No dia 25 de agosto de 1967, John e Cynthia, Paul e Jane, George e Patti compareceram a uma palestra do iogue Maharishi Mahesh Yogi no London Hilton, em Park Lane. Logo após, tiveram uma conversa reservada com o Maharishi e decidiram participar de um de seus seminários, que seria realizado no final de semana seguinte em Bangor, no País de Gales. Todos iriam de trem. Quando chegou no dia e na hora da viagem, Cynthia Lennon perdeu o bendito trem. Aqui no nosso blog preferido, a gente confere, nas próprias palavras dela, o que aconteceu naquele dia.
- Desculpe, meu bem, é tarde demais, o trem já está partindo — e me empurrou para o lado.
Eu gritei pedindo ajuda. John colocou a cabeça do lado de fora da janela, viu o que estava acontecendo e gritou:
- Diga a ele que você está conosco! Diga a ele que a deixe entrar.
Era tarde demais. O trem já estava se afastando da plataforma e eu fui deixada para trás com as nossas malas, as lágrimas correndo pelo meu rosto. Foi uma situação terrivelmente desconcertante. Os repórteres me cercaram tirando fotos, e eu me senti uma completa idiota. Peter Brown, assistente de Brian, tinha vindo nos ver partir. Ele colocou o braço no meu ombro e disse que me levaria para Bangor de carro.
- Nós provavelmente chegaremos lá antes do trem — ele me assegurou, ansioso por me alegrar.
Mas o que nem ele nem ninguém sabia era que as minhas lágrimas não se deviam unicamente ao fato de ter perdido o trem. Eu estava chorando porque o incidente parecia simbolizar o que estava acontecendo ao meu casamento: John estava no trem, correndo em direção ao futuro, e eu havia sido deixada para trás. Enquanto estava ali, vendo o trem desaparecer a distância, cheguei à conclusão de que a solidão que estava sentindo naquela plataforma se tornaria algo permanente um dia.
Neil Aspinall me levou para Bangor. Foi uma viagem tranquila de seis horas, bem diferente do circo que a mídia havia montado a bordo do trem. Porém, enquanto observava pela janela a gloriosa zona rural, meu coração estava cheio de medo. O que aconteceria em seguida a mim e a John?
Nós chegamos tranquilamente pouco depois que os outros haviam sido recebidos por multidões aos gritos e mais equipes de imprensa na estação. Bangor, uma pequena cidade costeira, não sabia o que a havia atingido. Eu fui recebida com abraços e beijos dos outros e repreensões de John.
- Por que você fica sempre por último, Cyn? Como é que você foi capaz de perder aquele trem?
- Talvez, se você não tivesse deixado as malas para eu carregar, querido, eu tivesse conseguido — respondi a ele.
Como ele ousava me censurar, quando havia agido de forma tão desatenciosa? No entanto, engoli meus sentimentos, como já fizera tantas vezes. Como sempre, eu não queria uma briga, especialmente com todos os outros à nossa volta. Esse foi outro momento em que eu deveria ter sido mais assertiva com John. Mais uma vez, deixei passar.
4 comentários:
Cynthia merece mais respeito e consideração por parte das pessoas ou pelo menos por parte de John Lennon. Afinal, ela estava lá apoiando John quando em Hamburgo, enviando cartas com letras das músicas pra ele; ela era a mãe do primogênito dele; ela estava em casa esperando John voltar das turnês (procurem e encontrarão as cartas de John pra Cyn inclusive uma em que ele fala da ansiedade em voltar pra casa). Ela foi respeitosa e apoiadora uma boa esposa, senão, Paul não teria se dado o trabalho de ir consolar Cynthia e Julian quando o John Lennon chutou os dois de forma tão vergonhosa.
Alguém tentou apagar a memória dela da história. Mas contra fatos não há argumentos.
Meu dia amanhã não será pior ou melhor que hoje, por conta da minha declaração: Mas eu gostava mais da Cynthia do que då Yoko.
Seja como for, que essa história é hilária, isso é!
Sempre tive a impressão que a Cynthia, meio que subiu de "gaiato" no trem beatles, desde 1962.
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