“Todo castigo para corno é pouco”, “Não existe prazer sem sofrimento”.
Depois de 23 anos de ter vivido uma das maiores aventuras da minha vida, que
foi ver os dois shows de Paul McCartney no Maracanã - “PAUL IN RIO - UMA AVENTURA INESQUECÍVEL”, nunca
imaginei que ainda passaria por outra tão intensa quanto.
2ª feira, 6 de
maio do ano da graça de 20136h30 – Já estou de pé. Hoje é dia do show de Paul McCartney no estádio Serra Dourada em Goiânia. Há três semanas meu ingresso já está comprado, mas tenho quase certeza absoluta que não irei, uma vez que meu filho Davi não irá comigo.
7h30 – Entro no Baú do Edu e publico os comentários deixados. Cada vez que olho para o topo do blog com a imagem da turnê “Out There”, sinto-me cada vez mais distante de rever meu velho amigo.
8h30 – Saio da minha casinha rumo à agência que trabalho. Uma terrível dor no pescoço, que já sou acostumado começa a incomodar.
9h00 – Quando chego lá, assim que ligo o computador, começa a pressão do meu primo Jonas (de Goiânia) que está com nossos ingressos (meu, dele e dos filhos dele). Procuro uma desculpa que não existe e nem a mim mesmo consigo enganar. Subitamente, decido: EU VOU!
10h00 – Hora de falar com os chefes. Com o endosso dos dois, começa minha mobilização pela a passagem da viagem que, para mim, será uma Magical Mystery Tour.
10h30 – Consigo uma carona com o amigo Marco Miranda, que também irá ao show, para a distante Rodoviária Interestadual de Brasília. Conseguimos passagens somente para as 14h00 em um ônibus convencional que vai fazer escala em Taguatinga – DF. Todos os outros já estavam cheios.
11h30 – De volta à minha casinha e já com a passagem, encontro meu amigo Mariozinho, que se oferece para nos levar até a rodoviária. Como ainda está cedo, vamos tomar algumas latinhas de Antarctica.
12h15 – Não consigo almoçar. Já estou tomado pela emoção e ansiedade. Finalmente, chega a hora de ir.
13h45 – Chegamos à rodoviária faltando 15 minutos para o ônibus partir. Ele sái e chega à rodoviária de Taguatinga ás 14: 30. É lá que o ônibus fica lotado de fãs dos Beatles de todas as idades. Depois de mais 15 incontáveis minutos, finalmente parte em direção à Goânia com previsão de chegada às 17h30 onde meu primo Jonas devará estar nos esperando. É hora de ligar o Mp3 que foi ricamente abastecido com o excelente “Good Evening New York City”. Vamos lá! Hô, Hey Hô!
15h40 – Inacreditavelmente, como se fosse num filme, o maldito ônibus quebra no meio da estrada, faltando poucos quilômetros para Alexânia, que é exatamente o meio do caminho, para meu desespero e de todos que estavam ali. Sou um dos primeiros a descer para falar com o motorista. Ele diz que não dá para prosseguir e começa a luta para pedir socorro. A dor no pescoço volta com força total!
16h20 – Depois de 40 minutos esperando sentado à beira do caminho, sob um sol escaldante de quase 40 graus, passa um ônibus velho, clandestino e quase caindo os pedaços de uma viação que ninguém ali nunca ouviu falar. O motorista diz que pode embarcar 20 pessoas, se não tivessem bagagens. Como tudo que carrego cabe nas mãos, fui um deles que prontamente avançaram para o bicho e rapidamente tomaram seus assentos. Depois de todos acomodados nos seus lugares, aparece uma mulher, com uma criança no colo e puxando outra pela mão. Nenhum dos mais jovens quis ceder o lugar e advinhem quem foi o bom samaritano que deu o lugar para a mulher e seguiria o resto da viagem em pé? Claro.
17h30 - O “Cata- Corno” chegou em Anápolis, bem na hora do caos no trânsito. E pior: o condutor avisou que teria que entrar na cidade e ir até a rodoviária para pegar mais gente. Se aquilo não estivesse acontecendo comigo, eu não acreditava.
18h10 – Finalmente, depois de muita confusão, o maldito transporte de almas conseguiu sair da cidade, deixar o perímetro urbano e pegar a estrada rumo à Goiânia. E eu lá, em pé! E todos aqueles felas trocando mensagens pelo celular. Uma Beleza!
19h10 – O maldito Expresso do Inferno chegou na rodoviária de Goiânia. O Jonas estava lá, ancioso e preciso e eu ainda precisava comprar pilhas para minha pequena Canon, onde registraria tudo. Ele não deixou. Disse que tinha pilhas em casa e precisava passar lá para pegar os filhos. Nem testei as pilhas que ele botou na minha câmera e vesti a camiseta vermelha do Baú do Edu. Exatamante às 20h00, conseguimos estacionar o carro o mais próximo possível do Serra Dourada.
20h30 – Falta pouco para o show começar. Quando olhei para o tamanho da fila em nossa frente, me assombrei! Ainda havia pelo menos 15 mil pessoas para ter acesso ao estádio na nossa frente e outras 15 mil atrás de nós. E foi na fila, que resolvi começar a fotografar. Quá! As pilhas que o Jonas me deu estavam velhas e não consegui fazer uma foto sequer. Nessa altura, não consigo mais descrever a raiva que sentia. Queria que caísse um raio e todos ali morressem. Não vou mentir! Pelo menos, a fila avançava rápido rumo ao estádio de uma cidade totalmente despreparada para um show desse tamanho.
21:25 – Então passamos pelo portão de acesso. Agora não havia mais fila. Era cada um por si. Parecia o estouro de uma boaida. Quando conseguimos ter acesso às arquibancadas, que era onde iríamos ficar, era exatamente 21h32, um minuto depois, Paul McCartney e a banda subiram ao palco.
21h35 – Eu estava completamente, absolutamente puto! O lugar que ficamos, só não ficava atrás do palco, porque lá ninguém podia ficar. Literalmente nas laterais dos telões. Nem víamos o palco, nem os telões. Mas o tal Paul do show, não era qualquer um, era Paul McCartney e o cacete começou. Relaxei, comprei logo um monte de latinhas e comecei enfim a curtir aquilo tudo. Nos enormes arranha-céus nos arredores daquele estádio horroroso, eram projetados hologramas com os Beatles, imagens de Paul e nomes de músicas como “No More Lonely Nights”. Só então, a dor no pescoço começou a passar. Talvez, durante o espetáculo inteiro, tenha visto Paul McCartney somente umas cinco vezes, do tamanho de um soldadinho de chumbo. Nem no Maracanã, foi igual a ontem. Se valeu à pena? Apesar de todos os meus reveses, valeu sim. Pelo Paul. Por mim mesmo! Mas se estivesse lá, no conforto da minha casinha, teria sido ainda melhor. Mas valeu! Parabéns para quem foi e se deu bem. Povo marcado, povo feliz! Prezado Paul: nos encontramos novamente ano que vem, só que dessa vez, na minha cidade, ok?
6 comentários:
Edu. Cara. Paul tem que ir em Brasilia ano que vem. Você merece assistir num lugar maravilhoso my darling! Mas voltando a esse show... que aventura hein! Foi você que mandou o Harold lá no ombro de Paul? pedir pra ele voltar ano que vem? rsrsrsrsrsrs. Se ele não vier pro lado de cá, quem sabe eu vou a Brasilia e veja você e o Paul de um vez só. Quanta emoção vai ser!!!! Beijo!
Valeu Edu! Sei que valeu! De fato o local que você ficou ninguém merece, ainda mais depois da maratona física e emocional que passou.Aqui,também não fiquei num bom lugar mas ao menos assisti pelo telão e ouvi muito bem o tremendo som. Com o Garrincha inaugurado certamente a capital vai receber o gênio.
Valeu, Lidi. Beijão! Abração, JC!
Edu,
Me diverti por demais lendo sua saga.
As cenas que vc descreve dos ônibus, deve ter sido circo de horror. Mas, acredito que estar presente no show do McCartney valeu a pena. Beijo, Mi
Eita Edu !!!
Por pior que foi sua jornada até o show ,com certeza valeu a pena !!!
Mesmo que ele estivesse distante , a magia de sua musica o deixa mais perto de todos !!!
Ano que vem tem mais !!!!!
Edu,
Comigo aconteceu diferente, tenho 64 anos e para mim não existe e possivelmente não existira outro conjunto como "THE BEATLES" o legado que nos deixou é incomensurável.
Saí de Presidente Prudente, de carro, sozinho, comprei ingresso para pista Premium pois queria ficar o mais perto possível do palco.
Cheguei em Goiânia no domingo à tarde e fui ao estádio retirar meu ingresso que comprei pela internet.
Segunda-feira, o dia mais esperado de minha vida pois finalmente poderia ver um de meus ídolos de perto, me dirigi ao estádio por volta das 10:00h e lá permaneci, a maior parte do tempo de pé esperando a hora em que poderia realizar o maior de meus sonhos.
Tenho problemas nos joelhos pela idade, sofri pois me doíam as duas pernas, mas permaneci firme e não me arrependo de nada que passei e tenho certeza que se Paul McCartney voltar ao Brasil e eu puder irei vê-lo novamente pois minha máquina fotográfica como a sua ficou inerte.
Mas valeu a felicidade que senti é realmente indescritível
Abraços
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