sábado, 18 de junho de 2016

LENNON & McCARTNEY - A DUPLA DO SÉCULO

A dupla Lennon/McCartney tornou-se lendária com as composições mais bem sucedidas da história da música. Os dois criaram os Beatles. Juntos com George Harrison e Ringo Starr, eles formaram a maior e mais conhecida banda de todos os tempos.

A parceria artística entre John Lennon e Paul McCartney é uma das colaborações musicais e culturais mais conhecidas e mais bem sucedidas da história. Entre 1962 e 1969, escreveram e publicaram cerca de 180 canções creditadas, das quais a maioria foi gravada pelos Beatles e constitui a maior parte do seu catálogo. Ao contrário de muitas parcerias que compreendem composições separadas letrista e compositor, tanto John Lennon e Paul McCartney escreveram letra e música juntos, muitas vezes no entanto, as canções eram principalmente o trabalho de apenas um dos dois autores creditados.

"Lennon / McCartney". Esta foi a designação de assinatura mais comum das músicas gravadas pelos Beatles que foram compostas por John e Paul, juntos ou separados. Os dois fizeram um acordo quando dos primórdios da formação da identidade do que viria a ser "The Beatles". A ordem dos nomes foi proposta por John e aceita por Paul. Assim funcionou a parceria, sem nenhum trauma (visível) ou discordância até a dissolução do grupo em 1970.
A mágica dos Beatles, impressiona ainda hoje, mais de quarenta anos depois do fim da banda. “She Loves You”, “I Want To Hold Your Hand”, “A Day In The Life” e tantas outras... são apenas alguns exemplos das músicas que a dupla compôs e que fazem sucesso até hoje. O sucesso dos Beatles tornou-se atemporal.
Porém, nem sempre os gênios se entendiam e com o passar dos anos, era cada vez mais raro a dupla compor junto. Não havia espaço o suficiente para dois “egomaníacos”. Com a aparição de Yoko Ono, o grande amor da vida de John, o clima foi ficando cada vez mais tenso entre todos os integrantes da banda. Lennon se afastava cada vez mais e Paul ia tomando a frente dos Beatles.
Muitos fãs acreditam que essa relação de amor e ódio era explícita em algumas músicas como em “Don’t Let Me Down”, onde John pedia a Paul para não desapontá-lo, pois ele (John) estava amando pela primeira vez e que dessa vez seria para sempre. A resposta viria em “Oh! Darling” onde Paul cantou que nunca o deixaria (“I’ll never let you down”).

Como todos bem sabem, o fim dos Beatles foi traumático para todos, com Paul processando os outros três. John Lennon estava furioso! Então, o barraco veio a público através do que sabiam fazer melhor: música. Lennon lançou o álbum “John Lennon / Plastic Ono Band” que atingiu ao oitavo lugar nos Estados Unidos e o sexto, na Inglaterra. Já Paul lançava “McCartney” que foi mais bem sucedido e chegou ao primeiro lugar nos EUA e ao segundo, na Inglaterra. Com isso, Lennon estava convicto que "sua arte era pérola jogada aos porcos" e os fãs eram uns "idiotas filhos da puta!". McCartney, por sua vez, não era santo e daria suas alfinetadas também à sua maneira: doces, mas com duas gotas de veneno como em "Too Many People", "Dear Friend" e "Let Me Roll It". Porém, nada que se comparasse ao maior petardo lançado por Lennon: "How Do You Sleep?" do álbum Imagine. Nessa música, Lennon bombardeava o ex-companheiro afirmando que sua música era "musak" (brega, música ambiente) e que a única coisa que Paul tinha feito era "Yesterday" (a música mais regravada da história!) e que seu rostinho bonito poderia durar um ano ou dois. E mais terrível ainda: tendo George Harrison como guitarrista!
Ao ser perguntado sobre a troca de farpas entre os dois, Lennon encerrou o assunto dizendo: “É o meu melhor amigo. Eu não posso brigar com um amigo meu?”.
Após a morte de John, Paul foi severamente criticado pela “frieza” com que recebera a notícia, mas em entrevista à “Playboy” em 1984, disse que ficou assistindo ao noticiário naquele dia e que chorou a noite inteira. Paul fez parte do tributo de George Harrison a John na música “All those years ago”, junto de Ringo Starr.
Já em “Here Today”, música que Paul compôs para Lennon, ele canta: “I still remember how it was before / And I am holding back the tears no more / I Love You” (Eu ainda lembro como foi antes / e eu não estou mais segurando as lágrimas / eu te amo). Em "Mind Games" John Lennon dizia que o amor era a resposta (“Love is the answer”) e em se tratando dessa dupla, dessa relação de amor e ódio, definitivamente, essa é a resposta.
De todas as músicas assinadas por Lennon/Mccartney, é óbvio que nem todas foram necessariamente compostas pelos dois. Algumas músicas ainda foram gravadas com esta assinatura em projetos individuais dos dois: "Give Peace a Chance" e "Goodbye", por exemplo. Nos dias de hoje sabe-se, através de entrevistas dadas pelos dois compositores, quem compôs o quê e em quais músicas realmente houve a participação efetiva dos dois.

Paul McCartney já propôs a troca da ordem dos nomes para McCartney/Lennon nas músicas compostas por ele. Yoko Ono, disse não! Mesmo assim, as faixas dos Beatles que entraram em seu álbum "Back In The USA", aparecem dessa forma. Na contracapa e no selo de "Please Please Me" as músicas aparecem creditadas a McCartney / Lennon, em vez da forma tradicional como ficou mundialmente conhecida.
"And in the end... the love you take is equal to the love... you make". É isso! Pra encerrar, a gente confere um capítulo do livro "Love Me Do" de Paolo Hewitt sobre o especial de TV "The Music of Lennon and McCartney", que foi transmitido no dia 17 de dezem­bro de 1965."Em 1965, Johnnie Hamp, assim como o resto do país, estava fascinado e intrigado pelo fenômeno conheci­do como beatlemania. E, como o resto do mundo, ele era um grande fã da banda. Hamp chegara à posição de chefe de entretenimento leve da TV Granada e sabia que o grupo se afogava em convites. Para ter a aprovação da banda, o projeto teria de ser estiloso, com seus altos padrões. Foi assim que se concebeu a ideia de um pro­grama apresentado por John e Paul, mas des­tinado a trazer outros artistas cantando as composições da dupla. Hamp passou a bola para o grupo. A televisão raramente honra­va a música popular dessa maneira, e os ra­pazes rapidamente deram sua aprovação. Indagados se desejavam sugerir artis­tas, o grupo pediu Ella Fitzgerald, cuja ver­são de “Can’t Buy Me Lave” dera aos Beatles uma presença inesperada no mundo do jazz. Infelizmente a cantora não estava disponí­vel para participar. Entre os que poderiam. estavam o compositor cinematográfico Henry Mancini. a dupla Peter e Gordon, Dick Rivers (roqueiro da França que cantou uma versão de “Things We Said Today" em francês), Esther Phillips, Lulu, Peter Sellers, Cilla Black, Billy J. Kramer e Marianne Faithfull. O programa ressaltou a grande versati­lidade da composição de Lennon e McCartney — "She Loves You", “A Hard Day’s Night" e “We Can Work It Out" representando a habi­lidade de criar canções altamente contagiantes, e “Yesterday", em especial, exibindo um lado mais maduro e profundo. O programa foi realizado num momento em que o LSD ainda não afetara fortemente as composições de John. No mês de abril do ano seguinte, eles começariam a gravação do disco Revolver, obra que os levaria a um patamar completamen­te novo de excelência artística. 0 programa de TV, então, demarcaria de muitas formas o fim dessa primeira fase do jeito de com­por. principalmente de John. Existe apenas um relato testemunhal sobre os dois músicos compondo antes do LSD, encontrado no livro A vida fantástica dos Beatles (1964), de Michael Braun. Ele teve per­missão para acompanhar a dupla escreven­do a canção “One and One Is Two" para o cantor Billy J. Kramer. Quando a sessão co­meçou, Paul estava ao piano e John ao vilão. Paul escreveu os primeiros versos e os can­tou para John. George enfiou a cabeça pela porta e sugeriu a remoção de um dos versos repetidos; John concordou e passou a ava­liar outras palavras que seriam adequadas à canção. Então, John assumiu o piano e Paul pegou o violão. Eles gravaram três vezes a canção finalizada antes de Paul gravar um recado para o editor Dick James. Enquanto isso, ouvia-se John falar: “Será o fim de Billy J, quando ele gravar essa música". A ambição inicial de Lennon e McCartney na vida era estar à altura da excelência artís­tica da dupla de compositores Gerry Goffin e Carole King, cujas cançòes eles adoravam. Quando deram inicio à parceria, seu estilo de trabalhar era criar cançòes de um jeito cal­culado. Nunca pensavam em produzir mú­sicas expressando sentimentos pessoais. Mais tarde, John diria ter guardado as reflexões pessoais para seus livros, In His Own Write (1964) e A Spaniard in the Works (1965), mas até estes pensamentos tiveram seus sig­nificados obscurecidos pelos trocadilhos. É por isso que as primeiras cançòes dos Beatles eram dirigidas diretamente aos fãs — "Love Me Do". "She Loves You", “From Me to You”, "All My Loving". Agindo dessa forma, eles compunham canções que cada fã poderia pensar ter sido escritas pessoal e exclusiva­mente para si. John viria a confessar: “Eu ti­nha um John Lennon separado, que escrevia músicas para conquistar, e não creio que as letras tenham profundidade nenhuma, eram apenas uma piada". As antenas dos rapazes eram aguçadas, atentas e captavam todos os tipos de influên­cias. “Please Please Me", de Lennon, foi ins­pirada em "Please", de Bing Crosby, datada de 1932, na qual o cantor vivia intercambiando as palavras "please" ("por favor") e “pleas" (“apelos"). "Run for Your Life", de John, foi inspirada num verso da canção "Baby, Let's Play House", de Elvis Presley. Naturalmente, outros músicos os inspiraram. John sempre tentava igualar-se a Smokey Robinson, um de seus ídolos, e a banda vivia querendo com­por uma autêntica canção da Motown. O estilo de compor de John mudou de­pois que ele ouviu Bob Dylan e passou a ado­tar uma abordagem mais pessoal. Suas can­çòes “You’ve Got to Hide Your Love Away’, “Help!" e “I’m a Loser" sinalizavam essa no­va direção, e sua canção “Nowhere Man’ tem a distinção de ser a primeira dos Beatles a nào falar de amor. Duas pessoas da mídia também tiveram seu papel no progresso de Lennon. A jornalis­ta Maureen Cleave questionou por que suas canções nunca tinham palavras com mais de duas sílabas. Ele respondeu compondo “Help!” e deliberadamente inseriu palavras como “independence" (independência) e “appreciate" (agradecer,valorizar). Outra in­fluência veio do apresentador de TV Kenneth Allsop. Ele se impressionou com o livro de John In His Own Write e questionou porque ele explorava sentimentos profundos na palavra impressa, mas não nas canções. Lennon assimilou a crítica e respondeu com “I’m a Loser", uma confissão espantosa para um Beatle sorridente no auge da fama. Essa li­nhagem de composições atingiu o ápice com "In My Life”, que apresenta uma melodia bo­nita e vocal saudoso e contido, evocando de forma brilhante o passado de John, seus ami­gos, sua família, sua Liverpool. McCartney sempre foi mais objetivo. Suas primeiras canções se atinham mais às manhas do mercado e, caso ele ultrapassas­se essas fronteiras, geralmente era em rea­ção a John. Quando o parceiro compôs “I’m a Loser”, Paul revidou com “I’m Down”; quan­do John veio com “In My Life”, Paul escreveu “Penny Lane”, também examinando seu pas­sado em Liverpool. Ao contrário de John, Paul às vezes pe­nava com as palavras, mas compensava com melodias extraordinárias. Trata-se do homem que acordou com a melodia de “Yesterday" na cabeça, convencido de ser da autoria de outra pessoa, de tão familiar que ela soava. Somente essa canção, regravada por milha­res de artistas, garantiría a qualquer pessoa um lugar entre a nata do meio musical. Quan­do se descobre que a canção “Michelle” foi composta durante a adolescência e tocada como piada nas festas beatnik em Liverpool, a admiração só pode crescer. Musicalmente, os Beatles nasceram nu­ma época e num local que vieram bem a ca­lhar. Liverpool é uma cidade musical. En­quanto cresciam, havia centenas de locais que ofereciam música ao vivo de todos os es­tilos. A música brotava dos bares e das boates tanto quanto os bêbados. Os quatro Beatles absorveram toda essa música e foram pro­fundamente influenciados por ela — o que significa que eles absorveram country, jazz, blues, R&B antigo e suingue. McCartney tam­bém prestava atenção na música que o pai tocava em casa. Jim McCartney adorava os clássicos das décadas de 30 e 40, e o filho muitas vezes empregaria tais aparatos e sons na própria obra. Com John se deu o mesmo. “Honey Pie” e “Good Night”, do disco duplo The Beatles, são apenas dois exemplos. A natureza intolerante da cultura jo­vem da música (sou roqueiro, então não vou escutar soul; sou mod, então não ouço Elvis) não afetava os Beatles. Eles adoravam músi­cas de todos os tipos e naturezas, e, ao alinhar o talento com a música do passado absorvi­da inconscientemente, foi possível forjar um estilo e som singulares. O programa The Music of Lennon and McCartney foi transmitido no dia 17 de dezem­bro de 1965. Poucos poderiam ter previsto que os dois artistas que apresentaram os nú­meros e depois tocaram uma nova canção, “We Can Work It Out”, estavam prestes a levar sua música a outro patamar com “Revolver”, ál­bum tido por muitos como o melhor deles — e, portanto, como o melhor da história." http://www.vandohalen.com.br/wp-content/uploads/2014/12/

4 comentários:

  1. Essa ota poderia ter permitido a inversão nas músicas que McCartney fosse o compositor principal. Mas Lennon/McCartney já está gravado nas nossas mentes

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  2. A Lulu arrasou com sua performance de "I Saw Him Standing There". Esse livro do Paolo Hewitt é uma M-E-R-D-A com todas as letras. Desculpa aí quem gosta.

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  3. Dupla imbatível juntos, mesmo quando só mostravam a musica um para o outro e mantinham o crédito. Separados eram fortes, mas juntos eram muito mais.

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  4. a dupla dos séculos e séculos amém!

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