Como um membro dos Beatles, Paul McCartney ajudou a levar o Rock and Roll a um estágio global. Através de suas músicas, os Beatles levaram esperança e inspiração às pessoas. Em 24 de maio de 2003, Paul McCartney realizou um concerto na Rússia, eletrificando uma multidão de mais de cem mil pessoas na Praça Vermelha de Moscou. O DVD Live in Red Square captura os históricos momentos do concerto de quase três horas que inclui mais de trinta clássicos com canções dos Beatles, Wings e de sua carreira solo. Além do show na Praça Vermelha, o DVD também traz um show inédito da segunda viagem de Paul McCartney a Rússia, onde ele se apresentou no St. Petersburg Palace Square.
O artigo que a gente confere agora foi publicado na ‘Ilustrada” da Folha de São Paulo em 2 de setembro de 2005, de autoria de MARCO AURÉLIO CANÔNICO.
Uma máxima conhecida diz que a história é escrita pelos vencedores. Depois de assistir a "Paul McCartney in Red Square", o DVD que traz o show do beatle na célebre praça Vermelha de Moscou, o espectador fica com a impressão de que ela também é escrita pelos marqueteiros. Ninguém questiona o destacado papel dos Beatles -e, por extensão, de McCartney- na música, na cultura em geral e na sociedade, notadamente na Ocidental, como um todo. Daí a colocá-los como protagonistas da queda do comunismo vai uma longa distância. Do documentário que acompanha o show, com declarações como a do sociólogo russo Artemy Troitsky, que diz que "Paul, John, George e Ringo fizeram mais pela queda do comunismo do que qualquer outra instituição ocidental", o espectador tira a certeza de que a Guerra Fria foi vencida pelos "fab four". Como mostra o programa do History Channel "Russia e os Beatles: Uma Breve Jornada", que faz parte do DVD, o quarteto de Liverpool foi considerado subversivo e banido da União Soviética na década de 1960. Obviamente, isso não impediu que uma versão moderada da "beatlemania" se desenvolvesse por trás da cortina de ferro: onde há censura, há também um lucrativo mercado negro esperando para ser desenvolvido. O que o documentário não mostra é que os Beatles não foram os únicos censurados na URSS, assim como os países comunistas não foram os únicos a instituírem a censura. Se o show de McCartney na praça Vermelha tem um caráter histórico por ser a primeira vez que ele pisou na ex-URSS, pode-se dizer que a mesma sensação "histórica" foi sentida em qualquer país onde Macca pôs os pés pela primeira vez após ter virado uma lenda mundial. Por fim, a sensação de "caiu o comunismo, finalmente vamos ver um beatle" não se sustenta cronologicamente: o show é de 2003, mais de uma década depois da derrocada soviética, ou seja, não foi exatamente censura o que manteve McCartney afastado da Rússia nos últimos anos. À parte a lição histórica questionável, o DVD traz o que é indiscutível: as pérolas do repertório de McCartney, passando por Beatles, Wings e por sua carreira solo. O show em Moscou é mostrado como um filme, com as canções entremeadas por cenas de Paul visitando lugares e personagens históricos -como o presidente Putin e Gorbatchov-, além de depoimentos de fãs. Sobre o repertório, basta listá-lo: "Can't Buy me Love", "I Saw Her Standing There", "We Can Work It Out", "Band on the Run", "Live and Let Die", "Yesterday", "Let it Be", "Back in the USSR"... De quebra, há ainda outra apresentação de McCartney na Rússia, esta em São Petersburgo e gravada como um show mesmo, com as músicas em seqüência direta. Nela figuram "Drive My Car", "Penny Lane", "Helter Skelter" e outros exemplos da indiscutível genialidade musical do homem.
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