“Son Of Dracula - filho de Drácula é um raríssimo e bizarro filme realizado pela Apple Films que Ringo fez com o cantor Harry Nilsson em 1973 e que emplacou os temas “Without You” – a belíssima e emocionante balada gravada originalmente pela superbanda Badfinger, e composta por Pete Ham e Tom Evans) - e “Daybreak” nas rádios do mundo inteiro. Ambas na voz de Harry Nilsson.
Por volta de 1974, a Swingin’ London bafejava o vapor decadente dos tempos em que floresceram o psicodelismo e a força de uma cena musical prolífica, de múltiplas possibilidades criativas. O ex-Beatle Ringo Starr partilhava com o parceiro George Harrison a predileção pela sétima arte, cada qual a seu modo não se negando a financiar extravagâncias como este insólito Son of Dracula sob a chancela da Apple Corps.
Ousados, Starr e o diretor Freddie Francis conceberam uma miscelânea de chavões pertencentes ao cinema de terror emoldurados por uma trilha sonora rocker de contornos Glitter, como bem ilustram as atrações convidadas que vão do protagonista Harry Nilsson aos mitológicos “drummers” Keith Moon (The Who) e John Bonham (Led Zeppelin). Tudo isso para contar a tortuosa história do filho de Drácula que logo na primeira sequência deixa o mundo dos mortos com uma estaca cravada no peito. De índole pacífica, ignorando o incidente, o Conde Downe (Nilsson) acorda 100 anos mais tarde, pronto para uma coroação que lhe outorgará o título de Senhor do Mundo dos Mortos numa convenção secreta. Ressurgem na história o Mago Merlin (Ringo), o Dr. Van Helsing e mais uma troupe de monstrengos bizarros, conduzindo a trama para um desfecho improvável.
Em que pese o arsenal de elementos alegóricos enxertados a pretexto da execução de números musicais à esmo, Son of Dracula tem seus momentos divertidos, como se a intenção de Francis fosse a valorização da sátira pela sátira, o desprezo à linha dogmática dos clássicos da Cultura Erudita. Nesse contexto, o personagem da “femme fatale” Amber – uma beldade inspirada nos traços da Sharon Tate de A Dança dos Vampiros – se encarrega de humanizar o Conde aprisionado, vítima do dilema de uma existência amaldiçoada.
A banda principal da fita, formada por superstars como Leon Russell, Peter Frampton e até o obrigatório saxofonista dos Stones, Bob Keyes, é uma atração à parte, enriquecendo o score e providenciando o toque de deboche natural da época, embora os recursos cênicos em si, sejam o que de mais primário se possa conceber em termos de Cinema Underground. Como fio condutor da trama, o vampiro de Nilsson parece à vontade quando surgem os inevitáveis confrontos com o Barão Frankenstein, mérito de uma direção de atores (?) segura, onde nem a canastrice de Ringo Starr consegue estragar a festa. Antes mesmo do lançamento oficial, Son of Dracula foi execrado pela crítica, transformando-se, com o tempo, numa raríssima “peça de museu”. Em óbvia citação ao que a Inglaterra atravessava à época da produção, pode-se ouvir Charriot Choogle, do T-Rex, na sequência em que o Conde Downe crava os dentes numa virgem. Son Of Dracula, estreiou na Inglaterra em 19 de abril de 1974. Para aqueles que se interessarem, aí embaixo tem o filme todinho - sem legendas em português. Abração!
Muito legal a música do T. REX, embora lembre a levada WHOLE LOTTA LOVE. E Nilsson é sempre ótimo!
ResponderExcluirPeter Frampton, ele e o guitarrista da banda no Filme, e que arrebeta...
ResponderExcluirMuito melhor que Ringo Star e Muito Mais Gato tb...😂