O terceiro LP original dos Beatles foi também o terceiro no Brasil - sendo o primeiro a repetir exatamente o repertório do álbum britânico (também em mono), inclusive na ordem das canções, o que só aconteceria de novo em 1966, com 'Rubber Soul'. O título reproduzia o nome brasileiro - Os Reis do Ié Ié Ié - do primeiro filme da banda, 'A Hard Day's Night', fazendo lembrar também, o movimento musical que crescia no Brasil, a Jovem Guarda, em que o tipo de rock executado tinha como principal referência a música dos Beatles, chamada aqui de "ié, ié, ié"; já a música da jovem guarda por similaridade, ganhava o nome de 'iê, iê, iê". Na capa, o azul do original foi substituido pelo vermelho, mantido nas edições posteriores, mesmo quando a discografia brasileira foi modificada de modo a seguir a original britânica, até o final da década de 80.
Alun Owen iniciou o trabalho desta original peça para o cinema, não faz muito tempo. O produtor Walter Shenson e o diretor Richard Lester observaram seus mais novos astros da tela atuarem durante o Natal e Ano Novo, no palco do Astoria do Finsbury Park de Londres. John e Paul iniciaram uma coleção de novas composições para a trilha sonora, ao mesmo tempo que "The Beatles" se apresentavam no Olympic de Paris. Uma manhã, algum tempo depois, num trem especialmente fretado, iniciou-se a carreira cinematográfica de "The Beatles". Carretel sobre carretel de precioso filme já enchiam as latas, antes mesmo que fosse selecionado um título para este filme da United Artist. Foi quando Ringo, casualmente, surgiu com o nome ao fim de uma agitada sessão no set de filmagem: "É a noite de um dia duro!" — declarou ele, agachando-se sobre o braço de sua cadeira de lona, atrás das fileiras de câmeras e técnicos. É uma estória que se desenrola dentro das 48 horas consecutivas das atividades de quatro rapazes do grupo dos "beat". São eles: John, Paul, George e Ringo. A canção "A Hard Day's Night" ouve-se logo no princípio do filme, cantada e tocada pelos rapazes, à medida que vão passando as legendas de abertura. Este número apresenta a voz de John dublada, produzindo um efeito de dueto. Seu tema de grande vivacidade e impulsão, brota de forma orquestral de vez em quando. "I Should Have Known Better" se ouve durante uma sequência do trem, quando os quatro rapazes estão jogando cartas no vagão do condutor. John e Paul coparticipam da vocalização em "If I Feel", a primeira de quatro músicas apresentadas em sequência de teatro e estúdio, e que mostram o grupo ensaiando para finalizarem com uma apresentação espetacular numa televisão. "I'm Happy Just to Dance With You", dá uma oportunidade a George de conduzir a parte vocal. Com "I Love Her", Paul evidencia o solo; juntamente com John fazem "Tell Me Why". O último destes magníficos números da trilha sonora é "Can't Buy Me Love"; um sucesso mundial com "The Beatles". Já "A Hard Day's Night" faz o fundo musical para diferentes cenas — quando, por exemplo, os rapazes aparecem perseguidos através de um campo, após uma fuga rápida do estúdio de televisão; e a incrível e furiosa corrida entre os "Beatles", seus fans e a polícia, pelas ruas e alamedas abaixo. Criando e aperfeiçoando inteiramente novas composições para a trilha sonora do filme a que temos nos referido, Paul e John apresentam um dos maiores desafios de sua carreira de compositores de músicas populares. No passado compunham sem qualquer pressa. Há pouco tempo, com programa de trabalho dentro de um horário que lhes parecia cada vez mais curto, e uma coleção de novos números para serem selecionados durante uma série de apresentação em Paris, e ainda com uma lendária visita à América. Para ajudar nos ensaios eles mandaram colocar um piano no seu apartamento do hotel George V de Paris. Em breve a tarefa fora completada e "The Beatles" eram possuidores de nada menos de doze novas composições prontas para o último ensaio. A cada novo estágio de concepção e produção, cuidavam para que o filme não viesse a ser apenas uma, ou mais uma parada de representações de "The Beatles". Afinal de contas, haviam concordado entre eles que o filme deveria retratar as diferentes facetas da personalidade de cada um deles, o mais que possível. Com efeito, o conteúdo cômico foi e é de suma importância; e John, Paul, George e Ringo aproveitaram todas as oportunidades para mostrarem seu senso de humor. Ficou evidente que não mais de seis novas gravações seriam inseridas no filme, pois um maior número deixaria pouco tempo para a ação do enredo. Por outro lado, não parecia muito justo deixar de lado as músicas restantes, quando cada uma delas possuía suas grandes qualidades. Eventualmente, tomaram a decisão de incluir essas peças no lado dois deste disco. Embora a voz de George Harrison esteja bem evidenciada neste LP, a parte vocal no lado dois está equilibrada entre John e Paul, os compositores das canções. Paul canta em "Things We Said Today", e o escutamos em dueto com John em "I'll Cry Instead". Durante a parte principal, a voz de John é a que predomina em "Any Time At All", "When I Get Home", "You Can't Do That" e "I'll Be Back", ainda que George e Paul envidem seus esforços em todas elas. Ao ouvir o lado 2 deste disco, você concordará que seria uma pena se se tivesse deixado de lado tão excelentes músicas, simplesmente pelo fato de não terem entrado no filme. Agora, com este LP você terá uma série de grandes sucessos de "The Beatles", ampla e atual. Ao mesmo tempo, é sempre bom lembrar que este é o primeiro LP com músicas compostas e interpretadas por "The Beatles". Tony Barrow
Tony Barrow está agora com 76 anos Ele foi o responsável pela criação da expressão "The Fab Four".
No início da década de 1960, Barrow trabalhava em Londres para a gravadora Decca, onde escrevia as notas que apareceriam nas contracapas dos discos da gravadora. Também tinha uma coluna no "Liverpool Echo". Em 1962 foi contratado pela NEMS Enterprises como como chefe da Divisão de Imprensa e Relações Públicas, e começou a promover as carreiras de não só dos Fab Four, mas também outros artistas de Epstein de Cilla Black, Gerry & The Pacemakers, Billy J Kramer With The Dakotas, The Fourmost, entre outros. Com os Beatles, Barrow percorreu o mundo e vivenciou de perto o início da Beatlemania. Também foi o responsável pelo encontro dos Beatles com Elvis. O trabalho de Tony Barrow durou até a morte de Brian, em 1967 e o surgimento da Apple.
Depois que deixou a NEMS Enterprises, montou sua própria e independente consultoria de relações públicas, Tony Barrow internacional, com sede em Mayfair, Londres representado muitos dos principais artistas da Grã-Bretanha e estrelas de gravação na década de 1970 como os Kinks, Bay City Rollers e Bob Monkhouse. Também era responsável pela assessoria de imprensa dos americanos David Cassidy, Gladys Knight, David Soul, The Monkees, Tony Bennett, The Jackson Five, Andy Williams e Neil Sedaka em suas turnês européias. Em 1980, deixou esse tipo de trabalho, e passou a dedicar-se à literatura. Em 2007, havia se tornado o escritor último sobrevivente profissional do círculo original dos Beatles. Inevitavelmente, vários dos seus livros são diretamente ligados aos anos memoráveis que viveu ao lado dos Fab Four. Em 2011, lançou o livro "John, Paul, George, Ringo and Me" de 275 páginas, sem previsão de lançamento por aqui.
Eita... um texto tão bom, d tantas lembranças boas...termina com uma notícia ruim: Não chegou por aqui ainda o livro.Chegará?
ResponderExcluirTony barrow foi um foi um cara feliz, suponho,pois vivenciou toda aquela época doida mas legal,
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