Em 1975, uma notícia, no mínimo, inusitada teve grande repercussão na imprensa mundial. Patricia Campbell Hearst nasceu em San Francisco, em 20 de fevereiro de 1954. Ficou mais conhecida como Patty Hearst, e hoje chama-se Patricia Hearst Shaw. A moça é neta do magnata das comunicações William Randolph Hearst e tornou-se famosa em 1974, quando foi sequestrada por membros do Exército Simbionês de Libertação. Sofreu lavagem cerebral e passou a adotar o nome de Tania juntando-se aos seqüestradores num assalto a banco. Sua atitude é explicada pela Síndrome de Estocolmo, quando a vítima sente simpatia pelo algoz. Ela foi presa e cumpriu parte da pena, até receber um indulto do presidente Jimmy Carter.
O SEQUESTRO DE PATTY HEARST (O FILME)
O filme de 1988, dirigido por Paul Schrader, conta a história do estranho caso. Ela se definiu como "mais prática do que intelectual, mais esportista do que estudante, social e não solitária. Sempre fui segura de poder dominar qualquer situação". Mas um acontecimento modificaria definitivamente sua vida: no dia 4 de fevereiro de 1974, terroristas do grupo paramilitar Exército Simbionês de Libertação (SLA) sequestraram a estudante de 19 anos em Berkeley, onde morava com o noivo, Steven Weed. O SLA exigiu de seu pai alimentos no valor de vários milhões de dólares para distribuir aos pobres. Dessa "doação forçada" nasceu mais tarde a fundação filantrópica "People in Need".
Dois meses depois do sequestro, Patty Hearst reapareceu, armada, participando de um assalto a banco. Num vídeo publicado pelo SLA, Patty disse que agora se chamava Tanya e que havia aderido livremente ao Exército Simbionês de Libertação. Ela garantia também a autenticidade da gravação. Dirigindo-se aos pais e ao noivo, alegou que teve a opção entre ser libertada num local seguro ou aderir ao SLA, "para lutar pela minha libertação e a de todos os oprimidos. Decidi ficar e lutar".
Seis integrantes do SLA foram mortos em maio de 1974, num tiroteio com a polícia, que havia descoberto o esconderijo dos sequestradores em Los Angeles. Em setembro de 1975, Tania (Patty) foi presa em São Francisco. Embora tivesse denunciado os integrantes do SLA durante o processo, acusando-os de a terem submetido a uma lavagem cerebral e forçado a participar de atos terroristas, foi condenada a sete anos de prisão por assalto armado. Em 1979, 22 meses depois do anúncio da sentença, o presidente Jimmy Carter mandou suspender a pena de reclusão.
Patricia Hearst casou-se com Bernhard Shaw, um ex-funcionário da segurança pública, e teve dois filhos. Ela realizou o sonho de se tornar atriz – atuou em filmes de cinema e televisão – e publicou vários livros. Mas o passado de integrante do SLA a continuou incomodando. Em 2001, Patty Hearst teve que testemunhar no processo contra Sara Jane Olson, que, sob o nome de Kathleen Ann Soliah, tentou explodir duas viaturas policiais em 1975 para vingar a execução dos integrantes do SLA. Olson não se irritou com o indulto de Patty Hearst, mas comentou que, pela segunda vez, o dinheiro e a influência foram decisivos para o perdão da herdeira do magnata da mídia.
Patricia é neta de William Randolph Hearst, em cuja biografia se baseia "Cidadão Kane", filmado por Orson Welles em 1941. O filme, que virou clássico do cinema, conta a história de um magnata norte-americano das comunicações. Na obra de Welles, Hearst é apresentado como um homem que conseguiu tudo o que queria e acabou morrendo solitário.
Paul Schraeder estava com 44 anos quando resolveu filmar a história. Antes de chegar à direção ("Vivendo na Corda Bamba", 1978) fez carreira como excelente roteirista, é um cineasta sofisticado, buscando um rigor visual como mostrou em "A Marca da Pantera" (1982) e "Mishima: Uma Vida em 4 Tempos" (1985). Em "O Seqüestro de Patty Hearst", vai além: discute até onde é possível a trajetória íntima da própria Patty Hearst (co-autora do livro "Every Secret Thing", em que se baseou o roteiro), que após seus 18 meses na prisão - só sendo libertada por indulto presidencial. O filme “C” não fica distante: é também uma visão da violência interna, do choque a cada um - e, especialmente, até (a)onde vai a resistência humana. Confira o traler:
Um comentário:
Mulherzinha brava essa.
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