quarta-feira, 20 de novembro de 2024

WINGS - VENUS AND MARS / ROCKSHOW E JET⭐⭐⭐


Quando as luzes baixaram, o rugido pareceu estremecer o teto de concreto do Kingdome. A música começou devagarinho, uma guitarra acústica sendo dedilhada, um baixo, um sintetizador tocando uma melodia simples, persistente. Em seguida, uma voz. Sitting in the stands of the sports arena, waiting for the show to begin (...), e não qualquer voz, mas aquela sonoridade sincera e pueril. Tão familiar, e mesmo assim tão arredia; todos o conheciam, mas fazia tanto tempo que ele se apresentara nos Estados Unidos que quase nenhuma das pessoas presentes ao estádio o tinha realmente visto em carne e osso. A seguir, um único refletor acendeu sobre o palco e lá estava ele, uma figura semiencoberta pela névoa. A luz era turva, seu rosto era apenas uma nódoa nas telas de projeção. Ainda assim, era possível enxergá-lo - o cabelo escuro, os olhos de animalzinho de estimação, as bochechas firmes - e aquele súbito reconhecimento provocou outro rugido capaz de sacudir o teto do estádio. O verso de "Venus and Mars" deu margem a uma breve passagem instrumental, um padrão de acordes circular que tomava os instrumentos conforme convergia para um pequeno refrão da guitarra elétrica, que sibilava em direção ao momento em que tudo explodia de uma só vez. Os tambores retumbaram, o baixo espocou, as guitarras rosnaram. Em seguida, soaram os primeiros sinais de "Rock Show" e aquela mesma voz no ápice de sua força, prometendo todos os tipos de loucura que estavam por vir. If there's a rock show, ele gritou. We'll be there - oh yeahhhh! O palco foi totalmente iluminado, era possível ver todos os membros da banda, cinco estrelas do rock cobertas de brilho. No entanto, a figura icônica no centro do palco atraía todos os olhares. Mais de setenta mil pares de olhos arregalados, radiosos, brilhando ao ver Paul McCartney. É bom lembrar que se trata de uma banda e que ela tem um nome: Wings. Aquela mensagem fora pensada para toda a turnê nos Estados Unidos, e para as apresentações na Inglaterra e na Austrália que a precederam. O nome de Paul não apareceu em nenhum lugar dos ingressos, e em nenhum dos anúncios. Wings Over the World ou Wings Over America foi tudo o que se disse. E, na época em que alcançaram aquela etapa de clímax da turnê norte-americana, com o novo disco Wings at the Speed of Sound sendo seu terceiro álbum colocado em primeiro lugar na lista, era tudo que as pessoas precisavam saber. Ou ouvir, para todos os efeitos. Assim, após a abertura explosiva com "Venus and Mars/Rock Show", a banda prosseguiu com "Jet" , e depois com "Let Me Roll It", de Band on the Run, mantendo toda a arena de pé.
Trecho do livro "Paul McCartney - Uma Vida" de Peter Ames Carlin.

JULIAN LENNON - TOO LATE FOR GOODBYES - 1984


"Too Late for Goodbyes" foi o primeiro single do álbum de estreia de Julian Lennon, Valotte (1984). Contou com a gaita de Jean "Toots" Thielemans, e foi um hit Top 10, alcançando a posição 6 na UK Singles Chart em novembro de 1984, e a posição 5 na Billboard Hot 100 singles chart no final de março de 1985. A Cash Box disse que "uma batida de reggae galopante e um trabalho de guitarra requintado reforçam a frase lírica enxuta de Lennon e dão à música um ritmo forte". "Too Late for Goodbyes" alcançou a posição #1 em 16 de março de 1985 na parada Adult Contemporary dos EUA, passando duas semanas no topo desta parada. Foi o maior sucesso de Julian Lennon. O videoclipe da música foi dirigido por Sam Peckinpah e produzido por Martin Lewis. Julian Lennon – vocal principal e vocal de apoio, sintetizadores, bateria e bateria eletrônica; Barry Beckett – sintetizador; Justin Clayton – guitarra base; Martin Briley – guitarra base, Marcus Miller – baixo; Toots Thielemans – gaita.

domingo, 17 de novembro de 2024

THE BEATLES - AIN'T SHE SWEET / CRY FOR A SHADOW


"Ain't She Sweet" foi escrita por Milton Ager e Jack Yellen em 1927, e tornou-se muito popular e famosa na década de 1950. Foi gravada por dezenas de artistas antes e depois dos Beatles, entre os quais: Frank Sinatra, Benny Carter, Jimmy Smith, Gene Vincent & the Blue Caps e Raul SeixasOs Beatles tocaram regularmente "Ain't She Sweet" ao vivo de 1957 a 1962. De acordo com vários historiadores dos Beatles, John Lennon conheceu a música em 1956 do álbum de Gene Vincent Bluejean Bop! Em 22 ou 24 de junho de 1961, durante sua primeira sessão de gravação profissional, os Beatles gravaram uma cover de "Ain't She Sweet", no Friedrich-Ebert-Halle em Hamburgo, produzida por Bert Kaempfert e projetada por Karl Hinze, a sessão contou com os Beatles apoiando Tony Sheridan. George Harrison lembrou mais tarde que o grupo entendeu mal o propósito da sessão de gravação e só soube na hora que apoiariam Sheridan. Harrison acrescentou ainda: "Foi um pouco decepcionante porque esperávamos conseguir um contrato de gravação como nós mesmos""Ain't She Sweet" foi uma das duas canções gravadas sem Sheridan com Lennon arrasando no vocal principal. Em uma entrevista em 1975, Lennon explicou que o cover de Gene Vincent era "muito suave e muito agudo, e eu costumava fazer assim, mas eles diziam mais, mais forte - você sabe, todos os alemães querem que seja um pouco mais parecido com uma marcha - então acabamos fazendo uma versão mais dura".

Composta por George e John, "Cry For A Shadow" é a única colaboração, entre Harrison e Lennon apenas. A abertura e o tema principal foram criados por George; Lennon acrescentou os acordes de acompanhamento. Trata-se de uma gravação interessante, embora simples, que consiste em abertura e tema principal, tocado três vezes, com mais alguns compassos acrescentados no final. A guitarra solo de George realmente se destaca - não é dada oportunidade a ele nas outras faixas -, e os vários gritos e berros dos Beatles dão mais empolgação à música. Ainda não havia consenso quanto ao título mesmo depois da gravação, e "Cry For A Shadow" foi decidido no cara ou coroa. De qualquer forma, os Beatles achavam a segunda opção, "Beatle Bop", fraco demais, e acabaram se contentando com a escolha do acaso. "Cry For A Shadow" foi gravada nos dias 22 e23 de junho de 1961. Teve como produtor Bert Kaempfert e teve Karl Hinze como engenheiro. Os Beatles estão em seus instrumentos habituais: George Harrison - guitarra solo; John Lennon - guitarra base; Paul McCartney – baixo e Pete Best – bateria.
"Cry For A Shadow", era uma música instrumental que deveria soar como os Shadows. Ela se tornou a primeira composição dos Beatles a parar em um disco, quando apareceu em My Bonnie, álbum alemão de 1962 deTony Sheridan, em que o "grupo de apoio" foi registrado como ‘The Beat Brothers’. “Foi um pouco decepcionante porque esperávamos conseguir um contrato de gravação para nós mesmos. Apesar de termos feito 'Ain't She Sweet' e a instrumental “Cry For A Shadow” sem Sheridan, eles nem mesmo colocaram nosso nome no álbum”, disse George Harrison no Anthology.
“Cry For A Shadow” foi gravada na Alemanha quando o produtor da gravadora Bert Kaempfert contratou os Beatles para tocar com Sheridan em uma gravação. Kaempfert queria que ele fizesse versões mais roqueiras de standards como "My Bonnie". Os Beatles ganharam seu lugar ao sol com "Ain't She Sweet" e "Cry For A Shadow".
Brian Epstein, responsável por tirar os Beatles das jaquetas de couro e colocá-los em ternos de alfaiataria, encorajou a banda a copiar a indumentária e os bons modos de palco de The Shadows. Os dois grupos se conheceram em 1963 em uma festa em Londres e, em junho do mesmo ano, Hank, Bruce e Brian Locking foram para o aniversário de 21 anos de Paul em Liverpool.

TOM PETTY And The HEARTBREAKERS - INTO THE GREAT WIDE OPEN - 1991


Into the Great Wide Open foi o oitavo álbum de estúdio deTom Petty And The Heartbreakers, lançado pela primeira vez como LP em 2 de julho de 1991. Foi o último álbum da banda com a MCA Records e o segundo de Petty produzido com Jeff Lynne depois do sucesso do excelente Full Moon Fever. O primeiro single, "Learning to Fly", tornou-se o single nº 1 de maior sucesso da banda (junto com "The Waiting" de Hard Promises de 1981) na Billboard Mainstream Rock Tracks, passando seis semanas no topo. O segundo single, "Out in the Cold", também ficou em primeiro lugar na parada Mainstream Rock, ainda que por duas semanas.

"Into the Great Wide Open" apareceu como a terceira faixa do álbum. Também lançada como single em setembro de 1991, alcançou a quarta posição na parada US Billboard Album Rock Tracks, mas estagnou na posição 92 na Billboard Hot 100. Internacionalmente, a canção alcançou a posição 23 na parada canadense RPM Top Singles e obteve sucesso moderado na Bélgica e na Alemanha. O videoclipe da música-título é estrelado por Johnny Depp como "Eddie", que se mudou para Los Angeles ainda adolescente em busca do estrelato do rock, junto com Gabrielle Anwar, Faye Dunaway, Matt LeBlanc, Terence Trent D'Arby e Chynna Phillips.

THE BEATLES - I'LL BE ON MY WAY - 1963


"I'll Be On My Way" é uma canção de Paul McCartney, creditada a Lennon-McCartney, lançada pela primeira vez em 26 de abril de 1963 por Billy J. Kramer e os Dakotas como lado B de seu single de estreia "Do You Want to Know a Secret", também de Lennon-McCartney. Esse single alcançou o número dois nas paradas do Reino Unido, enquanto "From Me to You" dos Beatles abocanhou a posição número 1. Os Beatles gravaram uma versão em 4 de abril de 1963 para a rádio BBC, lançada pela primeira vez no álbum de compilação de 1994 Live at the BBC.

"I'll Be On My Way" foi a única canção de Lennon-McCartney tocada pelos Beatles a ser lançada depois de maio de 1970. Escrita por Paul, possivelmente em 1859 como uma imitação de Buddy Holly, ela foi incluída no repertório do grupo por algum tempo mas não estava no set list do teste para a Decca, um indício de sua desaprovação. Ela foi dada a Billy J. Kramer em abril de 1963. A letra serve de lembrete de que os Beatles não começaram como artistas visionários, eles simplesmente reagrupavam clichês existentes. Como era de se esperar, John foi só desdém quando perguntaram a ele sobre a canção em 1980: era exatamente o tipo de música pop que sempre o deixara desconfortável porque suprimia o ponto de vista individual com uma avalanche de frases comuns. Paul não foi tão duro ao olhar para trás. Era uma rima óbvia, ele reconhecia, mas tinha ‘funcionado bem” para o grupo nos primeiros shows. Os Beatles (em sua formação clássica) gravaram "I'll Be On My Way" em 4 de abril de 1963 no BBC Paris Theatre, em Londresfoi transmitida no programa de rádio da BBC Side by Side em 24 de junho de 1963. "I'll Be On My Way", foi uma das nada menos SEIS músicas que o cantor sortudo Billy J. Kramer (apadrinhado por Brian Epstein) ganhou de mão beijada entre 63 e 65 de Lennon & McCartney. As outras foram "Do You Want To Know a Secret" (que chegou ao #1), "Bad To Me", "I'll Keep You Satisfied", "From a Window" e "I Call Your Name". Oficialmente, dessas os Beatles gravaram "Do You Want To Know a Secret" e "I Call Your Name".


THE LONG AND WIDING ROAD - BROAD STREET ALBUM


"The Long and Winding Road" é ​​uma música dos Beatles, do álbum Let It Be de 1970. Foi escrita por Paul McCartney e creditada a Lennon–McCartney. Quando lançada como single em maio de 1970, um mês após a separação dos Beatles, tornou-se o 20º e último hit número 1 do grupo na parada Billboard Hot 100 nos Estados Unidos. McCartney regravou "The Long and Winding Road" para a trilha sonora de seu filme de 1984 Give My Regards to Broad StreetGeorge Martin produziu a faixa, que inclui acompanhamento de saxofone e o que os autores Chip Madinger e Mark Easter descrevem como um arranjo musical no estilo Las Vegas. Uma segunda nova gravação de estúdio da música foi feita por McCartney em 1989 e usada como lado B de lançamentos de singles de seu álbum Flowers in the Dirt.

JOHN LENNON - I KNOW (I KNOW) - 1973 ⭐⭐⭐⭐⭐⭐


"I Know (I Know)" foi escrita e gravada por John Lennon e lançada em seu álbum Mind Games de 1973. Está incluída no box set de 1998 John Lennon Anthology e no álbum de compilação de 2020 Gimme Some Truth: The Ultimate Mixes. Lennon chamou a música de "apenas um pedaço de nada", embora alguns a tenham visto como uma confissão de problemas com seu relacionamento com Yoko Ono ou uma mensagem ao ex-colega de banda Paul McCartney.

sábado, 16 de novembro de 2024

PAUL McCARTNEY - AVERAGE PERSON - 1983⭐⭐⭐⭐


"Average Person" é a terceira faixa do lado 2 do álbum de 1983, Pipes Of Peacequinto álbum de estúdio de Paul McCartney. Foi composta no final de 1980, numa demo com o Wings,durante uma de suas últimas sessões juntos e gravada durante as sessões de Montserrat em fevereiro de 1981. Em entrevista ao Club Sandwich, McCartney disse: “Em 'Average Person', nós estávamos tentando fazer o show ao vivo, mais como se você estivesse assistindo a um filme, ao invés de apenas ouvir a música, então colocamos muitos efeitos sonoros para combinar com as coisas. Foi uma produção e tanto!". "Average Person" foi gravada no AIR Studios, em Montserrat, nos dias 16 e 18 de fevereiro de 1981. Depois em julho e setembro no AIR Studios, em Londres. Foi produzida por George Martin e teve Geoff Emerick como engenheiro. Paul McCartney: Vocais, harmonias, guitarras, baixo e piano; Linda McCartney: Harmonias; Denny Laine: guitarras; Ringo Starr: bateria; Eric Stewart: guitarra e harmonias.

JOHNNY RIVERS - SECRET AGENT MAN ⭐⭐⭐⭐⭐⭐


"Secret Agent Man" foi composta por P. F. Sloan e Steve Barri por volta de 1963 ou 1964. A gravação mais famosa foi feita por Johnny Rivers para o título de abertura da transmissão americana da série de espionagem britânica “Danger Man”, que foi ao ar nos EUA como “Secret Agent“ de 1964 a 1966. A versão de Rivers alcançou a posição #3 na Billboard Hot 100 e #4 na parada canadense um dos maiores sucessos de sua carreira. Numerosos covers e adaptações foram gravados desde então, com a canção se tornando um padrão do rock e uma das canções de assinatura de Johnny RiversA gravação original de Rivers era meramente o tema do show, com um verso e um refrão. Mais tarde, depois que a música ganhou popularidade, Rivers a gravou ao vivo, com dois novos versos e o refrão repetido mais duas vezes. A versão ao vivo foi gravada em 1966 no Whisky a Go Go.

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

JOHN LENNON - REMEMBER - 1970 ⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐


"Remember" é a 1ª canção do lado B do primeiro álbum solo de John Lennon, "Plastic Ono Band" lançado em 11 de dezembro de 1970. A canção foi influenciada pelas primeiras sessões da terapia do grito primal com o Dr. Arthur Janov, e a letra reflete coisas normalmente lembradas durante as sessões com o médico. As memórias são descritas como desagradáveis, conflitos com a autoridade da família e os colegas. Lennon emprega sua sagacidade, mencionando como "o herói nunca foi pendurado, sempre fugiu", e os pais "desejando o estrelato do cinema, sempre desempenhando um papel", em vez de serem honestos e abertos. No final da música, Lennon canta "Lembre-se, lembre-se, do 5 de novembro" e segue-se a explosão de uma bomba. Para os historiadores, seria uma referência à "Noite de Guy Fawkes*", um feriado na Inglaterra comemorado com bombas e fogos de artifício. Pode até ser, mas a bomba que se ouve não é de fogos de artifício não. Em uma entrevista com Jann Wenner, Lennon disse que isso era parte de um longo improviso e que, mais tarde, decidiu que o último verso deveria ser o ápice da canção. Da gravação, participaram John Lennon (vocais, harmonias e piano), Klaus Voorman (baixo) e Ringo Starr (bateria).

*A noite de Guy Fawkes refere-se ao episódio em que o soldado católico inglês Guy Fawkes, membro da chamada "conspiração da pólvora", tentou explodir o Parlamento Inglês e matar o rei protestante Jaime I da Inglaterra, na noite do dia 5 de novembro de 1605. Contudo, seu grupo foi descoberto e Fawkes e seus companheiros foram torturados durante quatro dias na Torre de Londres antes de serem executados na forca, seguindo-se o arrastamento dos cadáveres pelas ruas e esquartejamento dos corpos. A data foi instituída na Inglaterra como uma festividade pela sobrevivência do rei que é chamada de Bonfire Night, normalmente com a presença de fogos de artifício e de uma grande fogueira. Entretanto, com o passar do tempo acabou virando uma festa de humilhação de Fawkes, com sua máscara sendo queimada nas fogueiras.

THE BEATLES - ELEANOR RIGBY - 1966 ⭐⭐⭐⭐⭐⭐


Em 2008, Paul McCartney doou para um leilão de caridade registros antigos de um hospital em Liverpool. Não se sabe como conseguiu os documentos, mas ali estaria a prova de que Eleanor Rigby realmente existiu, acabando com um mistério de mais de 40 anos sobre a canção homônima dos Beatles. Consta no documento uma assinatura de uma garota de 14 anos chamada "E. Rigby", que trabalhava como faxineira no City Hospital, de Parkhill. McCartney não se pronunciou, porém, se a história da música - na qual Rigby morre e ninguém vai a seu velório - é verdadeira, nem se a conhecia. Esta não é a primeira vez que Eleanor Rigby é encontrada. Em meados dos anos 80, um túmulo de uma mulher que viveu entre 1895 e 1939 foi achado na St Peter's Church, o local onde Lennon e McCartney se conheceram. Na ocasião, Macca chegou a afirmar que a imagem do epitáfio na igreja possa ter ficado subconscientemente na sua cabeça até escrever a canção. Os Beatles começaram a trabalhar em "Eleanor Rigby" ainda na época do álbum “Help!” em 1965.

No início, o nome provisório da canção era “Miss Daisy Hawkins”. Depois, Paul McCartney trocou para “Eleanor Brown”. O mundo só tomaria conhecimento de "Eleanor Rigby" no álbum Revolver de 1966. Ao descobrir em Bristol uma loja de nome Rigby, Paul McCarntney encontrou a chave exótica para a inovadora canção que imaginava. Jurando pensar ter criado um bom nome para uma música, Paul admitiu, anos mais tarde, que descobriu a existência de uma lápide tumular onde constam os nomes de Eleanor Rigby (1895-1939) e à direita, a alguns metros dali, outra de alguém chamado McKenzie (1842-1915). As duas pedras tumulares encontram-se no cemitério de Woolton, em Liverpool, onde o autor da música perambulava na adolescência.
Na entrevista da Playboy em 1980, pouco antes da tragédia, John Lennon afirmou que "o primeiro verso era do Paul, mas que o restante era basicamente meu". Mentira! Pete Shotton, um amigo íntimo de Lennon que estava presente na gravação, disse: "Penso que John tinha uma memória extremamente falha. Tomou os créditos, em uma de suas últimas entrevistas, por muitas das letras, mas na minha memória, em “Eleanor Rigby”, a contribuição de John foi virtualmente nula". A letra de “Eleanor Rigby” foi finalizada em Kenwood por Paul, quando ele e John, George, Ringo e mais o amigo Pete Shotton estavam reunidos em uma sala cheia de instrumentos. Cada um contribuiu com ideias para dar substância à história. Na gravação, assim como em “Yesterday”, do álbum “Help!”, Paul é o único Beatle. Toca no violão e canta. John, George e Ringo não cantam nem tocam. O acompanhamento foi gravado por um quarteto de cordas conduzido por George Martin. O vocal de Paul foi “dobrado” em alguns trechos, de modo que ele fizesse também as segundas vozes. “Eleanor Rigby” é a terceira canção dos Beatles mais regravada em todos esses anos, atrás de “Yesterday” e “Something”. Até Caetano Veloso já tirou uma casquinha.
A HISTÓRIA POR TRÁS DE TODAS AS CANÇÕES - STEVE TURNER
Assim como aconteceu com muitas canções de Paul, a melodia e as primeiras palavras de "Eleanor Rigby" surgiram enquanto ele tocava piano. Ao se perguntar que tipo de pessoa ficaria recolhendo arroz em uma igreja depois de um casamento, ele acabou sendo levado à sua protagonista. Ela originalmente se chamaria Miss Daisy Hawkins, porque o nome encaixava no ritmo da música. Paul começou imaginando Daisy como uma jovem, mas logo percebeu que qualquer uma que limpasse igrejas depois dos casamentos provavelmente seria mais velha. Se ela era mais velha, talvez fosse uma solteirona, e a limpeza da igreja se tornou uma metáfora para suas oportunidades de casamento perdidas. Então ele a baseou em suas lembranças das pessoas mais velhas que conheceu quando era escoteiro em Liverpool. Paul continuou a pensar sobre a música, mas não estava confortável com o nome Miss Daisy Hawkins. Não parecia suficientemente "real". O cantor de folk dos anos 1960 Donovan lembra que Paul tocou para ele uma versão da música em que a protagonista se chamava Ola Na Tungee. "A letra ainda não estava terminada para ele", conta Donovan.

Ele sempre dizia que optou pelo nome Eleanor por causa de Eleanor Bron, atriz principal de Help!. O compositor Lionel Bart, porém, estava convencido de que a escolha tinha sido inspirada por uma lápide que Paul viu no Putney Vale Cemetery, em Londres. "O nome na lápide era Eleanor Bygraves", conta Bart, "e Paul achou que se encaixaria na música. Ele voltou para o meu escritório e começou a tocá-la no clavicórdio." O sobrenome surgiu quando Paul deparou com o nome Rigby em Bristol em janeiro de 1966, durante uma visita a Jane Asher, que estava fazendo o papel de Barbara Cahoun em The Happiest Days Of Your Life, de John Dighton. O Theatre Royal, casa do Bristol Old Vic, fica no número 35 da King Street e, enquanto Paul esperava Jane terminar o trabalho, passou por Rigby & Evens Ltd, Wine & Spirit Shippers, que ficava do outro lado da rua, no número 22. Era o sobrenome de duas sílabas que ele estava procurando para combinar com Eleanor.
A música foi concluída em Kenwood quando John, George, Ringo e o amigo de infância de John, Pete Shotton se reuniram em uma sala cheia de instrumentos. Cada um contribuiu com ideias para dar substância à história. Um sugeriu um velho revirando latas de lixo com quem Eleanor Rigby pudesse ter um romance, mas ficou decidido que complicaria a história. Um padre chamado "Father McCartney" foi criado. Ringo sugeriu que ele poderia estar cerzindo as próprias meias, e Paul gostou da ideia. George trouxe a parte sobre "as pessoas solitárias". Paul achou que deveria mudar o nome do padre porque as pessoas pensariam se tratar de uma referência ao seu pai. Uma olhada na lista telefônica trouxe "Father McKenzie" como alternativa.

Depois, Paul ficou tentando pensar em um final para a história, e Shotton sugeriu que ele unisse duas pessoas solitárias no verso final, quando "Father McKenzie" conduz o funeral de Eleanor Rigby e fica ao lado de seu túmulo. A ideia foi desconsiderada por John, que achava que Shotton não tinha entendido a questão, mas Paul, sem dizer nada na época, usou a cena para terminar a música e reconheceu mais tarde a ajuda recebida. Espantosamente, em algum momento da década de 1980 a lápide de uma Eleanor Rigby foi encontrada no cemitério de St Peter's, Woolton, a menos de um metro de onde John e Paul tinham se conhecido no festival anual de verão, em 1957. Está claro que Paul não tirou sua ideia diretamente dessa lápide, mas é possível que ele a tenha visto na adolescência, e o som agradável do nome tenha ficado em seu inconsciente até vir à tona pelas necessidades da canção. Na época ele afirmou: "Eu estava procurando um nome que parecesse natural. Eleanor Rigby soava natural". Em mais uma coincidência, a empresa Rigby & Evens Ltd, cuja placa havia inspirado Paul em Bristol em 1966, pertencia a um conterrâneo de Liverpool, Frank Rigby, que estabeleceu sua companhia na Dale Street, Liverpool, no século XIX. Como single, "Eleanor Rigby" chegou ao topo da parada de sucessos britânica, mas seu auge nos EUA foi o 11º lugar.

PAUL McCARTNEY - ELEANOR'S DREAM - 1984 ⭐⭐⭐


“Eleanor's Dream” é uma peça de música clássica composta por Paul McCartney para seu filme de 1984, Give My Regards To Broad Street, e serviu como uma coda de 6 minutos de "Eleanor Rigby". Como Paul McCartney explicou: "No filme, 'Eleanor Rigby' deve durar cerca de nove minutos, embora quando escrevi o roteiro tivesse em mente algo como um segmento de três minutos baseado nas imagens que descrevi: ruas Dickensianas, cabos e carruagens, espadas e altares. Mas quando Peter Webb terminou, tínhamos esses nove minutos de ansiedade transformando-se em pesadelo e, como “Eleanor Rigby” termina depois de três minutos, o editor preencheu o tempo colocando música clássica - fazia parte do Concerto para violino de Brahms. Isso colocou George Martin e eu em uma posição estranha. Tivemos que escrever seis minutos de música clássica porque pensei: se esse personagem Brahms pode fazer isso, o que há de errado em fazermos isso? Fomos forçados a isso pelo diretor, e é algo que normalmente não tentaríamos fazer de outra forma. Mas foi um desafio ao qual não resistimos, estender e criar uma nova música, um pouco como 'Eleanor Rigby'. Embora isso fosse algo bem diferente para mim, por incrível que pareça, quando escrevi 'Eleanor Rigby', vi isso como meu futuro. Eu tinha vinte e três anos ou mais ou menos e estava pensando: O que vou fazer aos trinta? E pensei então em música séria. Achei que seria perfeito - não precisaria mais ser glamoroso. Seria minha solução para o grande problema do que um velho Beatle faz! Então, todos esses anos depois, fui forçado a um canto e tive que pegar aquele velho sonho e me tornar um compositor clássico - bem, por cerca de seis minutos".

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

THE BEATLES - ANY TIME AT ALL - 1964 ⭐⭐⭐⭐⭐⭐


Depois de escrever as canções que seriam usadas no filme, a corrida agora era para criar as músicas que preencheriam o segundo lado do álbum com a trilha sonora. E o Lado 2 do incrível A Hard Day's Night, 3º álbum dos Beatles, começa de forma espetacular com uma batida seca e Lennon rasgando a voz iniciando a música já pelo refrão, como em "She Loves You" e "It Won't Be Long"John era obviamente o compositor mais prolífico da época, tendo escrito cinco das sete músicas do filme e em via de compor quase todas as canções do lado 2, com exceção de uma, "Things We Said Today", de Paul. “Any Time At All”, John admitiu depois, tinha sido reescrita a partir de “It Won t Be Long”, usando a mesma progressão de acordes e a mesma forma de cantar (gritando) durante a gravação. “Any Time At All” foi gravada durante a sessão final para o álbum em 2 de junho de 1964. Embora a música tenha sido lançada pela primeira vez no Reino Unido em A Hard Day’s Night, nos EUA, apareceu no LP Something New. Ambos os álbuns foram lançados em julho de 1964.
“Any Time At All” ainda estava inacabada quando John Lennon a trouxe para o estúdio na tarde de 2 de junho de 1964. Os Beatles gravaram inicialmente sete tomadas da faixa rítmica, além de vocais de Lennon. O grupo correu para gravar “Things We Said Today” e “When I Get Home” antes de retomar “Any Time At All” quando já era noite. Naquela noite, gravaram quatro outras tomadas. Na última, take 11, adcionaram piano, violão e vocais. Foi primeiro mixada para mono em 4 de junho, mas isso foi descartado e novas mixagens mono e estéreo foram feitas em 22 de junho. Toda a composição de “Any Time At All” de última hora significou que os Beatles nunca chegaram a escrever a letra para a parte do meio. McCartney sugeriu um conjunto de acordes de piano, aos quais eles pretendiam adicionar letra, mas não conseguiram escrever nada. George Martin fez um solo de piano com ecos de guitarra de George Harrison levemente reproduzindo nota-por-nota. McCartney canta o segundo "Any Time At All" em cada coro, porque Lennon não conseguiu alcançar as notas. O prazo para as combinações finais do álbum significou que ele foi lançado em seu estado não intencionado, com “Any Time At All” não completada.
O álbum A Hard Day’s Night foi lançado em 10 de julho de 1964 no Reino Unido. A letra manuscrita de John Lennon para “Any Time At All” foi vendida por £ 6.000 em um leilão realizado na Sotheby's em Londres, em 8 de abril de 1988. “Any Time At All” só aparece em A Hard Day’s Night.

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

THE BEATLES - STAR CLUB - HAMBURGO – 1962 ⭐⭐⭐


A última viagem dos Beatles para Hamburgo naqueles tempos foi no final de 1962, quando tocaram no Star-Club. Partes de suas últimas apresentações foram gravadas com um gravador portátil, por Ted 'King Size' Taylor, do grupo The Dominoes, que também tocava no clube. As fitas foram liberadas com a etiqueta da gravadora alemã 'Bellaphon', em 1977 como: 'The Beatles: Live! no Star Club, em Hamburgo, Alemanha, 1962', e, posteriormente, relançado em vários formatos e títulos.Resultado de imagem para STAR CLUB
Star-Club ficava na Grosse Freiheit 39, St. Pauli, em Hamburgo. O clube existiu por 7 anos, entre 1962 e 1969. O Star-Club foi inaugurado por Horst Fascher no dia 13 de abril de 1962, onde antes ficava o Stern KinoFascher e o sócio Manfred Weissleder abriram o Star-Club, porém, Weissleder, não queria grupos desconhecidos de garagem pra tocar em seu clube, e foi por isso que o chamou de Star-Club - "clube das estrelas". Rapidamente, o Star-Club tornou-se a maior casa noturna de Hamburgo, e conseguiu que todos os artistas renomados da época tocassem lá: Gene Vincent, Jerry Lee Lewis, Little Richard, The Everly Brothers, Chuck Berry, Bill Haley, Bo Diddley, Tony Sheridan e Ray Charles.
Cada vez com mais estrelas, Weissleder conseguiu fazer com que seu clube ficasse famoso em toda a Europa como o "centro-beat do mundo", e contratou muitas outras estrelas, como Gerry & The Pacemakers,The Swingin' Blue Jeans e The Searchers. No auge, mais de oito bandas se apresentariam por noite, a maioria delas era inglesa: The Zodiacs, The Remo Four, The Dominoes, etc. Outras poucas eram alemãs como The Rattles e The German Bonds.

Vários outros artistas de peso que tocaram no Star-Club e alguns merecem ser citados: Black Sabbath, Cream, Chicken Shack, Crickets, Fats Domino, Donovan, The Animais, Duane Eddy, Groundhogs, Richie Haven, Keef Hartley, Mannfred Mann, Small Faces, Spencer Davis Group, Spooky Tooth, Taste, Vanilla Fudge, Yes, e Jimi Hendrix ainda com o Experience.

Star-Club fecharia no dia 31 de dezembro de 1969, depois de um concerto da dupla britânica Hardin & York. Entre 1964 e 1967 o Star-Club também lançou um selo, onde vários dos artistas citados lançaram singles e alguns lançaram o único LP da carreira. Em novembro de 1962 os Beatles tocaram por 12 dias (do dia 1 ao dia 13) no Star-Club. A quinta e última viagem aconteceu no dia 17 de dezembro de 1962. Eles tocaram todos os dias, entre o dia 18 e o dia 31 no clube das estrelas. Foi nessa viagem que foram feitas as gravações dos Beatles ao vivo.

Lançado originalmente na Alemanha pela Bellaphon (associada a Lingasong), THE BEATLES LIVE! AT THE STAR-CLUB IN HAMBURG, GERMANY; 1962 - o álbum duplo, só foi lançado na Inglaterra após o fracasso dos ex-Beatles em tentar impedir sua comercialização. Gravado durante uma apresentação dos Beatles no clube Star Club de Hamburgo pelo amigo Ted 'Kingsize' Taylor, o disco captura os Beatles na fase pré-EMI, mais rockers e crus do que nunca. A qualidade de som até que não é tão ruim, considerando-se que foi gravado com um pequeno gravador mono. É um documento histórico de valor incalculável. Dos inúmeros números covers tocados pelos Beatles, o que se destaca são as composições de Lennon/McCartney ainda em fase de teste, como I Saw Her standing There e Ask Me Why. Covers como Roll Over Beethoven, Twist and Shout, Mr Moonlight, A Taste of Honey, Kansas City, Long Tall Sally e Everybody´s Trying To Be My Baby fariam parte dos primeiros álbuns dos Beatles.

Os Beatles nunca deixaram de enfatizar a importância que a música metropolitana de Hamburgo teve nos seus anos de aprendizado. John Lennon diria anos mais tarde: "Eu nasci em Liverpool, mas cresci em Hamburgo".

terça-feira, 29 de outubro de 2024

JULIAN LENNON - I DON'T WANNA KNOW - 1998


Photograph Smile foi o quinto álbum de estúdio de Julian Lennon, lançado em 1998, após um hiato de sete anos desde seu álbum anterior, Help Yourself. Um sampler promocional foi lançado em 1999 nos EUA com as faixas "I Don't Wanna Know", "Day After Day" e "And She Cries". Grande parte do disco é dedicada a baladas de piano semelhantes ao "Valotte", com alguns números de pop de guitarra lançados em boa medida. Não há muito alcance no álbum, mas toda a música é bem trabalhada e melódica - o tipo de música que receberia maiores elogios se não fosse feita pelo filho de um Beatle, logo de John Lennon.
O videoclipe de "I Don't Wanna Know" apresenta uma banda ridícula de paródia dos Beatles chamada The Butlers. O videoclipe apresenta a tal banda em um show com muitos fãs gritando. Esse show acontece em um palco semelhante ao palco de flechas da apresentação dos Beatles no Ed Sullivan. Há também um camarote com uma Rainha e um Príncipe, interpretados por Julian Lennon.