Há 56 anos, no dia 1º de julho de 1963, os Beatles estavam no estúdio da EMI, em Abbey Road, para gravar a música que se tornaria a marca da Beatlemania. Aqui. a gente confere um pequeno trecho do sensacional livro "The Beatles - A Biografia" de Bob Spitz.
George Martin pressionava os rapazes a produzir material para um novo compacto, de modo a manter a liderança nas paradas. Uma composição iniciada em Newcastle, após um espetáculo no fim de junho, dava a impressão de que poderia satisfazer os requisitos do pedido. Viajando na traseira de uma perua mal iluminada internaamente, Paul tinha esboçado um fragmento de letra bastante promissor. Era baseado em uma answering song segundo Paul, que se recordou de ter ouvido uma gravação de Bobby Rydell em que ele usava o recurso de forma inteligente. Um coro de garotas cantava: “Go, Bobby, go, everything’s cool”, ao que Rydell respondia: “We all go to a swingm’ school”. Paul vislumbrou os Beatles fazendo uma coisa parecida. Ele cantaria: “She loves you”, enquanto o restante da banda respondería: “Yeah... yeah... yeah”, produzindo um efeito meio sem sentido, mas com um gancho musical eficaz. Decidiu levar o projeto a John, que o classificou como “ideia de jerico”. Mas achou que a letra tinha futuro. Retornaram então ao quarto no Turk’s Hotel, empunharam as guitarras, e em poucas horas tinham elaborado a estrutura da canção. “She Loves You” foi concluída na noite seguinte, durante um raro dia de folga em Iiverpool. Os rapazes trabalharam com afinco nela, em uma pequena sala de jantar, na Forthlín Road, com o pai de Paul sentado a menos de 2 metros, fumando sem parar e assistindo à televisão. A presença dele e o ruído circundante não tinham importância — nada conseguia interromper a concentração de Paul e John. Eles compunham com um sentido de missão, reformulando frases inadequadas, tocando sem parar, aperfeiçoando a métrica, até chegar ao ponto certo. Quando acabaram, sabiam que tinham um sucesso nas mãos. A música tinha uma energia positiva que irrompia nas primeiras notas e culminava em uma bela harmonização vocal, distribuída pelos yeahs. George Martin ouviu-a num ensaio no estúdio, no dia 1° de julho, e a considerou “brilhante, uma das melhores canções já compostas pelos Beatles”. O conjunto trabalhou na música durante os dias que se seguiram, ensinando a George Harrison uma terceira voz, para encorpar o efeito. De volta ao estúdio, com Martin empoleirado em um banco em frente ao piano, eles a repassaram, seguindo um arranjo que John e Paul tinham elaborado para as guitarras. O engenheiro Norman Smith, de pé em frente à mesa de edição, mostrava-se agradavelmente surpreso enquanto ouvia a música. Um pouco antes, ele tinha examinado a letra, que estava em um suporte, e sentira um frio na barriga. Ele contaria mais tarde a Mark Lewisohn: “‘She loves you, yeah, yeah, yeah, she loves you, yeah, yeah, yeah, she loves you, yeah, yeah, yeah, yeah’. Aí eu pensei: ‘Ah, meu Deus, que letra! Acho que não vou gostar dessa música”. Na verdade, essa é uma composição com elementos que agradam a gregos e troianos, embora nada atraísse mais quem a ouvia do que a forma de executá-la. Os Beatles cantam “She Loves You” com tanta convicção que, durante a curta duração da música — bem menos que dois minutos e meio —, criam um clima não apenas envolvente, mas irresistível. O desempenho dos Beatles nessa canção lhes conferiu uma imagem perfeita e duradoura: os jeah-ysah-yeahs e os uuuuuus em falsete (nesse ponto, eles sacudiam a cabeça ao mesmo tempo, arrancando gritinhos extasiados das fãs) se transformaram em ícones. Apesar da evolução de sua música, apesar de suas experiências com texturas musicais e equipamentos eletrônicos complexos, é difícil pensar nos Beatles sem visualizar quatro rapazes sorridentes com cabelos de cuia em sua posição clássica nos palcos - guitarras na parte superior do peito, baquetas com condução nos pratos -, cantando: “And you know you should be glad - uuuuuuuu”, e agitando a cabeleira. Nenhuma referência a eles é tão imediata.
Legal, né? É, legal demais! Mas nessa parte do livrão, Bob Sipts não fala daquele dia das sessões de gravação de "She Loves You", mas a gente pega carona com outro autor que deu um bom serviço do que aconteceu naquele dia! Ainda incrédulos sobre o tamanho do fascínio e excitação que causavam nas fãs, os Beatles resolveram ir do lado de fora do estúdio para umas fotos de divulgação do single. O que se seguiu foi um verdadeiro caos em Abbey Road nunca visto antes. Sobre esse estranho e sensacional episódio, a gente confere novamente aqui um trecho do livro “Minha Vida Gravando os Beatles” de Geoff Emmerick – o jovem engenheiro de som que viu tudo acontecer!
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