Somente aqui no Baú do Edu, especialmente em homenagem ao 78º aniversário do genial John Lennon, a gente confere um pequeno trecho da publicação "Biblioteca Época - Personagens que Marcaram Época", editado pela Editora Globo em 2006. VIVA JOHN LENNON!
A espessa fumaça levantada pelo bombardeio aéreo sobre Liverpool, Inglaterra, mal tinha se dissipado naquele 9 de outubro de 1940, quando, às 18h30, o choro de um recém-nascido ecoou nos corredores do Oxford Street Maternity Hospital. Depois de um complicado trabalho de parto, Julia Stanley - uma típica jovem dona-de-casa de classe média baixa - dava à luz seu primeiro filho, o menino John Winston, para quem o pai Alfred, marinheiro e músico amador, só acenaria para desejar as boas-vindas do outro lado do oceano. Apesar de ausente - naquele e em tantos outros anos -, Fred cuidou de garantir a linhagem e o provento do guri, assim que ele nasceu: algo portentoso, seu nome de batismo, John Winston Lennon, era uma homenagem ao bisavô Jack (John) Lennon, que havia integrado o grupo musical Andrews Robertson's Kentucky Ministreis, e ao prestigiado primeiro-ministro Winston Churchill, que, naquele tempo, zelava pela soberania da Grã-Bretanha e conduzia os destinos da nação, num mundo ameaçado pelo nazismo. Em breve, porém, a distância entre Julia e Fred selaria - a pedido dela - a definitiva separação entre eles e, a partir de 1942, o dinheiro para o sustento do pequeno John minguou. Fred só reapareceu na vida do menino quando, aos cinco anos, ele quis levá-lo consigo para a Nova Zelândia, mas, na última hora, John preferiu ficar com a mãe, em Liverpool. Fred zarpou, então, para outros mares: deixou a mulher e só voltou a se encontrar com o filho duas décadas mais tarde, em 1964. Imersa em dificuldades financeiras, Julia - que, naquele momento, já trabalhava, bebia e fumava - se viu à deriva diante da tarefa de educar o menino. Preferiu casar-se novamente e entregar a tutela de John à irmã Mary Elizabeth - a tia Mimi - e seu marido George Smith, um austero casal de meia-idade que não tinha filhos. Coube assim ao tio George ensinar o pequeno John Winston a ler e escrever e levá-lo vez ou outra ao cinema. Com o segundo companheiro, John Dykins, com quem passou a viver num quarto-e-sala em Springwood, Julia teve mais duas filhas - Julia e Jacquie - e com elas John conviveu em relativa harmonia, sempre que a mãe vinha visitá-lo, o rosto frequentemente marcado pelas agressões do marido. Assim, antes de completar 6 anos, John Lennon já tinha provado o dissabor de ser abandonado pelos pais e vivia com os tios no bairro de Woolton, na 251, Menlove Avenue, local de grande concentração de médicos e advogados e distante apenas 5 quilômetros da casa da mãe. "Eu era um autêntico menino suburbano, cheiroso e bem-cuidado, meio palmo acima da classe social de Paul, George e Ringo, que viviam em moradias subsidiadas pelo governo. Nós, não: tínhamos nossa casa e nosso jardim. Assim, eu era algo como um fruto proibido, em comparação com eles...", contaria mais tarde John, com suas próprias palavras. Apesar disso, e desde muito cedo, Lennon se tornou "o garoto que os pais não queriam ao lado de seus filhos": tinha apenas 6 anos quando foi expulso pela primeira vez de uma creche porque aterrorizava as menininhas. Arruaceiro, cruel, violento, formava com outros meninos do bairro, Nigel Whalley, Ivan Vaughan e Pete Shotton - para quem ele era o Winnie -, uma gangue que vivia arrumando briga, furtando lojas e às vezes levantando a saia das garotas na rua. Encrenqueiro, adorava a mãe esquiva - a quem dedicou, mais tarde, uma de suas canções mais dilacerantes, Mother - e com ela aprendeu a tocar banjo e ouvir discos, mas sentia-se infeliz, incompreendido. E diferente: ainda muito pequeno, passava horas olhando-se fixamente no espelho até ver seu rosto se decompor "em imagens alucinantes”. Devorava os livros de Lewis Carroll e tinha verdadeira paixão pela arte: desenhava seus próprios personagens, escrevia poemas com aliterações e metáforas e não gostava da escola formal - nem a entendia. No entanto, a partir de 1948, passou a frequentar a Dovedale Road Primary School, de Liverpool, e, em 1952, entrou na Quarry Bank Grammar School. Orgulhava-se de ser sempre o último da classe, cultivava a aura de ser um pequeno marginal - ora roubando cigarros, ora perseguindo os mais frágeis -, gostava de música e mostrava inequívoca aptidão para a pintura: aos 12 anos, ensaiou alguns traços que mais tarde dariam origem à capa de seu álbum WalIs and Bridges. Os anos 50 arrebataram este jovem transviado, acentuaram seu sarcasmo e irreverência e o lançaram definitivamente no submundo: John Lennon vestiu-se de couro e se empapuçou de gomalina, abraçou o skiffle, mistura de rock e música popular inglesa que virou mania na Grã-Bretanha, ganhou da tia Mimi um violão e enfrentou a primeira morte na família - a do tio George, em 1953, cuja ausência incentivou sua mãe Julia a se aproximar um pouco mais dele, numa relação de franca e despretenciosa camaradagem. Coube a ela, então, lhe ensinar os primeiros acordes de guitarra e encorajá-lo a seguir adiante com a música. “Isso é bom como hobby, mas você nunca vai ganhara vida assim”, instruía a tia Mimi, ao ver o sobrinho dedilhar o instrumento até criar bolhas nos dedos. Mas o rock expressava seu inconformismo, sua dor. E lhe trazia de volta a companhia da mãe - até que o ano de 1958 a extirpou definitivamente de sua vida, depois que um policial bêbado chamado Eric Clague a atropelou na frente de casa e a matou aos 44 anos de idade, no dia 15 de julho. Levado a julgamento, Clague, que, além de embriagado, não tinha sequer carteira de habilitação, recebeu apenas uma suspensão. John Lennon tinha então 17 anos: “Minha primeira lembrança da vida é a de um pesadelo”, confessaria amargurado, na autobiografia dos Beatles. De fato, o sonho ainda estava apenas começando.
A espessa fumaça levantada pelo bombardeio aéreo sobre Liverpool, Inglaterra, mal tinha se dissipado naquele 9 de outubro de 1940, quando, às 18h30, o choro de um recém-nascido ecoou nos corredores do Oxford Street Maternity Hospital. Depois de um complicado trabalho de parto, Julia Stanley - uma típica jovem dona-de-casa de classe média baixa - dava à luz seu primeiro filho, o menino John Winston, para quem o pai Alfred, marinheiro e músico amador, só acenaria para desejar as boas-vindas do outro lado do oceano. Apesar de ausente - naquele e em tantos outros anos -, Fred cuidou de garantir a linhagem e o provento do guri, assim que ele nasceu: algo portentoso, seu nome de batismo, John Winston Lennon, era uma homenagem ao bisavô Jack (John) Lennon, que havia integrado o grupo musical Andrews Robertson's Kentucky Ministreis, e ao prestigiado primeiro-ministro Winston Churchill, que, naquele tempo, zelava pela soberania da Grã-Bretanha e conduzia os destinos da nação, num mundo ameaçado pelo nazismo. Em breve, porém, a distância entre Julia e Fred selaria - a pedido dela - a definitiva separação entre eles e, a partir de 1942, o dinheiro para o sustento do pequeno John minguou. Fred só reapareceu na vida do menino quando, aos cinco anos, ele quis levá-lo consigo para a Nova Zelândia, mas, na última hora, John preferiu ficar com a mãe, em Liverpool. Fred zarpou, então, para outros mares: deixou a mulher e só voltou a se encontrar com o filho duas décadas mais tarde, em 1964. Imersa em dificuldades financeiras, Julia - que, naquele momento, já trabalhava, bebia e fumava - se viu à deriva diante da tarefa de educar o menino. Preferiu casar-se novamente e entregar a tutela de John à irmã Mary Elizabeth - a tia Mimi - e seu marido George Smith, um austero casal de meia-idade que não tinha filhos. Coube assim ao tio George ensinar o pequeno John Winston a ler e escrever e levá-lo vez ou outra ao cinema. Com o segundo companheiro, John Dykins, com quem passou a viver num quarto-e-sala em Springwood, Julia teve mais duas filhas - Julia e Jacquie - e com elas John conviveu em relativa harmonia, sempre que a mãe vinha visitá-lo, o rosto frequentemente marcado pelas agressões do marido. Assim, antes de completar 6 anos, John Lennon já tinha provado o dissabor de ser abandonado pelos pais e vivia com os tios no bairro de Woolton, na 251, Menlove Avenue, local de grande concentração de médicos e advogados e distante apenas 5 quilômetros da casa da mãe. "Eu era um autêntico menino suburbano, cheiroso e bem-cuidado, meio palmo acima da classe social de Paul, George e Ringo, que viviam em moradias subsidiadas pelo governo. Nós, não: tínhamos nossa casa e nosso jardim. Assim, eu era algo como um fruto proibido, em comparação com eles...", contaria mais tarde John, com suas próprias palavras. Apesar disso, e desde muito cedo, Lennon se tornou "o garoto que os pais não queriam ao lado de seus filhos": tinha apenas 6 anos quando foi expulso pela primeira vez de uma creche porque aterrorizava as menininhas. Arruaceiro, cruel, violento, formava com outros meninos do bairro, Nigel Whalley, Ivan Vaughan e Pete Shotton - para quem ele era o Winnie -, uma gangue que vivia arrumando briga, furtando lojas e às vezes levantando a saia das garotas na rua. Encrenqueiro, adorava a mãe esquiva - a quem dedicou, mais tarde, uma de suas canções mais dilacerantes, Mother - e com ela aprendeu a tocar banjo e ouvir discos, mas sentia-se infeliz, incompreendido. E diferente: ainda muito pequeno, passava horas olhando-se fixamente no espelho até ver seu rosto se decompor "em imagens alucinantes”. Devorava os livros de Lewis Carroll e tinha verdadeira paixão pela arte: desenhava seus próprios personagens, escrevia poemas com aliterações e metáforas e não gostava da escola formal - nem a entendia. No entanto, a partir de 1948, passou a frequentar a Dovedale Road Primary School, de Liverpool, e, em 1952, entrou na Quarry Bank Grammar School. Orgulhava-se de ser sempre o último da classe, cultivava a aura de ser um pequeno marginal - ora roubando cigarros, ora perseguindo os mais frágeis -, gostava de música e mostrava inequívoca aptidão para a pintura: aos 12 anos, ensaiou alguns traços que mais tarde dariam origem à capa de seu álbum WalIs and Bridges. Os anos 50 arrebataram este jovem transviado, acentuaram seu sarcasmo e irreverência e o lançaram definitivamente no submundo: John Lennon vestiu-se de couro e se empapuçou de gomalina, abraçou o skiffle, mistura de rock e música popular inglesa que virou mania na Grã-Bretanha, ganhou da tia Mimi um violão e enfrentou a primeira morte na família - a do tio George, em 1953, cuja ausência incentivou sua mãe Julia a se aproximar um pouco mais dele, numa relação de franca e despretenciosa camaradagem. Coube a ela, então, lhe ensinar os primeiros acordes de guitarra e encorajá-lo a seguir adiante com a música. “Isso é bom como hobby, mas você nunca vai ganhara vida assim”, instruía a tia Mimi, ao ver o sobrinho dedilhar o instrumento até criar bolhas nos dedos. Mas o rock expressava seu inconformismo, sua dor. E lhe trazia de volta a companhia da mãe - até que o ano de 1958 a extirpou definitivamente de sua vida, depois que um policial bêbado chamado Eric Clague a atropelou na frente de casa e a matou aos 44 anos de idade, no dia 15 de julho. Levado a julgamento, Clague, que, além de embriagado, não tinha sequer carteira de habilitação, recebeu apenas uma suspensão. John Lennon tinha então 17 anos: “Minha primeira lembrança da vida é a de um pesadelo”, confessaria amargurado, na autobiografia dos Beatles. De fato, o sonho ainda estava apenas começando.
Nossa! Ele teria 78 anos. Como o tempo voa...
ResponderExcluirlivrinho fraco! Fico pensando em quanto tantas coisas deveriam focar de verdade de Lennon, ao invés dessas merdas! (Sorry).
ResponderExcluirO livro tem jeito de ser bem geralzinho, mais do mesmo
ResponderExcluir