Absolutamente sensacional a coluna “SÁBADO SOM” de ontem, do nosso querido amigo João Carlos. Seu texto sobre a banda de um dos maiores artistas do Brasil me emocionou muito e continua me emocianando até agora. Senhoras e Senhores: O Baú do Edu tem a honra de apresentar agora: RENATO BARROS & SEUS FABULOSOS BLUE CAPS!
Entre 1966 e 1970 ninguém rivalizava com RENATO em se tratando de festinhas e “assustados”. Naquela época, sempre aos sábados, “rolava” uma brincadeira na casa de alguém e sem outros motivos que não fossem dançar e paquerar. Podia ser numa garagem ou num terraço. Certas ocasiões, a turma decidia aos 45 do segundo tempo e sempre funcionava. As meninas ornamentavam o local, alguém cedia a radiola, outro, os discos, outros, as bebidas. E nestas festas, a preferência eram os discos da banda RENATO E SEUS BLUE CAPS. Mesmo Roberto Carlos e Os Incríveis (também bastante apreciados) ficavam um pouco abaixo, assim como o órgão de Lafayette e Seu Conjunto e outros menos votados. Dos internacionais, Beatles e os Stones também eram bem executados. O caso é que diferente da concorrência, os álbuns de Renato eram (ou pareciam ser) produzidos para “se dançar”.
Já escolados, desde 1962 gravando e excursionando, o grupo costumava encher seu repertório com canções agradáveis para se “bailar” coladinho ou solto e isto poupava o DJ (improvisado) de ficar trocando de disco ou pulando faixas a cada música. O curioso é que, apesar de algumas versões infelizes, o som do conjunto vinha melhorando bastante, mais “redondo” e bem registrado. Algumas versões “pegaram” e eram boas (mesmo não se conhecendo os originais) e com toda ingenuidade das músicas da época, as preferidas eram as poucas escritas pelo Renato mesmo (ou material inédito de algum colega). A PRIMEIRA LÁGRIMA, ANA, OBRIGADO PELA ATENÇÃO (Raul Seixas), A IRMÃ DO MEU MELHOR AMIGO, NO DIA EM QUE JESUS VOLTAR, NÃO VÁ EMBORA SEM ME DIZER... e vai por ai. Eles faziam o que os ingleses chamam de “rock mid-tempo” (cadenciado, nem lento nem rápido demais). Outro fato que sempre me chamou a atenção era que a banda, aparecia sim, no Programa Jovem Guarda mas nunca com a mesma assiduidade nem dependência, tal outros artistas. Talvez por isso mesmo tenha sobrevivido ao programa, com sucesso, até mais ou menos 1970.
OS BACANINHAS DO ROCK DA PIEDADE, certamente era um nome muito capenga, mesmo naquele período, quando os irmãos Renato, Edson e Paulo César Barros formaram o grupo. Além dos três, tinha o saxofonista e vocalista CID (presente no conjunto até os dias atuais) e mais um baterista e um organista (nesses 2 instrumentos houve mudanças entre 62 e 70). Antes mesmo de tocarem nas rádios (ao vivo) e gravarem o primeiro compacto, o radialista Jair de Taumaturgo, inspirado no grupo GENE VICENT AND HIS BLUE CAPS, sugeriu o nome RENATO E SEUS BLUE CAPS, e o conjunto virou “habituê” do programa de TV “OS BROTOS COMANDAM” do Carlos Imperial. O sucesso começou devagar, tanto que o irmão Edson (Edinho) desistiu e resolveu fazer carreira solo adotando o nome artístico de ED WILSON. Então em seu lugar, entrou o ERASMO CARLOS, que durou um tempo maior. Vale registrar que o conjunto gravou a versão original de GATINHA MANHOSA (Erasmo), que só mais tarde viraria sucesso com o próprio autor nas gloriosas tardes da Jovem Guarda. Exatamente neste ponto, a banda se redescobriu quando desistiu de procurar vocalistas e os irmãos Paulo César (baixo) e Renato (guitarra) passaram à dividir os vocais com o apoio do Cid, além da 2ª guitarra do Paulinho. Viraram mania. Venderam milhares de discos e, como citei, eram quase onipresentes nas festas, rádios e TVs. Renato Barros revelou-se um ótimo compositor no estilo, e suas criações superavam em muito as “versões” que escrevia, tanto que muita gente recorria ao seu talento, como a dupla LENO E LILIAN com DEVOLVA-ME (rasgue as minhas cartas e...), ROBERTO CARLOS com VOCÊ NÃO SABE O QUE VAI PERDER (já não encontro mais palavras prá lhe convencer...) e tantos outros artistas.
Quando eu me referi ao período 66/70, estava falando dos anos dourados da banda. Do sucesso estrondoso entre todas as camadas sociais, do mais modesto clube suburbano às mais “chics” casas noturnas do Brasil. Até que surgiu o “K7 PLAYER” e a turma começou a montar “fitas” sem interrupções entre as faixas, misturando as músicas e artistas. A banda chegou à parar de verdade. Anos mais tarde se reagrupou e até os dias atuais se apresenta pelo país, com casas lotadas por saudosistas e novos fãs. Renato Barros continua querido e respeitado pelos seus pares, tendo sido nominado recentemente entre os melhores guitarristas brasileiros. Tenho muitas saudades daquele tempo. Das jovens tardes de domingo do Roberto e principalmente das adolescentes noites de sábado com RENATO E SEUS BLUE CAPS !
Confira aqui, outra postagens relacionadas com Renato & Seus Blue Caps:
http://obaudoedu.blogspot.com.br/2010/01/renato-seus-blue-caps-menina-linda.html
Não sei nem o que dizer, mas vou tentar!
ResponderExcluirArrasou. Ficou muito legal demais e não desceu o pau em “Menina Linda”, minha preferida depois de “A Primeira Lágrima”.
Prezado amigo João Carlos:
Se ainda existe alguma coisa que seja capaz de me emocionar, até hoje e às vezes ainda me fazer derramar uma lágrima de saudade depois de passar por tantos dissabores, chama-se “Renato & Seus Blue Caps”. Até por causa do Papai e do meu irmão mais velho (2 anos). Há uns 20 anos, ou um pouco mais, odiava até qualquer possibilidade de um dia sequer chegar a gostar de alguma daquelas versões brasileiras das músicas dos Beatles. Meu irmão sempre adorou e preferiu colecionar essas versões ao invés das originais. Talvez essa (inconscientemente), fosse a razão de minha revolta. Então?
Então que só fui realmente conhecer o conjunto em 1993, quando me encontrei com todos eles depois de um show no Clube da Caixa. Naquela noite, eu usava uma belíssima camisa com uma enorme logomarca “The Beatles” e num dos últimos intervalos, ele, Renato, olhou para mim com minha camisa-beatle e para minha vergonha (não passo de um velho caipira) e no microfone, perguntou se eu estava lá para encontrar os Beatles ou os Blue Caps. Já quase completamente rouco, consegui responder gritando “Por Causa de VOCÊ! Quando o show acabou fui recebido no camarim por todos eles para um bate-papo que era para durar cinco minutos e acabou só depois de mais de meia hora, quando já tínhamos embocado uns três Chivas ‘caubói’, fumado trocentos cigarros e ele, Renato Barros, não tinha fogo e quem acendia os cigarros dele era eu. Esse foi meu primeiro contato imediato de 3º grau com ele e a banda incrível que leva seu nome. Depois, vieram tantos outros... Uma honra sem igual, mas parecida com essa aqui em poder dizer tudo isso aqui no SÁBADO SOM. De um velho amigo conhecido, de um velho blog também conhecido que adora um velho “conjunto” muito pouco conhecido, mas com a vida mais duradoura da história do rock. Mais do que os Rolling Stones. Obrigado, João Carlos (vou parar de lhe chamar de JC porque já estão imitando) . Aquele abração! “Pra Sempre”.
Edu Badfinger
O Edu não faz ideia do quanto me envaidece (no melhor sentido)e me emociona ver algo que escrevi publicado em espaço tão nobre.É sempre uma honra.Ainda mais com um comentário tão sincero do próprio Edu!
ResponderExcluirMais uma vez ótimo texto JC !!!
ResponderExcluirAdorei !!!!
Leitura obrigatória !!
Parabéns pelo que escreve..Renato e seus Blue caps são os Beatles Brasileiros.marcos Alexandre ou simplesmente Tyrler Russell(face)
ResponderExcluirAmigo poderia dizer o numero de vendas de discos da banda?
ResponderExcluirO grupo começou em 1959 e não parou um dia sequer e continua na atividade até hoje...
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