domingo, 18 de junho de 2017

A VERDADEIRA HISTÓRIA DA MORTE DE PAUL McCARTNEY


Tudo começou como todos os outros rumores, com as suposições aleatórias de um cara que ou não possuía coisas suficientes para mantê-lo ocupado ou tinha tantos apelos que perdera o senso de direção. Ou isso, ou alguém estava brincando e a brincadeira saiu completamente de controle.
Fred LaBour, jornalista universitário da Universidade de Michigan, estava trabalhando na sala de imprensa quando o telefone tocou e, do outro lado da linha, um homem insistia em dizer que Paul McCartney estava morto. "Foi muito assustador", disse LaBour, relembrando como a voz evocava o cântico estranho que sai das trevas no final de "Strawberry Fieds Forever": não soa como se alguém dissesse 'Eu enterrei Paul'? E por que Paul é o único Beatle que está usando um cravo preto em Magical Mystery Tour? Por que ele está de costas para a câmara na contracapa de Sgt. Pepper? LaBour tomou nota de algumas coisas, desligou e sacudiu a cabeça. Ridículo. Mas ele tinha um lado infantil dentro dele, e na manhã seguinte teve uma ideia: "Falei com um amigo meu e disse: "Vou matá-lo, vou detonar a coisa toda". E foi exatamente isso que LaBour fez: juntando as pistas do homem ao telefone com uma variedade ainda maior de observações aparentemente horripilantes, preparou um cenário completo. O artigo de LaBour, publicado no jornal Michigan Daily, ganhou uma manchete extravagante: "McCartney Morto: Novas Evidências Trazidas à Luz". Grande parte das novas provas era um completo absurdo. Por exemplo, a afirmação de LaBour de que a mão aberta sobre a cabeça de Paul na capa de Sgt. Pepper's era o sinal de morte da máfia. Toda a história foi inventada por ele, numa máquina de escrever. E assim também ele forjou a revelação de que a a palavra "Walrus" (Morsa) era o correspondente grego de "cad´ver" (o cadáver de Paul). Os gregos não possuem tal palavra, e menos ainda um imaginário de morte centrado nas presas dos animais; eles vivem num clima quente, e desconhecem as morsas. E assim por diante. Vê Paul descalço na capa de Abbey Road? Homens mortos não calçam sapatos! "Isso eu não pequisei", admitiu LaBour. "Mas me pareceu bom". Observe como a fileira em marcha ao atravessar Abbey Road na capa do disco, se parece com uma marcha fúnebre (John de branco = Jesus; Ringo de preto = um padre; George de jeans = o coveiro) e faz o artigo soar ainda melhor. Bom o suficiente para atrair a atenção de um novo locutor de Detroit, Russ Gibb, que contou a história de LaBour, inclusive sua teoria escandalosa que descrevia um acidente de carro fatal, no outono de 1966, e a campanha secreta subsequente destinada a substituir Paul por um escocês parecido com ele, um tal de William Campbell. Gibb encenou a história em seu programa de rádio na WKNR-FM, acrescentando algumas revelações próprias de tirar o fôlego e prometendo mais informações, a fim de manter os ouvintes cativos.

Dessa forma, o trabalho de uma besta de faculdade se junta ao locutor faminto por audiência. Até aqui não há nada de extraordinário. No entanto, na medida em que outras estações de rádio e outros centros de notícias passaram a levantar a história, e na medida em que o artigo de LaBour no jornal universitário se transformou numa fixação nacional, e depois internacional, algo mais começou a acontecer. Nas semanas que se seguram aos assassinatos da família Manson, em Los Angeles (nos quais os títulos das canções do Álbum Branco - Helter Skelter e Piggies, foram foram rabiscados nas paredes com o sangue das vítimas); em algum lugar entre Woodstock e Altamont, algo do inconsciente coletivo se ergueu das trevas nas músicas dos Beatles e não queria se afastar. Talvez porque os anos de guerra, assassinatos e discórdia cultural tivessem escurecido o céu por toda parte. Ou então alguma coisa no vento deixou claro que o maior tesouro mundial do Rock'n'Roll, o próprio Sol no sistema solar da cultura pop, não sobreviveria àquela década. Na ausência de evidências concretas da ruptura - o próprio John continuava a falar dos Beatles como um interesse corrente, e os outros faziam o mesmo enquanto promoviam Abbey Road na imprensa - . o sentimento tomou forma de uma fantasia: o mais Beatle de todos estava morto.
A Apple foi bombardeada por telefonemas de repórteres, escritores e espíritos malignos variados do mundo todo. As vendas de Abbey Road e dos outros discos dos Beatles atingiram as alturas. O advogado de celebridades F. Leee Bailey montou um especial de TV completo, encenado como um "julgamento", destinado a provar ou negar a existência corpórea de Paul. Convidado a participar, o jovem LaBour voou até Los Angeles e confessou a Bailey, um pouco antes de gravar, que tinha inventado a história toda. Bailey ficou pálido e, por um momento, levando em conta as barreiras legais, pensou que tudo estivesse acabado. "Temos uma hora na TV para preencher" e acabou dizendo para LaBour. "Você vai ter que colaborar". E assim, foi jogada mais lenha na fogueira.
Dessa forma, o “boato” acabou tomando proporções extraordinárias e Paul (Vivinho da Silva) teve de aparecer várias vezes declarando-se oficialmente vivo. Mccartney estava na Escócia com a mulher Linda e as crianças e a história só começou a se dissipar quando dois jornalistas xeretas da revista Life foram atrás dele em sua fazenda querendo um exclusiva. Mas não se enganem: ainda há idiotas que acreditam nessa história até hoje. Talvez os mesmos que acreditam que o homem não foi à Lua ou que girafa não existe, Papai Noel, sim!
Existe ainda um DVD de um documentário absurdo dirigido por um tal de Joel Gilbert de uma tal Highway 61 Entertainment. Chama-se "THE LAST TESTAMENT OF GEORGE HARRISON" Onde a voz de um suposto George Harrison conta toda a história da conspiração dos Beatles para esconder a suposta morte de Paul McCartney. Absurdo. Aqui, a gente confere o trailer.

4 comentários:

  1. É assim que nascem os boatos e as teorias da conspiração. E depois que eles ganham vida própria , ninguém segura!

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  2. Teorias da conspiração são sempre deliciosas de se ouvir, com os Beatles então, mas essa sempre foi absurda demais. Principalmente porque o tal "clone" também comporia igualzinho.

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  3. Imagina se fosse hoje. Com as mídias sociais. Ai que o bicho ia pegar.

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