No começo dos anos 1960, John Lennon ficou conhecido no mundo todo graças ao sucesso dos Beatles. Os cabelos moptop e os terninhos dos garotos de Liverpool conquistaram os corações de jovens apaixonadas, que cantavam refrões como “I wanna hold your hand” aos berros nos shows e os perseguiam pelas ruas. Aos 20 anos, essa realidade era suficiente. Porém, com o passar dos anos, Lennon amadureceu – e suas letras também. Se antes suas músicas falavam de amor e repetiam motes incansavelmente (“me ame/ você sabe que eu te amo/eu sempre serei verdadeiro/ então, por favor, me ame”), em meados daquela década Lennon passou a falar sobre questões existenciais, sociedade e conflitos (“pensamentos se movem como um vento incansável/ dentro de uma caixa de correio/ elas tropeçam cegamente enquanto fazem seu caminho/ através universo”). A revolução interna de Lennon, influenciada pela chegada de Yoko Ono em sua vida, parecia destoar da linha que os Beatles seguiam. As brigas eram constantes e, após a morte do empresário Brian Epstein, a banda começou a ruir. Em 1970, Paul McCartney anunciou o fim de uma era. Essa história já é conhecida do público. Mesmo quem não é Beatlemaníaco conhece a trajetória meteórica daqueles quatro jovens. A fase pós-Beatles de Lennon, porém, permaneceu fora dos holofotes e ainda tem novidades a serem exploradas, como mostra o jornalista americano James A. Mitchell no livro John Lennon em Nova York - Os anos de revolução (Ed. Valentina, 248 páginas, R$ 39,90) que chega às livrarias ainda neste mês. O livro conta a estada de Lennon em Nova York, focando nos aspectos políticos e sociais abordados pelo cantor no período – Mitchell só não toca profundamente na questão da morte de Lennon. As histórias, recheadas de curiosidades, são exploradas por meio de depoimentos de pessoas que conviveram com Lennon na cidade americana. Mitchell recorreu a entrevistas com os membros da banda norte-americana de Lennon, a Elephant’s Memory (que acompanhou ele e Yoko por um ano); com a escritora e líder feminista Gloria Steinem; com o cofundador da Bancada Negra do Congresso, Ron Dellums; com o veterano dos “Sete de Chicago” Rennie Davis; com o advogado especializado em assuntos de imigração Leon Wildes; e com o poeta e ativista John Sinclair – que Lennon libertou de uma sentença de dez anos de prisão por porte de maconha. A trama começa depois da separação da banda, quando Lennon e Yoko mudaram-se para Nova York. Lá, o ativismo político – de esquerda - do cantor e compositor ganhou ainda mais força. Ele pediu pelo fim da Guerra do Vietnã e participou de manifestações e de shows que questionavam o governo. Não demorou muito para ele aparecer no radar do então presidente Richard Nixon e seus assessores como uma clara ameaça à sua reeleição. “Fiquei fascinado ao saber quão profunda era a corrupção no governo de Nixon. E eu descobri isso por meio das histórias de embate com Lennon”, afirma Mitchell em entrevista por telefone a ÉPOCA. “Sou muito grato pela imprensa livre no meu país. Nós temos o direito de expor até mesmo o presidente. Lennon não foi o líder desse movimento na época, mas foi uma parte importante do processo e refletiu o desejo de uma geração.” O conflito entre Nixon e Lennon (acima, uma foto de Lennon e Yoko em John, de cabelo raspado, e Yoko em audiências sobre o caso Watergate em junho de 1973. Os Lennon foram convidados pelo senador democratra Sam Erwin) impediu por muito tempo o compositor de conseguir seu visto permanente. Em uma das passagens mais divertidas do livro, Mitchell conta que o governo tentou deportá-lo por porte de maconha. Pôsteres foram distribuídos para delegacias locais na esperança de que alguém pudesse flagrar Lennon e fortalecer o caso para expulsá-lo do país. Segundo Mitchell, o documento continha todos os detalhes pessoais do cantor, mas a imagem era de David Peel, um músico nova-iorquino, conhecido pelo álbum The Pope smokes dope (O Papa fuma maconha). Outra curiosidade presente na obra é a busca de Lennon pela filha de Yoko, Kyoko Cox. Ela vivia com seu pai Tony Cox e a luta de Yoko pela guarda da filha agravou a necessidade do casal em fazer dos Estados Unidos seu lar. Para os fãs, o lançamento de qualquer livro sobre Lennon seria um deleite. Mas o que destaca John Lennon em Nova York nas prateleiras é a exploração detalhista de um lado pouco conhecido de um dos homens mais famosos da história. “Eu tentei contar uma história com um olhar inovador, falando sobre a posição política dos Estados Unidos naquela época e aproveitando para abordar temas importantes com que Lennon se envolveu em solo americano que vão muito além da música.”
segunda-feira, 6 de julho de 2015
JOHN LENNON EM NOVA YORK - OS ANOS DE REVOLUÇÃO
No começo dos anos 1960, John Lennon ficou conhecido no mundo todo graças ao sucesso dos Beatles. Os cabelos moptop e os terninhos dos garotos de Liverpool conquistaram os corações de jovens apaixonadas, que cantavam refrões como “I wanna hold your hand” aos berros nos shows e os perseguiam pelas ruas. Aos 20 anos, essa realidade era suficiente. Porém, com o passar dos anos, Lennon amadureceu – e suas letras também. Se antes suas músicas falavam de amor e repetiam motes incansavelmente (“me ame/ você sabe que eu te amo/eu sempre serei verdadeiro/ então, por favor, me ame”), em meados daquela década Lennon passou a falar sobre questões existenciais, sociedade e conflitos (“pensamentos se movem como um vento incansável/ dentro de uma caixa de correio/ elas tropeçam cegamente enquanto fazem seu caminho/ através universo”). A revolução interna de Lennon, influenciada pela chegada de Yoko Ono em sua vida, parecia destoar da linha que os Beatles seguiam. As brigas eram constantes e, após a morte do empresário Brian Epstein, a banda começou a ruir. Em 1970, Paul McCartney anunciou o fim de uma era. Essa história já é conhecida do público. Mesmo quem não é Beatlemaníaco conhece a trajetória meteórica daqueles quatro jovens. A fase pós-Beatles de Lennon, porém, permaneceu fora dos holofotes e ainda tem novidades a serem exploradas, como mostra o jornalista americano James A. Mitchell no livro John Lennon em Nova York - Os anos de revolução (Ed. Valentina, 248 páginas, R$ 39,90) que chega às livrarias ainda neste mês. O livro conta a estada de Lennon em Nova York, focando nos aspectos políticos e sociais abordados pelo cantor no período – Mitchell só não toca profundamente na questão da morte de Lennon. As histórias, recheadas de curiosidades, são exploradas por meio de depoimentos de pessoas que conviveram com Lennon na cidade americana. Mitchell recorreu a entrevistas com os membros da banda norte-americana de Lennon, a Elephant’s Memory (que acompanhou ele e Yoko por um ano); com a escritora e líder feminista Gloria Steinem; com o cofundador da Bancada Negra do Congresso, Ron Dellums; com o veterano dos “Sete de Chicago” Rennie Davis; com o advogado especializado em assuntos de imigração Leon Wildes; e com o poeta e ativista John Sinclair – que Lennon libertou de uma sentença de dez anos de prisão por porte de maconha. A trama começa depois da separação da banda, quando Lennon e Yoko mudaram-se para Nova York. Lá, o ativismo político – de esquerda - do cantor e compositor ganhou ainda mais força. Ele pediu pelo fim da Guerra do Vietnã e participou de manifestações e de shows que questionavam o governo. Não demorou muito para ele aparecer no radar do então presidente Richard Nixon e seus assessores como uma clara ameaça à sua reeleição. “Fiquei fascinado ao saber quão profunda era a corrupção no governo de Nixon. E eu descobri isso por meio das histórias de embate com Lennon”, afirma Mitchell em entrevista por telefone a ÉPOCA. “Sou muito grato pela imprensa livre no meu país. Nós temos o direito de expor até mesmo o presidente. Lennon não foi o líder desse movimento na época, mas foi uma parte importante do processo e refletiu o desejo de uma geração.” O conflito entre Nixon e Lennon (acima, uma foto de Lennon e Yoko em John, de cabelo raspado, e Yoko em audiências sobre o caso Watergate em junho de 1973. Os Lennon foram convidados pelo senador democratra Sam Erwin) impediu por muito tempo o compositor de conseguir seu visto permanente. Em uma das passagens mais divertidas do livro, Mitchell conta que o governo tentou deportá-lo por porte de maconha. Pôsteres foram distribuídos para delegacias locais na esperança de que alguém pudesse flagrar Lennon e fortalecer o caso para expulsá-lo do país. Segundo Mitchell, o documento continha todos os detalhes pessoais do cantor, mas a imagem era de David Peel, um músico nova-iorquino, conhecido pelo álbum The Pope smokes dope (O Papa fuma maconha). Outra curiosidade presente na obra é a busca de Lennon pela filha de Yoko, Kyoko Cox. Ela vivia com seu pai Tony Cox e a luta de Yoko pela guarda da filha agravou a necessidade do casal em fazer dos Estados Unidos seu lar. Para os fãs, o lançamento de qualquer livro sobre Lennon seria um deleite. Mas o que destaca John Lennon em Nova York nas prateleiras é a exploração detalhista de um lado pouco conhecido de um dos homens mais famosos da história. “Eu tentei contar uma história com um olhar inovador, falando sobre a posição política dos Estados Unidos naquela época e aproveitando para abordar temas importantes com que Lennon se envolveu em solo americano que vão muito além da música.”
Edu
Vamos correr atrás.
ResponderExcluirMais um para a lista, e com prioridade. Valeu Edu pela dica, não estava sabendo desse lançamento.
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