Em uma época de mudanças sociais tão rápidas e intensas, os Beatles muitas vezes eram vistos como profetas, e cada música era ouvida e analisada em busca de símbolos e alusões. Quem era o homem-ovo em “I Am The Walrus”? O chá de “Lovely Rita” era mesmo de maconha? “Henry The Horse” era gíria para heroína? Talvez os Beatles tivessem se exposto a isso ao misturar poesia com non sense. John era quem mais gostava de confundir seu ponto de vista, talvez por insegurança. No entanto, por volta de 1968, ele estava tentando escrever de forma mais direta, e a maior parte do material produzido na índia era menos complicado. Quando um aluno de sua antiga escola escreveu pedindo que ele explicasse o que estava por trás de suas letras, John respondeu que seu trabalho era feito para divertir e fazer rir. “Eu faço para mim primeiro. O que quer que as pessoas entendam depois é válido, mas não tem necessariamente de corresponder aos meus pensamentos sobre o assunto, ok? Isso vale para as criações de qualquer um, arte, poesia, música etc. O mistério e essa merda toda que se constrói em torno das formas de arte precisam ser rompidos”.
"Glass Onion" era uma resposta jocosa àqueles que analisavam sua obra em busca de significados ocultos. Ele começou a fazer a música usando imagens de algumas canções ‘mais enigmáticas dos Beatles’ - "Strawberry Fields Forever", "There's a Place", "I'm Looking Through You", “I Am The Walrus”, "Within You Without You", "Lady Madonna", "The Fool on the Hill", e "Fixing a Hole". "Glass Onion" foi gravada em 11 de setembro de 1968, com todos os integrantes. O final um tanto quanto sombrio, na qual a música corta repentinamente dando continuidade a brincadeira de mensagens subliminares, é orquestrada por George Martin. A música dita o que iria ser um dos padrões de composição de Lennon futuramente como “Cold Turkey” e “Instant Karma”. Nos trechos das referências é possível ouvir instrumentos usados nas versões originais, como a flauta de “The Fool on the Hill”, por exemplo. Uma curiosidade: "Glass Onion" era o nome que John queria usar para The Iveys, banda que assinou contrato com a Apple em julho de 1968. Os Iveys não gostaram do nome e, em vez disso, passaram a se chamar Badfinger.
Amo essa música!
ResponderExcluirE o fato de John dar uma confundida nas cabeças dos fãs que os perseguiam é um motivo de riso pra mim, hoje.
Mas penso, lembrando do caso de Helter Skelter, que o nonsense acabou trazendo mais problemas e dor, do que diversão para eles. E isso meio que acabou refletindo na tensão enorme, que eles mesmos relataram, que foi a gravação desse disco e na consequente dissolução da banda...
Porém, e isso é inquestionável, esse é um dos melhores álbuns deles e, com certeza, um dos meus favoritos.
Está no meu Top 3, junto com "Rubber Soul" (meu número 1) e "Revolver".