Realmente, um prazer indescritível para um Beatlemaníaco como eu, finalmente poder assistir e ainda se emocionar com as 3 horas do superdocumentário com Paul McCartney. McCartney 3, 2, 1 é um programa/documentário sobre a obra de Paul McCartney que conta com a presença do produtor Rick Rubin. Ao longo de seis episódios, os dois dissecam temas clássicos como "Come Together", "With a Little Help From My Friends" ou "In My Life", contando histórias de bastidores e incluindo, até, trechos de canções inéditas dos Beatles. "McCartney 3, 2, 1" foi realizado por Zachary Heinzerling e estreou em streaming em 16 de julho de 2021 no Hulu e em setembro no Star+. Numa conversa íntima entre McCartney e Rubin, McCartney discute sobre os Beatles, Wings e seu trabalho solo. Filmado em preto e branco esparso em um palco vazio, a simplicidade dos visuais desmente a complexidade da música em exibição nesta série de seis episódios que explora música e criatividade de uma maneira única e reveladora, numa conversa sobre a composição, as influências e as relações pessoais que informaram as canções icônicas que serviram como trilhas sonoras de todos nós. McCartney 3, 2, 1 parece viajar cronologicamente pela carreira de Paul, começando com suas raízes nos Beatles; influências musicais de Bach a Fela Kuti; a famosa viagem à Índia; o chamado “quinto Beatle” George Martin; e a evolução do som e da identidade dos Beatles.
McCartney 3, 2, 1 é um dos melhores documentários já produzidos sobre o mundo do Rock. E isso não é exagero não! Com um total de três horas de duração e gravado de uma só vez em preto e branco, mas apresentado no streaming em seis episódios, McCartney 3, 2, 1 mostra um Paul McCartney empolgado e divertido, lembrando histórias de como algumas das melhores músicas dos Beatles e de sua carreira solo foram criadas. O programa é comandado por Rick Rubin, um produtor que foi co-presidente da Columbia Records. Os dois conversam em torno de uma mesa de som, na qual eles conseguem dissecar as canções e escutar instrumento por instrumento. Por exemplo, no fim do primeiro episódio, eles analisam “While My Guitar Gently Weeps", de George Harrison. Rubin aumenta o baixo em relação aos outros sons, e a música ganha uma dimensão nunca ouvida. É a senha para McCartney lembrar como compôs aquela linha do baixo e curiosidades carinhosas de Harrison, John Lennon e Eric Clapton - que gravou o solo de guitarra. São inúmeras as músicas lembradas, cada qual com uma história fascinante, como "Michelle" - “usei um acorde fá louco que não sei o nome", "Sgt. Pepper's" - “um roadie (Mal Evans) me pediu no avião para eu passar o sal e a pimenta, 'salt and pepper', e eu entendi 'sergeant pepper", e "Band on the Run" - “fomos assaltados em Lagos, na Nigéria, e levaram todas as fitas gravadas".
Ele também fala de “All My Loving", “Back in the USSR", “Lucy in the Sky with Diamonds", “Dear Prudence", “A Day in the Life" e tantas outras. É uma preciosidade atrás da outra, sempre com Rubin levantando um instrumento ou abaixando todos os outros para que ouçamos detalhes que provavelmente passaram despercebidos. Curioso saber que foi Roy Orbison quem ensinou para os Beatles que as músicas tinham que ter um final e não apenas ir diminuindo o som até acabar. Curioso também saber que os Beatles já aprederam como se manipulava uma mesa de gravação ainda no início da carreira. "A Hard Day’s Night”, gravada em abril de 1964, tem um solo complicado de George Harrison lá pela metade da música. Complexo principalmente porque há um trecho em que duas ou três notas se alternam de forma muito rápida. "Para que fazer George sofrer assim?”, pergunta McCartney. “O que fizemos foi gravar o solo com a metade da velocidade normal e depois aceleramos o trecho para caber no espaço reservado ao solo", conta. Mas havia um porém. Quando se acelera a velocidade de uma gravação, ela fica mais aguda. "Por isso, continua ele, "George gravou o solo uma oitava abaixo [mais grave] e, quando aceleramos, o trecho ficou no tom certo”. "Pura matemática”, se diverte McCartney, em mais de um momento do documentário.
A história do trompete piccolo em “Penny Lane" é incrível, assim como a cara de McCartney atentando para uma nota que seria impossível de o instrumento alcançar. O músico aparece muito feliz, cantado junto e, às vezes, até se levantando para dançar. Uma das características mais interessantes e conhecidas dos Beatles era o fato de eles criarem efeitos incomuns nas gravações, experimentando aparelhos, tocando bigornas, pondo gravações para tocar de trás para a frente, picotando fitas com uma tesoura e juntando de novo em ordem aleatória e por aí vai. É claro que McCartney 3, 2, 1 aborda todos esses truques de estúdio. “Nowhere Man", por exemplo, teve a guitarra base de Lennon equalizada em diversos aparelhos sucessivamente, para ir ficando cada vez mais aguda. McCartney 3, 2, 1 é quase perfeito, mas não chega lá. Um problema vem das legendas. Como em milhares de filmes, quando uma canção começa, a legenda para. Quem não sabe inglês precisa se virar ou vai deixar de compreender. Num filme sobre a construção musical de canções clássicas, isso é imperdoável. Outro ponto crítico é que o produtor Rick Rubin é muito puxa-saco de McCartney. De sua boca saem apenas “genial”, “incrível”, “maravilhoso”, "fascinante” e outros adjetivos borra-botas. Uma abordagem mais jornalística seria bem vinda. Por fim, o fato de McCartney passar as três horas do programa mascando chicletes pode chatear alguns (como eu mesmo), mas é um preço pequeno para se pagar ao assistir um grande programa que vale muito a pena como este.
Como já foi dito, McCartney 3, 2, 1 está disponível nos canais de streaming Hulu e Star+. AQUI, é possível assistir o documentário inteiro, só que com o áudio original em inglês, sem legendas.
Fantástico! Quem tiver oportunidade, não deixe de ver de jeito nenhum.
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