Que o tal do “Rock In Rio” é uma merda puramente midiática e sem qualquer critério ou escrúpulo, para macaco ver, acho que ninguém, com mais de cinquenta anos pode duvidar. Mas não é isso o que importa. O que realmente importa é que, pouquíssimas grandes bandas de verdade (e não essa farofada como esses ridículos do Aerosmith ou uma aberração como Guns) ainda podem mostrar ao mundo, e principalmente para essa grande privada chamada Brasil, que gigantes ainda caminham (e muito firmes) pela terra. O velho The Who, com 53 anos de idade, mostrou ontem no Rio, depois de já ter mostrado em São Paulo a que veio, e por a + b, como é que se faz um verdadeiro show de rock and roll. O texto que a gente confere, é de SILVIO ESSINGER, de O Globo. Tem algumas bobagens, mas a gente perdoa.
Com suas trajetórias gloriosas, os Beatles e os Rolling Stones ocupam as páginas mais importantes do livro que conta como o rock virou um fundamento da cultura ocidental. Mas há uma terceira via tão importante quanto — e que, assim como o beatle sobrevivente Paul McCartney e os Stones, continua a convocar arenas para ver a reencenação da História: The Who. Penúltima atração de hoje no Palco Mundo do Rock in Rio, a banda de 53 anos pisou pela primeira vez na América do Sul. Quebrar instrumentos e amplificadores no palco, em sacrifício ritual? Feito. Catalogar os anseios e agruras de uma juventude pós-Guerra? Idem. Experimentar com sintetizadores? Sim. Compor discos temáticos, contando histórias complexas e dramáticas ao longo de uma coleção de canções — principalmente. O Who é a juventude e a idade adulta do rock, e grande responsável por aquela música tida como descartável ter se tornado uma forma de arte. Com sua formação clássica, que perdurou entre 1964 e 1978, esses ingleses gravaram discos que definiram sua época — “The Who sell out” (1967), “Who’s next” (1971) e as óperas-rock “Tommy” (1969) e “Quadrophenia” (1973) — e elevaram significativamente os padrões de execução para uma banda de rock. Quem presenciou a química explosiva de Roger Daltrey (vocais), Pete Townshend (guitarra), John Entwistle (baixo) e Keith Moon (bateria) nos palcos, capturada magistralmente no disco “Live at Leeds”, de 1970, nunca esqueceu. Moon morreu em 1978, Entwistle, em 2002, mas o Who seguiu, entre paradas e retomadas. O grupo que chega ao Rock in Rio — após um intenso e elogiado show anteontem, em São Paulo, no Allianz Park — conta com o núcleo duro da lenda. Townshend não é só o herói da guitarra, popularizador dos power chords que deram a base para o heavy metal e o punk — ele é o compositor da banda, o artista que bancou a ambição de “Tommy” e que buscou o futuro do rock nos sons dos sintetizadores (em canções de sucesso como “Baba O’Riley” e “Won’t get fooled again”). Daltrey, por sua vez, é uma voz maior do que o mundo, que amplificou a mensagem de canções como “My generation” (dos versos “espero morrer antes de ficar velho”), “Pinball wizard” e “See me, feel me”. “Hoje encontro garotos de 16 anos que são mais velhos do que eu. Eu me sinto, como na música do Bob Dylan (“My back pages”), mais jovem hoje do que quando era jovem. Não tenho mais medo”, assegurou o vocalista do Who Roger Daltrey, que não aparenta, nem de longe, a idade que tem – 73 anos, em entrevista recente. “Eu era um jovem com medo, sofri bullying a vida toda, quase virei bandido, cresci em um bairro barra-pesada de Londres e virei músico para fugir da bandidagem. O palco me salvou. A violência que levei para o palco era a que estava nas ruas da minha vida”. Os tempos em que o Who era o representante da subcultura mod — londrina, de jovens que se vestiam com terninhos de cortes impecáveis, zanzavam com lambretas e se reuniam para tomar anfetaminas e dançar soul a noite toda — são lembrados logo no começo do show, com “I can’t explain”, primeiro single da banda, lançado em 1965. Mesmo que os corpos (Daltrey tem 73 anos; Townshend, 72) não ajudem mais, o Who não se furta a tentar reviver sua juventude — alquebrados pela idade, sobreviventes dos excessos, mas ainda com a chama acesa, que tem como combustível uma eficiente banda de apoio, na qual desponta o baterista Zak Starkey, filho do Beatle Ringo Starr.
“My generation”, “The kids are alright” e “I can see for miles” (de 1967, que antecipa um bocado do heavy metal) são outras das canções iniciais que o Who tem apresentado ao vivo e que atestam o gênio de Pete Townshend, uma referência intelectual da música, um visionário que tem tanto a dizer sobre a gênese do rock de arena quanto a reação, com uma volta ao básico, promovida pelo punk rock a partir de 1976. Permanentemente inquieto, ele publicou na quarta-feira, já em São Paulo, na sua página no Facebook, indicações de que o futuro ainda promete bastante. “Estou me preparando para tirar um ano sabático de todas as coisas que eu normalmente faço na minha carreira”, anunciou o guitarrista. “Tenho muitas dúvidas se vão me pagar o mesmo do que quando trabalho com The Who, mas isso é realmente necessário para mim. Preciso tão desesperadamente fazer algo novo e diferente — e ainda não tenho um plano para o que eu possa fazer. Surgirá, suponho. O problema óbvio para mim, trabalhando com The Who, é que estou constantemente tocando música que compus há muito tempo — a maior parte feita há mais de 35 anos. Tenho sorte de muitas maneiras, mas há um pequeno pedaço de mim que tem uma voz invulgarmente alta. Quando estou no palco, às vezes ela diz ‘Você foi tão brilhante, jovem Pete’. Nas outras vezes, diz ‘Quando vamos tocar algo difícil".
Infelizmente, ou ainda bem, não há vídeos disponíveis sobre o histórico show de ontem no Rio. Então, a gente fica mesmo com o que é velho e que era bom. Vamo lá, rapaziada!
Eles são demaaaaais!!!
ResponderExcluirAssisti ontem ao show inteiro no canal Multishow,mas queria mesmo era estar lá. Zak Starkey na bateria! Um grande show!
ResponderExcluirThe Who é imortal!
ResponderExcluirPobres de nós, quando a velha guarda partir...
Assisti na TV, foi de arrasar o quarteirão. Deram um aula de Rock.
ResponderExcluir