O pai de John Lennon, Alfred, nasceu em Liverpool em 14 de dezembro de 1912. Após a morte de seu pai Jack de doença hepática em 1921, Alfred, com nove anos de idade, foi colocado na Escola Bluecoat para órfãos, onde permaneceu até os quinze anos. Ao sair, conseguiu um emprego como auxiliar de escritório, e foi durante este período que ele conheceu Julia Stanley - 14 anos de idade na época - em Sefton Park. Poucos anos depois, contra a vontade da família de Julia (o pai e a irmã Mimi), eles se casaram 3 de dezembro de 1938. Trabalhando na Marinha Mercante, Alfred passava pouco tempo em casa e vivia em longas viagens pelo Mediterrâneo, Norte da África e das Índias Ocidentais e a família de Julia cobrava-lhe que deveria ter um emprego fixo em terra firme junto à família. Durante um curto período, Alfred tentou arrumar alguma coisa mas não conseguiu e voltou para o mar. Julia estava grávida. John Winston Lennon nasceu em 9 de outubro de 1940, na enfermaria do segundo andar do Hospital Maternidade Oxford Street, em Liverpool. Alf só viu o filho pela primeira vez em novembro, quando ele apareceu depois de trabalhar como marinheiro no transporte de tropas durante a Segunda Guerra Mundial. Durante seus períodos de ausência, sempre enviava parte do seu pagamento para ajudar Julia que morava com seu filho em Newcastle (casa da família Stanley). Alf, ocasionalmente, voltava para Liverpool, mas não para ficar por muito tempo quando embarcava de novo. Essa ajuda parou quando Alf desapareceu sem licença em 1943. Nem Julia nem a Marinha Mercante sabiam do seu paradeiro. Julia, por sua vez, começou a sair para se divertir nas noites e conheceu um soldado galês chamado "Taffy" Williams. Alf se culpou por isso, pois, em suas cartas, dizia a ela que havia uma guerra e devia sair e se divertir. Julia seguiu o seu conselho. Ficou grávida de Williams no final de 1944.
Quando Alf finalmente apareceu em casa em 13 de janeiro de 1945, ele se ofereceu para cuidar de Julia, do seu filho e do bebê que estava esperando, mas Julia rejeitou a ideia. Alf levou John para a casa de seu irmão Sydney, num subúrbio de Liverpool - Maghull, poucos meses antes do nascimento da criança de Julia. A menina, Victoria, foi posteriormente doada para adoção (depois de intensa pressão do pai de Julia e da família) para uma família norueguesa. Então, Julia conheceu Bobby Dykins e foi viver com ele, mas depois de uma considerável pressão de Mimi - que por duas vezes há havia contatado o Serviço Social de Liverpool querendo a guarda de John, que dormia na mesma cama onde ela e o amante transavam. Julia relutantemente entregou o cuidado de seu filho a Mimi. Em julho de 1946, Alf visitou a casa de Mimi em Menlove Avenue e levou seu filho para Blackpool para umas ‘longas férias’ mas secretamente sua intenção era fugir para a Nova Zelândia com ele. Julia e Dykins descobriram e foram para Blackpool, e depois de uma discussão acalorada, Alf fez o menino de cinco anos, escolher entre Julia ou ele. John escolheu Alf (duas vezes) e, em seguida, Julia foi embora, mas no final, John chorando, a seguiu. Alf perdeu contato com a família até a eclosão dos Beatles, quando ele e John se encontraram novamente.
Em 1958, quando Alf estava trabalhando com Charlie Lennon no Restaurante Celeiro, em Solihull, seu irmão Sydney lhe enviou um recorte de jornal do Liverpool Echo relatando que Julia tinha morrido. Alf entristecido deixou Solihull e mudou-se para Londres. Ele não fez nenhuma tentativa real para entrar em contato John novamente até a explosão da Beatlemania (alegando que ele não sabia que ele era dos Beatles). Ele estava trabalhando como carregador de cozinha no Hotel Greyhound em Hampton, sul de Londres, quando alguém apontou uma fotografia de John Lennon em um jornal e perguntou se havia alguma relação entre eles. Quando os Beatles estavam filmando uma cena de “A Hard Day’s Night” no Teatro Scala, no Soho, em abril de 1964, Alf entrou no escritório de Brian Epstein na NEMS em Argyle Street com um jornalista. "Eu sou o pai de John Lennon", explicou à recepcionista. Quando Epstein foi informado, "entrou em pânico", e imediatamente enviou um carro para levar John até o escritório da NEMS. Alf foi mal vestido, cabelo grisalho despenteado, aparência péssima. Ele estendeu a mão para John, mas John não retribuiu, dizendo: "O que você quer?". Alf respondeu: "Você não pode virar as costas para sua família, não importa o que eles fizeram". A conversa não durou muito tempo, com John logo ordenando que Alf e o jornalista fossem retirados do escritório. Poucas semanas depois, a esposa de John, Cynthia abriu a porta em Kenwood (sua casa em Weybridge) para um homem que "parecia um vagabundo", mas, de forma alarmante, tinha o mesmo rosto de John. Cynthia convidou Alf, e deu-lhe chá e biscoitos até John chegar em casa. Enquanto esperavam, Cynthia se ofereceu para cortar o cabelo e acertar as costeletas de Alf, o que ele permitiu que ela fizesse. Depois de esperar por um par de horas, Alf foi embora. John ficou muito irritado quando soube de sua visita. Mais tarde, ele cedeu um pouco. Alf foi contatado e poderia aparecer de vez em quando.
As festas de fim-de-ano de 1965 de John Lennon, foram levemente arruinadas pela reaparição de seu pai, Alf (agora Freddie) Lennon. O pai do cantor Tom Jones o tinha encontrado lavando pratos num restaurante em Shepperton, Surrey, e um dos membros da equipe empresarial de Jones, Tony Cartwright, tinha feito contato com o objetivo de gravar um disco inovador. Eles conseguiram um contrato de gravação com a Piccadilly (com distribuição pela Pye) e um acordo de lançamento com a Leeds Music. Cartwright começou a compor uma “música” baseada nas memórias de Freddie. O resultado, produzido em Twickenham por John Schroeder (coautor do hit de Helen Shapiro “Walking Back to Happiness” e líder do grupo instrumental comercial Sounds Orchestral), foi uma nauseante declamação intitulada "That's My Life (My Love e My Home)”, repleta de ondas quebrando e vozes de coral sobre as quais Freddie recitava chavões sobre os altos e baixos de sua vida. A faixa, lançada em 31 de dezembro de 1965, começou a ser muito tocada nas rádios por causa do nome de Lennon. Animado pela fama recém-conquistada, Freddie decidiu fazer uma visita ao filho que abandonara tanto tempo antes, na casa dele em Weybridge. O final da história não foi feliz. “Era a segunda vez que eu o via na vida”, John revelou mais tarde. "Mostrei a ele onde ficava a porta. Eu não ia deixá-lo ficar lá em casa”. Irritado pelo fato de o pai estar aparentemente explorando o nome da família, John pediu a Brian Epstein para mexer seus pauzinhos e usar seu poder para enterrar o disco. Epstein queria que a Pye o recolhesse e finalizasse a campanha de publicidade. Cartwright e Freddie foram recompensados de modo discreto por sua perda potencial (provavelmente com fundos fornecidos por John) com a quantia de 8 mil libras. A Pye foi recompensada por cooperar e tirar o disco de circulação com a permissão para usar a música “Michelle”, de Lennon e McCartney, com um grupo chamado Overlanders, que o selo estava gravando sem sucesso desde 1963. A versão chegaria ao topo das paradas britânicas em janeiro e seria o único hit do grupo. Em 1966, Freddie Lennon tentou novamente, e gravou mais três singles que também não venderam nada.
Três anos depois do primeiro encontro com John no escritório da NEMS, Alf apareceu novamente em Kenwood, com sua noiva Pauline Jones, uma garota de 18 anos, ele estava com 56. Alf perguntou a John se ele poderia dar a Pauline um trabalho, de modo que ela foi contratada para ajudar a cuidar de Julian Lennon e também das pilhas de cartas de fãs. Pauline passou alguns meses morando em Kenwood no quarto do sótão. Alf e Pauline se mudaram para um apartamento em Patcham (um subúrbio de Brighton) e tiveram dois filhos: Henry David Lennon e Robin Francis Lennon. Já no final da vida, Alf escreveu um manuscrito detalhando a história de sua vida que ele deixou para John. Foi sua tentativa de te tentar preencher os anos perdidos quando ele não tinha estado em contato com o seu filho e explicar que foi Julia, e não ele, que havia acabado seu casamento. Em 1976, Alfred foi diagnosticado com câncer de estômago. Pauline procurou John via Apple Corps para se certificar de que ele sabia que seu pai estava morrendo. John enviou um grande buquê de flores para o hospital e ligou para Alf em seu leito de morte, pedindo desculpas por seu comportamento no passado. Alfred Lennon morreu em 1 de abril de 1976. Em 1990, Pauline publicou um livro chamado "Daddy, Come Home", detalhando sua vida com Alf e seus encontros com John. Pauline se casou novamente, e agora é conhecida como Pauline Stone.
Ele parecia um cara gente boa. Um John Lennon bem distante de seu egocentrismo, poderia tė-lo utilizado melhor.
ResponderExcluir" Parecia " Já foi abandonada pelo seu pai???
ExcluirJá sentiu as sequelas que isto causa?? Ele se aproximou do pai dele em 67 mas já era tarde demais para uma relação mútua e genuína, Este pecha de egocentrismo é meio injusta colega, rsrs
Nossa,John era muito parecido com o pai dele.
ResponderExcluirEra mesmo Dani. Talvez, Flora, se estivesse falando de gente comum, mas John Lennon estava vivendo no olho do furacão 'Beatles', a história já estava contada e isso (Fred), era uma grande chateação. Minha opinião. Valeu!
ResponderExcluirMas ele era pai dele, oras!
ResponderExcluirSim, eu sei rsrs...
ExcluirNatural a semelhança mas era muito igual. Já George era diferente do pai dele.
Era nada!
ResponderExcluirA foto que abre a matéria: os olhos de Alf são iguais aos de John.
ResponderExcluirFico imaginando: será que John teria essa aparência se estivesse vivo hoje, aos 77 anos?
Ah, sei lá...
Às vezes acho que o Freddie Lennon até queria cuidar da família. Mas realmente a Julia era doidinha. Mas também não era fácil ficar sozinha enquanto o homem tava no mar e nem dar notícias. Não sabia que o John escolheu o pai duas vezes até escolher ficar com a mãe. De qualquer forma parece que o Freddie tentou se aproveitar da fama do filho talvez foi aconselhado assim por alguns aproveitadores.
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