quinta-feira, 28 de julho de 2022

THE BEATLES - BEATLES FOR SALE - O ÁLBUM - 1964


A belíssima foto que ilustra capa do álbum Beatles for Sale já diz muita coisa: os Beatles estavam cansados. Dos shows incessantes, do circo de celebridades e da Beatlemania, que logo atingiria picos inimagináveis. Eles foram fotografados muito sérios, quase tristes, em um cenário de outono no Hyde Park, em Londres, por Robert Freeman, que já tinha feito as capas de “With The Beatles” e “A Hard Day’s Night”.
Paul McCartney relembra: "Essa sessão de fotos foi bastante agradável. As fotos de Freeman ficaram ótimas e foi fácil para todos. Fizemos uma uma sessão com duração de duas horas e teve bastante material para utilizar. Bastava o fotógrafo dizer “prontos?” Todos nós todos usavamos o mesmo tipo de roupas o tempo todo. Pretas, com camisas brancas e grandes lenços pretos".

O álbum também apresenta uma capa dupla, desdobrável, quando abre, mais duas fotos para puro deleite dos fãs, uma dos Beatles ao vivo, em Washington e outra dos rapazes em pé, em frente a uma colagem de fotos e mais um belíssimo texto escrito por Derek Taylor, além dos nomes das músicas e quem cantava o quê. Essa ideia da colagem seria o pontapé inicial do que Peter Blake faria mais tarde na capa do Sgt. Pepper’s.
Com a pressão de ter que entregar o disco antes do Natal, fizeram o que de melhor podiam. As gravações foram em Abbey Road, e duraram de agosto a outubro de 1964. Beatles for Sale foi lançado em 4 de dezembro.

Com pouco tempo para escrever novas canções, eles tiveram que apelar para a velha fórmula de covers. Em vez de canções de grupos de garotas ou clássicos da Motown, eles resgataram criações dos antigos pioneiros do rock, os lendários nomes que os contagiaram nos anos 50 e cujas canções incendiavam as noitadas de Liverpool e Hamburgo. O grande Carl Perkins sempre foi idolatrado por George Harrison e aparece emno Beatles for Sale em duas covers: "Honey Don’t" (com Ringo) e "Everybody’s Trying To Be My Baby" (com George comandando). Buddy Holly também foi outra influência marcante na sonoridade dos Beatles e ganha um tributo com "Words Of Love", cantada por John e Paul. Chuck Berry é homenageado em "Rock and Roll Music", cujo vocal apaixonado de Lennon redefiniu a canção. Paul resgatou a junção de "Kansas City" (Jerry Lieber e Mike Stoller) com "Hey, Hey, Hey, Hey", de Litlle Richard, que ele cantava no Cavern. Talvez, a pior escolha para o disco tenha sido "Mr. Moonlight", de Dr. Feelgood and the Interns. Uma música estranha que eles costumavam tocar no início da carreira.
John Lennon continuava a abrir o coração e compôs suas músicas mais intimistas até então. "I’m a Loser" é um folk rock com letra defensiva, mas reveladora. O mesmo aconteceu com "I Don’t Want to Spoil the Party", onde o magoado John não queria ser o chato da festa. Levando-se em consideração que "I´ll Follow The Sun" já havia sido escrita anos antes, "What You´re Doing" e "Every Little Thing" tornam-se as únicas contribuições de Paul para este disco. Realmente 1964 foi o ano de John Lennon, e, assim como em 'A Hard Day´s Night', Paul pouco produziu neste ano como compositor, porém, fez coisas brilhantes como "And I love Her" e "Can´t Buy Me Love". "No Reply", também de John, tinha potencial para ser um single de sucesso, mas os Beatles deixaram a música para alavancar o LP. O grande hit de Beatles for Sale foi "Eight Days a Week", basicamente outra criação de Lennon. Sua efervescência passava a falsa impressão de que John andava feliz da vida, mas a situação não era bem essa.

Beatles for Sale foi bem recebido pela imprensa musical do Reino Unido, onde ocupou o primeiro lugar por 11 das 46 semanas que passou no Top 20. O álbum teve sucesso semelhante na Austrália, onde a versão dos Beatles de "Rock and Roll Music" também liderou a parada de singles. Uma das músicas omitidas da versão americana do álbum, "Eight Days a Week", tornou-se o sétimo número 1 dos Beatles nos EUA quando foi lançado lá como single em fevereiro de 1965. Beatles for Sale foi classificado como o 71º melhor álbum na edição de 1987 do livro Critic's Choice de Paul Gambaccini, com base em submissões de um painel internacional de 81 críticos e emissoras. Em 2000, foi eleito o número 204 na terceira edição do livro All Time Top 1000 Albums. Com base nas aparições de Beatles for Sale em rankings e listagens profissionais, o site Acclaimed Music o lista como o 7º álbum mais aclamado de 1963, o 129º álbum mais aclamado da década de 1960 e o 886º álbum mais aclamado da história.

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