sábado, 3 de dezembro de 2016

OS BEATLES ASSINAM COM BRIAN EPSTEIN

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No dia 3 de dezembro de 1961, ocorreu a primeira reunião entre The Beatles e Brian Epstein para discutir sua participação como empresário da banda no escritório de Epstein, na NEMS. John, George, Pete e o DJ Bob Wooler chegaram com uma hora de atraso. Paul apareceu meia hora depois porque estava tomando banho e, assim que a trupe se reuniu, foram a uma lanchonete, para que Brian lhes apresentasse sua proposta.George: “Finalmente, ele come­çou a falar sobre tornar-se nosso empresário. Na realidade, nunca havíamos recebido uma proposta como aquela, mas ele foi honesto ao dizer que não sabia como em- presariar um grupo como o nosso. Ele deu a entender que gostaria que embarcássemos nessa viagem com ele”.Brian: “Eles tinham um grande magnetismo. Gostava da forma como trabalhavam e o entusiasmo que demonstravam em cada uma de suas apresentações... e eram eles mesmos que faziam a coisa acontecer. Cada um tinha uma característica que podería ser ex­plorada comercialmente. Bastava trazer isso à tona. Eram persona­lidades diferentes, mas eram, ob­viamente, parte de um todo. Honestamente, eu estava empolgado com o potencial da banda, contanto que algumas coisas fossem mudadas”.
Os Beatles estavam indecisos e re­solveram pensar sobre o assunto. Mesmo assim marcaram uma se­gunda reunião. Uma semana e meia depois, em 15 de dezembro, os Beatles fecharam um contrato com Brian Epstein como empresá­rio do grupo. Os quatro integran­tes colocaram sua assinatura sobre quatro dos cinco selos de 6 pence colados ao documento, para que este tivesse valor legal, segundo as exigências da época. Brian, então, informou-os que não assinaria o contrato, para que o grupo não se sentisse preso a ele. Portanto, pedi­ram a Alistair Taylor que servisse de testemunha da decisão de Brian. Uma vez que o acordo original es­tipulava que Brian conseguiría um contrato para gravação de um ál­bum, o que ainda não havia feito, sua decisão de não assinar o contra­to não foi nenhuma surpresa.
Por fim, os Beatles e Brian Epstein chegaram a um acor­do informal, desde que Brian lhes conseguisse um contra­to com uma gravadora. Ele também se comprometeu a cancelar o compromisso do grupo com Bert Kaempfert, em Hamburgo. Brian estuda­ra arte dramática em RADA, a Academia Real de Arte Dra­mática, e tinha ideias muito definidas sobre performance de palco. Os rapazes não de­veríam comer, beber ou bri­gar no palco, nem xingar o público. Brian queria que fossem pontuais e preparas­sem suas apresentações. Seu maior desafio foi fazê-los tro­car as jaquetas de couro preto por ternos de bom corte. Eles presumiram que Brian sabia o que estava fazendo e decidi­ram acatar suas sugestões. John: “Estávamos vivendo uma ilusão até ele surgir. Não tínhamos a mínima ideia do que fazíamos no palco. Ver os roteiros dos shows no pa­pel fez de nós profissionais. Ele estava tentando melhorar nossa imagem, pois disse que sem isso jamais nos apresen­taríamos em lugares sofisti­cados. Disse, também, que jeans não eram particular­mente elegantes e que talvez devêssemos vestir outro tipo de calças, mas não queria que tivéssemos um estilo ca­reta. Respeitava nossa indivi­dualidade. Em contrapartida, respeitávamos sua opinião. Paramos de comer enroladinhos de queijo e sanduíches de geleia no palco. Prestávamos mais atenção à nossa performance e fazíamos o possível para ser pontuais. Além disso, começamos a nos vestir melhor - passa­mos a usar temos em vez de roupas surradas”.
Sobre esse episódio, a gente confere um pedacinho do livro de Peter Amis Carlin “Paul McCartney – Uma Vida”:
Brian, no entanto, persistiu, assistindo a mais apresentações no Cavern e se aventurando no meio da multidão para chegar ao quarto minúsculo da banda, atrás do palco, a fim de entrevistar o grupo. A princípio, eles ficaram céticos, pois sempre andavam com forasteiros. Mas também ficaram impressionados com Brian, que se apresentava com uma espécie de elegância de alta classe que eles jamais imagina­ram ver na selva trevosa e subterrânea do Cavern. Quando lhes per­guntaram se estariam interessados em que ele “cuidasse” dos seus negócios, o grupo concordou em pensar sobre a oferta. Depois que Allan Williams arranjara suas primeiras apresentações em Hamburgo, nunca mais tiveram ninguém trabalhando para eles. Mona Best ainda ficava feliz de organizar sua agenda, mas ela não era uma empresária de verdade. As advertências de Jim McCartney, de que Brian podería tirar vantagem da banda, de alguma forma, tiveram impacto tão bai­xo quanto a revelação de que ele era homossexual. O que importava era que Brian era rico e bem-relacionado, além de ter dito que queria ajudá-los a ficar famosos. Eles estipularam um horário, após uma das sessões de almoço no Cavern, para assinar o contrato de Brian (na realidade, um documento padrão que Makin sugerira que Brian adquirisse na papelaria da esqui­na), e todos compareceram na hora combinada. Com exceção de Paul que, por alguma razão, não conseguiu chegar. Os minutos se passa­ram, Brian ficou apreensivo, e suas bochechas se avermelharam. Onde estava Paul? Um telefonema revelou seu paradeiro: ele tinha passado em casa para tomar banho. "Ele vai chegar extremamente atrasado”, Brian reclamou. George deu de ombros. “Sim, mas extremamente limpo.” Parece estranho que Paul tenha percorrido todo o caminho até Forthlin Road — dezenas de milhas ao sul — apenas para ter de vol­tar e refazer a jornada de novo, em direção ao centro da cidade. Tony Barrow, que logo se juntou a NEMS como principal assessor de imprensa dos Beatles, avalia o atraso de Paul como manobra deliberada. “Uma pose de diva, que chega mais tarde com um boa de plumas.”Motivação que Paul deixaria clara numa conversa ao pé do ouvido, reportada por Brian a Tony Barrow, pouco tempo depois (a qual ele afirma que o assistente de Brian, Alistair Taylor, também presente ao encon ro, corroboraria separadamente). "Paul chamou Brian de lado e lhe disse: 'Independentemente da banda, eu vou ser uma grande estrela", afirma Barrow. "Ele disse: ‘A banda é legal, se todos trabalharmos para isso, é legal. Mas, senão, eu vou ser uma estrela. Não vou, Brian?" E meio que levou Brian a concordar."

3 comentários:

  1. Eu não entendi direito essa coisa do Brian não assinar o contrato não!

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  2. É mesmo. Porque contrato tem de ter no mínimo 2 cópias.

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  3. O Brian era esperto. Aposto que fez isso, caso a empreitada não desse certo. Mas posso estar errado quanto a isso.

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