Mesmo que John tivesse
começado a escrever canções mais declaradamente autobiográficas mais de um ano
antes, foi com "In My Life" que sentiu ter alcançado a ruptura que
Kenneth Allsop o encorajara a fazer em 1966, quando sugeriu que se concentrasse
em sua vida interior. Gravada em outubro de 1966,
foi fruto de uma longa gestação. Começou, de acordo com John, como um longo
poema em que ele reflete sobre seus lugares preferidos de infância, fazendo uma
jornada de sua casa na Menlove Avenue até o Docker's Umbrella, a estrada de
ferro suspensa que corria pela zona portuária de Liverpool, sob a qual os
estivadores buscavam abrigo da chuva. Contratado por Yoko Ono para
realizar um inventário dos objetos pessoais de Lennon depois da sua morte,
Elliot Mintz lembra de ter visto o primeiro rascunho da música escrito à mão. Em um rascunho dessa letra
desconexa, John listava Penny Lane, Church Road, o relógio da torre, o Abbey
Cinema, os galpões do bonde, o café holandês, St Columbus Church, o Dockers
Umbrella e Calderstone Park. Apesar de ela preencher o requisito de ser
autobiográfica, John percebeu que não era mais do que uma série de instantâneos
agrupados livremente pela sensação de que pontos de referência um dia
familiares estavam desaparecendo rapidamente. Os galpões onde estacionavam os
bondes, por exemplo, não tinham mais bondes, e o Docker's Umbrella tinha sido
desativado. "Era o tipo mais chato
de música para cantar no ônibus sobre 'o que fiz nas férias', e não estava
funcionando", afirmou. "Então me deitei e a letra sobre os lugares de
que me lembro começou a brotar." John descartou todos os
nomes de lugares e criou uma sensação de luto por uma infância e juventude
perdidas, transformando o que de outra forma seria uma canção sobre a mudança
na paisagem de Liverpool em uma canção universal sobre o confronto com a morte
e a decadência. Era a história de um sujeito durão, conhecido por rir dos incapacitados,
mas que também era um sentimental. No decorrer da vida, ele sempre teve uma
caixa onde guardava recordações de infância. Mais tarde, John disse a
Pete Shotton que, quando escreveu o verso de "In My Life" sobre os
amigos mortos e vivos, estava pensando especificamente em Shotton e no antigo
Stuart Sutcliffe, que morreu em decorrência de um tumor no cérebro em 1962. A letra guarda uma
semelhança surpreendente com o poema de Charles Lamb do século XVIII "The
Old Familiar Faces", com o qual pode ter deparado na antologia de poesia
popular PalgravesTreasury. O poema começa com: "Tive parceiros de
brincadeiras, nos meus dias de infância, nos meus alegres tempos de
escola. Todos, todos se foram. Como alguns morreram, alguns me deixaram e alguns foram tirados de
mim; Todos, todos se foram. A origem da melodia de
"In My Life" continua em discussão. John afirma que Paul ajudou em
alguns trechos. Paul ainda acredita ter escrito tudo. "Eu lembro que ele
tinha a letra em forma de poema, e eu criei algo. A melodia, se eu me lembro
direito, foi inspirada em The Miracles", ele conta. Paul quase certamente
se referia a "You Really Got A Hold On Me". Na gravação, o solo
instrumental foi executado por George Martin, que gravou o piano pessoalmente e
depois tocou em velocidade acelerada para criar o efeito barroco. A opinião de
John sobre o resultado era de que se tratava de "sua primeira obra
realmente importante".
domingo, 5 de maio de 2013
THE BEATLES - IN MY LIFE
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3 comentários:
Tá na cara que a melodia é bem McCartney.
No Fim é " Lennon - McCartney " de qualquer jeito !!
uma das melhores lembra tanta gente
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