Até aquele 15 de agosto de 1965, estádios ou estruturas semelhantes jamais haviam sediado um show musical, e pelas mais diversas razões. Os problemas com a sonorização soam básicos e óbvios. Mas havia outros tantos, o principal talvez era que o grupo, orquestra ou artista haveria de ser muito famoso para justificar a aparente megalomania de uma performance em espaço tão grande quanto incomum. Os Beatles seriam esse grupo? Em 1965 é provável que não existisse ninguém mais famoso na face da terra. Longe do torrão natal os Fabs toparam o maior dos desafios até então, aceitando uma produção tocada em parceria pela NEMS Enterprises, de Brian Epstein, e a Sullivan Productions, do apresentador Ed Sullivan. O evento claro, contou com todos os requintes de mídia disponíveis à época. A disposição de todos era fazer um evento grandioso, profissionalmente filmado, e que seria transformado posteriormente em especial de TV nos Estados Unidos e na Inglaterra.
A intenção para o show no Shea Stadium era que os Beatles descessem com um helicóptero bem no meio do estádio e que dali fossem correndo para o palco. Mas essa ideia foi abortada por não terem conseguido autorização, pois seria uma manobra perigosa demais de se realizar. O que aconteceu foi que eles pousaram com o helicóptero a uma certa distância do estádio e, após isso, foram levados até o estádio em um furgão blindado da empresa Wells Fargo (os distintivos que eles usavam nas roupas, durante o concerto, eram dessa empresa).
Quando o apresentador Ed Sullivan subiu ao palco e usou os microfones para proferir essa frase histórica “Now, ladies and gentlemen… honored by their country, condecorated by their queen and loved here in America, here they are: The Beatles!”, a plateia teve certeza que seus heróis de fato estavam ali. Antes, a produção americana obrigou o público a suportar por mais de uma hora, um festival impressionante de artistas sem grande expressividade alguma como o grupo Sounds Incorporated, Cannibal & Headhunters, Brenda Holloway e King Curtis Band. Após a apresentação de Sullivan, já trajados com os “terninhos militares” e usando os distintivos da Wells Fargo, os Beatles subiram as escadas que davam acesso ao gramado do estádio e correram até o palco, ouvindo 55.600 fãs gritando descontroladamente.
Imagens tiradas no show mostram muitos adolescentes e mulheres chorando, gritando, e até mesmo desmaios. O barulho da multidão era tal que os seguranças podiam ser vistos tapar os ouvidos quando os Beatles entraram em campo. Apesar da presença de forte esquema de segurança alguns fãs conseguiram entrar em campo várias vezes durante o show e foram perseguidos e contidos.
O filme também mostra John Lennon irônico apontando um incidente desses enquanto ele tentava conversar com o público entre as músicas. O nível de ruído ensurdecedor da multidão juntamente com a distância entre a banda e o público significava que ninguém no estádio podia ouvir muita coisa. A Vox tinha especialmente projetado amplificadores de 100 watts para este show e ele ainda não estava alto o suficiente, de modo que os Beatles usaram o sistema de amplificação da casa.
Haviam alguns famosos assistindo a esse lendário concerto dos Beatles. Mick Jagger, Keith Richards e Andrew Loog Oldhan, empresário dos Rolling Stones, assistiam tudo de um lugar situado atrás da saída do estádio, de frente para a primeira base. Segundo consta, Mick Jagger ficou surpreso com a reação do público com os Fab Four. Quem também estava no concerto, era a futura-atriz Meryl Streep, que tinha 16 anos na época, e estava com um “botton” escrito “I Love You, Paul”.
Os Beatles voltaram ao estádio no dia 23 de agosto do ano seguinte, porém, dessa vez, tocando para um público menor, de 44.000 pessoas. Seis dias depois (29/08/1966), eles realizariam seu último concerto, no Candlestick Park, em São Francisco. Em 2009, Paul voltou ao Shea Stadium – que agora se chama Citi Field e está um pouco ao lado de onde era localizado o estádio antigo, demolido em 2008. Ladies and gentleman: THE BEATLES!
E lá se vão 53 anos...
ResponderExcluirSó a visualização desse show já demonstra o porquê de os Beatles serem a maior banda de rock de todos os tempos... E porquê serão, eternamente! BEATLES FOREVER!
Muito bom!
ResponderExcluirA melhor parte do filme "Eight Day's a Week" é o final, que muitos desavisados perderam! Depois que 'termina' o filme, quando sobem os créditos, mostra o show do Shea Stadium inteirinho, na íntegra, com uma resolução absurda. No DVD brazuca não tem isso!
ResponderExcluirEspetacular mesmo. Assisto vez após vez não me canso nunca. Apesar que não é o Eigth Days a Week
ResponderExcluirPostagem pauleira Edu.
ResponderExcluirEu acredito, que com o fim do embrolio burocrático em cima dos direitos da gravação do show, ele finalmente saia em DVD e CD.
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