quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O ANO? 1963. - A BANDA? UNS TAIS 'BEATLES', DE LIVERPOOL

Hoje, estreia a nova sessão “DISCOS QUE + AMAMOS” – sempre enfocando dois álbuns da discografia oficial dos rapazes de Liverpool. A cada semana, dois álbuns dos Beatles em ordem cronológica de lançamento na Inglaterra. Claro, óbvio e evidente, que os dois primeiros não poderiam ser outros que os matadores “Please Please Me” e “With The Beatles”. Como qualquer estréia que se preze merece participações especiais, a gente confere agora com absoluta exclusividade um belíssimo texto curto, grosso e enxuto, de autoria do nosso amigo, o maestro João Carlos W. Mendonça. Espero que gostem, compartilhem com os amigos e façam um monte de comentários. Ah, lembrem-se: está para sair a sessão “You Can Talk To Me” – Fala Que Eu Te Escuto – Vol. 3”. Se você ainda não está participando, não perca tempo.
THE BEATLES – “PLEASE PLEASE ME” & "WITH THE BEATLES”
Por João Carlos W. Mendonça
Sem pretensões de biógrafo, mas apenas como observador, noto que é necessário contextualizar esses 2 primeiros álbuns, ambos lançados em 1963 (no começo e no fim daquele ano). Não raro, muita gente acha engraçado os Beatles serem chamados de “cabeludos” ao verem as capas e fotos da época. Faz sentido. Todavia, aquelas primeiras imagens do grupo, chocaram muito mais as pessoas na ocasião do que os “barbudões bem mais cabeludos” da fase Abbey Road/Let It Be, afinal os homens usavam o inesquecível corte Jack Dempsey e a molecada mais ousada, apenas cultivava enormes franjas escovadas para trás, bem altas e gomalinadas. De repente aparece 4 caras com rostinhos bonitinhos, cabelos com franjas francesas sobre a testa, jeitinho de “bichinhas” porém, fazendo um som visceral...matador. Dá prá imaginar? Por trás daquelas faces juvenis já havia muita história. E o período que ficaram em Hamburgo foi fundamental. Viveram, conviveram e trabalharam literalmente nos “puteiros”  barra pesada da cidade, onde tocavam 8 horas por dia para um público formado pela fina flor do lugar (gangsteres, traficantes, marinheiros e obviamente...prostitutas) e tinham de fazer de um tudo, para animar e “segurar” a platéia (chegaram a executar WHAT’D I SAY do Ray Charles por 30 minutos, em certas ocasiões). Sempre aumentando a dosagem, tomavam um tal de Preludim (espécie de cocaína de farmácia) para agüentarem o tranco. Por conseguinte, não conseguiam dormir o suficiente, dada a excitação. O jeito era gastar o tempo aprendendo tudo sobre sexo com a mulherada, já que tinham o privilégio do “passe livre”, ou burilando o repertório. E foi lá também que conheceram os “exis” (estudantes de arte um tanto dândis) que usavam o corte de cabelo que viriam a adotar junto às roupas de couro preto. Voltaram para Liverpool cheios de truques nas mangas. As festas na cidade, eram animadas por 4 ou 5 grupos por noite e, assim, perceberam que todas as bandas tocavam os mesmos sucessos da parada jovem. Contra essa mesmice, o jeito era apelar para as músicas que amavam dos grupos da “soul music” americana, lados Bs e... começar a compor o próprio material. Quando Macca abria os shows, aos berros, com LONG TALL SALLY e Lennon emendava com TWIST AND SHOUT, não ficava pedra sobre pedra. Dessa forma, ao chegarem à Londres pelas mãos de Epstein, que conseguiu tornar o visual do grupo mais “garotinhas” ainda, com seus terninhos sem golas, surpreenderam ao George Martin (e a todos) por escreverem suas próprias canções, o que não era comum. Intérprete era uma coisa e compositor, outra. Estes 2 discos “exterminadores”, resumem tudo que foi comentado acima. A maioria das músicas foi escrita pela dupla LENNON & McCARTNEY (com HARRISON então já começando... devagar) e “covers” quase obscuros de rocks e r&b americanos que ganharam vida graças as definitivas, apaixonadas e apaixonantes regravações dos Beatles. As noites das “luzes vermelhas” de Hamburgo colocadas em vinis. E ninguém então, fazia a menor idéia disto.
E o caminho se abriu para quem tinha o que mostrar. Como os ROLLING STONES e THE WHO, especialmente. Onde andará aquela garota de 15 anos que teve o primeiro orgasmo quando ouvia I WANT TO HOLD YOUR HAND (“when I touch you/I feel happy/inside)? A sacanagem é que, quando se exibem imagens dos anos 60, mostram toda a nata daquele período em fotos de 67 até 70. Mas os Beatles aparecem com as caras de 1963. No entanto, a verdade é que o mundo começou a revolver-se e mudar radicalmente naquela prosaica abertura de I SAW HER STANDING THERE. Ou seja, apenas “ONE, TWO, THREE, FOUR...”

3 comentários:

Murilo Pedreira disse...

ótimo texto.parabéns!!

João Carlos disse...

Devo alerta-los para o fato de este texto, está longe de ser uma crítica aprofundada (como as que seguem abaixo), com análises das canções e da produção. A intenção foi de escrever uma pequena crônica sobre o panorama da época e as circunstâncias que cercaram estes 2 primeiros álbuns clássicos.O que geralmente passa batido para quem ler ou escuta estes discos pela 1ª vez.

Valdir Junior disse...

Adorei , muito bom o texto João Carlos !!!