sexta-feira, 12 de abril de 2013

OLD SOCK – O NOVO ÁLBUM DE ERIC CLAPTON

Eric Clapton celebra meio século de carreira em disco recheado de covers e participações de dezenas de músicos e amigos, como Paul McCartney, Chakha Khan e Taj Mahal.
O guitarrista britânico já não precisa provar mais nada para ninguém há tempos. É por isso que, agora, de saída para uma extensa turnê em comemoração aos 50 anos de trajetória musical, ele investe num trabalho de estúdio completamente pessoal, elaborado em cima das raízes sonoras que escuta desde a infância e que influenciaram as guitarras que tocou com os Yardbirds, o Cream e sozinho. Com dez covers e apenas duas faixas inéditas (“Gotta Get Over” e “Every Little Thing”), ele visita paragens reggaeiras, caipiras, blueseiras e jazzísticas num disco intitulado “Old Sock”. O clima de nostalgia é reforçado pelo time de convidados. E eles aparecem às dezenas, dando ao disco a aparência de uma fes-tança de aniversário. Clapton completou 68 anos em 30 de março e quis comemorar tocando e cantando com pessoas que adora ter por perto - em sua maioria, mestres do blues. Exceção, Chakha Khan, voz imortal de “Through The Fire” e outros tantos hits dos anos 1980, empresta sua intensidade a “Gotta Get Over”. O dueto com Paul McCartney em “All Of Me” é um dos momentos mais satisfatórios. O ex-Beatle também toca baixo na canção escrita em 1931 e regravada ao longo dos anos por uma porção de crooners e divas do jazz. Sem fazer muito esforço e com apoio de uma equipe de backing vocais sutis, Clapton visita com delicadeza a tristonha “Bom To Lose” - "fui triste por toda a minha vida / nascido para perder / e agora estou perdendo você", diz o fim da primeira estrofe. A gema folk foi escrita por Ted Daffan nos anos 1940 e cantada por mais de uma centena de artistas (de Ray Charles a Ringo Starr) na década de 1960 e em diante. “Goodnight, Irene”, ainda mais antiga, datada do começo do século passado, tam¬bém merece atenção. O elo fraco do disco comporta os reggaes “Further On Down The Road”, ao lado de Taj Mahal, e a releitura de “Your One And Only Man”, original de Otis Redding. A força de “Old Sock” vem da apropriação respeitosa das can¬ções que o guitarrista tanto ama. Por isso, a produção dispensa penduricalhos e prefere reproduções simples: orquestrações de cordas suaves e colaborações que não querem se fazer notadas, como o órgão de Steve Winwood na introdução de “Still Got The Blues”, um dos poucos trabalhos con-temporâneos do álbum, composto por Gary Moore. “Our Love Is Here To Stay”, pinçada do perene cancioneiro dos irmãos George e Ira Gershwin, encerra o disco com tranquilidade despretensiosa. Clapton, veterano, não tem intenção de gravar a próxima obra-prima do rock ou do blues. Ele só quer se divertir como um garoto tirando de ouvido músicas que acabou de escutar, ansioso para engoli-las. Por Felipe Moraes.

8 comentários:

  1. Gostei do Texto !!
    Na minha opinião é um bom disco , mas não tão bom quanto ao anterior " Clapton " !!
    Fiz uma resenha dele para o " Galeria Musical " : http://twitpic.com/civca0
    A Participação do Paul em " Allof Me " esta bem contida , quase não dá para perceber !!
    Hoje li que o Clapton também toca no novo do Paul , esperar agora para ouvir !!!

    ResponderExcluir
  2. Aliás, vou dizer uma coisa que talvez alguém se incomode: para mim, o pior disco dos últimos tempos chama-se "Kisses On The Botton", tirando "My Valentine".

    ResponderExcluir
  3. Pedro Renault de Barros Correia13 de abril de 2013 às 04:16

    Caro Edu, permita-me discordar de você. Tal qual o "Sentimental Journey" do Ringo, que foi assunto do Baú recentemente, o último disco do Paul se propõe a retrabalhar standarts da música americana, e o faz com auxílio luxuoso de um timaço do jazz, além do Eric Clapton e do Stevie Wonder. Acho que tem o mérito de fugir das músicas mais óbvias e dos arranjos mais rebuscados, fugindo do estilo adotado recentemente do Rod Stewart. Mas também acho que fica um tanto aquem da discografia e da genialidade do Paul.
    Saudações
    Pedro

    ResponderExcluir
  4. KISSES... não é a maravilha que eu esperava mas também não é ruim.A intenção é legal mas eu não senti empatia com o repertório.Esse de Clapton é "mezzo" como bem resenhou o autor do texto. À guisa ALL OF ME teve uma versão de sucesso com os Golden Boys na Jovem Guarda (ái de mim/querida/ái de mim etc")

    ResponderExcluir
  5. Torci o nariz quando soube que o Paul iria lançar um album com standarts de Jazz, claro , minha preferência era para um de Rock and Roll com muita guitarra , baterias avassaladoras e etc.. , mas o " Kisses.." me surpreendeu , ele é um projeto até que bacana do Paul e como o pessoal bem disse é como o " Sentimental Journey " do Ringo , não é 10 , mas é 100% !!!

    ResponderExcluir
  6. Nada como um dia apos o outro para mudarmos d opiniao.....no meu caso,nunca curti o kisses, nem na empolgacao d lancamento.
    Esse novo do clapton segue a mesma linha d covers,e ja sei q nao vou curtir.
    Eles estao na fase do f...... e pronto,fazem o q querem mesmo.
    Clapton vinha lancando discos fantasticos ineditos!

    ResponderExcluir
  7. Alguem ja assistiu um programa d ron wood com mccartney ?
    Excelente! Se nao me engano e "ron wood radio show"

    ResponderExcluir

COMENTÁRIOS DE ANÔNIMOS - DESCONHECIDOS NÃO SERÃO MAIS PUBLICADOS!