domingo, 30 de novembro de 2014
sábado, 29 de novembro de 2014
ESPECIAL GEORGE HARRISON - 13 ANOS DE SAUDADE
Há 13 anos, nosso iluminado George Harrison tornou-se mais iluminado ainda, ao deixar de vez, o mundo material. George perdeu a luta contra um câncer, que havia se espalhado após ter sido esfaqueado 11 meses antes, por um débil mental. George Harrison, um dos homens mais geniais de toda a história da humanidade, deixou este mundo em paz e com a esperança de que podemos ser felizes e seguirmos para um novo caminho em uma nova vida. Sua mensagem jamais será esquecida. Hare Krishna, George.
Por isso, a gente recorda agora uma matéria sensacional publicada na revista Rolling Stone de novembro de 2011, quando se completou 10 anos de sua passagem.
O beatle mais jovem e tímido se afastou cedo dos holofotes – mas a vida dele só se tornou ainda mais profunda, rica e selvagem
O garoto magricela com cabelo escuro e grosso ficava sentado na fileira do fundo de uma sala de aula lotada, com a cabeça abaixada, olhos intensos fixos no caderno. Enquanto a professora falava, ele rabiscava com o lápis, como se anotasse cada palavra. Só que George Harrison não estava escutando. Aos 13 anos, filho de um motorista de ônibus, ele viajava em visões de seu futuro, enchendo os cadernos com desenhos obsessivos de guitarras – o instrumento que desejava tocar desde que começara a ouvir os sucessos de Elvis Presley, a incorporação sônica de toda a diversão e alegria que faltava na sombria Liverpool pós-guerra. Tempos depois, encheu os cadernos de letras de músicas, partituras e, de vez em quando, o desenho de uma motocicleta.
George ficou amigo de um colega de classe mais velho, Paul McCartney, que precisava de um guitarrista para uma banda nova. “Conheço alguém”, disse Paul ao líder do grupo, John Lennon. “Ele é um pouco novo, mas é bom.” Harrison passou no teste, tocando a música instrumental “Raunchy” na parte de cima de um ônibus de dois andares em uma noite – e, assim, virou um beatle, ou pelo menos um dos quarrymen. Só que os companheiros de banda nunca deixaram de pensar nele como um parceiro júnior – um “beatle da classe econômica”, na formulação sardônica de Harrison – e logo ele começou a pressionar para conquistar uma posição melhor.
George Harrison não era exatamente o beatle silencioso: “Ele nunca calava a boca”, diz o amigo Tom Petty. “Era a melhor companhia que você pode imaginar.” Ele era o beatle mais teimoso, o menos afeito ao showbiz, até menos preso ao mito da banda do que Lennon. Gostava de repetir uma frase que atribuía a Mahatma Gandhi: “Crie e preserve a imagem de sua escolha”. Harrison desafiou a primazia de composição de Lennon e McCartney; introduziu ao Ocidente – praticamente sozinho – a música indiana, por meio da amizade com Ravi Shankar; foi a primeira pessoa a fazer do rock um veículo para expressão espiritual desavergonhada e, com o Concerto para Bangladesh, filantropia em grande escala; fez mais sucesso em Hollywood do que qualquer beatle, produzindo filmes como A Vida de Brian, do Monty Python; e desmentiu a reputação de recluso solitário ao montar o Traveling Wilburys, uma banda que era tanto um clube quanto um supergrupo.
Como o novo documentário dirigido por Martin Scorsese, Living in the Material World, e o livro que o acompanha deixam claro, George Harrison não tinha ocupações casuais: ele seguiu seus interesses em ukulele, corrida de carros, jardinagem e, especialmente, meditação e religião oriental com uma energia incansável. “George era muito curioso, e, quando se interessava por algo, queria saber tudo”, diz a viúva, Olivia Harrison, que o conheceu em 1974 e se casou com ele quatro anos depois. “Também tinha um lado louco. Gostava de se divertir, sabe.” A primeira esposa de Harrison, Pattie Boyd, descreveu-o como oscilando entre períodos de meditação intensa e festas pesadas, sem meio-termo. “Ele meditava por horas a fio”, ela escreveu na autobiografia Wonderful Tonight. “Então, como se fosse difícil demais resistir aos prazeres da carne, parava de meditar, cheirava cocaína, se divertia, paquerava e festejava... Não havia normalidade nisso também.” Diz Olivia: “George não via preto e branco, alto e baixo como coisas diferentes. Não dividia seus humores ou sua vida em compartimentos. As pessoas pensam: ‘Ah, ele era assim ou assado, ou muito extremo’. Mas todos esses extremos estão dentro de um círculo. E podia ser muito, muito calado ou muito, muito espalhafatoso. Quer dizer, quando começava, já era. Ele não era, digamos, um banana, isso eu garanto. Ele conseguia ir mais longe do que todos”.
Harrison e os colegas de banda perderam shows de talento local para uma banda liderada por um anão - mas nem isso os abalou. "Éramos convencidos", afirmou Harrison. As coisas se reverteram intensamente, e ele adorou aquilo no início, adotando as fases do sucesso de "uma maneira quase adolescente": seu aprendizado de menor de idade no bairro da luz vermelha de Hamburgo (onde perdeu a virgindade enquanto os outros beatles fingiam dormir no mesmo quarto - e aplaudiram no final); o processo doloroso de desenvolver seu próprio estilo na guitarra, calcado no country e no R&B; o início da beatlemania; a fama, o dinheiro, as mulheres, a união entre os quatro. "Éramos pessoas relativamente sãs no meio da loucura", disse Harrison. Nos primeiros anos, também idolatrou Lennon em particular: "Ele me disse que admirava muito, muito o John", conta Petty. "Provavelmente queria muito a aceitação dele, sabe?" Só que, em 1965, Harrison experimentou ácido e, de repente, passou a não acreditar nos Beatles. "Não demorou muito para se dar conta de que 'não é isto'", conta Olivia. "Ele percebeu: 'Não é isto que vai me sustentar. Não vai ser o suficiente para mim'." "É bom ser popular e ser procurado, mas, sabe, é ridículo", disse Harrison à Rolling Stone em 1987. "Percebi que é algo sério, minha vida está sendo afetada por todas essas pessoas gritando." Ele se sentia fisicamente inseguro. "Com o que está acontecendo, presidentes sendo assassinados, toda a magnitude da nossa fama me deixou nervoso." No set de Os Reis do Iê-Iê-Iê, George conheceu Pattie Boyd, uma modelo loira e magra; no set do filme seguinte dos Beatles, Help!, encontrou a música indiana clássica - que o levou a uma busca que duraria muito mais que seu casamento. A tentativa de dominar a cítara o levou à ioga, que o levou à meditação, que o levou à espiritualidade oriental, que ajudaria a definir sua vida. "Ele estava buscando algo muito superior, muito mais profundo", disse Shankar, virtuose da cítara que se tornou amigo e mentor de Harrison. "Parece que ele já tinha algum histórico indiano nele. Caso contrário, é difícil explicar por que ficou tão atraído por um tipo de vida e filosofia, até religião, em particular. Parece muito estranho, a não ser que você acredite em reencarnação." Por um tempo, era como se ele estivesse sentado nos fundos da sala de aula dos Beatles, rabiscando cítaras - daí "Within You without You", a bela e anómala faixa de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. No entanto, depois de perceber que nunca seria mais do que um citarista mediano, George voltou a se focar na guitarra e na composição, criando algumas das melhores músicas dos Beatles: "Something", "Here Comes the Sun", "While My Guitar Gently Weeps", além de "Not Guilty" e "All Things Must Pass", que Lennon e McCartney erroneamente rejeitaram. Também começou a tocar guitarra com slide, desenvolvendo uma voz instrumental emotiva e diferenciada que refletia seu espírito recém-liberado.
Lutar por seu lugar na banda e pelo lugar de suas músicas nos discos era exaustivo - tanto quanto simplesmente ser um beatle. "Às vezes, eu me sinto como se tivesse mil anos", afirmou Harrison - que tinha 27 quando os Beatles se separaram. "Aquilo estava me envelhecendo... era uma questão de parar ou acabar morto." Os dias de turnê da banda tinham acabado, mas a beatlemania o deixou com algo parecido com um transtorno de estresse pós-traumático. "Se você tivesse 2 milhões de pessoas gritando para você, acho que demoraria muito tempo para parar de ouvir isso na sua cabeça", diz Olivia. "George não foi feito para aquilo." Harrison fez amizade com Bob Dylan ("Eles tinham uma conexão de alma", segundo a viúva) e Eric Clapton, e seus momentos com os dois artistas o mostraram um caminho adiante. Quando os beatles implodiram em 1970, ele lançou o álbum triplo All Things Must Pass, abrindo seu baú de músicas.
No ano seguinte, a pedido de Shankar, Harrison persuadiu Clapton, Dylan e Ringo Starr, entre outros, a se unirem para o Concerto para Bangladesh, que definiu o modelo para todos os grandes shows beneficentes nos 40 anos seguintes. O show foi um triunfo, mas o resultado foi uma confusão dolorosa, à medida que os esforços de Harrison para fazer a renda chegar aos refugiados enfrentavam códigos fiscais e burocracias. O casamento dele também estava desmoronando: de maneira infame, Pattie o trocou por Clapton, embora a amizade dos dois tenha sobrevivido de alguma forma. Apesar de toda a base espiritual, Harrison estava bebendo demais, festejando demais, dormindo com várias pessoas. "Senses never gratified/Only swelling like a tide/ That could drown me in the material world" (Sentidos nunca satisfeitos/ Só subindo como uma maré/ Que poderia me afogar no mundo material), cantou, esgotado, na faixa-título do álbum seguinte, Living in the Material World. A turnê norte-americana de Harrison em 1974 foi a última dele, com exceção de uma curta temporada no Japão em 1991. Com longos solos de Shankar, vocais fracos de Harrison e a recusa em tocar músicas conhecidas dos Beatles (ele gritava durante versões desanimadas de "Something"), as críticas foram brutais. Harrison ficou angustiado com as multidões desordeiras e a intensamente festeira banda de apoio que ele havia escolhido. Aquilo não parecia mais ser o mundo dele. "George falava muito sobre seu sistema nervoso, que ele simplesmente não queria mais barulhos altos", conta Olivia, que conheceu-o no ano da turnê. "Não queria ficar mais estressado."
Harrison lançou mais sete álbuns cada vez menos interessado em sua carreira convencional. "George não era disso", diz Petty. "Não queria ter um um agente. Estava fazendo o que queria e não dava valor algum ao estrelato." Seu relacionamento com Olivia o deixou centrado, e ele diminuiu as festas. Harrison ficou extasiado quando o casal teve seu único filho, Dhani, em 1978. «As únicas coisas que ele achava que eu tinha de fazer na vida são ser feliz e meditar", conta Dhani, que cresceu em Friar Park - a mansão de 120 quartos no interior da Inglaterra que Harrison comprou em 1970, prejudicando as finanças até de um beatle. A propriedade era linda e misteriosa, com cavernas, gárgulas, cascatas e vitrais instalados por Sir Frank Crisp, um milionário excêntrico que foi dono dela até morrer, em 1919. Harrison tinha fixação por restaurar os jardins de 14 hectares, que estavam em estado lastimável.
Quando criança, conta Dhani, "Eu tinha certeza de que ele era só um jardineiro" - uma conclusão razoável, já que Harrison trabalhava 12 horas por dia ali, perdendo jantares em família enquanto perseguia sua visão, plantando árvores e flores. "Ser o jardineiro, não conviver com ninguém e simplesmente ficar em casa, isso era muito rock and roll, sabe?", diz Dhani, que entendia a paixão do pai: "Quando você está em um jardim realmente bonito, isso te faz lembrar constantemente de Deus".
Depois de um hiato de cinco anos entre álbuns, Harrison convocou o produtor Jeflf Lynne para Cloud Nine, de 1987, que lhe fez chegar ao Número 1 com "Got My Mind Set on You," uma cover animada de uma obscuridade dos anos 60. O mais importante: uma sessão para gravar um lado B - uma colaboração casual com Lynne, Dylan, Petty e Roy Orbison - o levou ao Traveling Wilburys, o projeto pós-Beatles do qual ele mais gostou.
Ele gostava de fazer parte de uma banda novamente, sem falar da colaboração com Dylan, amigo e herói. “Fico muito à vontade tocando em equipe”, dizia Dylan a Petty. Os Wilburys gravaram dois álbuns (Dhani se lembra de passar tempo com Jakob Dylan jogando o game Duck Hunt no Nintendo enquanto a banda trabalhava no segundo disco, no andar de baixo), mas nunca fez um único show. "Toda vez que George fumava um e tomava algumas cervejas, começava a falar de fazer turnê", conta Petty. "Acho que falamos seriamente sobre isso uma ou duas vezes, mas ninguém se comprometeu de verdade." Um terceiro álbum dos Wilburys era sempre uma possibilidade. "Nunca achamos que não daria tempo", afirma Petty. Em vez disso, depois de uma turnê de 13 datas no Japão com Clapton, Harrison voltou a ser um jardineiro. "Ele não queria ter obrigações", diz Olivia. Continuou compondo e gravando músicas no estúdio em casa, mas recusou ofertas para aparecer em premiações -ou para qualquer outra coisa. "Simplesmente tenho de abrir mão disso tudo", dizia. "Não me importo com discos, filmes, estar na TV ou todas essas coisas."
Em 1997, foi diagnosticado com câncer na garganta e passou por um tratamento com radioterapia. Dois anos depois, um homem com problemas mentais conseguiu entrar em Friar Park e deu uma facada no pulmão de Harrison. George se recuperou, mas Dhani acredita que os ferimentos enfraqueceram o pai quando este enfrentou um câncer de pulmão, mais tarde. A doença se espalhou para o cérebro e George Harrison morreu em 29 de novembro de 2001. Olivia tem certeza de que o quarto do hospital se encheu de uma luz brilhante enquanto a alma deixava o corpo dele.
"Ele dizia: 'Olha, não somos estes corpos, não vamos nos prender a isso'", diz Petty, que faz meditação desde que o amigo o introduziu na prática. "George falava: 'Só quero me preparar para ir do jeito certo e para o lugar certo'." Ele faz uma pausa e ri. "Tenho certeza de que conseguiu."
Em meados deste ano, Dhani Harrison, agora com 33 anos, voltou para Friar Park e passou um longo tempo olhando para o jardim. Nunca esteve tão bonito - as árvores que o pai plantou finalmente cresceram. "Ele provavelmente está rindo de mim", afirma Dhani, "dizendo: 'É assim que tem de ser'. Você não constrói um jardim para si mesmo, agora mesmo - constrói para gerações futuras. Meu pai definitivamente tinha visão de longo prazo".
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
JOHN LENNON & ELTON JOHN - LIVE AT MADISON SQUARE GARDEN
O Dia de Ação de Graças, conhecido em inglês como Thanksgiving Day, é um feriado nacional celebrado nos Estados Unidos e no Canadá, como um dia de agradecimentos a Deus, com orações e festas, pelos bons acontecimentos ocorridos durante o ano. A partir de 1939, instituiu-se que o Dia de Ação de Graças seria comemorado definitivamente na quinta-feira da quarta semana de novembro e que seria um feriado nacional. O Dia de Ação de Graças é geralmente um dia quando as pessoas usam seu tempo livre para estar com a família, fazendo grandes reuniões e jantares familiares. É também um dia em que muitas pessoas dedicam seu tempo para pensamentos religiosos, orações e missas. O prato principal geralmente é peru, o que dá ao dia o apelido de " Dia do Peru ".
Na noite do Dia de Ação de Graças, em 28 de novembro de 1974, durante o show de Elton John no Madison Square Garden, em Nova York, John Lennon subiu ao palco para um público pagante pela útima vez, cumprindo uma aposta feita ao amigo Elton John: se "Whatever Gets You Thru the Night" chegasse ao 1º lugar ele participaria da apresentação de Elton no Madison Square Garden. Nessa noite, John pagou a promessa. Tocaram três músicas: "Whatever Gets You Thru the Night", "Lucy In The Sky" e para a surpresa de todos, uma versão muito boa de "I Saw Her Standing There".
Elton John era talvez, a maior estrela pop do mundo no momento, mas uma rara aparição ao vivo de John Lennon foi o suficiente para roubar o show. John estava visivelmente nervoso por estar no palco, mais uma vez, com o rugido ensurdecedor recordando os auges da Beatlemania uma década antes. Durante a gravação do álbum “Walls And Bridges” de Lennon, Elton John contribuiu com vocais e teclados em duas canções: "Whatever Gets You Thru the Night", e Surprise Surprise (Sweet Bird Of Paradox) .
"Whatever Gets You Thru the Night", como já foi dito lá em cima, foi o objeto da tal aposta. Lennon era o único ex-Beatle que ainda não tinha atingido um número 1 com um single, e concordou com a sugestão de Elton que, se ‘Whatever Gets You’ chegasse ao número 1 nas paradas, eles iriam tocar juntos no concerto de Ação de Graças de Elton naquele ano. Em novembro de 1974, a canção "Whatever Gets You Thru the Night", de John Lennon, bateu “You Ain't Seen Nothing Yet” do BTO – Bachman,Turner, Overdrive, e foi direto para o topo da Billboard Hot 100 nos Estados Unidos. O concerto foi no dia 28 de novembro e a aparição de Lennon no palco sem aviso prévio antes do evento, deixou o público em êxtase.
Lennon parecia resplandecente e sóbrio, com cabelos longos e um terno preto, empunhava uma guitarra Fender Telecaster preta. Ele, Elton e banda cantaram três músicas abrindo com "Whatever Gets You Thru the Night", depois "Lucy In The Sky With Diamonds" e por último, "I Saw Her Standing There". Lucy In The Sky tinha sido gravada em estúdio por Elton John em julho de 1974, e foi lançada como single 10 dias antes do concerto. Lennon realizara backing vocals e guitarra na gravação. “I Saw Her Standing There”, foi sugerida por Elton, e prontamente aceita por Lennon.
Antes do grande final de John com essa versão sensacional de “I Saw Her Standing There”, ele disse: “Eu gostaria de agradecer ao Elton e os meninos por esta noite. Nós tentamos pensar em um número para terminar com que eu possa sair daqui e ficar doente, e nós pensamos em fazer uma de um antigo noivo distante chamado Paul. Esta é uma que eu nunca cantei, é um velho número dos Beatles, que todos nós conhecemos”.
John diz ainda: “Elton queria que eu fizesse ‘Imagine’, mas eu não queria aparecer como Dean Martin fazendo seus sucessos clássicos. Eu queria ter um pouco de diversão e tocar um pouco de rock and roll e eu não queria fazer mais do que três, porque o show era de Elton, afinal. Ele sugeriu I Saw Her Standing There e eu pensei 'grande', porque eu nunca cantei essa. Paul cantava e eu fazia a harmonia. Quando eu saí do palco, eu disse aos jornalistas: "Foi uma boa diversão, mas eu não gostaria de ganhar a vida com isso". Eu não sou contra performances ao vivo, mas eu não tenho um grupo e apenas não estou interessado nisso agora, mas posso mudar de ideia”.
Yoko Ono estava na plateia, no Madison Square Garden. Embora mais tarde Lennon tenha dito que ela não estava ciente de sua presença, foi ele quem lhe mandou ingressos para o show, e ela lhe telefonou para agradecer. Ono também enviou orquídeas para Lennon e Elton, que ambos usavam no palco. O relacionamento de Lennon e Ono foi retomado em fevereiro de 1975, apesar de um mito criado de que sua volta aconteceu no backstage após o show. O show de Elton John foi a última aparição de Lennon para um público pagante. Depois do show, ele e May Pang participaram de uma festa no Hotel Pierre, em Nova York. Na época, o casal estava planejando comprar uma casa nos subúrbios de Nova York, mas isso nunca aconteceu.
Fontes: The Beatles Bible - http://www.beatlesbible.com/, The Beatles Diary - http://thebeatlesdiary.blogspot.com.br/ - “O Diário dos Beatles” de Barry Miles, “John Lennon - A Vida” de Philip Norman.
Por mais incrível que possa parecer, não existem grandes registros filmados desse show histórico, ou se existem, estão guardados às sete chaves. Esse vídeo que a gente confere agora, é fake, mas é legal. É um trecho do filme “John & Yoko – Uma História de Amor”, que já apareceu aqui no Baú.
Mas esse aqui é verdadeiro, embora sejam apenas fragmentos dos shows de Elton John, John Lennon aparece apenas por alguns segundos a partir dos 3'42".
Confira também a megapostagem “JOHN LENNON LIVE PERFORMANCES” publicada em 8 de junho de 2012: http://obaudoedu.blogspot.com.br/2012/06/john-lennon-live-performances-j.html
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
GEORGE HARRISON - MY SWEET LORD, OH MY LORD
Para quem quiser conferir novamente a mega postagem "MY SWEET LORD - DOSSIÊ COMPLETO", publicada no dia 24 de fevereiro de 2012, o link é:
http://obaudoedu.blogspot.com.br/2012/02/my-sweet-lord-dossie-completo.html
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
JOHN LENNON - GIMME SOME TRUE - THE MAKING OF IMAGINE
Embora as faixas básicas para o álbum “Imagine” tenham sido inicialmente gravadas no estúdio da casa de Lennon, no Ascot Sound Studios em Tittenhurst Park, muitos dos instrumentos foram regravados no Record Plant Studios em Nova York, onde cordas e saxofones liderados por King Curtis também tenham sido adicionados. Extensas imagens dessas sessões, mostrando a evolução de várias das músicas, foram compiladas em um documentário em vídeo intitulado "Gimme Some Truth: The Making of John Lennon's Imagine".
“Imagine”, de 1971 pode não ser o melhor álbum de John Lennon, mas com certeza, é o mais famoso.
O de 1970, “Plastic Ono Band”, foi o primeiro álbum completo de Lennon como artista-solo, e é facilmente identificado pela maioria das opiniões, como seu melhor trabalho. Esse álbum provou ser um recorde difícil de ser superado durante a carreira de Lennon. “Plastic Ono Band”, veio durante um período de introspecção grave para John e tentou exorcizar muitos demônios que insistiam em não deixa-lo jamais.
Em “Imagine”, John tinha abrandado um pouco e estava mais calmo, e o álbum mostrou um lado mais suave do bicho-fera. Isso até pode parecer injusto, já que “Plastic Ono Band” tivesse várias músicas tranquilas e encantadores como "Look At Me". No entanto, “Imagine” é um álbum mais ensolarado como um todo. Claro que tem alguns momentos mais duros, mas eles não dominam o todo como em “Plastic Ono Band”. É também uma peça muito mais acessível, em grande parte graças à faixa-título: "Imagine" - que se tornou um clássico intocável como qualquer maior sucesso do Beatles. Poder assistir esse documentário, é de valor inestimável para os fãs. Raramente podemos vislumbrar tantas imagens tão espontâneas e reveladoras de qualquer outro artista, mas isso é John Lennon. Imagine - Do início ao fim – e ainda inclui uma versão demo de "Look At Me". Sensacional e imperdível! Aqui, no Baú, a gente confere todinho com boa resolução. Dig It!
COME TOGETHER - "THE BEATLES"
Esse videozinho é muito bacaninha. A montagem ficou show! Já tinha aparecido aqui em 2012 e o amigo Samuel Pacheco pediu para ver de novo. Abração!
IMAGINE A MÚSICA DE LENNON PELOS DIREITOS DA CRIANÇA
A Unicef comemorou com um vídeo emocionante o 25º Aniversário da Convenção dos Direitos da Criança, que aconteceu nessa quinta-feira, 20. Katy Perry, Nina Dobrev, Nicole Scherzinger, Adam Lambert, David Guetta, Courtney Cox, Dianna Agron, entre outros, além de pessoas anônimas, gravaram o clipe da música Imagine, de John Lennon. O ex-Beatle John Lennon também aparece no clipe ao lado de Yoko Ono. Os anônimos são de diversas partes do mundo e romperam as fronteiras para cantar no single em defesa da infância e da juventude. A música está à venda no iTunes e toda a verba arrecada com a venda será revertida para os 150 países nos quais a Unicef atua.
O ABSURDO DOS ABSURDOS – O QUE MAIS FALTA?
Como se já não bastasse Yoko Ono viver azucrinando a vida dos fãs dos Beatles, o empresário Irving Azoff, fundador da Global Music Rights (GRM) responsável por artistas como John Lennon, The Eagles, Chris Cornell e Pharrell Williams, quer que o YouTube retire músicas de 42 de seus clientes- que representam cerca de 20 mil obras com direitos autorais - de sua plataforma, incluindo o recém-lançado serviço de setraming Music Key. As informações são do All Access Music Group. De acordo com o site da Nasdaq, o advogado de Azoff enviou uma carta ao YouTube exigindo a documentação de todas as licenças que o serviço possa ter. "Desafiando nossas exigências, parece que o YouTube continua transmitindo vídeos contendo as músicas controladas pela GRM, e cada transmissão constitui uma violação intencional de direitos autorais”. Um porta-voz do Google disse que o YouTube respondeu alegando ter fechado acordos com gravadoras, editores, grupos de direitos e outros para novo seu serviço de assinatura de música e vídeo, YouTube Music Key, e continuaria a trabalhar em tais ofertas". Ainda segundo a Nasdaq, Azoff “começou o grupo de direitos (GRM) em grande parte por causa da frustração com o YouTube, que, de acordo com ele, está envolvido na maior parte da ‘exploração’ da música, oferecendo apenas uma pequena parcela da receita da indústria.” Na última quarta-feira (19), Azoff utilizou sua conta no Twitter para comentar sua decepção com o YouTube, que, segundo ele, “não deveria executar suas músicas ou negociar com ele sobre taxas de royalties”.
NINGUEM QUIS COMPRAR A GUITARRA DE JOHN LENNON
Uma guitarra de John Lennon, leiloada no Rock & Roll Memorabilia, em Londres, com um valor inicial de 400 mil libras, não encontrou compradores. "O lote permaneceu por vender", disseram os leiloeiros. A guitarra foi colocada à venda por David Birch, um primo de Lennon, que recebeu o instrumento como um presente. A Gretsch 6120 foi tocada na gravação da canção Paperback Writer, em 1966. Além disso, a guitarra é valiosa por ser usada na sessão de fotos da banda durante a gravação da Paperback Writer nos estúdios EMI, na famosa Abbey Road, segundo ressaltam os leiloeiros. Quem quiser, confere aqui a postagem original sobre o anúncio desse leilão em 6 de outubro de 2014: http://obaudoedu.blogspot.com.br/2014/10/guitarra-de-john-lennon-pode-ser.html
A INFLUÊNCIA DA MÚSICA DOS BEATLES
Pedro Peduzzi* - Repórter da Agência Brasil - Edição: Denise Griesinger
Ultrapassar a barreira do tempo e do espaço pode estar entre os grandes desafios da humanidade. Mas não para aquela que é considerada por muitos a maior banda de todos os tempos: os Beatles. Com 13 discos de estúdios lançados ao longo de oito anos – há mais de 50 anos – John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr são até os dias atuais fonte de influência musical e comportamental para todas as gerações, nos quatro cantos do mundo. O ex-integrante da banda Paul está no Brasil com a turnê Out There para apresentações em Vitória, São Paulo, Rio de Janeiro e, pela primeira vez, na capital, Brasília. “Os Beatles não são apenas atuais. Em termos musicais, eles são eternos”, resume o professor do Departamento de Música da Universidade de Brasília, Sérgio Nogueira – há tempos um estudioso do quarteto de Liverpool. “E, na medida em que foram ultrapassando fronteiras, caindo como bomba nos EUA e invadindo tanto o Ocidente como o Oriente, obtiveram, como polemizou Lennon, uma popularidade maior que a de Jesus”, acrescentou. De acordo com a professora de Teoria e Tecnologia da Comunicação da Universidade Católica de Brasília, Rafiza Varão, além de ser a primeira banda cujo sucesso atingiu proporções mundiais, os Beatles estão entre os primeiros músicos responsáveis por fazer com que o culto às personalidades passasse a permear o imaginário do público, utilizando os meios de comunicação como poderosos aliados. Segundo Sérgio Nogueira, uma sequência de acasos fez dos Beatles a maior banda da história: “em primeiro lugar, o acaso da natureza, que juntou pelo menos duas pessoas com genialidade muito acima do normal”, disse referindo-se aos aspectos “diferentes e complementares” de Lennon e McCartney. “Lennon era rebelde, sofrido e com problemas familiares; Paul vinha de uma família equilibrada e tinha um pai que era músico amador e ouvia boa música. Cada um trouxe elementos diferentes que resultaram em uma terceira coisa, que ia além do simples somatório dessas duas partes”, explicou Nogueira à Agência Brasil. “E, para melhorar ainda mais, tinha George Harrison com seus arranjos e, posteriormente, boas composições”. O outro acaso citado pelo professor está relacionado ao momento histórico em que os Beatles surgiram. “Foi um momento primordial da história da música, com quebras de paradigmas em relação à música do passado e com a música pop ascendendo e superando barreiras”. Por meio dos Beatles a indústria fonográfica descobriu, nesse estilo musical, um novo e lucrativo filão. Rafiza Varão explica que a banda representou, para a indústria fonográfica, o início da fase de ouro da comercialização de discos de vinis e compactos, vendendo bilhões mesmo depois de seu fim. “A banda acabou virando um patrimônio da cultura mundial e hoje é impossível pensar a cultura do século 20 sem pensarmos nos Beatles”, disse ela. “A banda trouxe uma revolução cultural, em que jovens da classe média baixa inglesa começaram a se expressar mais comumente por meio da música popular que aparecia naquele período, construindo valores para uma juventude que não mais consumia apenas a cultura local. Com isso, ajudaram a difundir valores comuns para jovens de diversas nacionalidades: formas de dançar, vestuário, relação com os músicos, sentimentos em relação ao amor”, acrescentou a professora. Para Sérgio Nogueira, a banda não foi exatamente o catalisador de uma nova forma de comportamento, mas o símbolo que deu dimensão a uma forma de comportamento que já vinha se estabelecendo. “A cena já vinha acontecendo. Mas com toda a certeza eles deram uma dimensão muito maior para elementos da cultura da época. A principal postura influenciada por eles, que perdura até hoje, está relacionada à crítica às fórmulas de relações hierárquicas na família e no governo”. Se na época os Beatles representavam uma afronta aos pais, atualmente o gosto pelas músicas da banda passa de pai para filho. Principalmente quando se tem a chance de assistir ao showde um deles. Apelidado de John Lennon, devido à semelhança entre os nomes, João Lino, de 27 anos, vai ao show de Paul McCartney, dia 23 em Brasília. "Aprendi a ouvir Beatles com o meu pai. Sempre fui muito fã deles. Simplesmente não dava pra deixar de ver um deles de perto”, disse o consultor de seguros à Agência Brasil. “Vi o primeiro show da turnê [Out There] pela televisão e posso dizer: é imperdível tanto em termos de repertório quanto de organização”. Até a escolha de profissões foram influenciadas pela música dos Beatles. “Eles representaram um estouro na minha vida. Cheguei profissionalmente onde cheguei graças ao impulso dado por eles”, disse o professor do Departamento de Música da UnB. “Eu não tinha envolvimento com música até meu irmão comprar dois discos deles. Na primeira vez que ouvi, me veio uma sensação visceral de força muito intensa. Ao sentir isso, me despertei. Aos poucos fui crescendo musicalmente, seguindo o que eles estavam fazendo. Evolui junto com eles e sou fruto de uma semente plantada por eles. E segui o caminho deles para aprender junto. Só depois fui me interessando por outras coisas, como jazz erudito. Mas os Beatles continuam me tocando profundamente. A mim e a muitos como eu”, disse Nogueira. História similar tem o músico profissional Fábio Pereira, 44. “Foram eles que fizeram com que eu me tornasse um músico profissional”, disse o músico e professor de bateria. Para dar vazão à paixão que tem pelo quarteto, ele integra a banda Friends, que faz covers do grupo. “Os Beatles representam uma química perfeita entre quatro seres humanos, juntando dois baitas compositores com um guitarrista técnico que, influenciado pelos companheiros, se tornou também um grande compositor. Completando o time, um baterista que apesar das limitações deu identidade própria à música do grupo. Aquela era a bateria da música”, disse Fábio àAgência Brasil. O que mais o impressiona na música dos Beatles é a quantidade de músicas boas, tanto no aspecto melódico como nas letras e arranjos harmônicos. “Eram muito avançados para a época”, disse ele. “Os Beatles conseguiram gravar uma quantidade enorme de músicas boas, tendo apenas oito anos de discografia [13 discos, entre 1962 e1970]. Eles inovaram para além do iê-iê-iê que os lançou. McCartney disse em livro que, no início, eles faziam música pensando em vender, mas depois começaram a sair dessa inocência e explorar letras mais introspectivas. Com isso, após um amadurecimento grande e rápido, os Beatles consagraram e tiveram seu auge criativo entre 1965 e 1967", completou. *Colaborou Michèlle Canes
Ultrapassar a barreira do tempo e do espaço pode estar entre os grandes desafios da humanidade. Mas não para aquela que é considerada por muitos a maior banda de todos os tempos: os Beatles. Com 13 discos de estúdios lançados ao longo de oito anos – há mais de 50 anos – John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr são até os dias atuais fonte de influência musical e comportamental para todas as gerações, nos quatro cantos do mundo. O ex-integrante da banda Paul está no Brasil com a turnê Out There para apresentações em Vitória, São Paulo, Rio de Janeiro e, pela primeira vez, na capital, Brasília. “Os Beatles não são apenas atuais. Em termos musicais, eles são eternos”, resume o professor do Departamento de Música da Universidade de Brasília, Sérgio Nogueira – há tempos um estudioso do quarteto de Liverpool. “E, na medida em que foram ultrapassando fronteiras, caindo como bomba nos EUA e invadindo tanto o Ocidente como o Oriente, obtiveram, como polemizou Lennon, uma popularidade maior que a de Jesus”, acrescentou. De acordo com a professora de Teoria e Tecnologia da Comunicação da Universidade Católica de Brasília, Rafiza Varão, além de ser a primeira banda cujo sucesso atingiu proporções mundiais, os Beatles estão entre os primeiros músicos responsáveis por fazer com que o culto às personalidades passasse a permear o imaginário do público, utilizando os meios de comunicação como poderosos aliados. Segundo Sérgio Nogueira, uma sequência de acasos fez dos Beatles a maior banda da história: “em primeiro lugar, o acaso da natureza, que juntou pelo menos duas pessoas com genialidade muito acima do normal”, disse referindo-se aos aspectos “diferentes e complementares” de Lennon e McCartney. “Lennon era rebelde, sofrido e com problemas familiares; Paul vinha de uma família equilibrada e tinha um pai que era músico amador e ouvia boa música. Cada um trouxe elementos diferentes que resultaram em uma terceira coisa, que ia além do simples somatório dessas duas partes”, explicou Nogueira à Agência Brasil. “E, para melhorar ainda mais, tinha George Harrison com seus arranjos e, posteriormente, boas composições”. O outro acaso citado pelo professor está relacionado ao momento histórico em que os Beatles surgiram. “Foi um momento primordial da história da música, com quebras de paradigmas em relação à música do passado e com a música pop ascendendo e superando barreiras”. Por meio dos Beatles a indústria fonográfica descobriu, nesse estilo musical, um novo e lucrativo filão. Rafiza Varão explica que a banda representou, para a indústria fonográfica, o início da fase de ouro da comercialização de discos de vinis e compactos, vendendo bilhões mesmo depois de seu fim. “A banda acabou virando um patrimônio da cultura mundial e hoje é impossível pensar a cultura do século 20 sem pensarmos nos Beatles”, disse ela. “A banda trouxe uma revolução cultural, em que jovens da classe média baixa inglesa começaram a se expressar mais comumente por meio da música popular que aparecia naquele período, construindo valores para uma juventude que não mais consumia apenas a cultura local. Com isso, ajudaram a difundir valores comuns para jovens de diversas nacionalidades: formas de dançar, vestuário, relação com os músicos, sentimentos em relação ao amor”, acrescentou a professora. Para Sérgio Nogueira, a banda não foi exatamente o catalisador de uma nova forma de comportamento, mas o símbolo que deu dimensão a uma forma de comportamento que já vinha se estabelecendo. “A cena já vinha acontecendo. Mas com toda a certeza eles deram uma dimensão muito maior para elementos da cultura da época. A principal postura influenciada por eles, que perdura até hoje, está relacionada à crítica às fórmulas de relações hierárquicas na família e no governo”. Se na época os Beatles representavam uma afronta aos pais, atualmente o gosto pelas músicas da banda passa de pai para filho. Principalmente quando se tem a chance de assistir ao showde um deles. Apelidado de John Lennon, devido à semelhança entre os nomes, João Lino, de 27 anos, vai ao show de Paul McCartney, dia 23 em Brasília. "Aprendi a ouvir Beatles com o meu pai. Sempre fui muito fã deles. Simplesmente não dava pra deixar de ver um deles de perto”, disse o consultor de seguros à Agência Brasil. “Vi o primeiro show da turnê [Out There] pela televisão e posso dizer: é imperdível tanto em termos de repertório quanto de organização”. Até a escolha de profissões foram influenciadas pela música dos Beatles. “Eles representaram um estouro na minha vida. Cheguei profissionalmente onde cheguei graças ao impulso dado por eles”, disse o professor do Departamento de Música da UnB. “Eu não tinha envolvimento com música até meu irmão comprar dois discos deles. Na primeira vez que ouvi, me veio uma sensação visceral de força muito intensa. Ao sentir isso, me despertei. Aos poucos fui crescendo musicalmente, seguindo o que eles estavam fazendo. Evolui junto com eles e sou fruto de uma semente plantada por eles. E segui o caminho deles para aprender junto. Só depois fui me interessando por outras coisas, como jazz erudito. Mas os Beatles continuam me tocando profundamente. A mim e a muitos como eu”, disse Nogueira. História similar tem o músico profissional Fábio Pereira, 44. “Foram eles que fizeram com que eu me tornasse um músico profissional”, disse o músico e professor de bateria. Para dar vazão à paixão que tem pelo quarteto, ele integra a banda Friends, que faz covers do grupo. “Os Beatles representam uma química perfeita entre quatro seres humanos, juntando dois baitas compositores com um guitarrista técnico que, influenciado pelos companheiros, se tornou também um grande compositor. Completando o time, um baterista que apesar das limitações deu identidade própria à música do grupo. Aquela era a bateria da música”, disse Fábio àAgência Brasil. O que mais o impressiona na música dos Beatles é a quantidade de músicas boas, tanto no aspecto melódico como nas letras e arranjos harmônicos. “Eram muito avançados para a época”, disse ele. “Os Beatles conseguiram gravar uma quantidade enorme de músicas boas, tendo apenas oito anos de discografia [13 discos, entre 1962 e1970]. Eles inovaram para além do iê-iê-iê que os lançou. McCartney disse em livro que, no início, eles faziam música pensando em vender, mas depois começaram a sair dessa inocência e explorar letras mais introspectivas. Com isso, após um amadurecimento grande e rápido, os Beatles consagraram e tiveram seu auge criativo entre 1965 e 1967", completou. *Colaborou Michèlle Canes
THE BEATLES - TWIST AND SHOUT - ABSOLUTAMENTE FANTÁSTICO!
Em 1960, Phil Spector tornou-se produtor na Atlantic records. No ano seguinte ele foi designado para produzir um single para um grupo vocal chamado the Top Notes (às vezes chamado de "Topnotes") com a canção "Twist and Shout" Em 1962, o grupo The Isley Brothers decidiu gravar a canção e foram produzidos pelo próprio compositor Bert Russell, que não tinha ficado satisfeito com a produção de Phil Spector. "Twist And Shout" tornou-se a primeira gravação do trio a atingir e entrar para lista da revista Billboard (entre as 40 mais). A canção logo se tornou um cover frequente da música soul no início dos anos 60. Quando os the Isleys gravaram "Twist And Shout" eles não pensaram que ela se sairia tão bem quanto seu hit de três anos atrás "Shout!". Para a surpresa deles, a canção se tornou hit dentre as listas de música pop e rhythm and blues.Os Beatles lançaram a canção em seu álbum de estréia no Reino Unido, Please Please Me. Em uma única sessão, eles gravaram 11 canções para o álbum e Twist and Shout foi a última a ser gravada. John Lennon, o líder vocal da canção, estava com gripe no dia e usava pastilhas para a garganta, por isso, ele produziu uma memorável performance vocal, rouca e dinâmica." Esta foi uma das primeiras canções que os Beatles apresentavam o "wooo" na harmonia, o que se tornou um clichê no início da carreira deles.
Nos Estados Unidos, a canção foi lançada em 2 de março de 1964 como um single pela Vee-Jay Records. Atingiu o segundo lugar no dia 4 de abril do mesmo ano. Neste país, a canção foi o único cover dos Beatles a vender 1 milhão de cópias e o único a atingir as 10 mais tocadas em qualquer lista de paradas de sucesso norte-americanas. A versão dos Beatles para a canção fez parte do filme de 1986 Ferris Bueller's Day Off (Curtindo a Vida Adoidado), com o ator Matthew Broderick no papel principal. O uso da canção em 1986 fez com que ela entrasse na lista da Billboard Hot 100, atingindo o pico de número 23. Em 1962 a Decca Records assinou contrato com The Tremeloes, um grupo de Dagenham, Essex, em preterência aos Beatles. Ambos os grupos tiveram uma audição no mesmo dia, e os Beatles foram rejeitados pela gravadora. Ironicamente, Brian Poole and the Tremeloes não tinham nenhum sucesso até os Beatles darem início ao "boom" britânco ao rock. Assim o grupo Brian Poole and the Tremeloes imitou o estilo deles e regravou "Twist and Shout" quatro meses depois dos Beatles, atingindo a paradas de sucesso do Reino Unido (#4). "Twist and Shout" ainda seria regravada tantas e tantas vezes, inclusive pelo Mamas & Papas, mas nada, nada se compara com a gravação dos Beatles! Esse vídeo que a gente confere agora é o mais phoda que eu já vi nos últimos tempos! The Beatles - Twist And Shout!!!
terça-feira, 25 de novembro de 2014
MESMO DEBAIXO DE CHUVA, PAUL ENCANTA BRASÍLIA
Por Lucas Nanini, do G1 DF
Pela primeira vez em um palco de Brasília, Paul McCartney repetiu a mesma fórmula que tem agradado fãs brasileiros nas últimas turnês. O bom humor inabalável, duas horas e meia de música e um repertório com alguns dos principais hits das principais fases de sua trajetória, desde a época dos Beatles, passando pelos Wings e pela carreira solo fizeram o público que foi ao Estádio Mané Garrincha sair do show satisfeito neste domingo (23). A novidade foram as músicas do novo álbum, “New”, lançado neste ano, presentes também nas apresentações em Cariacica, no Espírito Santo, e no Rio de Janeiro. Paul cantou “Save us”, “Queenie Eye”,“Everybody out there” e a faixa-título. Paul arriscou falar em português, usou frases como “Aqui tá bombando”, brincou com a plateia, dançou, recebeu dois bichos de pelúcia, elogiou a cidade, ofereceu música para a “garotada” e até fez um coraçãozinho com a mão. “Bom estar em Brasília finalmente”, disse. Um público de 46 mil pessoas, segundo a organização, fez coro para os principais sucessos dos Beatles e da carreira solo. Paul subiu ao palco às 21h04 e saiu pela última vez exatamente duas horas e meia depois, às 23h34. Ao todo, foram 39 canções, sendo 26 dos mais famoso quarteto de Liverpool. A chuva que caiu sobre Brasília nesta noite não diminuiu os ânimos, nem mesmo quando aumentou, logo após o surgimento de labaredas e explosões acompanhando o ritmo de “Live and let die”.
Pela primeira vez em um palco de Brasília, Paul McCartney repetiu a mesma fórmula que tem agradado fãs brasileiros nas últimas turnês. O bom humor inabalável, duas horas e meia de música e um repertório com alguns dos principais hits das principais fases de sua trajetória, desde a época dos Beatles, passando pelos Wings e pela carreira solo fizeram o público que foi ao Estádio Mané Garrincha sair do show satisfeito neste domingo (23). A novidade foram as músicas do novo álbum, “New”, lançado neste ano, presentes também nas apresentações em Cariacica, no Espírito Santo, e no Rio de Janeiro. Paul cantou “Save us”, “Queenie Eye”,“Everybody out there” e a faixa-título. Paul arriscou falar em português, usou frases como “Aqui tá bombando”, brincou com a plateia, dançou, recebeu dois bichos de pelúcia, elogiou a cidade, ofereceu música para a “garotada” e até fez um coraçãozinho com a mão. “Bom estar em Brasília finalmente”, disse. Um público de 46 mil pessoas, segundo a organização, fez coro para os principais sucessos dos Beatles e da carreira solo. Paul subiu ao palco às 21h04 e saiu pela última vez exatamente duas horas e meia depois, às 23h34. Ao todo, foram 39 canções, sendo 26 dos mais famoso quarteto de Liverpool. A chuva que caiu sobre Brasília nesta noite não diminuiu os ânimos, nem mesmo quando aumentou, logo após o surgimento de labaredas e explosões acompanhando o ritmo de “Live and let die”.
Além da “garotada”, que foi lembrada antes e depois de “All together now”, Paul também prestou homenagens aos ex-beatles John Lennon e George Harrison, à mulher Nancy Shevell e à ex-mulher Linda. A primeira citação aconteceu na sétima canção. “Esta música eu escrevi para a minha mulher, Nancy”, disse antes de tocar “My Valentine”, com os atores Johnny Depp eNatalie Portman mostrando a letra em linguagem de sinais no telão. Não demorou muito e ex-beatle prestou homenagem à ex-mulher e mãe de seus filhos, Linda Eastman, tocando e cantando “Maybe i’m amazed”. John foi citado antes de “Here today”.
George foi o responsável pela única música do show que não tem a assinatura de Paul: “Something”. Com imagens de Harrison e McCartney no telão, a música foi uma das mais cantadas pelo público. Os principais sucessos cantados por ele no famoso quarteto de Liverpool também foram entoados com o apoio de todo o público. “The long and winding road”, “Blackbird”, “Lady Madonna”, “Eleanor Rigby”, “Obladi oblada”, “Get Back” e “Let it be”, entre outras. A primeira parte terminou com o tradicional coro de “na na na na” de “Hey Jude”, com Paul ao piano colorido. Um grupo de fãs levou diversas folhas de papel com a sílaba “na”, que foi vista no telão durante a parte final da canção. O primeiro bis começou “Day Tripper”, a última música tocada pelos Beatles até o show no telhado do prédio da Apple, em Londres. Paul saiu do palco depois de interpretar “I saw her standing there”.
No útimo retorno, o asto apareceu com o violão e iniciou “Yesterday”. Em seguida, ele tocou a que é uma das músicas mais pesadas dos Beatles, “Helter skelter”. Como faz sempre, Paul trocou o baixo Hofner pelo piano e encerrou o show com a sequência final de Abbey Road, “Golden slumbers”, “Carry that weight” e “The end”.
A noite estava mais do que ganha. Paul acenou para o público, reuniu os músicos na frente do palco mais uma vez, agradeceu ao público, à equipe técnica e aos integrantes de sua banda, andou de um lado para o outro e foi para o camarim após uma chuva de papel picado, em verde, amarelo e azul. Ele também disse que Brasília é uma cidade linda e que pretende voltar.
O Baú do Edu avisa: Infelizmente, no you tube não tem ainda vídeos do show com boa resolução. Por isso vai esse mesmo do Morumbi em São Paulo em 2010. Afinal, não tem muita diferença. Band On The Run.
PAUL McCARTNEY EM BRASÍLIA - UMA LIÇÃO INESQUECÍVEL!
Tem gente que não aprende nunca mesmo, ou só aprende levando muito na cabeça. Com certeza, eu sou uma dessas pessoas. Desde o início, assim que foi confirmado o show em Brasília, procurei não criar expectativas e mesmo quando meus amigos perguntavam se eu iria, respondia que achava que não. Estou quebrado e mais duro que arroz de 5ª. Mas sabia que se eu quisesse mesmo ir, isso não seria desculpa. Problemas mais sérios como a saúde de minha mãezinha (que ontem completou 79 anos) e a morte recente e precoce de dois dos meus maiores amigos, esses sim, fazem que eu não tenha nenhum entusiasmo para qualquer tipo de festa. Mas os dias foram passando e logo a cidade começou a ser tomada por cartazes enormes anunciando o show. Meu filho Davi, de 18 anos, viu um desses cartazes e perguntou se eu iria. Respondi que achava que não e ele disse que gostaria de ver um show como esse pela primeira vez e aqui em Brasília. Fiquei pensando uns dois dias e pimba, comprei dois ingressos dos mais baratos para satisfazer pelo menos esse desejo do garotão. Na volta para casa, vendo os cartazes na rua, ficava pensando o que aquele cara e os três amigos dele representaram para mim nos últimos 40 anos. Meus olhos marejaram. Somente no início da semana do show, disse ao meu filho ele que tinha os ingressos.Sou velho, chato e rabugento! Não gosto de gente, de cachorros e menos ainda de crianças e adolescentes. Depois da traumática experiência no estádio Serra Pelada, ôps, Serra Dourada em Goiânia no ano passado, jurei que se dependesse de mim, jamais passaria por aquele inferno outra vez. Mas “todo castigo pra corno é pouco!”, diz um sábio amigo meu. No dia 23, ainda muito cedo, bem antes do sol nascer e a passarinhada se assanhar, eu já estava acordado. Atualizei nosso blog, tomei umas três latinhas, fumei uns 15 cigarros Hollywood vermelho e depois fui passear no parque Olhos D’Água, que é mais ou menos perto da minha casa. O tempo ainda estava bom, mas desde quinta-feira todos os jornais diziam que haveria chuvas torrenciais naquele dia. Umas 11 horas, já de volta à casinha, acordei o rapaz dizendo: “Bora, hora do show!”. Ai, ai... que bom se fosse verdade. Minha mãe nos convidou para almoçarmos na casa dela, nos aprontamos, vestimos os uniformes e partimos. “Deus nos ajude”, pensava olhando para o horizonte. Pois bem, exatamente às 2h30 chegamos no Mané Garrincha, um monstro gigantesco, quase no centro da cidade. Apenas umas 20 pessoas já estavam na fila à nossa frente na beira do portão. E o tempo foi passando, a negada chegando e a tempestade se anunciava. Deu 3 e meia, deu 4 e meia, e os dois manés la´, em pé, diante do imponente e feio manezão. A fila atrás de nós já era quilométrica e àquela altura eu já não poderia mais fumar, o que acabou sendo outro grande problema. O que mais me irritava eram esses pais que levam os filhos crianças para esse tipo de evento. E até por baixo de minhas pernas uma dessas criaturas passou, sem contar as que não paravam de gritar subindo no alambrado do corredor que nos cercava. Os pais achavam uma gracinha. A passagem de som estava marcada para as 5 horas. Os portões só seriam abertos às 5 e meia e a chuva chegou sem dó. A passagem de som só começou já quase 6 horas e somente às 6h40 finalmente abriram o portão quando a negada já ameaçava a invasão. Fiquei apreensivo, com medo de sermos esmagados pela multidão atrás de nós e o portão na nossa frente. Foi como o estouro de uma boiada. Chovia canivetes, minhas pernas estavam dormentes e mal conseguia me arrastar. O Davi já estava lá na frente, mas não nos perdemos, ‘meno male’. Finalmente estávamos dentro do estádio. Nos sentamos e rapidamente todo o lugar começou a ser lotado. Pelo menos, estávamos nas cadeiras superiores, cobertas e livres da chuva. Não senti pena de quem estava lá embaixo, na pista debaixo da chuva que castigava. Então, começou o 2º ato dessa ‘Divina Comédia’: Uma hora e dez minutos de remixes insuportáveis de músicas dos Beatles e de Paul no estilo batidão/pancadão. Um inferno que nem Dante Alighieri conseguiria imaginar nos seus piores dias de angústia. E nada do tal de McCartney! O início do show estava marcado para as 8 em ponto e às 9 e cinco, ainda tinha peão passando pano de chão no palco, e nós (eu e o Davi) com os sacos já absolutamente cheios e, meio sem querer, já ficando com raiva do próprio McCartney. Ora, desde quinta que nessa cidade não se fala em outra coisa senão desse show e do temporal que iria desabar. A organização devia ter se precavido, bolas. E não houve um elemento sequer que aparecesse nem para dar alguma explicação/satisfação para a plateia. Também não haviam ambulantes circulando entre o público. Quem quisesse ir ao banheiro, ou lanchonete, ou fumar, teria que deixar seu lugar e possivelmente, não conseguiria voltar para ele. Todo castigo? Tentava disfarçar meu mal-humor para não influenciar o Davi, mas acho que o dele já era bem pior que o meu.Finalmente o tal de Paul McCartney apareceu no palco depois de uma hora e meia de atraso. A negada foi à loucura! Nós não. Atrás de nós, adolescentes radicais extremistas gritavam de forma enlouquecedora ao ponto de sufocar o som das possantes caixas. McCartney se mostrou em forma, todo bonitão e trajando uma bela jaqueta vermelha, começou atacando com “Magical Mystery Tour”. Depois disse o que diz por todos os lugares que passa, com as mesmas frases em português e só trocando o nome da cidade, mas nenhum pedido de desculpas pelo atraso. Depois “Save Us”, um rockão violento no estilo que ele sabe fazer melhor. A negada gritava, chorava e se descabelava. Nós não. Eu já não tinha emoção nenhuma de estar ali, vendo o idolo de 2cm lá no palco e uns 18m de altura nos telões. Pelo menos, dessa vez, eu não estava quase atrás do palco, como foi em Goiânia. “All My Loving”, clássico dos Beatles, “Listen To What The Man Said”, “Let Me Roll It” (onde Paul deu um show de guitarra!), a animada “Paperback Writer”, “My Valentine”, “1985”, “The Long And Winding Road” (quando comecei a bocejar), “Maybe, I'm Amazed” (idem), “We Can Work It Out” (nós podemos resolver isso) e começou , para nós, a sessão nana-neném. Depois de“Another day”, comecei a cochilar, “And I Love Her”, “Blackbird”, quando olhei para o lado, o Davi também cochilava. No meio de “Here today”, exaustos e famintos, e eu doido para fumar, concordamos que já era nossa hora, embora eu quisesse que ele visse “Live And Let Die”, mas não deu. Saímos do estádio apressados e sem qualquer arrependimento ou culpa de estar abandonando o show de Paul McCartney em Brasília. Fomos caminhando até a W3 e no caminho ainda podemos ouvir “Lady Madonna”, “All together now”, “Lovely Rita”, “Everybody Out There” e “Eleanor Rigby”, para se ter noção da altura do som. Já com a chuva bem fininha, pegamos um táxi no rumo da 116 norte e paramos no Girafa’s para comer. Em casa, tinha deixado guardados uma caixinha de latinhas da Antarctica na geladeira e um pacotão com dez carteiras de Hollywood vermelho na frente do computador. Agora estava a salvo. Ontem, passei o dia imprestável. Minhas pernas ainda dóem até agora. Se valeu à pena? Valeu sim, porque dessa vez, aprendi a lição. Não tenho mais 20, 30 anos e isso não é mais para mim. Tenho os meus discos e guardo meu amor de uma forma que só a mim importa. Apesar da chuva, espero que Paul tenha gostado da cidade e volte outras vezes. Prometo que se eu ganhar na mega sozinho, vou vê-lo onde estiver e pedir desculpas pessoalmente por ter abandonado seu show na minha cidade. Obrigado Paul. O Brasil viu Brasília de uma forma diferente da que estava acostumado. Desculpem se não correspondi à expectativa de alguns que esperavam que eu só rasgasse a seda. Disse apenas o que vi, o que senti e o que achei. Obrigadão a todos pela paciência! Hey, ainda tem alguém aqui?
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
VEJA BRASÍLIA - ESPECIAL PAUL McCARTNEY
Por Carol Pascoal
Naquela manhã do dia 6, o senhor inglês de 72 anos acordou cedo para preparar o café da manhã e levar sua filha de 11 anos à escola. Poderia ser o início de uma rotina trivial e pacata, semelhante à de milhões de pessoas. Mas, em algumas horas, ele largaria o papel de cidadão comum, assumiria o posto de lenda da música e me ligaria com o objetivo de falar sobre seus feitos e a turnê que trará ao Brasil. Do outro lado da linha, a inconfundível voz, já marcada pelo tempo, se apresentou (como se fosse necessário): “Aqui é Paul McCartney”. Quando questionado se era preciso chamá-lo de sir, título que recebeu da coroa inglesa em 1997, o carismático cantor, compositor e multi-instrumentista caiu na risada: “Não, pode me chamar de rei”. Sem dúvida, essa é uma das muitas estratégias que sua majestade desenvolveu para tirar a tensão das pessoas que entram em contato com ele: um ex-beatle.
Desde 2010, McCartney veio todos os anos ao Brasil para se apresentar. Contemplou cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Florianópolis, Recife, Belo Horizonte, Goiânia e Fortaleza. Antes disso, ele só havia realizado dois espetáculos por aqui, no Rio (1990) e na capital paulista (1993). Agora, finalmente, chegou a vez de Brasília, onde ele fará sua estreia no domingo (23), dentro do Mané Garrincha. Em tempos nos quais a indústria musical e a venda de discos não proporcionam grande retorno financeiro aos artistas, é preciso manter uma intensa agenda de shows. “Enquanto as pessoas tiverem interesse por ouvir música, alguém estará compondo e se apresentando. É aí que eu entro”, diz Macca (apelido entre os fãs), que permanece cerca de três horas no palco, se reveza entre inúmeros instrumentos — baixo, piano, guitarra, uquelele, entre outros — e chega a interpretar quase quarenta canções numa noite sem demonstrar cansaço. O repertório costuma ter 25% de canções da carreira-solo, 25% de músicas do Wings (banda que formou em 1971 com a então mulher, Linda McCartney) e a fatia restante é destinada a pérolas do grupo formado pelos quatro eternos rapazes de Liverpool: Paul McCartney, John Lennon, George Harrison e Ringo Starr.
Pode ser que o prazer de estar em cima do palco sobressaia ao negócio, mas os números da atual turnê de McCartney, Out There, são grandiosos. Segundo a revista americana Billboard, o tour — iniciado em maio de 2013 — já faturou 165 milhões de dólares com a venda de 1,2 milhão de ingressos num total de 46 shows.
Nos dias 10 e 12, as cidades de Vitória e Rio de Janeiro, respectivamente, abrigaram apresentações do artista. Agora, ele e a banda que o acompanha há mais de dez anos — formada por Paul “Wix” Wickens (teclados), Brian Ray (baixo e guitarra), Rusty Anderson (guitarra) e Abe Laboriel Jr. (bateria) — passam por Brasília e, depois, São Paulo. Junto, vão uma equipe de 320 profissionais (desses, 280 são brasileiros), 42 carretas, uma estrutura metálica de montagem que pesa cerca de 150 toneladas e 150 caixas de som com potência total de 200 000 watts.O show de Brasília será o terceiro espetáculo internacional sediado no novo Mané Garrincha, depois de apresentações da cantora Beyoncé e da banda Aerosmith. Na terça (25) e na quarta (26), Paul McCartney sobe ao palco de 70 metros de largura montado no Allianz Parque, na Zona Oeste da cidade de São Paulo. “Os shows no Brasil têm essa mistura de gerações na plateia que resulta em um clima de festa de família. É claro que me surpreende o fato de que pessoas da minha idade e crianças sejam tocadas por aquelas canções”, anima-se o ex-beatle, que, durante o espetáculo, é elevado a 8 metros quando canta Blackbird.Mesmo com uma rotina agitada, o inglês encontra tempo para se dedicar a causas em que acredita, como o projeto Meat-Free Monday (Segunda-feira sem Carne; Paul é vegetariano), além de se esforçar para ser presente como pai (ele tem cinco filhos), marido (casou-se pela terceira vez, em 2011, com a milionária americana Nancy Shevell) e avô (são oito netos). O astro sempre comparece à primeira fila dos desfiles da filha Stella McCartney, por exemplo. “É um alívio poder fazer algo cotidiano como outra pessoa qualquer”, diz, como se encontrasse nisso uma maneira de equilibrar os dois mundos em que vive. Desacelerar, contudo, não está nos seus planos. “Se alguém não gosta do emprego e vai atrás da aposentadoria, eu entendo. Tenho a sorte de o meu trabalho ser o meu hobby, então eu continuaria tocando mesmo se estivesse aposentado”, conclui. Só faltou soltar um “let it be”.
Devo chamá-lo de Sir?
Não, pode me chamar de rei (risos).
Durante a atual turnê, o senhor precisou cancelar alguns shows devido a uma bactéria. Como se sentiu com a pausa?
As pessoas estavam preocupadas comigo. Foi muito engraçado, porque os médicos disseram que eu teria de descansar por seis semanas, então elas vinham me falar: “Caramba, você vai odiar esse período, você gosta tanto de trabalhar e viajar”. Eu respondia que amo trabalhar, mas prefiro descansar. Tive tempo de ler e entrei em estúdio para me divertir um pouco. Aproveitei o período de descanso e foi brilhante.
Como é viver no tempo em que a venda dos discos não garante a sobrevivência do artista?
O panorama mudou muito desde que entrei no negócio, mas o mais interessante é que isso não me afeta diretamente. Enquanto as pessoas tiverem interesse por ouvir música, alguém estará compondo e se apresentando. É aí que eu entro. Esse é o meu trabalho. Não importa a maneira como o material é distribuído. Se é em vinil, CD, fita cassete ou download, não faz nenhuma diferença para mim. A minha satisfação é que as pessoas gostem do conteúdo.
Há alguns anos, o Radiohead deu aos consumidores a oportunidade de escolher quanto gostariam de pagar por um álbum. Caso os Beatles fizessem algo semelhante, quanto acha que os fãs aceitariam pagar hoje por obras como Abbey Road?
Eu não faço ideia. Mas acho que, no mínimo, uns 2 dólares (risos).
Ainda se espanta ao ver como as novas gerações continuam se encantando com os Beatles?
Eu e a banda notamos muito essa variação de idade durante a turnê. Vemos pessoas que cresceram com aquela música, jovens que ouviram por causa dos pais e dos avós e crianças que estão tendo um primeiro contato com aquele som. As músicas ainda soam frescas e atuais, e eu não sei o motivo disso. Os shows no Brasil, por exemplo, têm essa mistura de gerações na plateia que resulta em um clima de festa de família. É claro que me surpreende o fato de que pessoas da minha idade e crianças sejam tocadas por essas canções.
Ainda ouve o material do grupo?
Eu ouço as nossas músicas da mesma maneira que escuto outros artistas. Gosto da maioria das canções que fizemos. A única diferença entre ouvir Beatles e as outras bandas é que as nossas músicas me trazem muitas recordações. Lembro da gente em estúdio e da minha convivência com os outros caras (John, George e Ringo)criando essas músicas. Continua sendo empolgante escutar o material. Para mim, ouvir as canções dos Beatles é como tornar John e George vivos novamente.
O senhor tem uma filha de 11 anos, Beatrice, e também possui netos. Como eles lidam com o fato de conviver com um astro?
As crianças não me aborrecem com isso, elas não enlouquecem pelo fato de eu ser Paul McCartney. A minha filha e os meus netos gostam das músicas dos Beatles, mas também têm seu gosto pessoal. Eles me chamam de papai e vovô e muitas vezes me mandam calar a boca, porque querem simplesmente ver televisão.
Como separar o artista do pai, avô e marido?
Isso é algo que eu preciso fazer. É como viver em dois mundos ao mesmo tempo, e acho ótimo que eu consiga encontrar o equilíbrio entre eles. Seria entediante ter de escolher e viver para sempre apenas uma das vidas que tenho. Nesta manhã, eu fiz o café e levei a minha filha caçula à escola, assim como qualquer pai. Converso com os professores e com os pais dos outros alunos da forma mais natural possível. É um alívio poder fazer algo cotidiano como uma pessoa qualquer. O outro lado é que em breve vou ao Brasil para fazer a turnê, subir no palco, cantar, tocar guitarra e tudo aquilo. Eu sou sortudo por ter esses dois lindos lados.
Qual a diferença de tocar rock aos 18 e aos 72 anos?
A única diferença é que naquele tempo eu não era conhecido e agora sou. Continua sendo tão divertido ou até mais divertido do que era antes, porque hoje o público sabe a minha história. No começo, você se esforça para mostrar quem é.
Os seus shows têm quase três horas de duração. Como se prepara?
É mais simples do que as pessoas imaginam. Faço ginástica, mas nada em exagero. Acho importante sempre estar presente na passagem de som ao lado da banda, porque isso nos dá uma química. O grande segredo é que amo subir no palco, então não tenho de pensar muito a respeito. Eu me divirto ficando aquele tempo todo ali em cima. Penso nos shows como uma festa. Se você perguntar a alguém como aguenta dançar sem parar numa festa durante três horas, essa pessoa responderá que é porque a festa e a música são boas. É isso.
Em algum momento o senhor pensou “estou ficando velho, e agora”?
Acho que todo mundo que passa dos 30 anos pensa nisso. Até gente com 25 deve pensar no assunto. Mas envelhecer não é algo que me chateia. A única diferença é o tempo de vida mesmo. Enquanto eu estiver saudável, feliz e tiver bons amigos e família, isso não vai me incomodar.
Pensa em se aposentar?
Quando eu fiz 65 anos, achei que aquela era a idade da aposentadoria. Mas pensei: se as pessoas gostam e eu continuo me divertindo nos shows, por que parar? Se alguém não gosta do emprego e vai atrás da aposentadoria, eu entendo. Tenho a sorte de o meu trabalho ser o meu hobby, então eu continuaria tocando mesmo se estivesse aposentado. Atualmente, eu procuro descansar um pouco mais, porém ainda amo o que faço.
Caso não tivesse feito parte dos Beatles, como acha que seria a sua vida?
Eu seria um leiteiro, definitivamente. Iria de porta em porta vendendo leite nas casas. Eu também poderia ser um professor de inglês, mas prefiro o emprego que escolhi.