Publicado na coluna "Sábado Som", do nosso amigo
João Carlos Mendonça
João Carlos Mendonça
Embora pouco reconhecido na história do rock, talvez por sua trágica e curta trajetória, o BADFINGER é dono de canções clássicas e antológicas que marcaram o início dos anos 70 e que provavelmente, a grande maioria das pessoas conhece por outras tantas vozes que as regravaram, como já vimos aqui antes. Olhando em retrospectiva, o grupo foi a melhor e mais bem sucedida empreitada da “Apple Records”, artística e comercialmente, vide seu 2º álbum, “NO DICE”, recheado de grandes canções nas quais sobravam talento, criatividade e, principalmente, originalidade. Tanto que a própria mídia que “faz que nunca viu”, definiu o conjunto como criador do “POWER POP”.
Certamente pela expectativa que se criou na época, “STRAIGHT UP” tenha sido urdido com tanto cuidado e perfeccionismo, desde as idas e vindas de produtores musicais, mudanças de arranjos e de canções até chegar-se ao produto final. Em princípio o mago GEOFF EMERICK já estava com o disco pronto, mas ao ouvi-lo, George Harrison, que não gostou de alguns arranjos e tinha preferência por outras canções do grupo, resolveu tomar a frente do projeto, todavia, após trabalhar em 3 músicas, assoberbado pela montagem do “Concerto Para Bangladesh”, passou a batuta para o produtor TODD RUNDGREN que saiu-se brilhantemente, reaproveitando o que já tinha sido feito e acrescentando seu toque pessoal. O resultado não poderia ser mais satisfatório e grandioso.
Se o PETE HAM (guitarrista/tecladista/compositor e cantor), já reconhecido como “gênio”, trouxe um soberbo material, assim como o baixista TOM EVANS não deixou por menos, a novidade que se igualava em qualidade com os colegas estava no surpreendente repertório apresentado pelo 2º guitarrista/cantor, JOEY MOLLAND, que deu a unidade sonora definitiva do álbum com canções com compassos compostos, baladas convincentes e rocks “power pops” que se tornariam célebres. Também merece relevo a contribuição de músicos amigos que fizeram STRAIGHT UP brilhar mais ainda, como veremos.
Para começo de conversa, o super-sucesso do disco, a irretocável “DAY AFTER DAY” (Pete Ham), além da guitarra de Harrison dobrando com a de Pete, conta com o piano de LEON RUSSELL, que também toca guitarra junto ao piano elétrico de KLAUS VOORMAN em “SUITCASE” de Molland. O acordeão de BILL COLLINS dá aquele ar nostálgico à balada violada “SWEET TUESDAY MORNING”, enquanto Harrison volta à guitarra no rock cadenciado “I’D DIE BABY”, ambas escritas também por Joey Molland. Cantada com uma convicção arrepiante, a balada “TAKE IT ALL”, que abre o disco, composta por Ham, não deixa nenhuma dúvida, assim como a desconcertante (pela cadência e violões acentuados), e cativante “PERFECTION”, também de Ham. TOM EVANS aparece com a “mezzo psicodélica” e de levada incomum, “MONEY”, com a linda balada que fecha o álbum, “IT’S OVER” e na parceria com Molland em “FLYING”.
Mesmo nas canções cadenciadas e até nas lentas (como “NAME OF THE GAME”, de Ham) fica evidente o delicadamente pesado e muito bem encorpado som do BADFINGER, entretanto, dois rocks contagiantes do disco evidenciam definitivamente o estilo “pop poderoso” do grupo. “SOMETIMES” de Molland (com duas marcações irresistíveis da bateria de MIKE GIBBINS) e o segundo mega sucesso do disco, escrito por Ham, a cálida “BABY BLUE”, cuja melodia, de tão sutilmente elaborada, chega a surpreender. Aliás, é bem possível que você a conheça caso tenha assistido o “oscarizado” filme de Martin Scorsese, “OS INFILTRADOS”.
Bem elaborado, produzido e acabado, STRAIGHT UP é um imponente e elegante legado de uma banda fundamental e histórica, a inesquecível BADFINGER.
Absolutamente sensacional e oportuno! Badfinger foi uma banda como poucas na história do rock. O virtuosismo dos quatro fazia toda a diferença. “Straight Up” é um álbum fundamental em qualquer discoteca que se preze, assim como seu antecessor “No Dice” e o posterior, o incrível “Ass” – o disco que não saiu. Abração JC! Para quem quiser saber tudo e mais um pouco de Badfinger, é só visitar o superportal do meu amigo Rick Kellog: http://badfingerlinks.bravepages.com/index.html
ResponderExcluirO João Carlos foi catedrático no post. Nota 10.000!!
ResponderExcluirParabéns.
Valeu Edu! Ser publicado pelo Baú não tem preço. Sou fã dessa banda e desse disco de primeira hora.
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