4 de novembro de 1963, Prince of Wales Theatre, Londres. “Royal Command Performance”, show de gala beneficente com a presença da rainha-mãe e da princesa Margaret, acompanhada pelo lorde Snowdon.Bemard Delfont arriscou-se ao convidar os Beatles, pois membros mais conservadores da elite britânica poderiam se sentir ofendidos ao ver o quarteto participar do show, com artistas mais tradicionais. Os Beatles foram o sétimo grupo a se apresentar, mas, com certeza, foram a atração da noite. A programação incluía: Marlene Dietrich, Max Bygraves, Harry Secombe, Buddy Greco, Wilfred Bramble & Harry H. Corbett, Charlie Drake, Michael Flanders & Donald Swann, Joe Loss & His Orchestra, Susan Maughan, Nadia Nerina, Luis Alberto Del Parana & Los Paraguáyos, Tommy Steele, Eric Sykes & Hattie Jacques, The Clark Brothers, Francis Brunn, The Billy Petch Dancers, Pinky & Perky e The Prince of Wales Theatre Orchestra. Aqui, a gente confere um trechinho do livro “Minha Vida Gravando Os Beatles” de Geoff Emmerick.
“Em dado momento, durante um curto intervalo, aconteceu de eu estar na sala de controle quando o telefone tocou. Apenas os produtores estavam autorizados a receber ligações enquanto estivessem em estúdio na EMI. Havia um complicado sistema de luzes coloridas na parede - vermelhas, amarelas, azuis e verdes, em várias combinações — que identificava para quem era aquela chamada. George Martin estava ocupado trabalhando com os rapazes lá embaixo, então eu atendi, e Brian estava na linha pedindo para falar com George, que se dirigiu à sala de controle para atender a chamada. A julgar pelo que pude entender da conversa, parecia que eles estavam discutindo a respeito do Royal Variety Show, ainda por acontecer. Havia sido anunciado recentemente na imprensa que os Beatles tinham sido convidados para tocar para a família real. Brian estava pedindo a opinião de George sobre quais canções deveriam ser executadas. “Definitivamente eu acho que eles deveriam tocar as duas músicas que estamos gravando esta noite”, disse George. “Ambas são absolutamente fantásticas, e esta será uma ótima maneira de promover o próximo single.” Quando a conversa terminou, George pegou o interfone e anunciou que o tempo de intervalo havia acabado. “Brian mandou um 'oi' para vocês”, disse ele. “Agora vamos voltar ao trabalho.” “Sim, senhor!”, Lennon gritou, enfatizando suas palavras, imitando o passo de ganso militar e batendo continência. Nessa altura podia-se ver que eles já estavam começando a se irritar um pouco, embora de maneira bem-humorada, com a atitude autoritária de George Martin. Mais tarde, quando pediram que eu descesse para ajustar um microfone, eu os ouvi conversando animadamente sobre a próxima, apresentação. Eles estavam muito felizes com aquilo, embora fosse óbvio que eles não se importavam com as pessoas da alta classe, em geral. Sempre atrevido, John sussurrou para Paul que ele pediria aos ricos da plateia que sacudissem suas jóias, em vez de aplaudir. A resposta de Paul foi uma provocação: “Duvido!”. Aquele era o tipo de relacionamento que eles tinham: John era o bad boy, o rebelde, e Paul — que certamente nunca sonharia em dizer aquilo — era o instigador, aquele que o incitava a fazer coisas chocantes. Não foi nenhuma surpresa para mim, então, quando John fez exatamente aquilo no show, algumas semanas depois. Não é necessário dizer que Brian ficou absolutamente aterrorizado, pedindo a John que não dissesse nada. Imagino que Brian estava sempre com medo que John agisse de maneira imprevisível, que ele dissesse algo que arruinaria a impecável imagem deles... o que, é claro, ele fez dois anos mais tarde com sua observação sobre os Beatles serem mais populares do que Jesus Cristo. Eu sempre senti que Brian nunca recebeu crédito suficiente pela maneira como ele trabalhava cuidadosamente a imagem do grupo; ele era muito exigente em relação à aparência deles: a maneira como eles se vestiam, a maneira como eles se apresentavam em público. As apresentações dos Beades ao vivo na televisão, no London Palladium e no Royal Command Performance, naquele outono, foram os eventos que os colocaram na primeira página de todos os jornais da Inglaterra e deram a eles a comprovação final da aceitação do público britânico. Depois daquilo, a carreira deles decolaria em direção a um novo e inexplorado território.”
Maravilha! Maravilha! E ali até os artistas eram caretas... John aprontou todas!
ResponderExcluirSó a cara do John, depois que ele solta a celebre frase, por si só, já é demais.
ResponderExcluirNunca vi ele fazer essa cara de novo. Ele era demais!
ResponderExcluirAssisto vez após vez.