Num quarto em Ipanema, aquele onde vive Lúcia, pôsteres dos Beatles, discos de vinil e fitas cassete se espalham pelo ambiente. Uma colagem adolescente une uma foto da dona daquele pequeno mundo ao baixista dos Fab Four. Afinal, é Paul o muso inspirador de seu nome de guerra: Lúcia assina McCartney. Um dos personagens mais marcantes de Rubem Fonseca, a jovem prostituta que se apaixona por um cliente mais velho está de volta. Criada num conto de 1969, adaptada para o cinema por David Neves em 1971, Lúcia McCartney ressurge como protagonista da série homônima em oito episódios realizada pela Zola Filmes e com estreia marcada para 21 de novembro, no GNT. — Esse conto é muito importante para a literatura brasileira, quebrou muitos paradigmas. A série procura ser fiel ao espírito do livro, de narrativa inquietante — explica o diretor José Henrique, filho de Rubem, que assina o roteiro ao lado de Gustavo Bragança, seu companheiro em “Mandrake”, “Por isso eu sou vingativa” e “Romance policial — Espinosa”. — Meu pai escreveu o roteiro do filme, mas desta vez apenas leu os episódios.
Para viver a personagem-título, de 18 anos e muitos sonhos,
foi convocada Antonia Morais, 24. Contracenando com ela, Eduardo Moscovis,
praticamente um ator-assinatura do canal feminino — no qual estrela “Questão de
família” e já apresentou a versão masculina do “Saia justa”. É ele quem encarna
José Roberto, o homem capaz de roubar o coração da jovem, que até então
pertencia apenas a Paul. — Fui me aproximar da personagem depois do teste. Só então li o conto, que é
maravilhoso, mas muito breve — explica Antonia, com voz de sono, durante um
raro dia de folga nas gravações. — O passado dela não é mostrado no conto, nem
na série. Ele existe, sim, na minha cabeça. Eu que inventei, escrevi um diário
para ela. O conteúdo do tal diário Antonia prefere manter em segredo. Assim
como todo o processo: seus familiares só ficaram sabendo da série quando ela
foi escalada — sequer pediu conselhos para a mãe, Glória Pires, e a irmã, Cleo,
limitando-se a dividir a alegria por ter conseguido seu maior papel até então.
A única coisa que estava clara desde o começo era a sua vontade de encarnar a
personagem, ao menos para José Henrique: — Fizemos testes com muitas atrizes e os da Antonia foram impressionantes. Ela
me ligava, queria muito esse papel. Ela se apropriou da Lúcia McCartney desde o
primeiro minuto. Hoje, a personagem é dela. Mas, para dominá-la, Antonia foi a campo, ao lado de Eduardo. — Fomos a uma casa de prostituição para entender o universo dessas mulheres,
ouvir suas histórias. Foi uma experiência muito rica — explica o ator. — A pior
coisa que tem é fazer cena de sexo. É ruim, desconfortável, uma intimidade
forçada, eu detesto. Antonia, que nunca havia gravado algo do tipo, jura que tirou de letra: — Inclusive, não vejo a hora de assistir. Claro que eu não dormi na véspera,
mas na hora de gravar foi tudo supertranquilo, eu não senti nada, nem frio na
barriga. Estava superentregue. Aliás, com tudo. Não me sinto pressionada. Tenho
gravado todos os dias de manhã até a noite. As pessoas me falam “ai, coitada de
você”, e eu sempre respondo: “Vocês estão loucos? Eu estou numa felicidade que
vocês não estão entendendo!”. Apesar de dizer que não se identifica com Lúcia, a atriz se contradiz e enumera
várias características em comum: — Nós duas gostamos muito de música. Fora que eu sempre me mudei muito de casa,
então sempre fiz do quarto o meu universo, assim como ela. É o lugar onde eu
fico viajando ouvindo música, tendo minhas ideias. Lúcia é uma menina
sonhadora, lúdica, misteriosa, e eu também tenho muito disso. Acho que as
pessoas vão me descobrindo aos poucos, e eu mesma descobri a Lúcia assim.
Jesus! Essa Antônia é muito mais bonita que a mãe e a irmã juntas!
ResponderExcluirFiquei curioso para assistir. Vou aguardar...
ResponderExcluirLembro vagamente do filme. Assisti.
ResponderExcluir