A cena do rock em Liverpool era literalmente um movimento underground. Isso acontecia porque os seus locais mais importantes, do Casbah ao palco do Jacaranda, passando pelo departamento de discos da loja NEMS, em Whitechapel, e muitos outros pontos de reunião essenciais — estavam situados em subsolos. Nenhum era tão caracteristicamente tão underground quanto o Cavern, o clube em forma de cripta localizado a apenas alguns quarteirões da NEMS, no número 10 da Mathew Street. Instalada no meio de um corredor estreito que percorria uma seção de armazéns e depósitos, a porta do clube conduzia os membros por um piso irregular de pedras, normalmente coberto de folhas espalhadas de alface crespa e frutas podres que haviam sido descartadas por caminhoneiros e vendedores. Uma lâmpada desnuda iluminava os dezoito degraus de pedra que levavam ao porão, cujas três câmaras em formato de catacumba, separadas por pilares de pedra, tinham sido construídas um século antes para guardar tonéis de rum e melaço. Programado para ser um clube de jazz sofisticado, como o Le Caveau de Paris, o Cavern acabou se tornando um espaço voltado para jovens, cujo bar vendia limonada e cachorros-quentes para uma clientela jovem que, em grande número e com sua dança frenética nos túneis laterais do clube, gerava um calor e uma umidade de tirar o fôlego. Sem ventilação e quase sempre lotado, com capacidade máxima de seiscentas pessoas, a temperatura ambiente do Cavem chegava aos trinta graus ou mais que isso, e o teto e o chão ficavam cobertos de suor.
Os Beatles fizeram sua primeira apresentação no Cavern no horário do almoço, no começo de fevereiro de 1961, e como voltaram de Hamburgo no princípio de julho, tornaram-se uma atração regular no clube, com um público cada vez maior e mais entusiasmado. “Eles ficavam muito próximos”, recorda Mike Byrne, frequentador regular do clube que trabalhava no armarinho do pai, na esquina da North John Street. Byrne também fazia parte de uma banda — Mike and the Thunderbirds —, de modo que ficou particularmente impressionado com a proeza técnica que os Beatles haviam trazido de sua estada de meses na Alemanha. “Eles ainda faziam muita bagunça no palco, mas a música era inteiramente adequada. Os vocais de apoio eram perfeitos. E aquelas harmonias, com aquele som de rock pesado (...) era simplesmente fantástico”. Trecho do livro “Paul McCartney – Uma Vida” de Peter Ames Carlin. Os Beatles fizeram 291 apresentações no Cavern Club. No dia 3 de agosto de 1963, foi o último. Confira também: CAVERN CLUB - UM LUGAR PARA A HISTÓRIA
Muito bom.
ResponderExcluirQuem sabe não darei uma passadinha no Cavern Club este ano. Liverpool Yeah Yeah yeah rsrs
Estou planejando ir este ano em Liverpool no dia do Aniversário do Paul, em Junho.
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