estranho seja nosso empresário, simplesmente isso. Gosto de trabalhar com amigos. Eu era o mais próximo de Brian, tão próximo quanto se pode ser de alguém que leva um estilo de vida ‘gay’, e você não sabe o que ele faz por fora. De todos os Beatles, eu era o mais próximo de Brian e realmente gostava muito dele. Nós tínhamos plena confiança nele como empresário. Para nós, ele era o especialista. Bem, no começo ele tinha uma loja e achávamos que qualquer um que tivesse uma loja sabia o que fazer. Ele costumava encantar e seduzir a todos, mas, às vezes explodia, tinha acessos de raiva e tinha crises de poder e, então, sabíamos que iria desaparecer por alguns dias. De tempos em tempos, entrava em crise e todo o negócio parava, pois ficava prostrado na cama, tomando soníferos por dias a fio. Às vezes desaparecia, porque fora espancado por algum estivador em Old Kent Road. No início, não sabíamos o que realmente acontecia, mas, mais tarde, descobrimos a verdade. Nunca teríamos conseguido chegar ao topo sem sua ajuda e vice-versa. No começo de nossa carreira tanto Brian quanto nós contribuímos, nós tínhamos o talento e ele fazia as coisas acontecerem. Mas ele não tinha força suficiente para nos controlar. Nunca conseguiu que fizéssemos algo que não queríamos”.

7 comentários:

  1. Pobre Brian. Ninguém amava mais os Beatles do que ele. A inteligência de John Lennon chega a assustar.

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  2. imagina que vida Brian teve, do lado o dinheiro e do outro sofrendo pancadas por ser gay nos anos 60.E o repórter perguntando sobre a viagem dele com John?! O que ele queria que Brian respondesse? Que ele e John tiveram um caso?? Que retardado!

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  3. De fato. Creio até que ele não fazia idéia de quanto o grupo o estimava e "dependia" dele.Ele era o elemento catalizador. Some-se a isso suas crises depressivas de infelicidade por ser gay numa época em que dava cadeia (mesmo na Inglaterra). Tremendo post Edu!Nunca tinha lido essa entrevista do Brian.

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  4. Bacana a matéria sobre o Epstein!
    Só que, infelizmente, esta entrevista da Veja é fictícia. A revista foi criada em 1968, 4 anos depois da "invasão dos Beatles" nos EUA. Não tinha como ser verdadeira.
    O site "Veja na História" traz várias matérias e artigos montados com o intuito de parecer que a revista esteve mesmo presente em momentos importantes da história.
    Vide link: http://veja.abril.com.br/historia/sobre-o-site.html
    Mas valeu a intenção!

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  5. É verdade! Deveria ter citado. Passou batido. Valeu, José Carlos. Abração!

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  6. Ainda bem que nenhum repórter retardo ousou fazer essa pergunta então, graças a Deus!

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  7. Agradecendo a João Carlos pelo esclarecimento a respeito da matéria fictícia. Eu tinha ficado intrigada.

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